segunda-feira, 13 de março de 2023

Brasil chega a 700 mil mortes da Covid-19, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

O Brasil tem 2,7% da população mundial e 10% do número de mortes globais contabilizadas pela OMS

“Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável”
Sêneca (05 a.C. – 65 d. C.)

A pandemia da covid-19 completa 3 anos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o mundo vivia uma pandemia em 11 de março de 2020. Os primeiros casos da covid-19 foram identificados na China em dezembro de 2019, mas a doença se espalhou pelo mundo no ano seguinte. No Brasil, o primeiro caso confirmado da covid-19 foi registrado no final de fevereiro e a primeira morte foi registrada em 12 de março de 2020.

Em três anos, o país registrou mais de 37 milhões de pessoas infectadas e deve atingir 700 mil óbitos registrados até meados de março de 2023. O Brasil tem 2,7% da população mundial e 10% do número de mortes globais contabilizadas pela OMS. Mas como existe subnotificação de óbitos, o número do excesso de mortes pela covid-19 ultrapassa 1 milhão de vítimas fatais. O coeficiente de mortalidade no Brasil foi muito superior ao da maioria dos países e houve uma queda da expectativa de vida ao nascer, que estava em 75,3 anos em 2019 e caiu para 72,8 anos em 2021. Todavia, deve se recuperar para 76,2 anos em 2023, segundo a Divisão de População da ONU.


O gráfico abaixo mostra a média diária de casos da covid-19 no Brasil, para o período de março de 2020 a fevereiro de 2023. Nota-se que o máximo de casos diários em 2020 ocorreu no mês de julho com 40,7 mil registros, o máximo de 2021 ocorreu em março com 70,9 mil registros diários e o máximo de 2022 ocorreu em fevereiro com 120 mil registros diários. Em dezembro de 2022 ainda foram registrados 34,4 mil casos diários. Mas em 2023, o ritmo diminuiu e foram registrados 16 mil casos diários em janeiro e 8 mil casos diários em fevereiro. A tendência é de continuidade da queda.



O gráfico abaixo mostra a média diária de óbitos da covid-19 no Brasil, também para o período de março de 2020 a fevereiro de 2023. Nota-se que o maior número de mortes diárias em 2020 ocorreu no mês de julho com 1.061 registros, o máximo geral da série ocorreu em abril de 2021 com 2.742 óbitos. Em 2022, a despeito do aumento do número de infecções, o número de mortes diminuiu em função do aumento da cobertura vacinal e o máximo ocorreu em fevereiro com 793 óbitos diários. Em 2023, o número diários de mortes ficou em 72 registros no mês de fevereiro. A tendência também é de continuidade da queda.



Em nível global, a covid-19 já atingiu 225 países e territórios nos últimos 3 anos. No dia 01 de março de 2020, havia somente 1 país com mais de 10 mil casos confirmados de Covid-19 (a China) e havia 5 países com valores entre 1 mil e 10 mil casos (Irã, Coreia do Sul, França, Espanha, Alemanha e EUA). No dia 01/05/2020 somente os EUA tinham registrado mais de 1 milhão de pessoas infectadas. No dia 01 de janeiro de 2021 já eram 18 países com mais de 1 milhão de casos da covid-19. Um ano depois passou para 42 países com mais de 1 milhão de casos. Em 2022, o salto foi grande e o mundo chegou a 71 países com mais de 1 milhão de casos em 01/12/2022. Em 2023 já são 73 países com mais de 1 milhão de casos. Os destaques ficam para os EUA que já registram mais de 105 milhões de casos acumulados e a Índia com mais de 45 milhões de casos.

