sexta-feira, 31 de março de 2023

FAPESP participa de chamada para adaptação de comunidades às mudanças climáticas

Pesquisadores paulistas poderão formar consórcios com pesquisadores canadenses e representantes de um dos outros seis países que integram a iniciativa; propostas terão como base os riscos apontados pelo sexto relatório de avaliação do IPCC

Em parceria com o New Frontiers in Research Fund (NFRF), operado pelas principais agências de fomento à pesquisa científica do Canadá, a FAPESP participa da IIRC 2023 – Iniciativa Conjunta Internacional para Pesquisa em Adaptação e Mitigação de Mudanças Climáticas.

Trata-se de uma oportunidade para colaborações científicas internacionais e apoio à pesquisa que resulta da articulação entre financiadores de pesquisa do Brasil (por meio da FAPESP), Canadá, Alemanha, Noruega, África do Sul, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos. O objetivo é alavancar a experiência internacional para enfrentar os desafios globais causados pelas mudanças climáticas.

A chamada apoiará projetos de pesquisa que proponham ações transformadoras e de resposta rápida em prol da mitigação e adaptação de comunidades, diante das consequências colocadas em marcha pelas mudanças sem precedentes no clima da Terra – como insegurança alimentar e os aumentos na incidência de doenças e na ocorrência de desastres naturais, que por sua vez os agudizam os conflitos humanos, deslocamentos e impactos na saúde.

Interessados devem propor pesquisas interdisciplinares e trans-setoriais que incidam em pelo menos dois dos oito principais riscos representativos delimitados no Sexto Relatório de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a saber: riscos para os sistemas socioecológicos costeiros de baixa altitude; para os ecossistemas terrestres e oceânicos; associados a infraestrutura física, redes e serviços críticos; à qualidade de vida; à saúde humana; à segurança alimentar; à segurança hídrica; e riscos à paz e à mobilidade humana. Juntos, compõem os mais de 130 riscos identificados pelo AR6.

A proposta deve ser elaborada em conjunto a partir de um consórcio internacional cujos pesquisadores responsáveis representem ao menos três países participantes da chamada – sendo que um deles deve ser elegível para submeter propostas ao NFRF. Também é obrigatório que o consórcio inclua membros provenientes de grupos vulneráveis.

Como o propósito da chamada é apoiar projetos que incentivem comunidades a aceitarem as mudanças comportamentais necessárias à implementação das transformações propostas, espera-se que os consórcios incluam um especialista em ciências sociais e/ou humanas capaz de integrar a dimensão comunitária que garantirá o desenvolvimento bem-sucedido de estratégias relacionadas à política, comunicação e envolvimento da comunidade.

A FAPESP apoiará os projetos nas modalidades Auxílio à Pesquisa – Regular (APR) e Auxílio Temático de até 3 anos, com possibilidade de prorrogação por mais um ano, cabendo as demais normas e condições vigentes em cada um dos dois instrumentos. Aplicam-se também as regras de simultaneidade para até dois auxílios Temáticos ou dois APRs.

Pesquisadores paulistas devem consultar a FAPESP quanto a sua elegibilidade até 2 de junho. Serão aceitas propostas enviadas no período entre 7 de maio e 12 de setembro pelo Sistema SAGe, mesmo período para que o pesquisador canadense submeta a proposta pela plataforma da NFRF, o Convergence Portal. O pesquisador do Canadá deve realizar cadastro no SAGe para confirmar sua participação na proposta – por sua vez, o pesquisador paulista deve efetuar cadastro no Convergence Portal.

A chamada com orientações a pesquisadores paulistas está disponível em fapesp.br/15973. A chamada completa pode ser acessada em www.sshrc-crsh.gc.ca/funding-financement/nfrf-fnfr/international/2023/competition-concours-eng.aspx.




Autor: fapesp
Fonte: FAPESP
Sítio Online da Publicação: FAPESP
Data: 28/03/2023
Publicação Original: https://fapesp.br/15975/fapesp-participa-de-chamada-para-adaptacao-de-comunidades-as-mudancas-climaticas

Brasil precisa de política pública para regulamentar a inteligência artificial, alertam pesquisadores

O lançamento do ChatGPT pela startup norte-americana OpenIA, no final de 2022, reacendeu o debate em diversos países sobre a necessidade de regulamentar a inteligência artificial (IA) a fim de mitigar os impactos e os potenciais riscos dessa nova tecnologia em áreas como o mercado de trabalho.

No Brasil, apesar de existirem algumas iniciativas empresariais e governamentais, ainda não há, contudo, uma política pública que estabeleça as diretrizes para regular a IA no país, apontaram pesquisadores participantes do primeiro evento on-line do Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação de 2023, realizado na segunda-feira (27/03).

“Há algumas iniciativas setoriais voltadas a regulamentar a inteligência artificial no Brasil, mas que não se configuram como uma estratégia ou política pública. E temos que ter”, avaliou Dora Kaufman, professora do programa de tecnologia da inteligência e design digital da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pesquisadora dos impactos sociais e éticos da IA.

De acordo com Kaufman, entre as propostas de regulamentação da IA existentes internacionalmente há oito que são consideradas mais relevantes, lançadas por países estratégicos nesse tema. Em comum, elas têm orçamento definido para implementá-las e contemplam aspectos como os impactos da IA na educação e no mercado de trabalho.

Já no Brasil está em andamento a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (Ebia), proposta pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e está em tramitação o projeto de lei de 21/20, que cria o marco legal do desenvolvimento e uso da IA no país.

Aprovada no plenário da Câmara dos Deputados em setembro de 2021, após um período de consulta pública com duração de quatro meses, a proposta seguiu para tramitação no Senado.

“Não sei qual o entendimento que os deputados que aprovaram a proposta têm sobre a inteligência artificial e temo que saia um projeto que não represente, de fato, o que é preciso para proteger o usuário, a reputação das instituições e a sociedade em geral”, afirmou Kaufman.

Razões para regulamentar

Na avaliação da pesquisadora, uma das principais razões pelas quais é preciso regulamentar a IA mundialmente é que se trata de uma tecnologia de propósito geral, que reconfigura a lógica e o funcionamento das sociedades.

“Se considerarmos os últimos séculos, tivemos três tecnologias de propósito geral anteriores à IA: o carvão, que deu início à Revolução Industrial, a eletricidade e a mutação genética”, enumerou.

Apesar da necessidade de regulamentação e da existência de propostas de políticas públicas, nenhum país conseguiu avançar nesse sentido, ponderou a pesquisadora.

“O processo está mais avançado hoje na Comissão Europeia, que começou em 2018, foi colocado em consulta pública em novembro de 2022, já teve mais de 3 mil emendas e ainda não chegou a um resultado final”, disse.

Algumas das dificuldades para regulamentar a IA são a necessidade de contemplar no processo dois agentes distintos – os desenvolvedores e os usuários – e uma lacuna de conhecimento dos reguladores em relação a essa nova tecnologia, que é complexa e cujo desenvolvimento é acelerado.

Outra razão é a globalização, uma vez que os dados usados para treinar os algoritmos de IA não têm nacionalidade, podendo ser oriundos de qualquer lugar do mundo. Além disso, as plataformas e os aplicativos utilizados hoje baseados nessa nova tecnologia foram desenvolvidos por empresas multinacionais, na maior parte norte-americanas.

“É uma tecnologia que não tem territorialidade, é muita complexa e avança muito rápido”, afirmou Kaufman.

Segundo a pesquisadora, hoje o desenvolvimento da IA se concentra em cinco empresas norte-americanas e privadas, que definem o hype – a excitação exagerada sobre as potencialidades de uma nova tecnologia.

“Nós vivemos no ano passado também o hype do metaverso, que desapareceu e agora deu lugar à IA generativa. E isso está relacionado com a competição acirrada entre essas empresas que lideram a implementação da IA”, explicou.

No caso específico do Brasil, outro obstáculo para estabelecer uma regulamentação para IA é a falta de profissionais especializados em áreas que dão sustentação a essa nova tecnologia, como a ciência de dados, apontou João Paulo Papa, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Bauru.

“É mais difícil achar esses profissionais para elaborar o regulamento no país. Embora trabalhamos nessa área há vários anos, agora que está começando a aumentar a formação de pessoas em ciência de dados. Seria muito interessante o país tomar a frente nesse processo e fazer algo que seja pelo menos básico, lançar, receber sugestões e ir melhorando ao longo do tempo”, avaliou.

A despeito de o Brasil, a exemplo de países europeus, não ter protagonismo na pesquisa e desenvolvimento da IA, o país precisa estabelecer um marco regulatório para a inteligência artificial porque as tecnologias que nela se baseiam não têm senso comum e geram resultados incontroláveis, sublinhou Marcelo Finger, professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP).

“Há um problema intrínseco na forma como a IA está sendo gerada para o uso do público. Precisamos controlar, pois os resultados gerados são incontroláveis”, avaliou Finger, um dos pesquisadores principais do Centro de Inteligência Artificial (C4AI) – um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído por FAPESP e IBM na USP.

Novo formato

Promovido pelo Instituto do Legislativo Paulista (ILP) em parceria com a FAPESP, o ciclo de eventos é dirigido a legisladores, gestores públicos e demais interessados.

A próxima edição está prevista para ocorrer no dia 24 de abril.

“Este novo ciclo consolida a parceria de muitos anos entre a Alesp e a FAPESP e inaugura um novo formato que visa potencializar o debate sobre temas atuais do campo da ciência e da tecnologia, que têm grande interesse para a sociedade em geral, especificamente para a formulação e implementação de políticas públicas, notadamente nos municípios, e também para o próprio processo legislativo”, disse Sônia Ortega, diretora executiva do Instituto de Estudos, Capacitação e Políticas Públicas do Poder Legislativo do Estado de São Paulo.

O presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, Carlos Américo Pacheco, foi o moderador do debate.

O evento pode ser assistido na íntegra em: www.youtube.com/watch?v=FCddvLWa1YU.





Autor: Elton Alisson
Fonte: Agência FAPESP
Sítio Online da Publicação: FAPESP
Data: 31/03/2023
Publicação Original: https://agencia.fapesp.br/brasil-precisa-de-politica-publica-para-regulamentar-a-inteligencia-artificial-alertam-pesquisadores/41026/

Ganância e descaso no extermínio dos Yanomami



Ganância e descaso no extermínio dos Yanomami, por Sérgio Ribeiro dos Santos e Wesley Espinosa Santana

Seguindo o destino dos Munduruku e Kaiapó, os Yanomami viveram o abandono total das autoridades diante de uma catástrofe humanitária

Em 2022, após as eleições presidenciais no Brasil, vimos o flagrante delito da potência e dos atos aristotélicos em relação às políticas públicas e às prioridades privadas com a denúncia sobre outro agrupamento humano submetido à desumanidade em nome da lógica do capital.

