sábado, 29 de dezembro de 2018

Câncer: célula obstruída por gordura é possível elo entre obesidade e a doença, indica estudo


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Excesso de peso corporal eleva o risco de mais de uma dezena de tipos de câncer

Uma nova descoberta pode explicar por que pessoas obesas têm maior probabilidade de desenvolver câncer, dizem cientistas.

Um tipo de célula que o corpo usa para destruir o tecido tumoral fica entupida por gordura e para de funcionar, afirmou a equipe do Trinity College Dublin, na Irlanda.

A obesidade é a maior causa de câncer passível de prevenção no Reino Unido depois do fumo, segundo a organização Cancer Research UK, dedicada a pesquisas de combate à doença.

Mais de 1 em cada 20 casos de câncer - cerca de 22,8 mil por ano no Reino Unido - são motivados ​​por excesso de peso corporal.



Especialistas já suspeitavam que a gordura enviava sinais ao corpo que poderiam danificar as células, levando ao câncer, e favorecer sua multiplicação.

Agora, cientistas conseguiram mostrar, em um estudo publicado na revista Nature Immunology, como as células que combatem o câncer ficam obstruídas pela gordura.

Eles esperam criar tratamentos para restaurar as habilidades destas células para que voltem a ser "assassinas naturais" de tumores.

"Um composto que bloqueie a absorção de gordura por estas células pode ajudar. Tentamos em laboratório e descobrimos que isso permite que elas voltem a matar um câncer", diz a pesquisadora Lydia Lynch.

Obesidade aumenta o risco de 13 tipos de câncer


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Composto que bloqueie absorção de gordura por células 'assassinas de tumores' pode ajudar, diz cientista

Mas a melhor maneira de ter este efeito é "sem dúvida" perder peso, afirma Lynch: "De qualquer maneira, isso é mais saudável".

Leo Carlin, do Instituto Beatson da Cancer Research UK, diz que embora cientistas saibam que a obesidade aumenta o risco de 13 tipos diferentes de câncer, "ainda não se entende completamente os mecanismos desse vínculo".

O cientista afirma que o novo estudo revela como as moléculas de gordura impedem as células do sistema imunológico de atuarem corretamente para matar tumores, além de abrir novos caminhos para desenvolver tratamentos.

"Muitas pesquisas se concentram em como os tumores crescem a fim de achar formas de detê-los, mas esta pesquisa nos mostra que devemos levar também em consideração o metabolismo das células do sistema imunológico."
Prevenindo o câncer

Para reduzir o risco:

- Mantenha um peso saudável;

- Pare de fumar;

- Tenha uma boa dieta;

- Reduza o consumo de álcool;

- Evite queimaduras solares.




Autor: BBC News Brasil
Fonte: BBC News Brasil
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 29/12/2018
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/geral-46687361

Tsunami na Indonésia: o dramático colapso do vulcão por trás da tragédia que matou mais de 400


Direito de imagemREUTERSImage captionSatélites são uma das poucas maneiras de avaliar o vulcão atualmente

A escala do dramático colapso do vulcão na Indonésia que levou a um devastador tsunami há uma semana no Estreito de Sunda, que liga o Mar de Java ao Oceano Índico, está se tornando mais clara.

Pesquisadores examinaram imagens de satélite do Anak Krakatau para calcular a quantidade de rocha e cinzas que foram lançadas no mar. Eles dizem que o vulcão perdeu mais de dois terços de sua altura e volume na semana passada.

Grande parte disso poderia ter deslizado para o mar em um único movimento. Isso certamente explicaria o deslocamento de água e a geração de ondas de até cinco metros de altura que inundaram as costas próximas de Java e Sumatra.

A agência de desastres da Indonésia afirma que mais de 400 mortes já foram confirmadas e que 20 pessoas ainda estão desaparecidas. Mais de 40 mil ficaram desabrigadas.


Direito de imagemBNPBImage captionVulcão perdeu mais de dois terços de sua altura e volume na semana passada

O Centro de Vulcanologia e Mitigação de Perigos Geológicos (PVMBG) do país tem estudado imagens de vários satélites de radar, que têm a vantagem de enxergar a superfície terrestre de dia ou noite e ultrapassar nuvens.

Isso permitiu algumas medições iniciais da estatura perdida pelo Anak Krakatau, em particular no seu lado oeste.

O que antes era um cone vulcânico de 340 metros de altura tem hoje apenas 110 metros de altura, diz o PVMBG. Em termos de volume, 150 a 170 milhões de metros cúbicos de material foram eliminados, restando apenas 40 a 70 milhões de metros cúbicos.

Desastre havia sido previsto por cientistas


Direito de imagemJAXAImage captionO satélite japonês Alos-2 também está sendo usado para monitorar o Anak Krakatau

Quanta massa foi perdida no dia 22 de dezembro em si e quanto disso se deu nos dias seguintes ainda é desconhecido. Os cientistas poderão ter uma ideia melhor depois de terem a oportunidade de visitar o vulcão e realizar pesquisas mais extensas.

Mas, com as erupções ainda em curso e uma zona de exclusão de segurança em vigor, ninguém pode chegar perto do Anak Krakatau.

O colapso do cone com a geração do tsunami era considerado um risco em potencial antes do último sábado.

Os cientistas haviam previsto esta possibilidade seis anos atrás e identificado que o lado oeste do Anak Krakatau como a seção com maior probabilidade de entrar em colapso.

O estudo, embora tenha simulado um evento de escala ainda maior, previu onda com altura e tempos de inundação costeira que foram semelhantes ao que realmente aconteceu.




Autor: Jonathan Amos
Fonte: BBC News Brasil
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 29/12/2018
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-46708742

IFRJ Niterói recebe última etapa da XIX Jornada do Programa Jovens Talentos

A terceira e última etapa da XIX Jornada Jovens Talentos, realizada anualmente pelo Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj), em parceria com a FAPERJ, aconteceu nesta quarta-feira, 12 de dezembro, no campus provisório do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), às margens da baía de Guanabara, no Caminho Niemeyer, em Niterói. Na abertura, o coordenador do evento, Jorge Belizário, saudou os 84 inscritos para a terceira etapa da jornada e fez um agradecimento especial aos orientadores, que tornaram possível a realização do evento.

A vice-presidente de Divulgação Científica do Cecierj, Monica Dahmouche, enfatizou a importância do projeto para o amadurecimento dos estudantes. Esse aprendizado passa por questões mais básicas, como a formação de hábitos de organização e um primeiro contato com o fazer científico, até pela tomada de decisão sobre o futuro profissional. “A gente tem um carinho enorme pelo programa Jovens Talentos devido à importância dele na educação científica dos jovens e o retorno que ele traz. Os estudantes ganham maturidade, autoconhecimento, capacidade de sistematização e de realização das suas escolhas”, falou.

Ao circular pelos pôsteres, Belizário não escondeu a satisfação em ver tantos estudantes empenhados em apresentar seus projetos e a transformação pela qual passaram ao longo do período. “É uma forma de mostrar o trabalho que está sendo feito. Uma comprovação do esforço efetuado, um momento ímpar”, disse. O coordenador também lembrou o crescimento do programa. Quando ele assumiu a coordenação, em 2002, eram cerca de 200 jovens contemplados. Hoje, a FAPERJ financia mais de 800 bolsistas.

Estudante do segundo ano do Ensino Médio, Caio Monteiro conta que foi convidado a entrar no programa devido ao seu excelente desempenho escolar. Sua pesquisa está vinculada ao campus de Niterói do IFRJ e busca entender a percepção dos moradores dos bairros vizinhos à região do Sapê, localizada no bairro niteroiense de Pendotiba, e como os moradores da localidade a enxergam. Ao apresentar seu pôster, Caio destacou as propagandas dos novos empreendimentos imobiliários que valorizam a área, por ser próxima a um vasto comércio e a escolas, mas que escondem a área do Sapê, de renda mais baixa. A região também vai sediar o novo campusdo IFRJ, que será transferido para lá a partir de janeiro de 2019. O estudante pode ser um dos exemplos de como a bolsa ajuda a escolher a área de atuação profissional. “É legal entrevistar as pessoas, andar pelos lugares que nunca estive, mas eu sou mais da área de Exatas. Eu gosto mesmo é de matemática. É muito mais fácil”.

Já no trabalho “Mate_Mágica_Mente”, em que se explora diferentes jogos para o ensino de matemática, ocorreu o oposto. Cursando o técnico em Edificações, João Pedro Braga revela que quer cursar Antropologia, e como seu projeto envolve Pedagogia, o que já o encaminha para a área de Licenciatura, está bastante animado. Para seu colega na pesquisa, Carlos Oliveira, o projeto o auxiliou a pensar em novas formas de aprender Matemática, uma matéria bastante importante para quem pretende ingressar no curso de Arquitetura e Urbanismo no próximo ano.


Beatriz e Déborah: estudantes querem aproximar as escolas de São Cristóvão do Museu Nacional (Foto: Juliana Passos)


A oportunidade de participar do projeto “O Museu Nacional e as escolas de São Cristóvão: um estudo da relação” despertou o interesse das estudantes do segundo ano do Colégio Pedro II Déborah Silva e Beatriz Milanez para a importância da visitação aos museus. “Quando apareceu a oportunidade de participar desse projeto, me dei conta de que nunca tinha visitado o museu e fiquei com muita curiosidade de saber mais. Também me animei porque gosto muito de falar”, confessou Deborah. Já Beatriz foi informada do projeto por uma amiga que sabia de sua vontade de cursar História. Com o incêndio que destruiu o prédio da instituição, o objetivo do trabalho, que era aumentar a visitação de estudantes de escolas de São Cristóvão ao Museu, precisou ser alterado. Agora, o papel das estudantes é, a partir de entrevistas, saber como aproximar a comunidade do entorno, entendendo suas expectativas em relação ao Museu Nacional e levar as coleções do Museu às escolas. “Já que agora não é possível visitar o Museu, o Museu está indo até as escolas”, contou Beatriz.

