quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Bolsonaro anuncia astronauta Marcos Pontes como ministro da Ciência e Tecnologia

O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou no Twitter nesta quarta-feira (31) que o astronauta Marcos Pontes será o ministro da Ciência e Tecnologia em seu governo.


"Comunico que o Tenente-Coronel e Astronauta Marcos Pontes, engenheiro formado no ITA, será indicado para o Ministério da Ciência e Tecnologia. É o quarto Ministro confirmado!", escreveu.


Além de Pontes, Bolsonaro já havia anunciado o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para a Casa Civil; Paulo Guedes, para o futuro Ministério da Economia; e o general Augusto Heleno, para o Ministério da Defesa.


Na segunda-feira (29), Pontes já havia se manifestado sobre o convite de Bolsonaro. Em um vídeo publicado no Facebook, ele disse que está "muito feliz" pela "oportunidade de participar deste novo governo em uma área que tem sido a minha vida por 41 anos".


Jair Bolsonaro confirma Marcos Pontes como ministro da Ciência e Tecnologia
Jornal Hoje




Jair Bolsonaro confirma Marcos Pontes como ministro da Ciência e Tecnologia


Ele também afirmou que as áreas de ciência e tecnologia devem buscar inovações específicas para a realidade brasileira.


"Como sempre digo, educação para formar cidadãos qualificados; ciência, para desenvolver ideias e soluções específicas para o Brasil; tecnologia, para transformar essas ideias em inovações, que vão se transformar em novos produtos. Estes vão se transformar em novas empresas, que vão gerar novos empregos. Esse ciclo virtuoso é o que a gente quer criar aqui no Brasil", disse.



Astronauta Marcos Pontes fala sobre convite para ser ministro da Ciência e Tecnologia
TEM Notícias 1ª Edição – Bauru/Marília





Astronauta Marcos Pontes fala sobre convite para ser ministro da Ciência e Tecnologia

Carreira

Marcos Pontes ficou conhecido no Brasil e no mundo como o primeiro e único astronauta brasileiro a ir para o espaço. Durante 40 anos de carreira, Pontes foi aviador, piloto de caça e seguiu carreira militar, chegando ao posto de tenente-coronel.


Às 23h30 do dia 29 de março de 2006 (no horário de Brasília), Pontes entrou para a história como o primeiro brasileiro a voar para o espaço. Acompanhado do russo Pavel Vinogradov e do norte-americano Jeffrey Williams, ele decolou da base de Baikonur, no Cazaquistão, a bordo da nave russa Soyuz-TMA 8, com destino à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).



Astronautas (Marcos Pontes à esquerda) que participaram da Missão Centenário, em 2006 — Foto: NASA/Divulgação
Atualmente, é Embaixador da Boa Vontade na Organização das Nações Unidas (ONU), dá palestras e trabalha na Nasa, a agência espacial norte-americana.

Segundo o perfil publicado no site de Pontes, ele é engenheiro aeronáutico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e mestre em Engenharia de Sistemas pela Naval Postgraduate School, Califórnia, EUA.

Pontes entrou na Força Aérea Brasileira em 1981 e foi instrutor, líder de esquadrilha de caça e piloto de testes, com mais de 2 mil horas de voo em 25 tipos de aeronave.

O currículo do futuro ministro registra que suas funções militares se encerraram em 1998, quando ele foi selecionado por concurso público da Agência Espacial Brasileira para representar o Brasil na NASA na função de astronauta, uma carreira civil.




Autor: Guilherme Mazui, G1
Fonte: G1
Sítio Online da Publicação: G1
Data: 31/10/2018
Publicação Original: https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/10/31/bolsonaro-anuncia-astronauta-marcos-pontes-como-ministro-da-ciencia-e-tecnologia.ghtml

Simpósio celebra os 100 anos do Instituto Nacional de Infectologia





INI 100 anos: Integrando saberes na construção do conhecimento em doenças infecciosas é o tema do simpósio comemorativo do centenário do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), que acontecerá de 6 a 9 de novembro nos auditórios do Museu da Vida e do Pavilhão de Ensino do INI. A programação é composta por conferências, mesas redondas, exposições, homenagens e atividades culturais e todas as atividades são abertas ao público e não necessitam de inscrição.