Por mais óbvio que pareça, a desumanidade só é realizada por seres humanos que, nesse caso, resolvem desumanizar outros seres humanos.

A etnia Yanomami, distribuída pela Floresta Amazônica entre os estados de Roraima e Amazonas, alcançando o Sul da Venezuela, tem, aproximadamente, 9,6 milhões de hectares e mais de 250 aldeias, além de ser um dos poucos grupos recentes em contato com as populações brancas. Muitos diriam que: “é muita terra para pouco índio”. Mas, perguntamos: eles não são seres humanos que protegem a natureza e que vivem de seus recursos sem a desumanização de outros seres humanos?

Justificando o injustificável, suas terras são de enorme valor ambiental e econômico, com minérios valiosíssimos, matérias-primas, plantas e animais. Pela ação dos seres humanos brancos, organizados em grupos de garimpeiros, madeireiros e traficantes, a região é explorada em busca do lucro, poluindo rios e promovendo um genocídio biopolítico que consiste no extermínio por meio do uso político e econômico que adoece, escraviza e executa corpos e mentes de milhares de seres humanos em nome de um estado de exceção em que se decide quem tem direitos e quem tem deveres.

Em 14 de novembro, perto de Boa Vista, capital de Roraima, foi encontrada uma estrada clandestina de 150 km de extensão com o objetivo de facilitar a passagem não de seres humanos, mas de máquinas, tratores e embarcações que — se juntarmos os pagamentos de todos os peões e garimpeiros — não daria 1% do valor desse investimento. Então, por isso, fica evidente que há, por traz dessa ação, organizações poderosas que não sujam as mãos de sangue, nem de terra e muito menos de mercúrio, mas contemplam a morte, a miséria e a desumanidade.

Vemos que, seguindo o destino dos Munduruku e Kaiapó, os Yanomami viveram o abandono total das autoridades diante de uma catástrofe humanitária que é refletida pela impunidade de quem um dia queimou um índio pensando que era um mendigo ou estuprou meninas indígenas atentando para que fossem maiores de 18 anos. Percebemos que os campos de concentração que ficaram muito conhecidos na Alemanha nazista permanecem como instituições reais de mecanismo de controle e exploração à mercê do Estado.

A realidade é, basicamente, o descaso do ser humano por outro ser humano. Esse menosprezo torna-se realizável por meio da corrida do ouro, da ideia de viver incluído na permanência da sociedade dos privilégios. Desde a velocidade das máquinas, que o tempo não é mais de todos os seres humanos, mas apenas de alguns. Há poucos de nós que são donos do tempo. Da circulação de mercadorias e de moedas ao holocausto de povos apátridas e desterritorializados, vemos a vontade geral da concentração de terra, de renda e de poder em 1% da população mundial e, também, brasileira.

A exploração das riquezas naturais, a prostituição, a escravidão e o extermínio sumário ou prolongado se traduzem biopoliticamente, ou seja, realizam-se pelo poder que manipula a vida do outro e, sobretudo, do outro que, em sua vida desprovida de direitos ou em sua Vida Nua, identifica-se como opositor perante àquele que se torna o outro. Essa é a máxima do alcance da subjetividade humana contra a própria espécie e que, necessariamente, não deve ser vista como igual.

Assim, os órgãos públicos que defenderiam todos os seres humanos não o fazem, mas, pelo contrário, justificam-se no próprio Estado sua representatividade de poucos seres humanos para garantir o privilégio de desumanizar àqueles que se tornam um empecilho ao progresso.

O genocídio do povo Yanomami acrescentou mais um capítulo em nossa história dos vencidos, em nossa natureza hobbesiana, em que vemos retratado o desamparo de uma criança esquelética ou de um retirante definhando o corpo e subtraindo a vida como denunciado nas obras de Portinari. Mas, isso não é comum? Não é normal? Não foi sempre assim na História?

Em nossos tempos vividos, a corrida do ouro permanece em seu caminho, lado a lado, com a tecnologia e com o extermínio de humanos por humanos que não são apenas diferentes ou desiguais, mas, também, indesejáveis. Essa é a vitória de poucos, mas a derrota de todos. O extermínio não é da natureza, mas é do humano.

Sérgio Ribeiro dos Santos é Historiador e Professor Doutor do Centro de Educação, Filosofia e Teologia (CEFT) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

Wesley Espinosa Santana é Historiador e Professor Doutor do Centro de Educação, Filosofia e Teologia (CEFT) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]

in EcoDebate, ISSN 2446-9394




Autor: ecodebate
Fonte: ecodebate
Sítio Online da Publicação: ecodebate
Data: 31/03/2023
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2023/03/31/ganancia-e-descaso-no-exterminio-dos-yanomami/

Importância dos jardins verticais para as cidades


Jardim vertical na Casa do Estudante Universitário do campus USP Luiz de Queiroz


Importância dos jardins verticais para as cidades, artigo de Pérola Felipette Brocaneli
Para cidades com arborização escassa, os jardins verticais podem ser importantes para manter o ambiente urbano refrigerado e umidificado.

Constituídos basicamente pela instalação de uma estrutura vertical, com uma armação que funciona como um suporte ao crescimento da vegetação, essas estruturas podem ser pequenas e instaladas em residências ou ocupar um espaço maior, sendo colocadas em empenas de prédios, que são as fachadas laterais de um edifício, geralmente, sem janelas e nem portas.

Independentemente do tamanho, a funcionalidade é diferente nos jardins verticais e nas árvores, mesmo que em alguns casos apresentem equivalência quanto à capacidade de evapotranspiração para umidificação do ar, pois as árvores promovem sombra, abrigo para pássaros e se autorregulam consumindo água do solo e lançando-a no ar.


Por meio do Decreto nº 55.994, a cidade de São Paulo ganhou permissão para a compensação ambiental por meio da instalação de jardins verticais e telhados verdes. Foi um infeliz equívoco considerar os jardins verticais como um instrumento de compensação ambiental, pois não se pode comparar a funcionalidade de arvores a estruturas com jardins verticais.

Ao longo do Elevado João Goulart, no centro da cidade de São Paulo, diversas empenas dos edifícios receberam jardins verticais, mas apesar de sua eficiência para a refrigeração e umidificação urbana, não houve orientação sobre como esses jardins poderiam ser irrigados com água de reuso produzida no próprio edifício, de maneira que colaborasse no enfrentamento às mudanças climáticas e à crise hídrica. Com isso, houve um fracasso no projeto que tentava implantar um corredor verde na capital.

Diante da frustração com as poucas ideias propostas para solucionar um dos principais problemas da cidade, a falta de espaços verdes, alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) elaboraram um projeto no qual idealizaram a implantação de jardins verticais associados à despoluição dos efluentes do edifício em um teto verde.

Nesta hipótese, seriam instaladas wetlands (sistemas projetados, constituídos por lagoas ou canais artificiais rasos, que abrigam plantas aquáticas), construídas sobre os edifícios e associadas a um vermifiltro no térreo, que é uma espécie de tanque com minhocas. Após a purificação dos efluentes com o vermifiltro, eles seriam bombeados para o teto, onde os tanques com plantas macrófitas, que se alimentam de matéria orgânica, purificariam novamente o esgoto, de forma a atingir a qualidade de água de reuso.

De acordo com a proposta dos estudantes, esse processo poderia ser implementado em Habitações de Interesse Social (HIS), de forma a colaborar na construção de cidades mais verdes, o que vai de encontro aos muitos debates para melhorar a questão de arborização e sustentabilidade nas tão concretadas e cinzas cidades brasileiras. Além disso, o projeto atenderia aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e à construção da Agenda 2030. A proposta pode ser vista clicando aqui.

Profª Drª Pérola Felipette Brocaneli, leciona Paisagismo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)

[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]


in EcoDebate, ISSN 2446-9394




Autor: ecodebate
Fonte: ecodebate
Sítio Online da Publicação: ecodebate
Data: 31/03/2023
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2023/03/31/importancia-dos-jardins-verticais-para-as-cidades/

quinta-feira, 30 de março de 2023

Proteger a vida selvagem ajuda a mitigar as mudanças climáticas

Proteger a vida selvagem ajuda a mitigar as mudanças climáticas

Os animais selvagens desempenham um papel crítico no controle do ciclo do carbono nos ecossistemas terrestres, de água doce e marinhos

Proteger a vida selvagem em todo o mundo pode melhorar significativamente a captura e o armazenamento de carbono natural, sobrecarregando os sumidouros de carbono do ecossistema, descobriu um novo estudo liderado por Oswald Schmitz, professor de população e ecologia comunitária da Yale School of the Environment Oastler.

O estudo, publicado na Nature Climate Change e com a coautoria de 15 cientistas de oito países, examinou nove espécies de vida selvagem – peixes marinhos, baleias, tubarões, lobos cinzentos, gnus, lontras marinhas, bois almiscarados, elefantes africanos da floresta e bisões americanos.

Os dados mostram que proteger ou restaurar suas populações poderia facilitar coletivamente a captura adicional de 6,41 bilhões de toneladas de dióxido de carbono anualmente. Isso representa 95% da quantidade necessária todos os anos para cumprir a meta do Acordo de Paris de remover carbono suficiente da atmosfera para manter o aquecimento global abaixo do limite de 1,5 grau Celsius.


“As espécies selvagens, em toda a sua interação com o meio ambiente, são o elo perdido entre a biodiversidade e o clima”, diz Schmitz. “Essa interação significa que a reflorestação pode estar entre as melhores soluções climáticas baseadas na natureza disponíveis para a humanidade”.

Os animais selvagens desempenham um papel crítico no controle do ciclo do carbono nos ecossistemas terrestres, de água doce e marinhos por meio de uma ampla gama de processos, incluindo alimentação, deposição de nutrientes, perturbação, deposição de carbono orgânico e dispersão de sementes, mostrou a pesquisa de Schmitz. A dinâmica de absorção e armazenamento de carbono muda fundamentalmente com a presença ou ausência de animais.

Ameaçar as populações de animais a ponto de se tornarem extintos pode transformar os ecossistemas que habitam de sumidouros de carbono em fontes de carbono, de acordo com a pesquisa.

As populações de vida selvagem do mundo diminuíram quase 70% nos últimos 50 anos. O estudo mostra que resolver a crise climática e a crise da biodiversidade não são questões separadas e a restauração das populações animais deve ser incluída no escopo das soluções climáticas baseadas na natureza, dizem os autores. Revolucionar populações de animais para melhorar a captura e armazenamento natural de carbono é conhecido como animar o ciclo do carbono.

Outras espécies de alto potencial em todo o mundo incluem o búfalo africano, rinoceronte branco, puma, dingo, primatas do Velho e Novo Mundo, calaus, morcegos frugívoros, focas cinzentas e marinhas, tartarugas cabeçudas e verdes, observam os autores.