A cerimônia também contou com retornos de antigos Jovens Talentos. Milena Enderson Chagas da Silva foi premiada na edição de 2014 e agora participa como jurada da área de Biológicas junto com outros 29 avaliadores. Na época em que ingressou no programa, ela cursava o Técnico em Análises Clínicas e estava focada no mercado de trabalho. Com o ingresso no projeto, ela recebeu o convite do orientador Antônio Henrique de Moraes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para continuar as pesquisas como graduanda em Farmácia. “Eu achava que a vida acadêmica se limitava à sala de aula. E eu me apaixonei pela pesquisa, tanto que estou aqui há cinco anos. Participei de diversas publicações e conheci diversos lugares”, relembrou orgulhosa.

Confira abaixo os vencedores de cada área na premiação da XIX Jornada Jovens Talentos, etapa de Niterói:

Exatas

1º Explorando a matemática em jogos etninomatemáticos
Aluna: Ana Carla Alves
Orientador: Wellington de Carvalho
Instituição: Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ)

2º Mate_Mágica_Mente
Alunos: Carlos Miguel de Oliveira e João Pedro Braga
Orientador: Viviane Tatagiba
Instituição: Instituto Federal Fluminense - Campus Maricá

3º Uso de smarthphones como ferramentas no ensino de Matemática aplicada ao curso técnico de edificações
Aluno: Vinícius de Oliveira
Orientador: Everton de Moraes
Instituição: Instituto Federal Fluminense - Campus Maricá

Biológicas

1º Avaliação da pressão herbívora de populações naturais de cladócero em diferentes fitoplanctonicas isoladas na Lagoa de Jacarepaguá
Aluna: Beatriz de Souza
Orientador: Marcelo Manzi
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro

2º Construindo o saber
Alunos: Ana Paula de Olveira e Arthur Lessa
Orientadora: Débora Anjos
Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

3º Caracterização da matriz extracelular dos nichos de hematopoiéticos do fígado fetal de camundongos
Aluno: Gustavo Gomes
Orientadora: Jackline da Silva
Instituição: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Humanas
1º Preservação do Patrimônio histórico da Escola Técnica Estadual Ferreira Viana: Laboratório de Conservação de Documentos do Centro de Memória.
Alunos: Gabriel Silva, Maria Santos e Melina Ferreira
Orientadora: Karina Semerano
Instituição: Escola Técnica Estadual Ferreira Viana

2º Laboratório de Leituras
Alunos: Ana Flávia Ferreira Pilar Costa, Anna Beatriz Nunes de Carvalho, Beatriz Santos de Souza, Caique de Sousa Nunes, João Victor Loureiro dos Santos, Thais Galvão Costa e Jean Michel Barbosa.
Orientadores: Ana Lígia Matos de Almeida
Instituição: Escola Técnica Estadual Ferreira Viana

3º Bertha Lutz e a sua atuação na conferência de São Francisco em 1945: a inclusão da igualdade de gênero na carta da ONU
Alunas: Sofia Pugliese e Thailany Colodino
Orientadora: Maria das Graças Freitas Souza Filho
Instituição: Museu Nacional





Autor: Juliana Passos
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 14/12/2018
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3676.2.5

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Retomada à caça de baleias no Japão é retrocesso, diz Brasil

O ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, chamou ontem (26) de “grande retrocesso no cenário global” a decisão anunciada pelo governo do Japão de retomar a caça de baleias e deixar Comissão Internacional da Baleia (CIB).


Caça de baleia. Foto: Agência Brasil – EBC / Reuters/Toru Hanai/Direitos Reservados


Em nota, o Ministério do Meio Ambiente informa que tal iniciativa “ ignora a posição majoritária dos países”. Ressalta ainda que o Brasil é um defensor de todas as formas de vida.

“O Brasil historicamente postula pela defesa de todas as formas de vida nos mares do planeta, principalmente dos cetáceos [animais marinhos que pertencem à classe dos mamíferos], que têm muitas espécies ameaçadas de extinção”, diz o comunicado. “Temos muito a avançar e somente por meio da atuação integrada dos países-membros da CIB poderemos ter êxito na proteção dessas espécies e em outras agendas relacionadas, como o combate ao lixo no mar e ao aquecimento global.”

O texto destaca também que há no Brasil um esforço para garantir a preservação de várias espécies. “Em nossa zona exclusiva, protegemos as baleias jubarte e franca, os golfinhos, as tartarugas e manejamos a pesca de espécies comerciais para garantir a sobrevivência das espécies mais exploradas. Além disso, ampliamos as unidades de conservação costeiras marinhas de 1,5% para 26%, para preservar os hábitats da fauna marinha.”

O comunicado lembra que, na Declaração de Florianópolis, foi reafirmada a importância da manutenção da moratória à caça comercial de baleias e da obrigação da CIB de garantir financiamento adequado para atividades de conservação e uso não letal e não extrativo de cetáceos, como o turismo de avistamento.

O governo da Austrália também lamentou a decisão das autoridades japonesas e apelou para que revisem a medida e abandonem a iniciativa de retomar a caça comercial de baleias a partir de julho de 2019.


Da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/12/2018




Autor: Agência Brasil
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 26/12/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/12/27/retomada-a-caca-de-baleias-no-japao-e-retrocesso-diz-brasil/

Licenciamento Ambiental: Não são os ativistas ou o Ibama que emperram as grandes obras, são estudos ambientais mal feitos, artigo de André Aroeira

Licenciamento Ambiental

“As propostas de solução para o “problema” são um show de horrores: temos que escolher entre uma ampla flexibilização da legislação ou o estabelecimento de prazo máximo para a emissão de licenças. Se o órgão X não se manifestar no tempo Y, é como se não houvesse discordância e o licenciamento é feito por W.O”, escreve André Aroeira, biólogo e mestre em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre pela UFMG, em artigo publicado por The Intercerpt Brasil, em 18-12-2018.
Eis o artigo

Dentre vários derrotados nas eleições brasileiras de 2018, um em especial já havia perdido a disputa bem antes do primeiro turno. A rara unanimidade de candidatos e programas à direita e à esquerda, conservadores e até autointitulados liberais garantiu a vitória contra o licenciamento ambiental.

Prevalece entre os setores políticos, em especial no legislativo, e em parte da sociedade, a percepção de que o licenciamento é culpado por não termos estradas suficientes, ferrovias, linhas de transmissão, portos, usinas, indústrias, importantes projetos minerários. Se a greve dos caminhoneiros parou o país, disseram os oportunistas, boa parte da culpa é das licenças para modais alternativos que nunca saem. A ferrovia ferrogrão, a BR-319, o linhão de Tucuruí e os novos blocos do pré-sal estariam aí para comprovar como o licenciamento é um entrave ao desenvolvimento do país.

As propostas de solução para o “problema” são um show de horrores: temos que escolher entre uma ampla flexibilização da legislação ou o estabelecimento de prazo máximo para a emissão de licenças. Se o órgão X não se manifestar no tempo Y, é como se não houvesse discordância e o licenciamento é feito por W.O.

Mais do que a avaliação de viabilidade, importa aqui o cronograma da obra, os prazos do empreendedor. Uma completa inversão de prioridades. Subentendida, ainda, a noção absurda de que as licenças devem ser obrigatoriamente emitidas.

Na quarta-feira, dia 12, o próprio presidente eleito Jair Bolsonaro disparou sobre como “fica difícil empreender num país como esse aqui”. A frase foi uma referência às dificuldades do governo do Paraná em construir uma rodovia em um dos últimos blocos bem preservados de Mata Atlântica do Brasil. A obra tem como objetivo principal facilitar o acesso a um porto privado no litoral paranaense e enfrenta forte resistência por causa dos impactos e das falhas nos estudos ambientais.

A barragem de Mariana não se rompeu por excesso de “burocracia”. Foi justamente o contrário – André Aroeira



Como solução ao “problema do licenciamento”, a equipe de transição do novo governo já propõe revogar vários decretos que tratam do tema, assim como passar a atribuição do licenciamento do Ministério do Meio Ambiente para a Presidência da República, criando uma Secretaria de Licenciamento Estratégico.

Desmantelar o Ministério do Meio Ambiente, flexibilizar e afrouxar regulamentações para destravar licenças parecem ser o caminho que o governo escolheu. Para desatar esse nó discursivo sem passar pelo desmonte de uma das mais importantes barreiras a projetos ineficientes, caros e de grande impacto socioambiental, precisamos olhar o cenário com um pouco mais de cuidado. E talvez perceber que o “problema” a ser enfrentado é mais um problema cognitivo de quem fez o diagnóstico do que outro vício burocrático incorrigível deste país de vícios burocráticos incorrigíveis. Afinal, a barragem de fundão em Mariana, Minas Gerais, não se rompeu por excesso de “burocracia”. Foi justamente o contrário.

Sabe-se que a estrutura dos órgãos licenciadores é precária, que o orçamento desta área tão estratégica não para de sofrer cortes, que os servidores estão se aposentando às centenas sem reposição e que muitas regras que norteiam a condução dos estudos deveriam ser mais claras, que falta integração entre os agentes e órgãos governamentais envolvidos.

Também ajudaria muito ter alguma sinalização prévia em zoneamentos específicos pelo governo de quais são as regiões preferenciais para investimento e quais as regiões onde uma licença ambiental levaria a impactos tão grandes que o processo seria complexo, caro e com grandes chances de negativa. Afinal, estamos no Brasil, o país mais biodiverso do mundo, onde um simples inventário de biodiversidade, o ponto de partida para uma avaliação de impactos adequada, pode ter logística e complexidade técnica sem precedentes. Mas nada disso parece ser levado em conta nas grandes discussões sobre as melhorias do licenciamento.

Uma questão talvez ainda mais importante como fator indutor de atrasos e dificuldades no processo também é frequentemente ignorada, apesar de já ter sido identificada em todos os diagnósticos mais sérios feitos pelos próprios órgãos ambientais, pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas da União: a responsabilidade das empresas ao apresentar péssimos estudos ambientais.