A lista dos 73 primeiros colocados do ranking, com a data em que chegaram à marca de 1 milhão, apresentada na tabela abaixo, são: EUA (27/04/20), Brasil (19/06), Índia (16/07), Rússia (01/09), Espanha (15/10), Argentina (19/10), França (23/10), Colômbia (24/10), Turquia (28/10), Reino Unido (31/10), Itália (11/11); México (15/11), Alemanha (26/11), Polônia (02/12), Irã (03/12), Peru (22/12), Ucrânia (24/12), África do Sul (26/12), Indonésia (26/01/21), República Tcheca (01/02), Holanda (06/02), Chile (01/04), Canadá (05/4), Romênia (09/04), Iraque (21/04), Filipinas (26/04), Suécia (05/05), Bélgica (06/05), Bangladesh (10/07), Paquistão (23/07), Malásia (25/07), Japão (07/08), Portugal (15/08), Tailândia (20/08), Israel (24/08), Sérvia (09/10), Vietnã (11/11), Áustria (18/11), Hungria (21/11), Suíça (30/11), Jordânia (10/12), Grécia (12/12), Marrocos (09/01/2022), Austrália (10/01), Irlanda (11/01), Dinamarca (13/01), Cazaquistão (16/01), Cuba (17/01), Georgia (17/01) e Eslováquia (30/01), Coreia do Sul (06/02), Bulgária (07/02). Croácia e Líbano (10/02), Noruega (11/02), Tunísia (04/03); Singapura (19/03), Hong Kong (19/03), Lituânia (23/03), Eslovênia (20/04), Finlândia (21/04), Nova Zelândia (10/05), Coreia do Norte (15/05), Taiwan (19/05), Guatemala (15/07), Bolívia (20/07), Costa Rica (30/07), UAE (10/08), Equador (15/09), Nepal (13/10), Panamá (29/11), Mongólia (03/12) e Uruguai (20/12/2022). Não houve nenhum acréscimo nesta lista em 2023.



O número de mortes no mundo atingiu um valor expressivo em abril de 2020, com 7,4 mil óbitos diários. Mas no final deste mesmo ano os valores aumentaram e atingiram o pico máximo da série em janeiro de 2021, com 14,8 mil óbitos diários, conforme mostra o gráfico abaixo do site Our World in Data, com dados da Universidade Johns Hopkins. Nos meses seguintes o número de mortes diminuiu, mas se manteve em patamares elevados. Em fevereiro de 2022, o máximo chegou a 11 mil óbitos diários. Em janeiro de 2023 houve um pico anormal em decorrência dos registros de mortes da China, mas a tendência tem sido de queda e o mês de fevereiro de 2023 terminou com uma média abaixo de 1 mil óbitos diários, o menor valor desde março de 2020.



O fato é que a pandemia aumentou o número de mortes no mundo, reduziu a expectativa de vida e também fez cair o número de nascimentos, afetando a dinâmica demográfica em diversos aspectos (inclusive nas taxas de migração). A pandemia afetou também a dinâmica econômica provocando recessões e aumentando a fome a pobreza. Os custos da covid-19 foram extremamente elevados.

Cabe aos dirigentes globais e nacionais tirarem as lições deste fenômeno e se prepararem para proteger o mundo de novas epidemias e também construir uma economia internacional mais justa, mais inclusiva e mais sustentável.
José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referências:

ALVES, JED. A pandemia de Coronavírus e o pandemônio na economia internacional, Ecodebate, 09/03/2020 https://www.ecodebate.com.br/2020/03/09/a-pandemia-de-coronavirus-covid-19-e-o-pandemonio-na-economia-internacional-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

ALVES, JED. Presidente quinta-coluna não combate a pandemia e instala o Necroceno no Brasil, Ecodebate, 08/06/2020

https://www.ecodebate.com.br/2020/06/08/presidente-quinta-coluna-nao-combate-a-pandemia-e-instala-o-necroceno-no-brasil-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

ALVES, JED. O impacto mortal da covid-19 sobre a economia e a demografia brasileira, ANPOCS, 11/05/2020 http://anpocs.com/images/stories/boletim/boletim_CS/Boletim_n37.pdf

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 13/03/2023
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2023/03/13/brasil-chega-a-700-mil-mortes-da-covid-19/

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