“Soluções climáticas naturais estão se tornando fundamentais para atingir as metas do Acordo Climático de Paris, ao mesmo tempo em que criam oportunidades adicionais para melhorar a conservação da biodiversidade”, afirma o estudo. “A expansão das soluções climáticas para incluir os animais pode ajudar a encurtar o horizonte de tempo em que 500 GtCO 2 são retirados da atmosfera, especialmente se as oportunidades atuais para proteger e recuperar rapidamente as populações de espécies e a funcionalidade intacta de paisagens e marinhas forem aproveitadas. Ignorar os animais leva a oportunidades perdidas de aumentar o escopo, a extensão espacial e a variedade de ecossistemas que podem ser alistados para ajudar a manter o aquecimento climático em 1,5 graus Celsius”.


Distribuição global de espécies animais candidatas e ecossistemas para os quais existe um alto potencial para expandir soluções climáticas naturais por meio de reflorestamento trófico

Referência:

Schmitz, O.J., Sylvén, M., Atwood, T.B. et al. Trophic rewilding can expand natural climate solutions. Nat. Clim. Chang. (2023). https://doi.org/10.1038/s41558-023-01631-6

[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]

in EcoDebate, ISSN 2446-9394





Autor: ecodebate
Fonte: ecodebate
Sítio Online da Publicação: ecodebate
Data: 29/03/2023
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2023/03/29/proteger-a-vida-selvagem-ajuda-a-mitigar-as-mudancas-climaticas/

Usinas nucleares, joias das Arábias e outros trambiques



Usinas nucleares, joias das Arábias e outros trambiques, artigo de Heitor Scalambrini Costa

Vejamos o que ocorre no mundo dos negócios nucleares no Brasil

Escândalos, mais escândalos. Não deixam de ser pedagógicos, mesmo muito deles serem crimes de corrupção, hediondos, de lesa-pátria. Todavia acabam desnudando para a sociedade brasileira os reais interesses envolvidos, no vale tudo dos trambiques realizados no chamado “mundo dos negócios”.


Bem, vejamos o que ocorre no mundo dos negócios nucleares no Brasil.

O país sofre o assédio das empresas que constroem e vendem equipamentos e acessórios para usinas nucleares, das empresas de construção civil que se locupletam ganhando bilhões nas obras, dos setores militares que sonham em possuir a bomba atômica, de acadêmicos que aceitam as migalhas para seus projetos de pesquisa, e satisfação do ego. E dos políticos que só pensam naquilo, nas suas próprias eleições, e assim aceitam os agrados oferecidos às suas campanhas.

Um lobby poderoso reunido na Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares- ABDAN é quem agrega os integrantes deste metauniverso de apoiadores das usinas nucleares no país.

Com as mudanças ocorridas desde o final do século passado, o setor elétrico – responsável pela garantia no fornecimento de energia elétrica – que até então era um serviço ofertado pelo Estado, se transformou em uma mera mercadoria, seguindo as leis do mercado. O processo de mercantilização resultou em tarifas escandalosas e serviços de baixa qualidade. Além dos riscos de abastecimento elétrico com crises originadas de erros e escolhas equivocadas na condução da política energética.

Mas voltemos ao propósito do artigo que é destacar as irregularidades que os negócios nucleares e seus agentes se envolvem com frequência, com mentiras, falcatruas, transações caliginosas, desrespeito às leis vigentes, e ocultação da opinião pública e órgãos de fiscalização, de informações importantes. Tais posturas, comportamentos e ações só afetam e aumentam a desconfiança no discurso e na prática dos defensores da tecnologia nuclear para produzir eletricidade.

Um dos últimos acontecimentos que estão nas páginas policiais, envolvendo autoridades e agentes públicos, diz respeito ao almirante, ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, um dos líderes do lobby pró nuclear. Sua comitiva tentou entrar no país com joias femininas, e acessórios masculinos, no valor de 16,5 milhões de reais, sem a devida declaração à aduana brasileira. A faceta deste militar, agindo como um fora da lei, não conhecíamos. E imaginar que tal personagem comandou um Ministério que influenciou a tomada de decisões pró-nuclear!

O vazamento em Angra I, que acabou lançando água contaminada com material radioativo na Baía de Itaorna, em Angra dos Reis, em setembro de 2022, foi omitido pelas autoridades responsáveis, só vindo a público 6 meses depois do fato ocorrido. Evidências são claras de que houve tentativa de esconder o vazamento, deixando nítida a falta de compromisso e seriedade da Eletronuclear e de seus dirigentes com a transparência, em se tratando da segurança de pessoas e do meio ambiente. Este modus-operandi é bem conhecido na mineração de urânio em Caetité, na Bahia no que diz respeito a eventos radioativos, perigosos, mantidos em sigilo e, quando denunciados, sempre classificados como inofensivos.

Não foram os únicos escândalos envolvendo segmentos da área nuclear, pelo contrário. Lembramos o caso da operação da Polícia Federal-PF, denominada de “Radioatividade”. Segundo a PF nas obras de Angra 3, foi investigada a formação de cartel que definia previamente, entre as empresas construtoras, os valores propostos nas licitações. Nesta operação houve também o indiciamento do almirante ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, acusado de receber propina.

Não se pode deixar de mencionar a criação em 1979, pelos militares, do Programa Nuclear Paralelo-PNP totalmente clandestino, sem fiscalização nacional e internacional, que nunca foi admitido publicamente. O objetivo era desenvolver a técnica de ultracentrifugação para o enriquecimento de urânio. Assim, a fabricação da bomba atômica tupiniquim seria possível. Os trabalhos permaneceram secretos, até que uma reportagem em 1986, do jornal Folha de São Paulo, revelou a existência de poços profundos na Serra do Cachimbo, no Pará, e no Raso da Catarina, reserva ecológica de Paulo Afonso, no semiárido baiano. Tudo indicando que seriam para testes com artefatos nucleares.

Em 1988 foi promulgada a atual Constituição, que proíbe o uso da energia nuclear para fins bélicos. Assim, o PNP passou a ser “legítimo” e controlado pela estatal Eletronuclear.

A retomada do Programa Nuclear Brasileiro, com maior ênfase, se deu em junho de 2007. Sem nenhuma discussão com a sociedade brasileira foi reativado pelo Conselho Nacional de Política Energética-CNPE, colegiado de aproximadamente uma dezena de participantes (grande maioria ministros de Estado), que assessoram a Presidência da República. Em recente modificação na composição do CNPE, já no governo atual, novos integrantes foram incorporados. Todavia, ainda carece de representação igualitária entre sociedade civil e representantes governamentais.

Estes são alguns dos fatos históricos que ajudam a entender os interesses que estão por trás da construção de novas usinas nucleares no país, evidenciando que nas questões nucleares prevalece a cultura do segredo, da falta de transparência, e de negócios escusos.

Assim, a pergunta que não quer calar é: Qual a credibilidade destes agentes públicos, dirigentes, empresários, políticos e acadêmicos que tentam convencer a sociedade brasileira de que as usinas nucleares são importantes e necessárias ao Brasil?

Heitor Scalambrini Costa, doutor em Energética
Professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco

[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]

in EcoDebate, ISSN 2446-9394




Autor: ecodebate
Fonte: ecodebate
Sítio Online da Publicação: ecodebate
Data: 29/03/2023
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2023/03/29/usinas-nucleares-joias-das-arabias-e-outros-trambiques/

Crise climática e a resistência às mudanças



Imagem em https://culturadeseguranca.seg.br/gerenciamento-de-crise/crises-relacionadas-as-mudancas-climaticas/

Crise climática e a resistência às mudanças, artigo de Carlos Augusto de Medeiros Filho
A crise climática e suas consequências dividem a população mundial. Parcela significativa desconhece ou não se interessa pelo assunto, outra porção não acredita na crise ou não a acha potencialmente forte e, finalmente, existe uma proporção, talvez menor, mas crescente, que aceita e considera muito grave o assunto.

Os analistas que alertam sobre a gravidade das atuais questões climáticas, especialmente os ecossocialistas, postulam da necessidade de mudanças robustas na sociedade, nos comportamentos e hábitos de produção, de consumo e culturais.

Interessante que mesmo entre os que creem na problemática ambiental da crise, muitos relutam em aceitar as modificações propostas por serem, talvez, desnecessárias, inoperantes ou, e principalmente, por serem fortes, radicais e de muito difícil adaptação.

Essa questão de aceitação e adaptabilidade foi brilhantemente discutida em artigo da escritora e historiadora Rebecca Solnit, publicado no Wasghinton Post de 15/03/2023 (1). Alguns fragmentos desse importante e recomendável artigo, traduzidos, são transcritos a seguir.


Um frade me disse uma vez que a renúncia pode ser ótima se significar desistir de coisas que o tornam infeliz. Essa visão é o que falta quando falamos sobre a crise climática – e como devemos responder a ela.

Grande parte da relutância em fazer o que a mudança climática exige vem da suposição de que isso significa trocar abundância por austeridade e trocar todas as nossas coisas e conveniências por menos coisas, menos conveniência. Mas e se isso significasse desistir de coisas das quais ficaremos melhor livres delas, de emissões mortais a sentimentos irritantes de destruição e cumplicidade na destruição? E se a austeridade for como vivemos agora – e a abundância puder ser o que está por vir?

[…] Este é o mundo em que vivemos com combustível fóssil – cuja queima nos torna mais pobres de várias maneiras. Sabemos que a indústria de combustíveis fósseis corrói nossa política. Sabemos que, em todo o mundo, respirar ar contaminado por combustível fóssil mata mais de 8 milhões de pessoas por ano e causa muitos danos, principalmente bebês e crianças. E sabemos que, à medida que o combustível fóssil enche a atmosfera superior com dióxido de carbono que desestabiliza a temperatura e o clima, aumenta o desespero e a ansiedade.

[…] Na verdade, estamos lidando com um sentimento mais amplo de desamparo e até de culpa – o impacto na psique de testemunhar ou se sentir cúmplice de algo errado.

[…] A boa notícia é que o conhecimento de que não estamos separados da natureza, mas dependentes dela, já está muito mais presente do que há algumas décadas. Em todos os lugares, vejo pessoas repensando como trabalham e vivem, transformando esse conhecimento em realidade.

[…] Precisamos de uma mudança de perspectiva em grande escala. Para reformular a mudança climática como uma oportunidade – uma chance de repensar quem somos e o que desejamos.

[…] “Ganhando e gastando, desperdiçamos nossos poderes”, escreveu William Wordsworth alguns séculos atrás. O que significaria recuperar esses poderes, ser rico em tempo em vez de coisas?