Lembro bem da primeira vez em que trabalhei com um estudo ambiental muito ruim, que me pareceu à época uma exceção extravagante, mas que eu viria a descobrir que é situação assustadoramente recorrente. Tratava-se da implementação de uma pequena usina hidrelétrica no interior de Rondônia, para a qual deveríamos refazer todos os estudos ambientais. O original, sumariamente recusado no órgão local, era um emaranhado de textos colados quase aleatoriamente, mapas sem resolução e listas de espécies com erros primários, inclusive contendo espécies de outros biomas. Tudo isso tornava impossível a tarefa de entender o básico: como era a área onde se pretendia instalar o empreendimento, o que havia ali, como a operação da usina impactaria a região, de que forma poderia ser mitigado ou compensado – em resumo, o bê-a-bá do licenciamento ambiental. Não havia nenhum item completo de modo correto.

Com maiores ou menores carências, a maioria esmagadora dos estudos ambientais precisa retornar aos empreendedores para complemento, em uma ordem de grandeza que pode chegar a nove de cada 10 processos. Um vai-e-vem que emperra a decisão sobre as licenças, atrasa os ritos, sobrecarrega os órgãos ambientais e abre caminho para judicialização, que atravanca tudo mais um pouco. Cada estudo tem milhares de páginas, modelagens complexas em temas diversos e imensos buracos de informação. Quando finalmente são analisados, entram e saem da fila para pedidos de complemento.

O Ibama tem hoje 2.800 estudos para analisar e apenas 300 servidores. Apesar disso, chegou a 1.300 pareceres em 2017 e caminha bem com o cronograma dos projetos prioritários do governo. Mas ainda é insuficiente para encerrar a fila interminável. Destaco aqui um trecho elucidador de uma carta aberta das entidades que representam os servidores a respeito de acusações de que o licenciamento é demasiado lento:

“Destaque-se, portanto, que o licenciamento seria mais rápido caso os empreendedores de fato dessem a importância necessária para os estudos e programas ambientais, assegurando qualidade ao menos satisfatória dos trabalhos a serem entregues ao Ibama – a crítica à qualidade desses trabalhos não é feita apenas pelo corpo técnico do Ibama, mas por diversos atores envolvidos no licenciamento, como o Ministério Público da União e a sociedade civil organizada.”

Em agosto de 2017, o órgão precisou dar um ultimato à petroleira francesa Total, que pretende explorar petróleo na foz do Amazonas: “Caso o empreendedor não atenda aos pontos demandados pela equipe técnica mais uma vez, o processo de licenciamento será arquivado”. Era a terceira vez que os estudos, que foram definitivamente rejeitados na última semana, eram submetidos com os mesmos problemas.

No começo de novembro, foi a vez da petroleira britânica BP ter estudos devolvidos para complementação. Detalhe: eram projetos semelhantes ao da Total, na mesma região e com as mesmas lacunas de informação. Como os processos são públicos e contêm informações estratégicas para a obtenção das licenças, é de se estranhar que o diagnóstico da primeira não haja sido aproveitado pela segunda empresa em seu diagnóstico.

No licenciamento ambiental da Ferrogrão, uma ferrovia de 1.000 km que conectará a soja produzida na região Centro-Oeste aos portos para escoamento na bacia do Amazonas, outra obra consagrada por seus problemas com o licenciamento, o Ministério Público interveio e pediu a suspensão do processo:

“O diagnóstico apresentado tem falhas consideradas graves pela Justiça, como omissão das comunidades quilombolas afetadas e cópia de trechos de estudos feitos para as hidrelétricas da bacia do Tapajós. O relatório (…) utilizou imagens do Google Earth como ferramenta de diagnóstico, deixou de realizar estudos técnicos prévios essenciais, não trouxe entrevistas com moradores, não levantou vestígios culturais e arqueológicos no traçado da ferrovia.”

Mas, afinal de contas, por que muitas empresas parecem incapazes de apresentar estudos que contemplem as solicitações ou parecem deliberadamente insubordinadas aos ritos definidos pela Constituição no Brasil?

Em muitos casos, o empreendedor é o próprio governo, que também financia e licencia os projetos, expondo um óbvio conflito de interesse – André Aroeira



Essa resposta tem dois aspectos importantes. O primeiro é econômico, na medida em que estudos completos são mais caros e demorados, encontram mais “problemas” e encarecem também o financiamento dos programas de mitigação de impactos ao longo da obra. Essas ações incluem, por exemplo, resgate de fauna em área desmatada, construção de sistemas de esgoto e planos de reassentamento para as pessoas afetadas. Parece mais fácil deixar que o órgão ambiental indique as lacunas que consegue encontrar, preenchê-las de qualquer jeito e obter a licença. A ironia é que o rigor técnico das avaliações muitas vezes faz o esforço original do estudo se perder, com solicitação de mais estudos de campo, mais análises, mais tempo, tornando as licenças mais custosas em tempo e dinheiro.

O segundo aspecto é de governança, que torna o ato de emissão de licenças permeável a decisões políticas. Um estudo ruim pode ser aprovado, e as exigências podem ser empurradas com a barriga se você tem a seu favor a imprensa, o governo, a opinião pública ou qualquer tipo de constrangimento. Em muitos casos, o empreendedor é o próprio governo, que também financia e licencia os projetos, expondo um óbvio conflito de interesse.

Como o empreendedor é quem tem a obrigação de apresentar os estudos ambientais, sua ação poderá estar influenciada por um ou ambos os aspectos, variando na intensidade. Assim, muitas empresas de consultoria ambiental vêm se aprimorando como especialistas na aprovação de licenças em vez de prestar serviços de assessoria técnica. Esta situação fragiliza muito o processo e gera riscos às pessoas e aos ambientes diretamente afetados.

A operação Lava Jato iluminou esta questão recentemente com a exposição de um cartel de empresas que se revezavam para assumir os projetos mais “complicados” por conta da expertise em construir a aprovação de grandes obras (e também por sua disposição em participar de esquemas de desvio de dinheiro público). Entre as diversas práticas descritas, estavam a ocultação de espécies ameaçadas das áreas afetadas, a subestimação de impactos e a adulteração de relatórios de consultores. Uma destas empresas era a Leme Engenharia, responsável pelo Estudo de Impacto Ambiental de Belo Monte, uma obra apresentada em 2009 que trazia 15 mil páginas de informações, mas que assustava mais pelas páginas que deixava de trazer.

Belo Monte veio cercada de tanta polêmica que imediatamente a sociedade civil se organizou para uma análise “independente” dos estudos, sendo o Painel de Especialistas o documento mais relevante produzido, embora não o único. Eram mais de 200 páginas demonstrando a insuficiência dos estudos, a ocultação de impactos e vários problemas metodológicos.

Apesar disso, e mesmo contra a opinião dos próprios servidores, o Ibama concedeu em 2010 a licença prévia, a primeira de três que compõem o rito do licenciamento de grandes obras. Ela elencou 40 requisitos que deveriam ser trabalhados antes da segunda licença.

Mas com o sinal dado e a disposição demonstrada pelo governo em fazer a obra a qualquer custo, as condições não seriam cumpridas. Dilma Rousseff já garantia, desde quando era ministra de Minas e Energia, entre berros e entrevistas, que Belo Monteiria sair “no horizonte mais rápido possível”.

Uma reunião fechada na primeira semana do seu governo selou o destino da segunda licença da usina e o então presidente do Ibama pediu exoneração por não concordar com a pressão pela liberação da licença de instalação. Na sequência, um sujeito chamado Américo Ribeiro Tunes assumiu interinamente o órgão, emitiu uma licença parcial e deixou o cargo no mês seguinte. Na falta de requisitos para emitir a licença prevista em lei, emitiu uma licença que não existe e entrou para a gloriosa história da burocracia brasileira. E, assim, fez a obra andar, consolidando a ideia de que Belo Monte estava imune à legislação do licenciamento.

Aliás, imune no sentido literal: ao fim de 2012 já eram mais de 50 questionamentos na justiça, que não tinham efeito sobre a construção por conta de um instrumento da ditadura, a suspensão de segurança, que permite suspender unilateralmente decisões de instâncias inferiores por um suposto risco de “ocorrência de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas”.

Nove anos depois, a ausência de licenciamento ambiental foi o principal fator que levou Altamira ao caos completo, à destruição de aldeias indígenas, a uma interminável lista de exigências não cumpridas (a despeito de já ter licença para operar), a uma conta de R$ 39 bilhões – grande parte dinheiro público. Sem mencionar a imensa desconfiança sobre sua utilidade para o país nos termos em que a obra foi imposta. Todos estes indícios, somados às evidências produzidas na operação Lava Jato, reforçam a hipótese de que Belo Monte talvez não tivesse propósito primeiro de produzir energia, como se denunciou desde o início.

Belo Monte é mais um dos vários maus exemplos do que acontece quando se faz um licenciamento de fachada – André Aroeira



É claro que é descabido generalizar o modelo Belo Monte – de ocultar, depois contestar e, por fim, ignorar os impactos dos empreendimentos, confiando na interferência política e na imunidade ao judiciário – para todos os estudos ruins que atravancam o dia a dia dos órgãos ambientais. Mas tampouco se pode imaginar que se trata de um caso isolado. Não é. Uma olhada mais próxima no licenciamento das usinas de Jirau e Santo Antônio, na década passada, ou no interminável processo de asfaltamento da BR-319, no trecho que liga Porto Velho a Manaus, revela os sinais do que se configura um modus operandi já bem estabelecido em grandes projetos, em especial quando o governo é quem empreende.

Belo Monte é mais um dos vários maus exemplos do que acontece quando se faz um licenciamento de fachada, apenas para formalizar burocracias. O procedimento é e deve ser complexo e abrangente – como são os desafios de se empreender em um país com tão estupenda diversidade biológica e cultural. Respeitar esses ritos é proteger nosso patrimônio socioambiental e favorecer alternativas mais amigáveis à sua conservação. Esse patrimônio é, em última instância, o nosso futuro.

O grave contexto de crise fiscal no governo com a estagnação econômica do país levou ao sucateamento dos órgãos licenciadores e acirrou os ânimos bem no momento em que é necessário encaminhar discussões complexas, essencialmente técnicas. O licenciamento se encontra fragilizado e sob risco iminente de que se tomem medidas prejudiciais ao país em longo prazo.