A mesa de abertura, coordenada pela diretora do INI, Valdiléa Veloso, contará com a participação da presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade Lima, do diretor da Casa de Oswaldo Cruz, Paulo Roberto Elian, e da presidente da Comissão Organizadora do Simpósio do Centenário do INI/Fiocruz, Keyla Marzochi. Em seguida serão realizadas uma mesa redonda sobre a história do INI, uma conferência com o vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Manoel Barral, sobre a formação de recursos humanos na Fundação, além de um debate sobre o Ensino e a Ética em Pesquisa no Instituto.

A semana prossegue com amplos debates que colocarão em pauta temas como a Agenda 2030 e sua importância para a Saúde e o combate à desigualdade, o papel da pesquisa clínica no desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação na área da saúde, a interação entre o INI e a comunidade na construção compartilhada do conhecimento, entre outras questões. Dois convidados internacionais participarão do Simpósio ministrando conferências: Jean W. Pape, diretor executivo do Groupe Haitien d'Etudes du Sarcome de Kaposi et des Infections Opportunistes (GHESKIO/Haiti) e Wieland Meyer, da Universidade de Sidney (Austrália).

O evento contará ainda com o lançamento do vídeo INI 100 anos, exposições, homenagens e atrações musicais.

Confira a programação.



* Revisão: Juana Portugal


Autor: Antonio Fuchs e Mayara Marins
Fonte: INI/Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data: 31/10/2018
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/noticia/simposio-celebra-os-100-anos-do-instituto-nacional-de-infectologia

Comunidades indígenas denunciam ao menos quatro ataques em Mato Grosso do Sul e em Pernambuco

Após o resultado das eleições, foram registrados ao menos dois ataques intimidatórios a comunidades indígenas em Mato Grosso do Sul e em Pernambuco.

Autoridades e a Fundação Nacional do Índio (Funai) confirmam o registro. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) informa ter recebido relatos de outras duas ações violentas em Mato Grosso do Sul. Os atos envolveram uso de armas de fogo, balas de borracha, além de atearem fogo a uma escola e um posto de saúde. Não há registros de mortes, mas de feridos.

De acordo com os relatos, os ataques ocorreram entre a madrugada do último domingo (28) e a segunda-feira (29). O caso mais violento, confirmado pela Funai, foi contra moradores da aldeia Bororó, uma das várias existentes no interior da Reserva Indígena Dourados. Localizada no perímetro urbano, a Reserva de Dourados é a área indígena de maior concentração populacional étnica do país, com cerca de 13 mil habitantes distribuídos por uma área de cerca de 3 mil hectares (cada hectare corresponde às medidas aproximadas de um campo de futebol oficial).

Índios guarani-kaiowá da aldeia Bororó relataram a missionários do Cimi que, na madrugada do último domingo, foram surpreendidos pelo ataque de um grupo composto por índios de outras comunidades e não-índios. Os agressores se aproximaram da aldeia em caminhonetes e com um trator. Alguns deles dispararam contra o grupo. Além de pelo menos quatro feridos com balas de borracha, dois jovens foram atingidos por projéteis de armas de fogo. Uma das vítimas, que levou um tiro na perna, foi atendida no Hospital da Vida e já teve alta. Por medo, um outro indígena também baleado na perna não quis ser socorrido fora da aldeia e, de acordo com um missionário do Cimi, continuava com a bala alojada até a tarde de ontem.

A secretaria estadual de Justiça e Segurança Pública informou que a Polícia Civil instaurou procedimento para apurar o caso, mas antecipou à Agência Brasil que “as informações preliminares dão conta de que houve um possível conflito entre indígenas”. No entanto, missionários do Cimi que pediram para não ter seus nomes divulgados por questões de segurança pessoal classificaram a manifestação como “precipitada”.