(1) https://www.washingtonpost.com/opinions/2023/03/15/rebecca-solnit-climate-change-wealth-abundance/?source=Nature+Briefing

Carlos Augusto de Medeiros Filho, geoquímico, graduado na faculdade de geologia da UFRN e com mestrado na UFPA. Trabalha há mais de 35 anos em Geoquímica em Pesquisa Mineral e Ambiental

[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]

in EcoDebate, ISSN 2446-9394




Autor: ecodebate
Fonte: ecodebate
Sítio Online da Publicação: ecodebate
Data: 29/03/2023
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2023/03/29/crise-climatica-e-a-resistencia-as-mudancas/

terça-feira, 28 de março de 2023

Cassinos online e a segurança pessoal no Brasil


Cassinos online e a segurança pessoal no Brasil

Neste conteúdo leia um pouco mais sobre a relação entre caça-níqueis online e segurança pessoal no Brasil e aprenda algumas táticas valiosas para se manter sempre seguro

Nos últimos anos, o número de cassinos online no mundo aumentou bastante, e no Brasil não foi diferente. A praticidade de poder fazer os jogos de qualquer lugar, usando muitas vezes apenas o celular, é tentadora, pois faz com que as pessoas possam aproveitar aquele tempo entre um compromisso e outro para se divertir e, ainda, ganhar dinheiro.

Um ponto ao qual é importante estar sempre atento é em relação à segurança pessoal, afinal, com tantos golpes e problemas que surgem no país, não dá para deixar essa questão de lado, não é mesmo? Por isso, neste conteúdo leia um pouco mais sobre a relação entre caça-níqueis online e segurança pessoal no Brasil e aprenda algumas táticas valiosas para se manter sempre seguro.

A importância da segurança pessoal no Brasil

Como falamos, os caça-níqueis online têm sido cada vez mais procurados, gerando receitas muito altas dentro do mercado. O mercado iGaming cresceu mais de 35% em receita em 2022 quando comparado ao ano de 2021. Da mesma forma, o número de golpes e ataques cibernéticos aumentou muito, levando o Brasil para o segundo lugar do ranking de países com mais ataques pela internet, com um aumento de 92% em 2022 quando comparado a 2021.

Esses dados mostram como é importante estar cada vez mais atento à segurança pessoal, especialmente a segurança de dados. Quando se trata de caça-níqueis online, algumas iniciativas podem te fazer ter mais segurança para jogar o seu jogo preferido e ganhar dinheiro sem preocupações. Veja a seguir:
Dicas para aumentar a segurança ao usar cassinos online
Verifique se o cassino é licenciado

O primeiro e mais importante ponto para aumentar a sua segurança e poder se divertir e ganhar dinheiro real em cassinos online é atuar apenas em cassinos que sejam registrados e licenciados. Existem vários provedores de licença de cassinos que atuam pelo mundo todo, e os mais comuns são Malta, Curaçao, Gibraltar, entre outros.

Por isso, na hora de escolher seu cassino online, seja criterioso e avalie se ele tem a licença para atuar. A licença certifica que o cassino passe por auditorias constantes, mostra que a empresa que está por trás é idônea e confiável. Não abra mão disso.
Analise a segurança e as informações do site

Todo cassino que se preze deve ter uma política clara de Termos & Condições. São esses termos que vão definir regras importantes sobre as apostas, recebimentos, bonificação e muito mais. Por isso, não deixe de avaliar se o cassino possui essa página em seu site, e leia os termos por completo. Caso não exista uma página de Termos & Condições, desconfie.

Além disso, outros indicativos de que o site é seguro podem ser usados, como verificar se ele possui o certificado SSL de segurança. Essa ferramenta mostra que o site em questão está protegido contra ataques cibernéticos por meio do uso de criptografia de dados no na gestão de dados dos usuários e visitantes.
Analise os meios de pagamento seguros

As formas de pagamento oferecidas pelos cassinos online também são muito importantes quando falamos de segurança. É importante que o cassino ofereça uma variedade interessante de formas de pagamento, para atender às necessidades de diferentes jogadores, mas também é essencial que esses meios de pagamento sejam seguros.

Dentre as opções de pagamentos mais seguras, estão o velho e bom cartão de crédito, transferências bancárias e as carteiras eletrônicas. Os pagamentos feitos por meio de criptomoedas, que cresceram fortemente nos últimos anos e meses no mundo todo, também estão se expandindo pelo Brasil, e a segurança que oferecem devido à tecnologia blockchain, é uma das principais vantagens oferecidas por esse modelo.
A informação é sempre uma aliada

Os cassinos e caça-níqueis online continuam se expandindo a cada ano e são uma excelente forma de oferecer diversão e ganhos de dinheiro real. A tendência é que esse mercado cresça cada vez mais e, por isso, é preciso estar atento e acompanhar as tendências.

Continue se atualizando e buscando estar sempre por dentro das melhores estratégias para utilizar essa ferramenta tão adorada mundo afora com o máximo de segurança possível. Informação é sempre o melhor caminho.

Você tem alguma outra dica sobre como aumentar a segurança pessoal ao usar caça-níqueis online? Aproveite para compartilhar com a gente no espaço de comentários!

[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]

in EcoDebate, ISSN 2446-9394




Autor: ecodebate
Fonte: ecodebate
Sítio Online da Publicação: ecodebate
Data: 28/03/2023
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2023/03/28/119563/

Florestas são cruciais para a saúde e o bem-estar humanos

Florestas são cruciais para a saúde e o bem-estar humanos

As florestas fornecem bens e serviços, empregos e renda para talvez 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo

Cobrindo 31% das terras da Terra e abrigando 80% de todas as espécies terrestres, as florestas são cruciais para a saúde e o bem-estar humanos, mas sua perda em todo o planeta está ameaçando as pessoas em todos os lugares.

Aqui estão cinco coisas que você precisa saber sobre a antiga e crescente relação interligada entre florestas e saúde humana.


CityAdapt. As florestas são fundamentais para a construção de resiliência climática.

1. Os sumidouros de carbono combatem as mudanças climáticas

Os ecossistemas florestais mantêm o planeta saudável, regulando o clima, os padrões de chuva e as bacias hidrográficas e fornecem o oxigênio essencial para a existência humana.


Florestas saudáveis ​​ajudam a controlar as mudanças climáticas, atuando como “sumidouros de carbono”, que absorvem anualmente cerca de dois bilhões de toneladas de dióxido de carbono, o gás que contribui para as mudanças climáticas e o aumento das temperaturas globalmente.

O clima em rápida mudança está ameaçando a própria existência das pessoas de muitas maneiras diferentes: através da morte e doença devido a eventos climáticos extremos, a interrupção dos sistemas alimentares e o aumento de doenças. Simplificando, sem florestas saudáveis, as pessoas ao redor do mundo, especialmente nos países mais vulneráveis ​​do mundo, lutarão para levar uma vida saudável e talvez até para sobreviver.


UN-REDD/Leona Liu. Produtos florestais são transformados em remédios no Vietnã.

2. Farmácias da natureza: das máscaras aos armários de remédios

De máscaras a remédios, produtos florestais são usados ​​diariamente em todo o mundo . Até 80% dos países em desenvolvimento e um quarto dos países desenvolvidos dependem de medicamentos à base de plantas.

As florestas contêm cerca de 50.000 espécies de plantas usadas para fins medicinais tanto pelas comunidades locais quanto pelas empresas farmacêuticas multinacionais. Por milênios, os habitantes da floresta trataram uma série de doenças usando produtos que colheram. Ao mesmo tempo, muitos medicamentos farmacêuticos comuns são enraizados em plantas florestais, incluindo medicamentos contra o câncer da pervinca de Madagascar e medicamentos para malária, quinino, das árvores cinchona.

A abordagem One Health , lançada como parte da resposta da ONU à pandemia de COVID-19 , reconhece que a saúde de humanos, animais, plantas e o meio ambiente em geral, incluindo florestas, estão intimamente ligados e interdependentes.


© FAO/Luis Tato. Uma mulher carrega mercadorias pela Reserva Florestal Natural Uluguru em Morogoro, Tanzânia.

3. Jantar para 1 bilhão de pessoas

Quase um bilhão de pessoas em todo o mundo dependem da colheita de alimentos silvestres, como ervas, frutas, nozes, carne e insetos para dietas nutritivas. Em algumas áreas tropicais remotas, estima-se que o consumo de animais selvagens cubra entre 60 e 80 por cento das necessidades diárias de proteína.

Um estudo de 43.000 famílias em 27 países da África descobriu que a diversidade alimentar de crianças expostas às florestas era pelo menos 25% maior do que aquelas que não eram.

Em 22 países da Ásia e da África, incluindo países industrializados e em desenvolvimento, os pesquisadores descobriram que as comunidades indígenas usam uma média de 120 alimentos silvestres por comunidade e, na Índia, cerca de 50 milhões de famílias suplementam suas dietas com frutas colhidas em florestas selvagens e arredores. matagal.


PNUD Timor-Leste. As comunidades em Timor-Leste estão a ajudar a restaurar as florestas de mangal.

4. As florestas são cruciais para o desenvolvimento sustentável

As florestas fornecem bens e serviços, empregos e renda para talvez 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo.

Manter as florestas – e os humanos – saudáveis ​​também está no centro do desenvolvimento sustentável e da Agenda 2030 . As florestas desempenham um papel fundamental no avanço do progresso nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ( ODS ), incluindo:

ODS 3 Bem-estar: As florestas são boas. Estudos mostram que passar o tempo nas florestas pode fortalecer o sistema imunológico, elevando as emoções positivas e diminuindo o estresse, a pressão arterial, a depressão, a fadiga, a ansiedade e a tensão. A saúde e o bem-estar humanos dependem do ambiente natural , que fornece benefícios essenciais como ar puro, água, solos saudáveis ​​e alimentos.

ODS 6 Água: As florestas desempenham um papel de filtragem no fornecimento de água doce. Cerca de 75 por cento da água doce acessível do mundo vem de bacias hidrográficas florestais. Ao alimentar os rios, as florestas fornecem água potável para quase metade das maiores cidades do mundo. Ameaças às florestas podem desencadear escassez de água e colocar em risco os recursos globais de água doce para as pessoas em todo o mundo, que estão entre as questões urgentes abordadas na próxima Conferência da Água da ONU de 2023 .

ODS 13 Ação climática: A floresta amortece os impactos de tempestades e inundações, protegendo a saúde e a segurança humana durante eventos climáticos extremos. Durante séculos, as florestas atuaram como redes de segurança socioeconômica da natureza em tempos de crise. Florestas geridas e protegidas de forma sustentável significam maior saúde e segurança para todos.


© PNUMA/Manuel Acosta. O desmatamento continua apesar dos apelos internacionais para proteger as florestas.

5. As florestas precisam ser protegidas

Os amplos benefícios das florestas são bem conhecidos, mas isso não significa que recebam a proteção que talvez mereçam.

Incêndios, danos causados ​​por insetos e desmatamento foram responsáveis ​​por até 150 milhões de hectares de perda florestal em determinados anos na última década, o que é mais do que a massa de terra de um país como o Chade ou o Peru.