Vai ser desastroso para o país se o licenciamento deixar de ser a principal trincheira de defesa ambiental para se tornar, de fato, uma mera burocracia, a papelada inútil que o futuro presidente já o acusa de ser. Uma espécie de profecia autorrealizável cada vez mais próxima de se concretizar.



(EcoDebate, 26/12/2018) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS.]




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 26/12/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/12/28/licenciamento-ambiental-nao-sao-os-ativistas-ou-o-ibama-que-emperram-as-grandes-obras-sao-estudos-ambientais-mal-feitos-artigo-de-andre-aroeira/

Não prosseguir com Angra 3 e substituir a produção de energia nuclear por solar representaria uma economia de R$ 12,5 bilhões ao longo de 35 anos



Em 23 de outubro, o Ministério de Minas e Energia (MME) publicou uma resolução que viabiliza a conclusão da Usina Termelétrica (UTE) Angra 3, paralisada desde 2015. E o futuro ministro de Minas e Energia, almirante Bento Costa Lima de Albuquerque Júnior, anunciou recentemente que a conclusão da usina nuclear será uma das prioridades da sua gestão.

Para avaliar os custos e benefícios de Angra 3 ao país, o Instituto Escolhas comparou a opção de ter a fonte nuclear no sistema elétrico com os custos de não prosseguir com a obra, concluindo que a melhor opção é não finalizá-la. Segundo a pesquisa, não prosseguir com Angra 3 e substituir a produção de energia nuclear por solar representaria uma economia de R$ 12,5 bilhões ao longo de 35 anos.

“Angra 3 é uma sangria aos cofres públicos que precisa ser estancada. Em tempos de ajuste fiscal e da presença de novas opções para o país suprir suas necessidades de energia, a conclusão da usina não se justifica”, afirma Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas.

Para o cálculo, o Escolhas utilizou uma metodologia inédita lançada em outubro deste ano no relatório Quais os reais custos e benefícios das fontes de geração elétrica no Brasil?. O estudo é uma realização do Instituto, em parceria com a PSR Soluções e Consultoria em Energia.

A metodologia considera o custo total da geração de energia no Brasil por meio da avaliação e da valoração dos atributos de cinco componentes: custos de investimento e operação; serviços prestados pela fonte além da produção de energia propriamente dita; custos de infraestrutura causados ou evitados pelo gerador; subsídios e isenções; e custos ambientais, como emissão de gases de efeito estufa.

Quando a construção de Angra 3 foi paralisada em 2015, R$ 6,6 bilhões já haviam sido investidos com um progresso de 67% das obras: 88% da parte de engenharia; 78% de suprimento de equipamentos e materiais; 82% das obras civis e 19% da montagem eletromecânica. Atualmente, os sistemas de proteção para a estrutura da usina já estão prontos e há custos mensais para a preservação das componentes e materiais.

A opção de abandonar o projeto requer o pagamento de multas por rescisões contratuais, liquidação antecipada do financiamento, custos com desmobilização da equipe, rescisão de contratos nacionais, rescisão de contratos com a fornecedora de equipamento (Areva), compensações socioambientais e reservas de contingências. De acordo com a Eletrobras Eletronuclear – órgão responsável por operar e construir usinas termonucleares no Brasil -, os custos totalizam 11,9 bilhões de reais.

Segundo a resolução do MME, o investimento para completar as obras está estimado em R$ 15,5 bilhões, portanto R$ 3,6 bilhões a mais que descontinuá-la.

“Uma primeira análise fria dos números pode simular que a melhor decisão seria continuar a construção. Entretanto, como demonstra nossa metodologia, é preciso avaliar a atratividade desta usina em comparação a outras alternativas de expansão, e não apenas com a opção de abandoná-la”, observa Sergio Leitão.

Por isso, o estudo analisa a substituição da energia produzida pela termelétrica por energia das usinas solares do Sudeste, que têm os mesmos atributos de Angra 3: gera energia “na base”, não emite CO2, e está localizada na mesma região, próxima a grandes centros de carga. A diferença é a intermitência da fonte solar, que aumenta, por exemplo, os custos associados à necessidade de uma reserva operativa e à necessidade de potência.

A avaliação do Escolhas mostra que retomar as obras de Angra 3 custará para o sistema 528 R$/MWh durante 35 anos, superior aos R$ 480/MWh publicados como referência pelo governo na resolução de outubro. O cálculo do Instituto avalia a soma de todos os atributos indicados na metodologia, considerando assim o grande subsídio dado à usina advindo das baixas taxas de financiamento do BNDES e da Caixa Econômica Federal, custo esse que é repassado aos consumidores e contribuintes.

Já o custo para a sociedade da fonte solar no Sudeste é de R$ 328/MWh no mesmo período. Portanto, o estudo conclui que o abandono da obra de Angra 3, com a quitação de todos os custos e a construção de usinas solares, traria uma economia ao setor elétrico de R$ 12,5 bi até 2045, o que significa R$ 103/MWh ao longo desses 35 anos. “Cabe ressaltar que esta análise é conservadora sobre o ponto de vista tecnológico, pois não considera a possível redução nos custos de investimento da energia solar após os 20 anos de operação, uma vez que foi considerado o mesmo custo de energia solar ao longo de todo o período analisado”, completa Sergio Leitão.

Confira o relatório completo.



Do Instituto Escolhas, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/12/2018




Autor: Instituto Escolhas
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 26/12/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/12/28/nao-prosseguir-com-angra-3-e-substituir-a-producao-de-energia-nuclear-por-solar-representaria-uma-economia-de-rdollar-125-bilhoes-ao-longo-de-35-anos/

Pequenos peixes podem não ser mais capazes de prosperar sob níveis de oxigênio decrescentes

Um novo estudo revela que apenas a menor mudança nos níveis de oxigênio pode ter ramificações tremendas na cadeia alimentar.

University of South Florida*

O aumento das temperaturas está fazendo com que as regiões de águas intermediárias com oxigênio muito baixo, conhecidas como Zonas Mínimas de Oxigênio (OMZs), se expandam no leste do Oceano Pacífico Norte. Enquanto alguns organismos em certas regiões podem ser capazes de se adaptar, os pesquisadores descobriram que aqueles que vivem em OMZs provavelmente não podem, já que eles já estão sendo empurrados para seus limites fisiológicos.

“Esses animais desenvolveram uma tremenda capacidade de extrair e usar a pequena quantidade de oxigênio disponível em seu ambiente”, disse o autor do estudo, Brad Seibel, PhD, professor de oceanografia biológica na Faculdade de Ciências Marinhas da Universidade do Sul da Flórida. “Mesmo assim, descobrimos que reduções naturais nos níveis de oxigênio de menos de 1% foram suficientes para excluir a maioria das espécies ou alterar sua distribuição”.

Pesquisadores analisaram muitos tipos diferentes de zooplâncton marinho, que inclui peixes e crustáceos que são essenciais para a cadeia alimentar marinha. A ciclotona, por exemplo, está entre os vertebrados mais abundantes do mundo, enquanto o krill é importante na dieta de peixes, lulas e baleias.

Com a expansão das OMZs, essas espécies podem ser empurradas para águas mais rasas, onde há mais luz solar, temperaturas mais altas e maior risco de predadores.

Seibel foi cientista-chefe da expedição que estudou a tolerância fisiológica dos animais em uma faixa de valores de oxigênio. Ele descobriu que os animais nessa região tinham uma tremenda tolerância a baixos níveis de oxigênio, mas que viviam com valores de oxigênio próximos aos seus limites evoluídos.

Assim, pequenas mudanças de oxigênio tiveram um impacto substancial na abundância e distribuição da maioria das espécies. Outras desoxigenações relacionadas ao clima podem alterar drasticamente esses ecossistemas marinhos.


Abundância de zooplâncton, biomassa e oxigênio dos transbordamentos horizontais de MOCNESS. Cada coluna mostra dados de um reboque. Para oxigênio (linha superior), sombreamento roxo indica baixo oxigênio (?5 ?M, 0,11 ml / litro) e sombreamento cinza indica oxigênio alto (?8 ?M, 0,18 ml / litro). Para copépodes (segunda linha), Pleuromamma abdominalis é mostrado para reboques mais rasos e L. hulsemannae é mostrado para o reboque profundo. As fileiras seguintes mostram euphausiídeos totais, o peixe Cyclothone spp. E a biomassa do zooplâncton. Todos os táxons gráficos mostram diferenças significativas de abundância entre as amostras nas categorias alta versus baixa de oxigênio (ver tabela S2 para dados em cada categoria), exceto 800 m de eufausídeos e 800 m de biomassa total (que são esparsas na profundidade) (ver fig. S2 para fotografias destes táxons).


Referência:

Ocean deoxygenation and zooplankton: Very small oxygen differences matter
BY K. F. WISHNER, B. A. SEIBEL, C. ROMAN, C. DEUTSCH, D. OUTRAM, C. T. SHAW, M. A. BIRK, K. A. S. MISLAN, T. J. ADAMS, D. MOORE, S. RILEY
Science Advances 19 Dec 2018:
Vol. 4, no. 12, eaau5180
DOI: 10.1126/sciadv.aau5180
http://advances.sciencemag.org/content/4/12/eaau5180



* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 28/12/2018




Autor: Henrique Cortez
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 28/12/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/12/28/pequenos-peixes-podem-nao-ser-mais-capazes-de-prosperar-sob-niveis-de-oxigenio-decrescentes/

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Palestra de Divulgação Científica aborda tecnologias premiadas utilizadas nos celulares

A luz está tão incorporada ao nosso dia a dia, que pouco nos damos conta do quanto ela faz parte do nosso cotidiano. Ela está presente em quase tudo que nos rodeia. Sua importância levou a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) a proclamar 2015 o Ano Internacional da Luz e Tecnologias baseadas na Luz, com o objetivo de incentivar o capital de risco e a indústria a investirem em Fotônica, assim como promover conhecimento sobre a sua importância entre jovens, empreendedores e o público em geral. Sob a liderança da Unesco, a ONU também reuniu, naquele ano, centenas de parceiros nacionais e internacionais para aumentar a conscientização sobre a importância da ciência e da tecnologia leve, em áreas como desenvolvimento sustentável, energia, educação, mudança climática e saúde. Na ocasião, foi lançado o vídeo intitulado “Light 2015 – Lighting the Future”, disponibilizado gratuitamente na internet em diversos idiomas. Esse vídeo foi um dos recursos utilizados pelo professor Hypolito José Kalinowski, do Departamento de Engenharia de Telecomunicações da Universidade Federal Fluminense (UFF), em sua palestra de Divulgação Científica para alunos do Ensino Médio, paralela à abertura da Semana de Telecomunicações do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF), em Campos dos Goytacazes, município do Norte Fluminense.