“Ela [a secretaria] não leva em conta a complexidade da situação local, inclusive a situação de vulnerabilidade das comunidades que vivem na área e em seu entorno. Uma situação que obriga muitos índios a se sujeitarem a interesses maiores”, comentou um dos missionários do Cimi, lembrando que muitos índios trabalham para fazendeiros da região. Segundo os missionários, isso acontece porque o “confinamento” das comunidades em meio à área urbana e áreas de plantio as impede de desenvolver atividades tradicionais necessárias à manutenção de seu crescimento populacional.

“Parte deste conflito interno se deve à grave situação local, uma situação de crise humanitária. Houve um ataque, pessoas foram baleadas e quem os atacou deve ser identificado e levado à Justiça. O risco é considerar isso única e exclusivamente como um conflito interno, como já aconteceu antes”, destacou um dos missionários, revelando que, há cerca de um mês, a mesma aldeia já tinha sido atacada. Parte das fotos que circularam nas redes sociais nas últimas horas são do ataque anterior, segundo este missionário.

“Bárbarie”
Em Pernambuco, uma escola e um Posto de Saúde da Família de uma aldeia foram incendiados na madrugada de ontem. Os dois prédios públicos funcionavam na aldeia Bem Querer de Baixo, uma área de conflito entre índios e posseiros não-índios no interior da Terra Indígena dos Pankararus, localizada no município de Jatobá.

Segundo a comunidade, o fogo destruiu documentos, equipamentos e comprometeu quase que integralmente a estrutura das duas construções. A equipe médica do posto de saúde fazia cerca de 500 atendimentos mensais. “Pouca coisa se salvou”, informam representantes da comunidade em uma página na internet, pedindo investigação e punição aos responsáveis. “O momento pede cautela e calma. As investigações estão acontecendo, o local foi isolado pela polícia e, em breve, teremos mais notícias.”

Em nota, a prefeitura de Jatobá confirma que os prédios foram “praticamente 100% destruídos e o prejuízo é incalculável”. E acrescenta que o “ato de vandalismo criminoso” prejudica a toda a comunidade, “que ficará carente por vários meses, sem atendimento médico e escolar”. As polícias Militar e Civil foram acionadas e a Polícia Científica inspecionava a área no início da tarde.

Intimidação
Ainda de acordo com os missionários do Cimi, índios de outras duas comunidades de Mato Grosso do Sul denunciaram ter sido alvo de ações intimidatórias no fim de semana. Em Caarapó, no sudoeste do estado, os indígenas afirmam ter presenciado caminhonetes rondando a terra indígena com homens exibindo armas e gritando, o que os levou a acionar a Funai e o Cimi.

A área de Caarapó reivindicada pelos indígenas está em disputa há anos. Em 2016, cerca de 300 índios ocuparam uma área de 490 hectares que afirmam ter pertencido aos seus antepassados. Dias depois, homens armados e encapuzados atacaram o local e incendiaram todos os pertences indígenas. Um índio morreu, cinco foram baleados e ao menos outros seis foram feridos. Procurada, a Funai informou não ter registro do ataque.

O segundo caso divulgado pelo Cimi teria ocorrido em Miranda, na aldeia Passarinho, uma das existentes no interior da Terra Indígena Pilad Rebua. A Funai também disse não ter sido comunicada a respeito.


Por Alex Rodrigues, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 31/10/2018

Autor: Alex Rodrigues
Fonte: Agência Brasil
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 31/10/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/10/31/comunidades-indigenas-denunciam-ao-menos-quatro-ataques-em-mato-grosso-do-sul-e-em-pernambuco/

250 organizações firmam compromisso global para eliminar a poluição por plásticos em sua origem




Um compromisso global para erradicar o desperdício e a poluição por plásticos em sua origem foi assinado por 250 organizações incluindo alguns dos maiores fabricantes, marcas, varejistas e recicladores de embalagens do mundo, além de governos e ONGs.

ONU

O Compromisso Global por uma Nova Economia do Plástico (fruto da iniciativa New Plastics Economy) é liderado pela Ellen MacArthur Foundation, em colaboração com a ONU Meio Ambiente, e será oficialmente lançado na Our Ocean Conference hoje em Bali (segundafeira, 29 de outubro).