Somente a produção de commodities agrícolas, incluindo óleo de palma, carne bovina, soja, madeira e celulose e papel, é responsável por cerca de 70% do desmatamento tropical.

Muitos governos adotaram políticas favoráveis ​​às florestas e outros aumentaram o investimento em florestas e árvores. Comunidades e atores locais estão avançando, às vezes uma árvore de cada vez. A ONU estabeleceu a Década para a Restauração de Ecossistemas (2021-2023) e suas agências estão aproveitando parcerias com partes interessadas locais e globais para proteger melhor as florestas, desde o plantio de três milhões de árvores no Peru até o empoderamento de mulheres jovens para trabalhar como guardas florestais comunitários para proteger a fauna ilegal. tráfico na Indonésia.

Estabelecido em 2008, o UN-REDD é a principal parceria de conhecimento e consultoria da ONU sobre florestas e clima, apoiando 65 países parceiros. Com base na experiência do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente ( PNUMA ), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a iniciativa tem, entre outras coisas, visto os países membros reduzirem as emissões florestais em níveis equivalentes à retirada de 150 milhões de carros na estrada por um ano, trazendo muito mais ar fresco.

O presidente do Conselho Econômico e Social da ONU ( ECOSOC ), falando em um evento que marcou o Dia Internacional na terça-feira, disse que “as florestas manejadas de forma sustentável são a chave para nossa recuperação saudável das inúmeras crises que enfrentamos atualmente e fortalecem nossa resiliência para suportar crises futuras

“Independentemente de como você define a saúde, seja ela física, mental ou espiritual – as florestas têm um papel a desempenhar.”
[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]

in EcoDebate, ISSN 2446-9394




Autor: ecodebate
Fonte: ecodebate
Sítio Online da Publicação: ecodebate
Data: 28/03/2023
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2023/03/28/florestas-sao-cruciais-para-a-saude-e-o-bem-estar-humanos/

segunda-feira, 27 de março de 2023

Cidades em Movimento apresenta debate sobre a água enquanto direito humano (28/3)

O canal Cidades em Movimento, da Coordenação de Cooperação Social da Presidência Fiocruz (CCSP), apresenta amanhã (28) o encontro “O Direito Humano à Água é Para Todos?”, a partir das 15 horas. O debate faz parte da comemoração do Dia Mundial da Água, celebrado no dia 22 de março e é organizado pela Rede de Vigilância Popular em Saneamento e Saúde, com apoio do projeto de Promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis em Centros Urbanos (PTSSCU/CCSP), e será transmitido ao vivo a partir das 15h.

A Rede opera com o entendimento da água como bem fundamental para a vida do planeta, sendo a sua conservação necessária e urgente; com acesso de qualidade para todos, sobretudo para as populações vulnerabilizadas, e garantia de uma gestão democrática dos recursos hídricos e dos sistemas de saneamento. O encontro apresentará ações da sociedade civil do Rio de Janeiro que apontam caminhos para um horizonte saudável no cuidado e governança das águas.

O evento conta com a participação de Adriana Sotero, bióloga, pesquisadora titular do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (Ensp/Fiocruz); Victória Alves, geógrafa, coordenadora do projeto CocôZap (DataLabe); Rejany Ferreira, geógrafa, membro do Observatório da Bacia Hidrográfica do Cabal do Cunha e da Cooperação Social da Fiocruz; e Gisele Moura, cientista ambiental, co-coordenadora na Rede Favela Sustentável.

A Rede de Vigilância Popular em Saneamento e Saúde foi criada em 2022, após intenso processo de resistência social à concessão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) à iniciativa privada, ocorrida em 2021. Ao longo deste processo, diferentes organizações da sociedade civil, instituições, movimentos sociais, coletivos, entidades acadêmicas, partidárias e apartidárias mobilizaram-se contra a mercantilização da água e do saneamento e pelo seu reconhecimento como um Direito Humano e Bem Comum.

Os objetivos da Rede são:

● Apresentar à sociedade informações de que a concessão à iniciativa privada não garantirá a universalização do serviço de saneamento, disputando a narrativa de que são as empresas privadas que solucionarão os problemas;

● Desenvolver processos de formação política que conectem saberes acadêmicos e populares e contribuam para agenda de reconstrução democrática do país;

● Desenvolver práticas inovadoras na área de participação e controle social;

● Conectar diferentes sujeitos coletivos que sofrem violações de direitos nos territórios e cidades, buscando alternativas para enfrentá-los;

● Incidir sobre as corporações privadas do setor de saneamento atuantes no Rio de Janeiro.

● Garantir acesso ao sistema de justiça para parcela da população que vem tendo o Direito Humano à água violado;

● Fazer incidência política sobre o legislativo e o executivo para implementação de políticas de adaptação e mitigação climática.

Debate “O Direito Humano à Água é Para Todos?”

Realização: Rede de Vigilância Popular em Saneamento e Saúde
Apoio: Projeto de Promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis em Centros Urbanos da Coordenação de Cooperação Social da Fiocruz
Data: 28/03
Horário: 15h
Link para transmissão







Autor: Cooperação Social da Fiocruz
Fonte: Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data: 27/03/2023
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/noticia/cidades-em-movimento-apresenta-debate-sobre-agua-enquanto-direito-humano-28/3

O 'sangue raro' identificado em 3 brasileiros e que exigiu força-tarefa para transfusão



CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,

Segundo Cadastro Nacional de Sangue Raro (CNSR), do Ministério da Saúde, há apenas três pessoas cadastradas no Brasil com sangue com fenótipo BombaimArticle informationAuthor,Simone Machado
Role,De São José do Rio Preto (SP) para a BBC News Brasil
Há 9 horas


Engana-se quem pensa que os tipos sanguíneos se resumem a A, B, AB e O, positivos e negativos. Essas são as tipagens do sistema conhecido como ABO e são, de fato, as mais comuns e, consequentemente, as mais conhecidas pela população em geral.


No entanto, a Sociedade Internacional de Transfusão Sanguínea (ISBT, na sigla em inglês) já identificou ao menos 43 sistemas que descrevem mais de 373 antígenos sanguíneos diferentes e esse número não é definitivo. Sua diferenciação está, principalmente, nas proteínas que o compõem.


Entre os antígenos já conhecidos, alguns são extremamente raros, como o kell-null, também conhecido como sangue com fenótipo Bombaim. Esse tipo de fenótipo é encontrado em maior número na população de países como Finlândia, Japão e Reino Unido.


Segundo o Cadastro Nacional de Sangue Raro (CNSR), do Ministério da Saúde do Brasil, há apenas três pessoas cadastradas no país com esse tipo sanguíneo. O CNSR foi criado para o registro do quantitativo de doadores de sangue raro nos hemocentros públicos do país e, assim, conseguir localizá-los caso haja a necessidade de doação.


O fenótipo Bombaim é raro porque ele não tem o antígeno H nas células vermelhas do sangue.


Pacientes com esse tipo de "modificação" no sangue só podem receber doação de pessoas que tenham o mesmo tipo de sangue e com a mesma "modificação".


Esse grupo sanguíneo - também conhecido como "falso O" - não tem nenhum antígeno ABO, nem H.


"Cada tipo de sangue possui características únicas. No caso do fenótipo Kell-Null, o paciente não pode receber transfusão de nenhum sangue que possua a proteína Kell, presente em praticamente todos os tipos sanguíneos. Se isso acontecer, ele pode ter reação e ir à morte", explica Cláudio Lucas Miranda, diretor do Hemocentro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB).

Força-tarefa para doação rara


No início do mês, a coordenação-geral de sangue e hemoderivados do Ministério da Saúde acionou os hemocentros do país para ajudar na procura de uma bolsa de sangue raro para uma mulher, internada em estado grave, que precisava de uma transfusão sanguínea em Teresina, no Piauí.


Para ajudar a paciente, uma força-tarefa foi montada. Após identificar que havia um possível doador em Botucatu (SP), o hospital do norte do país entrou em contato com o hospital do interior paulista. Que, por sua vez, precisou localizar o doador cadastrado que possui o sangue raro e convidá-lo a fazer a doação.


A bolsa de sangue viajou 2.600 km até chegar ao seu destino.


“Uma bolsa de sangue conservada em temperatura adequada, de 2 a 8 graus, pode ter duração de até 35 dias, o que torna bastante viável a transfusão entre pacientes que moram tão longe, como nesse caso", explica Miranda.


O transporte do sangue raro foi feito de avião. Ele foi levado no mesmo dia para o Piauí e a paciente já pode recebê-lo. A mulher segue em tratamento.


"Não tem como fazermos uma modificação sanguínea em laboratório. Assim como na doação de órgãos, a doação de sangue precisa acontecer entre duas pessoas e que elas sejam compatíveis", explica Garcia.


Para Rafael Pereira Nogueira, que fez a doação do chamado sangue raro, poder ajudar é mais que um ato de solidariedade e de amor ao próximo. "Saber que pude ajudar a salvar uma vida, que fiz o bem para alguém que estava precisando e que posso fazer isso até para alguém em outro estado me deixa muito feliz."



CRÉDITO,DIVULGAÇÃO/ HCFMB
Legenda da foto,

Rafael Pereira Nogueira (à esquerda) fez a doação do 'sangue raro'...



CRÉDITO,DIVULGAÇÃO/ HEMOPI
Legenda da foto,

...que foi enviado ao Piauí, onde médicos receberam o material

Identificando um sangue raro


Todo sangue doado nos hemocentros do país passa por uma análise detalhada em que suas características são levantadas.


Somente depois desse sangue ser totalmente descrito (quais suas proteínas, carboidratos, anticorpos e fenotipagem), ele é encaminhado para a transfusão. Esse processo leva em torno de 24 horas.


"Quando uma pessoa faz a doação de sangue, passa por um procedimento chamado fenotipagem eritrocitária, que permite identificar mais características além dos conhecidos grupos sanguíneos ABO e RhD — que, juntos, formam os popularmente chamados tipos sanguíneos, como AB positivo ou O negativo, por exemplo. Ao fazer isso, o Hemocentro confere mais segurança às transfusões para pacientes que precisam da terapia transfusional", diz Patrícia Carvalho Garcia, coordenadora do Núcleo de Hemoterapia do Hemocentro do HCFMB.

Importância da doação de sangue


Uma única doação de sangue pode ajudar a salvar até quatro vidas. O Ministério da Saúde explica que as bolsas são direcionadas à pacientes que passam por intervenções médicas de grande porte e complexidade, como transfusões, transplantes, procedimentos oncológicos e cirurgias. Além de pacientes com doenças crônicas graves — como Doença Falciforme e Talassemia.