No IFF de Campos, Kalinowski destacou a importância da ciência para o desenvolvimento dos celulares e das telecomunicações (Fotos: Divulgação)


A palestra, intitulada “Leve um Nobel em seu bolso”, é requisito de contrapartida do programa “Cientista do Nosso Estado” (CNE), da FAPERJ, no qual Kalinowski foi um dos contemplados. O objetivo da apresentação foi mostrar aos cerca de 200 estudantes da plateia que seus celulares (apenas um deles não possuía um aparelho móvel) carregam conhecimentos e produtos desenvolvidos por diversos cientistas, inclusive contemplados com o Prêmio Nobel, como os físicos Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne, que receberam o Nobel de Física de 2017 pela descoberta das ondas gravitacionais, produzidas por meio da colisão entre dois buracos negros, previstas por Einstein em 1917 e confirmadas apenas em 2015. Com a exibição do vídeo, o professor lembrou aos estudantes que a luz ilumina não só ruas e residências, mas estão nos celulares, nos painéis dos automóveis, nas estações de metrô e aeroportos, nos leitores de códigos de barra, na TV, nos videogames e em todos os controles remotos. E mais: a luz do sol dá energia à terra, promove a fotossíntese, sendo fundamental para a produção de alimentos, além de ser uma importante aliada da medicina de ponta.

“Seu celular inteligente agrega vários resultados científicos de Física e Química. E é leve, light”, afirmou Kalinowski ao público, em sua maioria familiarizado com as diferentes siglas que caracterizam as tecnologias que compõem os smartfones, mas nem sempre conhecedores do que elas significam. Em seguida, o professor listou algumas tecnologias detentoras do Prêmio Nobel presentes nos celulares, como a CPU baseada em transístores, a tela ativa LCD, Led e Oled, as câmeras fotográficas (com sensores CCD/CMOS), além do laser, responsável pelas imagens das máscaras de produção dos circuitos, pelos circuitos eletrônicos, padrões para tela ativa, corte e fusão de vidro, gravação plástica, além de impressão de marcas e símbolos. Voltando no tempo, Kalinowski recordou as diversas formas de propagação de ondas no espaço livre, como as ondas eletromagnéticas (Herz), a telegrafia sem fio, as ondas de rádio, televisão, os satélites de comunicação, os enlaces de micro-ondas e os aparelhos de comunicação móvel sem fio (celulares).
 

As alunas Samara, Stela e Estéfany usaram um balão metalizado para simular um satélite de 1960


Didaticamente, Kalinowski discorreu sobre a interferência de ondas, exemplificando com a área de intercessão das ondas mecânicas, formadas por objetos sobre a água; para depois abordar a interferência das ondas luminosas (interferômetro de Michelson), pois a luz também é uma onda eletromagnética. O professor mostrou aos alunos fotos do Ligo (Observatório de ondas gravitacionais por interferômetro laser) projetado para abrir o campo da astrofísica através da detecção direta de ondas gravitacionais previstas pela Teoria Geral da Relatividade de Einstein. Os dois detectores de ondas gravitacionais estão localizados nos Estados Unidos – um em Hanford, no estado de Washington, e outro em Livingston, na Louisiana – e são operados em uníssono para, por meio da interferometria de laser, medir as ondulações mínimas no espaço-tempo causadas pela passagem de ondas gravitacionais de eventos cósmicos cataclísmicos, como colisões de estrelas de nêutrons ou buracos negros, ou por supernovas.

Com mestrado e doutorado em Física, livre-docência em Comunicações Óticas, pós-doutorados em Telecomunicações e Sensores de Fibra ótica em aplicações nas engenharias, Kalinowski considera que uma das maiores invenções da humanidade foi o vidro, material descoberto provavelmente pelos egípcios, por volta de 2.500 AC, cujos primeiros manuais de produção datam de 650 AC. Segundo historiadores da ciência, a janela de vidro foi responsável pela maior mudança de hábitos sociais no final da Idade Média, Renascença e Idade Moderna. Isso porque o vidro permitia que a luz entrasse dentro das construções e favorecesse atividades variadas antes impedidas pela escuridão imposta pelas janelas de madeira, contribuindo, ainda, tanto para a ciência quanto para o comércio.

Os alunos também puderam conhecer melhor as diversas aplicações da fibra ótica, desde as fontes luminosas, a fibra de vidro para uso industrial, os iluminadores de vidro ou plástico, a leitura ótica de cartões perfurados, até a criptografia, os endoscópios gástricos e iluminadores para cirurgias, os intensificadores de imagem e os cabos óticos submarinos, que se estendem por 450.000 km em mais de 100 sistemas, que tornou o mundo global no setor de comunicação. Kalinowski também falou sobre o impacto da globalização no consumo de energia. “O consumo de energia na Internet representa aproximadamente 1% da energia elétrica total consumida em países que oferecem banda larga. Essa porcentagem pode ultrapassar 4%, à medida que as taxas de acesso aumentam. Mas o gargalo de energia na Internet reside nos roteadores, não nos enlaces de fibra ótica”, explicou o professor. E encerrou sua palestra fazendo uma provocação aos alunos: “Será que substituindo elétrons por fótons, aumentaremos o tempo de vida da bateria, resolveremos o gargalo de roteamento IP e reduziremos o tempo de processamento? Quem sabe um de vocês terá a resposta?”.

Como parte das atividades da Semana de Telecomunicações do IFF Campos, três alunas – Samara Soares do Espírito Santo, Stela de Azevedo Gomes dos Santos e Estéfany Duarte Carvalho – organizaram uma demonstração de reflexão de ondas eletromagnéticas usando placas metálicas e o professor sugeriu que usassem um balão metalizado para simular um satélite de comunicações usado na década de 1960.




Autor: Paula Guatimosim
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 06/12/2018
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3672.2.3

Rede de pesquisadores desenvolve biomaterial de baixo custo para implantes

Cuidar dos dentes não é uma mera necessidade estética, mas também de saúde pública. A ausência parcial dos dentes dificulta a alimentação, a fala e pode também prejudicar o convívio social, tanto nos momentos de lazer quanto na procura, por exemplo, por um novo emprego. O Sistema Único de Saúde (SUS) entende que esse é um problema de saúde pública e já oferece a possibilidade de implante dentário, seja com reabilitação com prótese fixa ou removível. O procedimento, contudo, ainda é oferecido de forma limitada. Um novo biomaterial produzido por pesquisadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), de custo muito inferior aos disponíveis no mercado, pode mudar essa realidade. O registro da patente já foi encaminhado e, em seguida, deverá ser feito o pedido de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que a produção e comercialização em larga escala seja iniciada.



Monica Calasans, coordenadora da parte clínica: participantes da pesquisa obtiveram ganho ósseo
após os implantes dentários (Foto: Divulgação)


As biocerâmicas com base nos fosfato de cálcio são os principais materiais pesquisados pela rede de Bioengenharia de Estado do Rio de Janeiro, constituída por grupos de pesquisa do CBPF, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e Universidade Federal Fluminense (UFF). A rede participa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Regenerativa (INCT/Regenera), coordenado pelo professor Antônio Carlos Campos de Carvalho, da UFRJ, com apoio da FAPERJ, e que tem como um dos seus focos o desenvolvimento de materiais que promovam a regeneração e substituição óssea. Dentre eles, a hidroxiapatita nanoestruturada tem sido uma das soluções encontradas para acelerar a recuperação clínica de pacientes com perdas ósseas irreversíveis. E foi este o ponto de partida utilizado pelos pesquisadores do Laboratório de Biomateriais (Labiomat) do CBPF, sob a coordenação do pesquisador Alexandre Malta Rossi. O resultado é um material com custos bem inferiores aos similares disponíveis comercialmente no Brasil. Um material que levou sete anos para ser finalizado, entre o desenho inicial a conclusão de testes com humanos.

Um biomaterial é uma substância ou substâncias com a capacidade de avaliar e restabelecer funções, reparar e substituir tecidos ou órgãos do corpo humano. Os implantes ortopédicos metálicos constituem um exemplo de biomaterial funcional. Mas há aqueles que têm o papel de ativar a regeneração óssea, como foi o caso do material produzido. Os pesquisadores trabalharam com um fosfato de cálcio nanoestruturado produzido em laboratório com composição química similar à parte mineral do osso. "Essa é uma tendência das pesquisas atuais, pois com a diminuição do tamanho do material, as partículas adquirem comportamentos diferentes e se tornam mais ativas", explica Rossi. Ao invés de utilizar o fosfato de cálcio na forma cerâmica como geralmente pode ser encontrado no mercado, o grupo desenvolveu um compósito não cerâmico formado por hidroxiapatite nanoestruturada e um polímero biocompativel. O resultado é um biomaterial reabsorvível pelo organismo e com grande eficiência na reparação de danos e doenças ósseas. “A fácil adesão das células ósseas à nossa matriz biocompatível constitui um facilitador do crescimento rápido do tecido ósseo", detalha o pesquisador.