"Além de manter o estoque suficiente para atender a todos os pacientes que precisam, quanto mais pessoas se dispuserem a serem doadores, maior a possibilidade de encontrarmos pessoas com esses fenótipos raros. Precisamos abrir nosso olhar também para isso. Quanto mais pessoas com sangue raro descobertas, maior a chance do paciente com essa peculiaridade se salvar", acrescenta Miranda.





Autor: Simone Machado
Fonte: São José do Rio Preto (SP) para a BBC News Brasil
Sítio Online da Publicação: BBC
Data: 27/03/2023
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cn320kmpr94o

A adolescente que levou tiro acidental em SC e não morreu por 2 mm



CRÉDITO,ARQUIVO PESSOAL
Legenda da foto,

Durante uma brincadeira de tiro ao alvo com um grupo de amigos, a jovem foi atingida no rosto por um disparo acidental feito por seu ex-namorado com uma espingarda de chumbinhoArticle informationAuthor,Simone Machado
Role,De São José do Rio Preto (SP) para a BBC News Brasil
27 março 2023, 18:07 -03
Atualizado Há 1 hora


Era Natal de 2018 e a influenciadora digital Raylla Fachin da Silva, hoje com 18 anos, passava a data comemorativa em um sítio em São Lourenço do Oeste, no Estado de Santa Catarina, com o ex-namorado e a família dele.


Durante uma brincadeira de tiro ao alvo com um grupo de amigos, a jovem foi atingida no rosto por um disparo acidental feito por seu ex-namorado com uma espingarda de chumbinho – equipamento normalmente usado para caça de pequenos animais ou prática esportiva, com projéteis de chumbo impulsionados por ar comprimido, com venda autorizada no Brasil.


"Na hora eu não percebi que o tiro havia pegado em mim. Senti apenas uma dor de cabeça muito intensa e quando coloquei a mão no meu rosto percebi que meu olho estava sangrando. Deitei no chão e vi que poderia ter acontecido algo mais grave porque foi aquela correria para me levar ao hospital", conta Raylla.


A influenciadora foi levada imediatamente para um hospital de São Lourenço (SC) e depois transferida para Chapecó (SC).


Foram 11 dias de internação e Raylla precisou passar por uma cirurgia para a retirada do globo ocular esquerdo.

O projétil ficou alojado na cabeça da jovem e, segundo os médicos, por 2 mm não atingiu as meninges (membranas que revestem o sistema nervoso e a medula), o que teria levado a influenciadora a morte.


"A bala ficou alojada e não é recomendado retirar porque na cirurgia posso ter complicações neurológicas e comprometer funções como a fala e os meus movimentos. Para mim, eu sou um verdadeiro milagre", diz a influenciadora.


Moradora de Santa Isabel do Oeste (PR), a jovem faz tomografia todos os anos para acompanhar a posição do projétil e verificar se ele não está se deslocando.



CRÉDITO,ARQUIVO PESSOAL
Legenda da foto,

Exame mostra bala que segue alojada próximo ao globo ocular de Silva

Prótese ocular


No ano seguinte, como presente de 15 anos, Raylla colocou sua primeira prótese ocular. Feita sob medida, a prótese não faz com que a jovem volte a enxergar do lado esquerdo, mas ajuda em sua autoestima.


"Eu usava tampão encobrindo o olho para sair de casa e as pessoas ficam me olhando. Eu sofri muito preconceito por ter perdido o olho, situações que até hoje eu não gosto de lembrar e comentar", diz.


Por ser monocular (que possui apenas um olho), Raylla diz que precisa tomar alguns cuidados, como higienizar bem a região do olho e evitar ambientes com muita poeira ou areia. No mais, ela diz levar uma vida como qualquer garota da sua idade.


Atualmente, Raylla usa as redes sociais para tentar diminuir o preconceito contra pessoas monoculares. Com vídeos divertidos, ela responde de forma bem-humorada as dúvidas dos seus 2,9 milhões de seguidores no TikTok.


"Muita gente tem curiosidade, então eu faço vídeo tirando a prótese para mostrar que meu rosto é bonito sem ela também. Que apesar de eu não ter um olho, não fica um buraco horrível no rosto, como muita gente pensa. Tento responder de forma divertida para encorajar outras pessoas a se mostrarem também e acabar com o preconceito", diz.


Raylla tem cinco próteses e alterna o uso entre elas. Algumas se assemelham à cor natural do seu olho, já outras são coloridas, o que, segundo ela, chama ainda mais a atenção para o tema.


"As pessoas adoram quando eu uso uma lente diferente e até pedem para que eu use mais. Hoje eu me divirto por ter várias opções de 'olhos', acredito que é uma forma de deixar a situação mais leve", acrescenta.



CRÉDITO,ARQUIVO PESSOAL
Legenda da foto,

Feitas sob medida, as próteses não fazem com que a jovem volte a enxergar do lado esquerdo, mas ajudam em sua autoestima

Como é feita a prótese


A prótese ocular, popularmente conhecida como olho de vidro, é confeccionada em resina acrílica, seguindo o modelo do olho do paciente.


Elas não devolvem a visão, mas são essenciais na recuperação psicológica, da autoestima, e no convívio social de pessoas que nasceram com a deficiência ou que perderam um olho.


"O formato é parecido com uma concha e fica por dentro das pálpebras. Essa pintura é feita à mão e personalizada para que fique o mais similar possível ao outro olho do paciente", explica Murilo Alves Rodrigues, diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia.


Além das questões estéticas, a ausência do globo ocular causa atrofia da pálpebra, fazendo com que o olho fique cada vez mais fechado e com o tempo perca seu movimento.


Assim, o uso de prótese faz com que a musculatura da pálpebra seja preservada, fazendo com que a pessoa pisque normalmente.


"Apesar de o paciente sentir um leve desconforto inicial, a adaptação à prótese é tranquila e, com o passar dos dias, o usuário praticamente não sente nada. É possível dormir com ela e retirá-la a cada uma ou duas semanas para que possa ser feita a higienização. O uso de colírio lubrificante continuamente também é indicado", acrescenta Rodrigues.


E os cuidados com a prótese, a higienização dela e da área dos olhos são essenciais para evitar alergias e até mesmo infecções.


É necessário que o paciente sempre tome cuidado com a pálpebra e cílios, fazendo a higienização correta deles também. Além de manter o acompanhamento com oftalmologista, principalmente em caso de desconfortos.



CRÉDITO,ARQUIVO PESSOAL
Legenda da foto,

Atualmente Raylla usa as redes sociais para tentar diminuir o preconceito com pessoas monoculares (que possuem apenas um olho)


"Sempre que precisar retirar a prótese, a pessoa deve lavar bem as mãos e a prótese deve ser lavada com água filtrada e sabão neutro. Deve-se evitar usar água de torneira, que pode ser contaminada", explica o oftalmologista Emerson Fernandes, do Hospital Sírio-Libanês.


"Não deve usar álcool ou produtos de limpeza doméstica que podem prejudicar a prótese. Após a limpeza, deixar secar ao ar livre e evitar secar com toalhas ou tecidos, pois, além da contaminação, podem sobrar pedaços de algodão que vão machucar os olhos".


E se engana quem pensa que as próteses oculares são todas iguais. Segundo os especialistas existem três principais tipos de prótese. Sendo elas:
Prótese ocular – Recomendadas quando há a retirada integral do globo ocular, com uma grande profundidade para preencher – geralmente ela é feita com 4 ou 5 milímetros de espessura.
Lente semiescleral – Usada tanto nos casos de remoção completa do globo ocular ou nos que houve atrofia do olho. Essas lentes são menores, mais finas (2 ou 3 mm) e mais leves.
Lente escleral – Indicada em casos de atrofia ocular, mas o paciente ainda tem a órbita ocular preenchida. Esse tipo de lente é bem fina e ajuda a devolver o volume natural aos olhos.




Autor: Simone Machado
Fonte: São José do Rio Preto (SP) para a BBC News Brasil
Sítio Online da Publicação: BBC
Data: 27/03/2023
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c03k17pxxndo

Biodiversidade, Geodiversidade e Segurança Hídrica no embate entre Ecologia e Economia


Biodiversidade, Geodiversidade e Segurança Hídrica no embate entre Ecologia e Economia
BIODIVERSIDADE, GEODIVERSIDADE E SEGURANÇA HÍDRICA NO EMBATE ENTRE ECOLOGIA E ECONOMIA: educação, vulnerabilidades socioambientais e inviabilidades conservacionistas na sobreposição de unidades de conservação e mineração no Quadrilátero Ferrífero – MG

Vagner Luciano Coelho de Lima Andrade (1)

INTRODUÇÃO

Um flanco da Serra das Farofas, distrito de Nossa Senhora da Paz, em São Joaquim de Bicas (MG) guarda múltiplos cenários e situações. Brumadinho mostrou ao mundo em 2019 do que a mineração é capaz. Quem vista atualmente o renomado Museu de Arte Contemporânea e Jardim Botânico do Inhotim, localizado entre o Rio Paraopeba e a serra das Farofas, em Brumadinho não imagina que ele é parcialmente fruto da recuperação ambiental de antigas jazidas minerárias.

Este espaço de reconhecimento internacional, é exemplo de que arte e ecologia dialogam continuamente na construção de novos marcos e ideias societários. A Serra das Farofas, inserida aos fundos de Inhotim, na divisa com São Joaquim de Bicas, por sua vez, apresenta os mesmos cenários degradantes do passado. Várias jazidas de minério de ferro estão em operação descaracterizam, continuamente as paisagens naturais e culturais adjacentes.

Assim, compreendendo o patrimônio geológico, enquanto elemento chave de preservação da paisagem natural, este trabalho busca apresentar os cenários históricos e as perspectivas educativas na região do Quadrilátero Ferrífero (Leste, Norte, Oeste e Sul), construindo novas discussões interdisciplinares em Ecologia, Geografia e História, através dos quais diferentes paisagens e patrimônios possam ser apropriados pedagogicamente com vistas à reflexões sobre o modelo socioeconômico vigente, seus riscos, impactos e passivos no âmbito da comunidades mineradas. Novas formas econômicas pautadas na educação e no turismo fomentam a conservação dos atributos geológicos para sua didatização no âmbito de formação dos discentes da educação básica. Preservar o patrimônio geológico e promover sua apropriação didático pedagógica e premissa de um futuro mais equânime, que rompa com cenários como aqueles deixados pela mineradora Vale em Bento Rodrigues (2015) e Córrego do Feijão (2019).

No entorno da capital mineira, há áreas paisagísticas de exponencial valor para a coletividade por agregarem acervos naturais e culturais, com destaque para os serviços ecossistêmicos indispensáveis à manutenção da qualidade de vida das urbes componentes da Grande BH.

Assim, o presente trabalho apresenta um estudo sobre a Serras da região de Nascentes do Rios Pará, Paraopeba, Velhas e Doce (Quadrilátero Ferrífero), esboçando as ameaças em seu entorno, destacando aspectos importantes para conservação da geodiversidade local e destacando seu potencial pedagógico através do geoturismo com contextos interdisciplinares que permitem visitas escolares e abordagens integradas em Ecologia, Geografia e História.

LESTE DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO – MG: sobreposição de unidades de conservação e mineração

A região localizada ao leste do território histórico, geológico e geomorfológico do Quadrilátero Ferrífero encontra-se diretamente associada à formação da sociedade mineira em sua essência. As duas primeiras capitais estaduais, Mariana e Ouro Preto atestam as permanências e rupturas do Brasil Colonial com receptáculos significativos associados à apropriação da paisagem geológica para fins socioeconômicos.

Da mineração aurífera dos tempos pretéritos à ampliação da égide minerária, o Quadrilátero Ferrífero se materializa no tempo e no espaço como cenário de exploração comercial de minério de ferro e manganês, trazendo significativos impactos e riscos ás comunidades locais. Assim, a partir dos recortes espaciais da Reserva Particular do Patrimônio Natural Serra do Caraça que associada à criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela criado pela União em 2014, formam um grande corredor biológico e cultural destacam-se perpectivas educativas desta área. O parque nacional foi uma conquista após intenso processo de mobilização social da Mineiridade, e sua consolidação busca-se evidenciar novos cenários educacionais na porção leste, com vistas a dinamizar e potencializar a visitação turística com fins pedagógicos.

Utilizando-se das paisagens do parque nacional, o estudo do meio com discentes da educação básica pretende apresentar avanços e retrocessos do parque e enfatizar seu potencial didático pedagógico fomentando o turismo geológico e a ditatizações de elementos teóricos que integrem o ensino de Ecologia, Geografia e História, oportunizando novas formas de aprendizagem para além da tradicional sala de aula.

NORTE DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO – MG: vulnerabilidades socioambientais e inviabilidades conservacionistas

As discussões em educação na contemporaneidade versam sobre a integração entre diferentes conteúdos visando uma formação crítica dos discentes. Neste contexto, educar é promover a apropriação dos diferentes meios para se pensar e refletir a realidade com vistas à emancipação dos sujeitos e suas participações como atores da história. Antagonicamente, na prática, a educação centra-se em conteúdos práticos ligados diretamente a linguagem e matemática desprezando contextos expressivos de outras disciplinas, como Ecologia, Geografia e História. Neste contexto, empreende-se a leitura, interpretação de paisagens culturais e/ou naturais com vistas à percepção dos diferentes conflitos que se materializam no tempo e no espaço. Destaca-se a serra da Piedade, entre os municípios de Caeté e Sabará como recorte pedagógico de suma importância para propiciar estudos do meio nos quais se percebam a riqueza da mesma e sua apropriação como cenário cultural religioso, e também turístico. A serra apresenta recortes espaciais no quais se percebem elementos de biodiversidade, de geodiversidade e de sociodiversidade, nos quais é possível verificar permanências e rupturas na paisagem e quais processos os consolidaram ou ocasionaram. A paisagem materializa conflitos latentes que podem ser visualizados, evidenciados, problematizados visando reflexões significativas no processo de ensino/aprendizagem. Outro aspecto se refere à inserção de minerações e de eventuais práticas socioeconômicas e/ou culturais e seus riscos/impactos com vistas a pensar a conduta humana, explicitando a historicidade do meio, enriquecendo os diálogos entre diferentes componentes teóricos da formação curricular na educação básica.

OESTE DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO – MG: biodiversidade, geodiversidade e segurança hídrica

Neste contexto destaca-se a Área de Preservação Especial do Rio Manso, responsável por preservar remanescentes naturais indispensáveis à captação de água da COPASA no vetor oeste metropolitano. Matas e nascentes encontram-se em considerável estado de conservação ambiental num cenário cercado por mineração e práticas agrícolas degradantes. Assim esta tipologia de unidade de conservação agrega múltiplos valores às paisagens cultural (sociodiversidade), ecológica (biodiversidade) e geológica (geodiversidade). O destaque local fica com o Distrito de Sousa, onde as comunidades remanescentes de quilombos mantêm vivas as tradições camponesas como a Festa do Rosário, realizada anualmente em Agosto, na capelinha do bairro do Pequi. No contexto de história geológica e de história ambiental, estudos recentes enfatizam a importância de preservação da paisagem geológica como elemento preponderante na manutenção e salvaguarda de mananciais públicos. Basta reforçar que todas as áreas de captação de águas para abastecimento público em Belo Horizonte e região são retiradas de áreas inseridas no Quadrilátero Ferrífero.

SUL DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO – MG: o embate entre Ecologia e Economia

Nas respectivas serras, localizadas entre os municípios localizados na porção sul da Grande BH, numa região pressionada fortemente pela ampliação de condomínios fechados e mineradoras, existe um conjunto paisagístico e ecológico de inestimável valor para a Mineiridade. Trata-se de um espaço com potencialidades interdisciplinares para o estudo do meio, num contexto de articulação entre Ecologia, Geografia e História. As serras encontram-se ameaçadas por uma série de riscos e degradações socioambientais, que colocam em risco em patrimônio cultural e natural, sendo necessárias ações imediatas para criação de um corredor ecológico e cultural na região consolidando-a como espaço de educação, turismo e conservação da paisagem. Ao se elencar a serras como marco histórico-cultural significativo da Grande BH (MG) protege-se efetivamente singulares recortes espaciais, evocando medidas protetivas emergenciais com vistas à salvaguarda do patrimônio ecológico e histórico desta área tão importante para a biodiversidade, para a geodiversidade e para a sociodiversidade.

A Serra da Moeda é um importante recorte espacial localizado à oeste do território do Quadrilátero Ferrífero e caracteriza-se pela diversidade de cenários e paisagens que vocacionam múltiplas atividades na área do turismo. A área insere-se no imaginário coletivo mineiro em face das histórias de cunhagem clandestina de moedas de ouro em tempos de Brasil colônia. Por outro lado, a região caracteriza-se pela exploração intensiva de minério de ferro trazendo impactos expressivos sobre a biodiversidade e à geodiversidade local. Neste contexto presente, o trabalho de campo, objetiva pedagogicamente apresentar as paisagens da Serra da Moeda, nos municípios de Congonhas, Belo Vale, Itabirito e Moeda, destacando os impasses na geoconservação da paisagem local com vistas à sua apropriação como elemento didático-pedagógico. Preservar a serra é emergencialmente necessário, motivando as comunidades locais a perceberem a serra como um ícone de referência na paisagem corriqueira, enfatizando sua preservação. O turismo ecológico, geológico e sobretudo escolar, é dádiva a promover novos elos de sustentabilidade envolvendo a população e protagonizando diferentes meios de proteção do significativo patrimônio cultural e natural resguardando-o de possíveis impactos minerários e de outras matrizes econômicas insustentáveis. O estudo do meio com alunos da educação ambienta pode se centrar na área da MONA Serra da Moeda, monumento natural criado pelo governo estadual para proteger paisagens e patrimônios da serra. A discussão junto às comunidades locais, acerca de sua transformação em parque estadual e consecutiva ampliação da área oficial de conservação se mostram perspectivas viáveis num futuro próximo.

A região ao sul do Quadrilátero Ferrífero abriga cenários de expansão da égide urbano-industrial para além do polo de Congonhas numa área atualmente denominada de Alto Paraopeba. A mineração tem se ampliado para cidades como Jeceaba e Desterro de Entre Rios, destruindo cenários em várias serras, em especial a Serra do Coelho. Assim faz-se necessários discutir a ampliação ideológica e mercadológica da mineração contemporânea com vistas a apresentar novas perspectivas societárias que promovam desenvolvimento econômico, equidade social e preservação ambiental. A Serra do Ouro Branco, é uma porção significativa de mosaicos e panoramas que agregam relevante patrimônio ecológico e geológico preservados como parque estadual. Sua apropriação turística e pedagógica é força matriz motivadora de novas formas de apropriação sustentável das paisagens e patrimônios associados à história da mineração e à história ecológica e geológica do planeta, disponibilizando cenários e recortes com fins educativos que potencializem a preservação da biodiversidade, da geodiversidade e da sociodiversidade, com vistas à geoconservação e ao geoturismo. Conservação o patrimônio geológico com vistas à cíclica visitação do mesmo por turistas e estudantes é marco civilizatório a romper com a degradante aliança socioeconômica e sociocultural da Mineiridade para com a mineração, trazendo novas modalidades de desenvolvimento local.

Vagner Luciano Coelho de Lima Andrade


PARA SABER MAIS

http://recursomineralmg.codemge.com.br/substancias-minerais/ferro/


1 Educador e Mobilizador da Rede Ação Ambiental. Bacharel-licenciado em Geografia e Análise Ambiental (UNI-BH), Licenciado em História (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Cultural (Filosofia da Arte e Educação, Metodologia de Ensino de História, Museografia e Patrimônio Cultural, Políticas Públicas Municipais). Licenciado em Ciências Biológicas (FIAR), Tecnólogo em Gestão Ambiental (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Natural (Administração escolar, Orientação e Supervisão, Ecologia e Monitoramento Ambiental, Gestão e Educação Ambiental, Metodologia de Ensino de Ciências Biológicas). CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/3803389467894439

[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]


in EcoDebate, ISSN 2446-9394






Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 27/03/2023
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2023/03/27/biodiversidade-geodiversidade-e-seguranca-hidrica-no-embate-entre-ecologia-e-economia/

sexta-feira, 24 de março de 2023

Estudo avalia testes para leishmaniose visceral no Brasil

O diagnóstico da leishmaniose visceral no estágio inicial da doença é fator importante para o sucesso do tratamento e, por isso, os testes para detectar a enfermidade devem ser precisos, ou seja, apresentar baixo índice de resultados errados. Na Fiocruz Minas, um estudo desenvolvido pelo grupo de Pesquisa Clínica e Políticas Públicas de Doenças Infecto-Parasitárias avaliou se os dados de desempenho de testes diagnósticos informados pelos fabricantes à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são reproduzidos em estudos realizados no Brasil. A avaliação apontou uma diferença significativa entre o informado na bula e o observado com o uso clínico, além da inexistência de informações críticas sobre os testes, como o antígeno utilizado e detalhamento das análises que geraram as medidas de desempenho.




Para realizar o estudo, os pesquisadores identificaram, no banco de dados eletrônico da Anvisa, todos os testes com registro vigente no Brasil, ou seja, autorizados a serem comercializados, totalizando 28 produtos. Desse total, 15 não disponibilizavam dados de desempenho (sensibilidade e especificidade) em seu manual de instruções e, assim, apenas 13 puderam ser avaliados. Para avaliar a reprodutibilidade do desempenho informado, foram buscados na literatura científica estudos clínicos, publicados até julho de 2021, descrevendo valores de sensibilidade (que é a capacidade de identificar corretamente os indivíduos que têm a doença ou, com mais especificidade, a capacidade de identificar corretamente os indivíduos que não têm a doença) desses testes.