Espaço de Cultura Celular e Nanotoxicidade do Labiomat, nas dependências do CBPF: local foi utilizado para a realização da etapa de desenvolvimento do biomaterial, posteriormente enviado para testes clínicos na UFF (Foto: Divulgação)


A primeira etapa envolveu testes com células no Inmetro e na UFF, sob a orientação dos pesquisadores José Mauro Granjeiro e Gutemberg Gomes Alves, respectivamente, e, depois, em animais no Laboratório de Experimentação Animal da UFF, sob a supervisão do professor Rodrigo Resende. Em seguida, com resultados promissores, a etapa clínica foi iniciada após aprovação pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), com participantes de pesquisa recrutados no Laboratório Associado de Pesquisa Clínica em Odontologia da UFF. A seleção envolveu os pré-requisitos da ausência total de dentes e também de perda óssea. “Todos os participantes de pesquisa obtiveram ganho ósseo e receberam implantes dentários na área do osso regenerado com o novo biomaterial”, conta a responsável pelo estudo clínico, a professora do Departamento de Odontologia da UFF Mônica Diuana Calasans Maia, que recebe apoio para a pesquisa por meio do programa Jovem Cientista Nosso Estado, da FAPERJ.

Neste estudo, em cada um dos participantes da pesquisa foi realizado o levantamento do seio maxilar bilateralmente – cavidade do osso maxilar de área porosa, onde devem estar localizadas as raízes dos dentes –, sendo que de um lado foram implantadas as microesferas da hidroxiapatita carbonatada nanoestruturada produzida pelo CBPF e, do outro lado, as microesferas associadas à fase líquida de fatores de crescimento, obtidos do sangue do próprio participante. O estudo foi objeto da tese do doutorando Carlos Mourão e ganhou o prêmio UFF de Tese, através de chamada da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (Proppi) para os prêmios UFF de Excelência 2018. O mesmo estudo foi, ainda, indicado pela FAPERJ para representar o estado do Rio de Janeiro na XVI edição do Prêmio de Incentivo à Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, promovido pelo Ministério da Saúde na categoria “Experiências exitosas no programa Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde – PPSUS”, em 2017.

Mônica comenta que oito entre os dez participantes da pesquisa informaram em questionário que o fator mais importante da nova prótese foi a questão social e, em seguida, a função mastigatória. “Alguns pacientes relataram que não conseguiam empregos, relacionamentos e nem comer alimentos fibrosos, raízes, carnes pela ausência dos dentes”, conta.

De acordo com a pesquisadora, mesmo a prótese móvel, a chamada dentadura, pode trazer algumas dificuldades para o paciente. “A diferença da prótese fixa para a prótese móvel é grande. Ela permite uma ancoragem que facilita a mastigação tão eficiente quanto se fossem seus próprios dentes, não tem aquele desconforto de ficar tirando e colocando. A dentadura faz pressão sobre o osso e vai provocando mais reabsorção óssea. A perda dos dentes e a consequente perda óssea por falta do estímulo da mastigação provocam um aprofundamento da região paranasal criando um aspecto mais envelhecido com sulcos profundos”. Um resultado importante da pesquisa foi que, em ambos os casos, o material com e sem a inclusão da fase líquida dos fatores de crescimento, se conseguiu a altura vertical óssea, para a reconstrução interna do osso, para que posteriormente o implante fosse instalado.

Enquanto espera a liberação do registro da patente do biomaterial, Mônica comemora a ampliação do laboratório e o maior espaço para a continuidade de testes de novos materiais, com os recursos do edital Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS) – uma parceria do Ministério da Saúde com algumas fundações de amparo à pesquisa, entre elas a FAPERJ, e desenvolvido em parceria com o CPBF e com o Inmetro. A nova estrutura permitiu acomodar de forma mais ergonômica um sistema de equipamentos, produzidos pela EXAKT System, comprado com recursos da Rede de Bioengenharia do estado do Rio de Janeiro. O equipamento demorou alguns meses para ser instalado, após ter ficado preso na alfândega e, posteriormente, aguardando da chegada de um engenheiro da empresa alemã. Ele permite incluir fragmentos de osso em um bloco de resina, sem realizar a desmineralização, conservando seu estado natural, além de realizar cortes para análise com a precisão de poucos micrômetros. “Esse equipamento nos permite receber amostras de vários parceiros de pesquisas de todo o Brasil e também de fora do País. Pesquisadores da UFRJ, do IME [Instituto Militar de Engenharia], do Inmetro, da Uerj [Universidade do Estado do Rio de Janeiro] e do próprio CBPF, além de pesquisadores de outros países, têm processado materiais neste equipamento no laboratório da UFF”, diz.





Autor: Juliana Passos
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 07/12/2018
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3665.2.3

Resultado: Editais de Incentivo à Produção Científica e Tecnológica da UEZO – 2018 (PROTEC e PRODIC)

A Fundação divulga, nesta quinta-feira, 20 de dezembro, os resultados dos editais Programa Incentivo docente à produção científica e tecnológica da UEZO - PROTEC” (Edital FAPERJ Nº 13/2018) e Programa "Incentivo discente à produção científica e tecnológica UEZO - PRODIC” (Edital FAPERJ Nº 14/2018). Foram concedidas 30 bolsas no Edital Incentivo Docente/PROTEC e 23 bolsas no Edital Incentivo Discentes/PRODIC (Iniciação Científica e Iniciação Tecnológica).

Os programas de Incentivo à Produção Científica e Tecnológica da UEZO têm como objetivos valorizar a produção científica, tecnológica e inovação para os docentes da UEZO (PROTEC) e contribuir na formação dos graduandos da UEZO, incentivando as vocações científicas, tecnológicas e de inovação dos mesmos, através do pagamento de bolsas para a participação desses alunos em projetos de iniciação científica e tecnológica, sob a orientação de docentes pesquisadores da UEZO (PRODIC). Os proponentes dos projetos aprovados deverão aguardar comunicação da Fundação, por correio eletrônico, para retirarem seus termos de outorga na FAPERJ.

Confira abaixo a lista de contemplados:

Resultado: edital FAPERJ Nº 13/2018 – Programa Incentivo docente à produção científica e tecnológica da UEZO - PROTEC

Resultado: edital FAPERJ Nº 14/2018 – Programa Incentivo discente à produção científica e tecnológica UEZO - PRODIC (Iniciação Científica)

Resultado: edital FAPERJ Nº 14/2018 – Programa Incentivo discente à produção científica e tecnológica UEZO - PRODIC (Iniciação Tecnológica)




Autor: FAPERJ
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 20/12/2018
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3682.2.0

Pesquisador traça perfil socioeconômico das assessorias esportivas em áreas públicas do Rio

Os cartões postais da “cidade maravilhosa” são um convite para quem quer se exercitar ao ar livre, fora dos espaços fechados das academias. Assim, no Rio de Janeiro, é comum encontrar pessoas fazendo atividade física em locais públicos, como praças, parques e na orla, e não raro, auxiliadas pelo serviço de assessoria esportiva – particular ou coletivo. Foi para traçar o perfil socioeconômico e as oportunidades de empreendedorismo que caracterizam esta atividade que o pesquisador Carlos Henrique de Vasconcellos Ribeiro, docente do Mestrado Profissional em Gestão do Trabalho para a Qualidade do Ambiente Construído da Universidade Santa Úrsula (USU), passou os últimos anos coletando dados e referenciais teóricos.

Sua principal motivação foi compreender como se dá a ocupação dos espaços públicos por atividades esportivas e exercício físico de forma orientada e também pela escassez de estudos sobre a atividade, sobretudo nos aspectos de intervenção profissional e oportunidade econômica. O estudo mapeou as assessorias esportivas nas áreas públicas da cidade do Rio de Janeiro em três eixos: perfil do gestor da assessoria esportiva (idade, nível de escolaridade e tempo de formação); perfil de clientes (quantitativo de alunos, perfil sociocultural, gênero e faixa etária); e perfil da empresa de assessoria (localização, horário de funcionamento e valores cobrados pela prestação do serviço).

A pesquisa, realizada por um grupo de pesquisadores do esporte de forma colaborativa entre a Universidade Santa Úrsula (USU) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), reuniu entrevistas com 47 assessorias esportivas, um total de 141 profissionais e 3.458 alunos, nos bairros da Zona Sul, Norte e Oeste do Rio de Janeiro, entre os meses de agosto e outubro de 2016. A escolha dos locais de pesquisa – ressalta Ribeiro – foi intencional, a partir de conhecimento prévio das áreas da cidade que poderiam conter maior número de assessorias. Seu artigo foi publicado na revista Podium Sport, Leisure and Tourism Review, que tem sede em São Paulo e divulga a produção intelectual em gestão do esporte, do lazer e do turismo, especificamente contribuições inéditas do trabalho acadêmico e de pesquisa.

“Os resultados obtidos demonstram que as assessorias esportivas são uma atividade econômica espalhada pelas áreas públicas da cidade. Estudá-las é oferecer soluções para que os serviços prestados sejam melhorados, para que mais pessoas possam contratar esse tipo de serviço, gerando emprego e renda para a cadeia de profissionais da área de educação física com formação de bacharelado”, argumenta o pesquisador. O levantamento revela que o perfil socioeconômico do gestor das assessorias esportivas que atuam em áreas públicas do Rio de Janeiro é, em sua maioria (83%), do sexo masculino, com média de idade de 37 anos, graduado há mais de 10 anos – majoritariamente em universidade privada – e atuando profissionalmente há mais de cinco anos.


Quem opta pela assessoria individual paga, em média, 60 reais por aula, com uma hora de duração


Quase a metade dos entrevistados possui curso de pós-graduação, 61% são “pessoas jurídicas”, dos quais 62% microempresa e 38% MEI (microempreendedor individual). No contexto do modelo de negócio, as aulas são realizadas, em geral, cinco dias da semana, preferencialmente no horário noturno (55%) e pela manhã (42%). Entre os fatores que podem contribuir para a baixa frequência no período da tarde estão as altas temperaturas que ocorrem na cidade durante esse horário – sobretudo no verão –, e a impossibilidade de serem oferecidos nestes espaços facilidades, tais como vestiários. A corrida é a principal atividade física ensinada nesses espaços públicos, acompanhando uma tendência de crescimento verificada entre os anos de 2013 a 2016, período em que foram contabilizadas 291 corridas organizadas. Entre os demais tipos de atividade física coordenada pelas assessorias, a pesquisa identificou alongamento, crossfit, vôlei, frescobol, futevôlei, stand up paddle, exercícios contra-resistidos e treinamento funcional.

O levantamento revela que há assessorias com apenas um profissional, enquanto outras chegam a ter 16 colaboradores, ficando a média por assessoria em 3,8 pessoas envolvidas no trabalho. Em relação ao número de alunos, a média é de 72,9 por assessoria, variando de cinco a 200 alunos. O valor médio cobrado por aluno é de R$ 150 por três aulas semanais de 60 minutos cada. No caso de aulas individuais, com uma hora de duração, o valor chega a R$ 60 por aula. Quanto às sugestões de melhoria nos espaços públicos, 33% dos professores enfatizam a necessidade de melhorias na segurança, iluminação e conservação das áreas públicas. Como conclusão, Ribeiro aponta para a necessidade de reconhecimento dessa atividade econômica em áreas públicas de cidades brasileiras, do ponto de vista do empreendimento, da formação profissional, da geração de renda e emprego no esporte.


Ribeiro: próximos passos de sua pesquisa incluem estudo sobre o perfil dos usuários


Autor de dois livros sobre esporte e mais de 50 artigos acadêmicos publicados em revistas indexadas, Ribeiro acredita que as características e os potenciais de desenvolvimento econômico do esporte ainda são pouco compreendidos, sobretudo na vertente das oportunidades empreendedoras. Em sua opinião, é preciso avançar em estudos que compreendam as novas formas de prestação de serviços relacionados à aprendizagem esportiva e atividade física, sobretudo em uma sociedade com dificuldades de criação de emprego e renda. Para ele, dados financeiros e as vantagens competitivas precisam ser investigadas do ponto de vista do sucesso e da consequente longevidade dessas atividades. “Em um ambiente econômico repleto de incertezas, as assessorias esportivas que atuam em áreas públicas demandam inovação contínua no intuito de oferecer, ano após ano, serviços diferenciados que visem à satisfação dos clientes e reflita no tempo de permanência na atividade”, afirma.

O pesquisador chama a atenção para o fato de esses novos modelos de negócio configurarem diferentes relações trabalhistas, tributárias e previdenciárias. Ele defende que é preciso compreender como se dão as relações trabalhistas nestas assessorias, dadas às condições de imprevisibilidade da atividade, como suscetibilidade a intempéries, jornadas de trabalho mais curtas e específicas durante a manhã e à noite. Tributárias, pois ainda são poucos os que estão inscritos em alguma forma de classificação de “pessoa jurídica” e gerando tributos para o poder público. Previdenciárias, pois se estiverem pelo menos inscritos como microempreendedores individuais, podem contar com alguns benefícios em relação à aposentadoria e ao seguro doença, esclarece Ribeiro. O educador almeja ainda, em futura pesquisa, estudar o perfil socioeconômico dos profissionais do esporte que não estão em áreas públicas, mas atuam em áreas privadas de condomínios e residências, por exemplo.

Segundo Ribeiro, que ao longo dos anos tem contado com apoio da FAPERJ para levar adiante suas pesquisas, tendo sido contemplado nos programas Auxílio à Pesquisa (APQ 1) e Auxílio à Editoração (APQ 3), a próxima etapa do projeto, no qual ele será orientador de Luiz Gustavo Paixão Lanzilotta, seu aluno na USU contemplado com bolsa de Iniciação Científica (IC) da FAPERJ em 2018, será o mapeamento do perfil do usuário (clientes) das assessorias esportivas e a cadeia produtiva dos serviços e produtos esportivos ligados à atividade, ou seja, a circulação de mercadorias relacionadas ao esporte, como vestimentas, calçados etc. nesse tipo de prestação de serviço, associando esse comércio a uma contribuição efetiva para o P.I.B. do setor esportivo.







Autor: Paula Guatimosim
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 20/12/2018
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3681.2.4

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Como realizar submissões via email à Revista SUSTINERE

Prezado autor, solicitamos que submeta um artigo via email à Revista SUSTINERE excepcionalmente se a plataforma E-Publicações estiver inoperante ou em manutenção. Primeiramente solicitamos que tentem realizar a submissão através do link ao lado, e caso não consigam proceder com ela, utilizar as informações abaixo: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/author/submit

Para realizar a submissão de seu manuscrito manualmente, por favor confira as DIRETRIZES PARA AUTORES, copiadas também ao fim dessa postagem. Também baixe o MODELO PARA SUBMISSÃO DE ARTIGOS, para adequar seu material à estrutura da SUSTINERE e dinamizar o fluxo de submissão.

Envie seu manuscrito ao email sustinere.ouerj@gmail.com com o título do email "Submissão de artigo à Revista SUSTINERE". Favor, inserir no email o nome e dados de todos os autores (nome completo, formação, titulação, vínculo acadêmico/profissional), pois essas informações serão importantes para o fluxo de análise e avaliação do manuscrito, além da seleção de avaliadores sem vínculo com os autores do trabalho. 




DIRETRIZES PARA AUTORES



TUTORIAL DE CADASTRO E ACESSO À PLATAFORMA COMO "AUTOR":
 http://www.rsirius.uerj.br/pdfs/seer_uerj/Aula05_Curso_SEER_autor.pdf

REGULAMENTO PARA APRESENTAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES – Revista SUSTINERE
OBJETIVOS
O presente regulamento objetiva uniformizar a apresentação dos artigos a serem encaminhados para publicação na Revista SUSTINERE.
FORMAS DE CONTRIBUIÇÃO
As possíveis formas de contribuição são:
- Artigo Técnico.
- Nota Técnica.
- Atualidade Técnica.
- Ensaios.
Não serão aceitos trabalhos já publicados ou submetidos à publicação em outros veículos, ou que produzam em promoção comercial de determinada marca, produto ou empresa.
Caso o mesmo artigo seja re-encaminhado à revista, um novo processo será iniciado, com data atualizada.

ENCAMINHAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES
A submissão na Revista SUSTINERE deve seguir os seguintes passos:
  1. Cadastre-se como “Autor” da Revista SUSTINERE através do campo “CADASTRO” na Plataforma E-Publicações. Solicitamos que preencha todos os campos que a ficha possui;
  2. Logado em seu perfil, acesse o link “SUBMISSÃO DE ARTIGOS” e preencha-o de acordo com o manuscrito que deseja submeter.
Em caso de problemas de acesso à Plataforma e-Publicações, à página de cadastro, ou à página de submissão de artigos da Revista SUSTINERE, solicitamos que encaminhe seu manuscrito por  email, através de sustinere.ouerj@gmail.com , com o nome do trabalho e respectivo(s) autor(es), segundo as instruções já relatadas. O documento deverá estar em formato .docx , compatível com MS-Word 2007 ou posterior.
O texto integral do trabalho deve procurar não exceder 20 (vinte) páginas para Artigo Técnico e 8 (oito) páginas para Nota Técnica, atendendo ao formato estabelecido nos itens a seguir.
Observação: Trabalhos que ultrapassem as extensões acima estipuladas serão objeto de análise por parte do Conselho Editorial.
A Revista SUSTINERE cobra uma taxa de submissão no valor de R$ 15,00, destinada aos encargos editoriais de serviço biblioteconômico, como cadastramento do DOI, contratação de serviço anti-plágio, dentre outros, a ser agendado com o autor após a leitura da submissão por um de nossos editores. O  acesso dos artigos publicados, por sua vez, é livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.

O trabalho deverá seguir a seguinte sequencia de apresentação:
- Título do trabalho em português, espanhol e em inglês. (Times New Roman 14- Negrito)
- Nome do(s) autor (es). (Times New Roman 12- Negrito)
- Currículo resumido(s) do(s) autor (es). (Times New Roman 12)
- Endereço (email) para correspondência, do autor principal. (Times New Roman 10)
- Resumo em português, espanhol e em inglês. (Times New Roman 12)
- Palavras-chave em português, espanhol e em inglês. (Times New Roman 12)
- Texto do trabalho. (Times New Roman 12)
- Agradecimentos (caso houver). (Times New Roman 12)
- Referências. (Times New Roman 10)
- Anexos (caso houver). (Times New Roman 12)
Orienta-se utilizar a norma ABNT vigente para a apresentação das referência ao corpo e ao fim de texto. A SUSTINERE, utiliza as normas da ABNT 6023 para suas referências. Sugere-se a utilização de softwares gerenciadores de referências. Os mais conhecidos são o MendeleyZoteroPapersEndNote. Utilize os que você se identifique, e tenha habilidade de uso. Existe também a ferramenta MORE (Mecanismo Online para Referências), da UFSC, que oferece esse serviço online, e gera referências no formato que utilizamos em nosso periódico.


OBSERVAÇÕES GERAIS
1. As pesquisas que envolvam seres humanos devem mencionar a devida aprovação prévia pelo Comitê de ética da instituição de origem.
2. Caberá aos autores a total responsabilidade sobre o conteúdo dos artigos publicados. Devendo os mesmos usarem softwares gratuitos de detecção de plagio como:
CopySpider (http://www.copyspider.com.br/main/) - O CopySpider é uma ferramenta freeware para testar documentos sob o crivo de existência de cópias indevidas de outros documentos disponíveis na internet. Criado por Clever Marcos Teixeira, possui uma interface simples e intuitiva, com alto desempenho computacional, que pode pode ser configurada para o inglês ou português. Também é possível escolher um nível de rigor para a busca na internet (rápida, normal ou detalhada). É compatível com diferentes formatos de texto, como os do MS Office, como Adobe PDF.
Após avaliação prévia realizada pela coordenação editorial quanto aos aspectos de apresentação do trabalho, serão enviadas cópias a três especialistas da área, indicados pelos editores da Revista SUSTINERE.
Serão levadas em consideração, no julgamento do trabalho, a obediência às disposições regulamentares, além de: relacionamento do tema à Saúde e Educação; adequação do título, do resumo e das palavras-chave; existência de encaminhamento lógico; publicação em outro veículo e qualidade da contribuição.
Em função da análise do Conselho Editorial o trabalho será classificado segundo uma das seguintes categorias: Aceito, sem modificações; Aceito, com sugestão de revisões; Devolvido, com sugestões de revisões e incentivo a nova submissão e Recusado.
O autor principal será comunicado do resultado da avaliação, via email, atraves de carta padrao que deverá ser assinada e devolvida eletronicamente ao email da revista.
Os trabalhos não selecionados serão devolvidos ao autor principal com as devidas explicações.
A qualidade da apresentação do trabalho, bem como seu conteúdo e originalidade, são responsabilidade exclusiva do(s) autor (es). Os autores que encaminharem seus trabalhos cedem à Revista SUSTINERE os respectivos direitos de reprodução e/ou publicação. Devendo citar a revista como fonte original em trabalhos futuros .
Os casos omissos serão resolvidos pelos editores científicos do periódico.