De modo geral, os resultados indicaram que as medidas de desempenho apresentados nos manuais de instrução são superestimados, não sendo representativos do que ocorre com o uso em condições reais. Em boa parte dos casos, os fabricantes informam valores muito próximos de 100% de precisão, mas, na prática, ao aplicar os testes em um grupo grande de pessoas com suspeita da doença, vê-se que os resultados são inferiores.

“São várias as possíveis explicações para esta divergência, dentre elas, o fato de as medidas de desempenho do fabricante serem, em geral, obtidas a partir de pequeno número de soros de pacientes com e sem doença, casos muito selecionados, o que os tornam exemplos perfeitos de doente e não doente, mas não representativos de todo o espectro de pacientes com suspeita de leishmaniose visceral”, explica a pesquisadora Gláucia Cota, líder do grupo de pesquisa. Outro motivo é a realização das análises de desempenho com amostras e populações diferentes daquelas onde o teste será efetivamente aplicado, o que é relevante para uma doença como a leishmaniose, que pode ser causada por mais de uma espécie de parasita nas diferentes regiões do mundo.

“Outra constatação é a indisponibilidade de informações completas sobre os testes em comercialização, no que se refere não só às análises que produziram as medidas de desempenho realizadas pelos fabricantes, tais como tamanho da amostra, isto é, em quantas pessoas o teste foi aplicado, teste de referência, ou seja, qual foi o teste que definiu se havia ou não doença, mas também o local de realização do estudo, considerando a diversidade geográfica de espécies de leishmania, o que justifica que determinado teste apresente desempenho melhor em uma região em relação a outras”, explica a pós-doutoranda Mariana Lourenço Freire, que integra a equipe responsável pelo estudo.

Por isso, uma das proposições do grupo de pesquisa da Fiocruz Minas é a reavaliação dos critérios vigentes para registro de produtos diagnósticos na Anvisa. Além de informações relevantes para a compreensão dos limites e aplicabilidade de uma tecnologia, a apresentação de dados de validação local permitiria uma análise mais fidedigna da acurácia de um teste antes de sua incorporação. “Nossa análise mostrou a importância de estudos locais, com cálculos amostrais baseados em um número adequado de participantes e o estabelecimento de um teste padrão de referência adequado, de forma que seja possível identificar testes com desempenho aceitável a serem utilizados em cada área endêmica. Esperamos que nossa pesquisa possa contribuir para a melhoria do processo de avaliação de tecnologia em saúde no Brasil e, consequentemente, para melhor gestão dos recursos e abordagem clínica desta grave doença”, afirma Glaucia.

Leishmaniose visceral

A leishmaniose visceral é causada por protozoários parasitas que ficam hospedados principalmente em cães e roedores, transmitidos ao homem pelas fêmeas de flebotomíneos, popularmente conhecidos como mosquito palha, cangalhinha e birigui. A doença se caracteriza por febre de longa duração, anemia, aumento do fígado e baço, além de perda de peso acentuada.

No Brasil, são registrados cerca de 3.500 casos por ano. A taxa de letalidade no país se aproxima de 10%, muito mais alta do que a média mundial, que é de cerca de 5%. Pesquisas científicas sugerem que um dos fatores que levam a esse desfecho inaceitável no Brasil é a demora para se definir o diagnóstico.

Aos primeiros sintomas, pessoas residentes em áreas endêmicas de leishmaniose visceral devem procurar o serviço de saúde mais próximo. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diagnóstico e tratamento gratuito para essa doença. O tratamento é feito com uso de medicamentos específicos.






Autor: Fiocruz Minas
Fonte: Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data: 22/03/2023
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/noticia/estudo-avalia-testes-para-leishmaniose-visceral-no-brasil

A desconfiança na energia nuclear, artigo de Heitor Scalambrini Costa


A desconfiança na energia nuclear, artigo de Heitor Scalambrini Costa

Existe um clamor da sociedade brasileira de participação social, de uma maior transparência nas políticas públicas. E porque não na área energética?

A desaceleração dos negócios nucleares nas últimas duas décadas tem relação direta com a diminuição da competitividade econômica do setor, do perigo incomensurável que representa para a vida no planeta a liberação de material radioativo das usinas nucleares, e o problema ainda não resolvido de armazenamento dos resíduos produzidos (lixo atômico), altamente tóxicos, e cuja radioatividade perdura por milhares de anos.

Estas são algumas das desvantagens de se adotar uma tecnologia no mínimo polêmica, e desnecessária ao país para produzir energia elétrica.


O pós-Fukushima levou países pertencentes à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), como a Itália, Bélgica, Suíça e Alemanha, a paralisar e mesmo descomissionar dezenas de usinas nucleares que funcionavam em seus territórios. Contrariamente a esta rejeição, governantes de países nada democráticos como China, Rússia e Índia ainda insistem em apoiar a geração nucleoelétrica.

Quando uma tragédia nuclear acontece, as consequências vão para muito além das pessoas. Toda a biodiversidade local é prejudicada diretamente. Pessoas que nem mesmo moram perto do local do desastre podem ser afetadas. Alguns trágicos eventos aconteceram nas últimas 3 décadas. O de Three Mile Island-USA, Chernobyl- Ucrânia e Fukushima-Japão. Este último provocou o deslocamento de mais de 120.000 pessoas que tiveram que abandonar suas casas e deixar suas cidades.

Tais tragédias tiveram ampla repercussão mundial. Todavia, acidentes menores, mas não menos graves, acontecem com certa frequência, e não são divulgados. O mais recente evento foi o vazamento de 1,5 milhão de litros de água radioativa de uma usina nuclear na cidade de Monticello, estado de Minnesota-USA. Mesmo ocorrido em 22 de novembro de 2022, somente 5 meses depois foi comunicado à opinião pública. Sem contar o alerta dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica-AIEA em 15 de março de 2023, sobre o desaparecimento na Líbia, de 2,5 toneladas de urânio natural concentrado, também conhecido como yellow cake.

Para reagir e contrapor as preocupações da sociedade quanto à guarda de material radioativo, sua proliferação, e aspectos relacionados à segurança da geração nuclear; uma nova estratégia foi montada pelos defensores da tecnologia, e de seus negócios bilionários.

Um novo modelo de reator mais compacto e com potência inferior (<300 MW) aos tradicionais, estão sendo oferecidos pela indústria nuclear, podendo serem totalmente construídos em uma fábrica e levado ao local de funcionamento. Vários modelos estão em desenvolvimento utilizando distintas rotas tecnológicas. Contudo os problemas que ocorrem nos grandes reatores persistem.

Os Small Modular Reactors (SMRs) ou Pequenos Reatores Modulares em inglês, é a nova tática adotada pelos negócios nucleares, que assim esperam disseminar tais unidades por todo o planeta. Nota-se que o termo nuclear foi omitido, no que deveria ser chamado de Small Modular Nuclear Reactors (SMNRs), ou Pequenos Reatores Nucleares Modulares. A omissão da palavra nuclear é uma tentativa de evitar a rejeição, a repulsa da grande maioria da população mundial, que associa o nuclear com morte, guerra, destruição, desgraça, bomba atômica.

No Brasil um lobby poderoso reunido na Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares- ABDAN, agrega os apoiadores das usinas nucleares, propondo promover o desenvolvimento e a aplicação da tecnologia nuclear no Brasil. Em sintonia, e representando interesses das grandes multinacionais do ramo, com interesses em fazer negócios, esta Associação tem obtido “avanços(?)” junto aos poucos que decidem a política energética brasileira.

Por exemplo, conseguiram no governo do ex-ministro de Minas e Energia, o almirante Bento Albuquerque (o mesmo investigado por entrar ilegalmente no país com joias milionárias não declaradas, destinadas ao ex-presidente), a inclusão no Plano Nacional de Energia-2050 a instalação de 8 GW a 10 GW a partir da nucleoeletricidade.

Decisões sobre um tema tão polêmico e com grande repercussão para as gerações presentes e futuras mereceriam discussões, debates mais amplos e aprofundados com a sociedade. Esta discussão passa necessariamente em decidir que tipo de sociedade queremos. Se desejamos uma sociedade democrática, com justiça ambiental, defensora da paz; ou um país nuclearizado, inclusive possuindo artefatos nucleares, como a bomba tupiniquim, que certamente poderá ser viabilizada com novas instalações nucleares.

O que se espera em sociedades democráticas é que as divergências devam ser tratadas pelo debate, discussões, disponibilização de informações, participação popular. Todavia o terreno desta disputa é muito desigual, pois o poder econômico dos lobistas é muito grande, o que acaba contribuindo para uma assimetria no processo da disputa, na divulgação das propostas, e das discussões sobre as consequências sociais, econômicas, ambientais e tecnológicas, do uso da tecnologia nuclear para produção de energia elétrica.

Todavia decisões monocráticas de um colegiado, o Conselho Nacional de Política Energética – CNPE, tem instituído uma política energética contrária aos interesses da maioria da população. A principal característica deste colegiado, é a falta de representatividade da sociedade organizada, além de um grande déficit de transparência. A sociedade civil não participa das decisões tomadas.

O Ministério de Minas e Energia- MME, também responsável pela política energética sofre há anos, um processo de captura pelo mercado. Utilizado como “moeda de troca” pelos vários governos, não passa de um ministério de 2º escalão, subserviente a grupos que defendem somente seus interesses particulares, e/ou de grandes empresas. Do ponto de vista técnico foi completamente esvaziado.

Outra instituição, com grandes poderes decisórios, é a Agência Nacional de Energia Elétrica-ANEEL. É comum que membros desta agência reguladora tenham seus diretores envolvidos em polêmicas, denúncias gerando grande desconfiança junto à sociedade. O escândalo mais recente, é de um ex-diretor escolhido pelo novo governo secretário executivo do MME, o número dois do ministério, envolvido em vários casos obscuros e ainda não explicados, enquanto era diretor da ANEEL (https://piaui.folha.uol.com.br/cheiro-de-enxofre/).

Existe um clamor da sociedade brasileira de participação social, de uma maior transparência nas políticas públicas. E porque não na área energética? Neste caso é fundamental a criação de espaços democráticos igualitários, de interlocução, de participação cidadã, na formulação e tomada de decisão. Ações no sentido de promover o engajamento da sociedade, para defender seus interesses junto ao Estado brasileiro, fortalecem e garantem nossa democracia.

Heitor Scalambrini Costa, doutor em Energética
Professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco

[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]

in EcoDebate, ISSN 2446-9394




Autor: ecodebate
Fonte: ecodebate
Sítio Online da Publicação: ecodebate
Data: 24/03/2023
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2023/03/24/a-desconfianca-na-energia-nuclear/