MODELO ILUSTRATIVO PARA SUBMISSÃO DE ARTIGOS



CONDIÇÕES PARA SUBMISSÃO

Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores.
  1. A contribuição é original e inédita, e não está sendo avaliada para publicação por outra revista; caso contrário, deve-se justificar em "Comentários ao editor".
  2. O arquivo da submissão está em formato Microsoft Word 2007 ou posterior (.docx).
  3. URLs para as referências foram informadas quando possível.
  4. O texto está em espaço simples; usa uma fonte de 12-pontos; emprega itálico em vez de sublinhado (exceto em endereços URL); as figuras e tabelas estão inseridas no texto, não no final do documento na forma de anexos.
  5. O texto segue os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em Diretrizes para Autores, na página Sobre a Revista.
  6. Em caso de submissão a uma seção com avaliação pelos pares (ex.: artigos), as instruções disponíveis em Assegurando a avaliação pelos pares cega foram seguidas.
  7. Os autores estão cientes da cobrança de uma taxa de submissão no valor de R$ 15,00 (quinze reais) por manuscrito, solicitada na confirmação de submissão do manuscrito, a ser paga em um prazo de 5 dias úteis. O prosseguimento do fuxo editorial fica condicionado ao pagamento dessa taxa e, a ausência dela ou de comunicação por parte dos autores, quando solicitada, será interpretada como abandono de submissão.

DECLARAÇÃO DE DIREITO AUTORAL

Os Direitos Autorais dos artigos publicados na Revista Sustinere pertencem ao(s) seu(s) respectivo(s) autor(es), com os direitos de primeira publicação cedidos à Revista SUSTINERE.
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Licença Creative Commons
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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

As mudanças climáticas podem trazer múltiplos desastres simultâneos, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

As emissões contínuas e crescentes de gases de efeito estufa (GEE) estão provocando mudanças climáticas desastrosas não só para toda a humanidade, mas também para todos os seres vivos do Planeta.





São, cada vez, mais notórios os sinais de caos climático e ambiental, como os furacões, tufões e ciclones que atingiram diversas partes do mundo em 2018 (Jebi no Japão, Mangkhut na Filipinas e China, Florence e Michael nos EUA, etc.), as ondas de calor que sufocam as pessoas, as queimadas que destruíram casas e vegetações na Europa e principalmente na Califórnia, secas que provocaram fome em diversas partes do mundo, enchentes que destruíram propriedades, plantações e custaram a vida de milhares de pessoas, etc. Acontecimentos assim acontecem periodicamente em distintos territórios do globo.

Porém, o que está ruim tende a piorar. Em um futuro não muito distante, os desastres não virão um de cada vez e um em cada local. Em vez disso, poderá ocorrer, simultaneamente, uma cascata de catástrofes, algumas graduais, outras abruptas, mas todas agravadas e potencializadas pelo aquecimento global e pela degradação dos ecossistemas.

Artigo de Camilo Mora et. al., “Broad threat to humanity from cumulative climate hazards intensified by greenhouse gas emissions”, publicado na prestigiosa revista Nature climate change (19/11/2018), mostra que as mudanças climáticas trarão múltiplos desastres de uma só vez. “Enfrentar essas mudanças climáticas será como entrar em uma briga com Mike Tyson, Schwarzenegger, Stallone e Jackie Chan – tudo ao mesmo tempo”, disse o principal autor do estudo, que descreve os inúmeros impactos que devem atingir a civilização nos próximos anos.

No total, os pesquisadores identificaram 467 maneiras distintas em que a sociedade já está sendo impactada pelo aumento dos extremos climáticos e, em seguida, expuseram como essas ameaças provavelmente se acumularão umas nas outras nas próximas décadas (ver gráfico acima). Se algo não for feito para reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa, em vez de lidar com um único grande risco de cada vez, as pessoas em todo o mundo podem ser forçadas a lidar com três a seis ao mesmo tempo.

Para chegar a essa conclusão, a equipe de 23 cientistas analisou mais de 3.000 artigos científicos revisados por pares. Eles examinaram o impacto na saúde humana, suprimentos de alimentos, água, economia, infraestrutura e segurança de múltiplos fatores, incluindo aumento de temperatura, seca, ondas de calor, incêndios florestais, precipitações, inundações, tempestades poderosas, aumento do nível do mar e mudanças na cobertura da terra. química do oceano.

A Universidade do Havaí em Manoa, onde vários dos cientistas estão baseados, chamou o trabalho de “uma das avaliações mais abrangentes de como a humanidade está sendo impactada pela simultânea ocorrência de múltiplos riscos climáticos fortalecidos pelo aumento das emissões de gases do efeito estufa”. Enquanto a maioria dos estudos se concentra em uma ou duas ameaças da mudança climática, este artigo agrega os impactos e mostra como as ameaças não são isoladas, mas sim uma sobre a outra.

Mas a despeito das boas intenções do Acordo de Paris, assinado em 2015, e das Conferências das Partes (COPs), as emissões globais estão aumentando e os compromissos dos países estão sendo insuficientes para atingir os objetivos acordados na capital francesa. Está cada vez mais difícil alcançar a trajetória de decrescimento das emissões de GEE, como mostrou o Relatório de Emissões de 2018, apresentado no final de novembro pela ONU Meio Ambiente.

Isto reforça as conclusões do estudo de Camilo Mora et. al. (19/11/2018), quando afirma que até 2100 a população mundial ficará exposta, especialmente algumas áreas costeiras, até seis perigos ambientais simultâneos. Isto quer dizer, também, que o desenvolvimento sustentável está se tornando um oximoro e o tripé da sustentabilidade virou um trilema.

Em vez de aumentar a resiliência das populações, a humanidade está ficando cada vez mais exposta à múltiplos riscos e se mantendo cada vez mais vulnerável.



José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br



Referência:
Camilo Mora et. al. Broad threat to humanity from cumulative climate hazards intensified by greenhouse gas emissions, Nature climate change, 19/11/2018
https://www.nature.com/articles/s41558-018-0315-6



in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 19/12/2018




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 19/12/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/12/19/as-mudancas-climaticas-podem-trazer-multiplos-desastres-simultaneos-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

MPF oferece denúncia contra fazendeiro por trabalho escravo em Mato Grosso

Fernando Jorge Bitencourt da Silva já está preso e, além de trabalho escravo, também responde pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio, tráfico internacional de drogas e porte ilegal de munição.




Arte: Secom/PGR

O Ministério Público Federal (MPF) de Mato Grosso, por meio de sua unidade em Barra do Garças (MT), ofereceu denúncia contra o fazendeiro Fernando Jorge Bitencourt da Silva por posse irregular de munição de arma de fogo e por manter trabalhadores rurais em condições análogas à de escravo em sua propriedade, Fazenda Mata Verde. A propriedade está localizada no município de São Félix do Araguaia (MT), distante 1.161 quilômetros a nordeste de Cuiabá.

De acordo com a denúncia, assinada pelo procurador de Barra do Garças, Everton Pereira Aguiar Araújo, foi constatado por meio de depoimentos colhidos e das condições de trabalho dos empregados da Fazenda Mato Verde, que Fernando José mantinha seus empregados à condição análoga à de escravo, pois as condições de moradia e higiene em que os trabalhadores eram submetidos não se compatibilizavam com o mínimo de dignidade laboral.

“As condições degradantes de trabalho estão claras e evidentes nas imagens que seguem em anexo à cota ministerial que oferta a presente denúncia, inclusive nos vídeos gravados pela equipe policial que flagrou o fato típico de redução à condição análoga a de escravo (…)”, afirma o procurador no documento.

Um dos trabalhadores entrevistados contou que trabalhava já há 4 meses para o fazendeiro sem nunca ter formalizado o vínculo trabalhista e nunca ter recebido o salário combinado com o denunciado, pois eram sempre descontadas as “dívidas” que contraía. Este trabalhador morava em um barracão em condições precárias, sem energia, sem banheiro e dormia em cima de umas tábuas com sacos de ráfia. Em seu depoimento, afirmou que sequer tinha água potável para beber, sendo inexistente qualquer tipo de encanamento.

Outros trabalhadores relataram que em barracões onde era guardada a ração do gado, sem energia, sem banheiro e sem camas. Em alguns dias, o único alimento disponível para comer eram peixes pescados pelos próprios empregados. Os empregados também tinham seu direito de locomoção restringido, em virtude de eventuais dívidas que possuíam com o empregador, e eram ameaçados de morte caso tentassem ir embora sem quitá-las. Os trabalhadores foram resgatados em novembro deste ano.

Além de ofertar a denúncia, o MPF requereu que seja fixada o valor mínimo de reparação dos danos causados pela infração no valor de R$ 8 mil para cada vítima, a ser atualizado com juros e correção monetária. Também foi requerida a manutenção da prisão preventiva de Fernando Jorge. Segundo o procurador da República Everton Aguiar, “à luz do caso em tela, a liberdade do denunciado é peremptoriamente prejudicial à instrução da presente ação penal, pois além de se configurar como empregador das testemunhas, o que já evidencia uma subordinação laboral prejudicial à elucidação do fato, os depoimentos que instruem o inquérito penal, especialmente os das testemunhas arroladas por este parquet na exordial acusatória, evidenciam inúmeras ameaças, inclusive de morte, perpetradas pelo denunciado em desfavor destas. (…)”.


Fonte: Procuradoria da República em Mato Grosso



in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 19/12/2018




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 19/12/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/12/19/mpf-oferece-denuncia-contra-fazendeiro-por-trabalho-escravo-em-mato-grosso/