Seus signatários incluem empresas que juntas representam 20% de todas as embalagens plásticas produzidas globalmente. Entre elas, estão empresas de bens de consumo conhecidas, como: Danone, grupo H&M, L’Óréal, Mars, Incorporated, Natura Cosmetics, PepsiCo, The Coca-Cola Company e Unilever, além de importantes fabricantes de embalagens como Amcor, fabricantes de plásticos incluindo a Novamont, e a especialista em gestão de recursos Veolia (lista completa em anexo).

O Compromisso Global e sua visão para uma economia circular do plástico são apoiados pelo World Wide Fund for Nature (WWF), e foram endossados pelo Fórum Econômico Mundial, The Consumer Goods Forum (uma organização liderada por CEOs representando cerca de 400 varejistas e fabricantes de 70 países), e 40 universidades, instituições e acadêmicos. Mais de quinze instituições financeiras com mais de $2.5 trilhões em ativos sob gestão também endossaram o Compromisso Global, e mais de $200 milhões foram assegurados por cinco fundos de investimento para criar uma economia circular para o plástico.

O Compromisso Global tem como objetivo criar uma nova realidade para as embalagens plásticas. As metas serão revisadas a cada 18 meses, e se tornarão ainda mais ambiciosas nos próximos anos. As empresas que

assinarem o compromisso publicarão anualmente dados indicativos do seu progresso a fim de gerar impulso e garantir transparência.

As metas incluem:

• Eliminar embalagens plásticas problemáticas ou desnecessárias e migrar de modelos de uso único para modelos de reuso

• Inovar para garantir que 100% das embalagens plásticas possam ser reutilizadas, recicladas ou compostadas com facilidade e segurança até 2025

• Circular o plástico produzido, aumentando consideravelmente a quantidade de plásticos reutilizados ou reciclados e transformados em novas embalagens ou produtos

Eliminar os plásticos desnecessários ou problemáticos é uma parte essencial da visão do Compromisso Global, e facilitará a manutenção dos plásticos remanescentes na economia e fora do meio ambiente.

Dame Ellen MacArthur, fundadora da Ellen MacArthur Foundation, declarou: “Sabemos que limpar as nossas praias e oceanos é essencial, mas isso não impede a maré de plásticos que invade os oceanos todo ano. Nós precisamos redirecionar o nosso olhar para a origem desse fluxo. O Compromisso Global por uma Nova Economia do Plástico é um divisor de águas, com empresas, governos e outros ao redor do mundo se unindo em torno de uma visão clara do que precisamos para criar uma economia circular do plástico. Esse é apenas um passo no que será uma jornada desafiadora, mas um que poderá gerar grandes benefícios para a sociedade, a economia e o meio ambiente. Eu encorajo todas as empresas e governos a irem além e embarcarem em uma trajetória de inovação na criação de uma economia circular do plástico. Uma em que esse material nunca se torne resíduo ou poluição.”

Pavan Sukhdev, Presidente da WWF International, afirmou: “A crise do plástico só poderá ser solucionada com o esforço conjunto de todos os atores chave do sistema. A estratégia do World Wide Fund for Nature (WWF) para os plásticos é de promover, ampliar e acelerar um conjunto interligado de iniciativas pela mudança; por isso estamos trabalhando com outras organizações chave, como a Ellen MacArthur Foundation, para transmitir uma mensagem conjunta sobre os nossos ambiciosos compromissos compartilhados, e para

desenvolver as ferramentas necessárias para cumprí-los em parceria com empresas, a sociedade civil, os governos e os cidadãos. A WWF portanto apoia o Compromisso Global por uma Nova Economia do Plástico, por considerar que é um importante passo para unir os esforços de empresas e governos ao redor do mundo em prol de soluções sistêmicas.”

A ONU Meio Ambiente, que lidera a Global Partnership on Marine Litter e sua Campanha Mares Limpos, também lançou no mês passado a Global Plastics Platform para apoiar esforços internacionais tratando da poluição por plásticos. A organização declarou que usaria seu poder de mobilização para promover o engajamento de governos e outros atores chave com o Compromisso Global. Os governos que assinam o Compromisso Global se comprometem a estabelecer políticas públicas e condições viabilizadoras para apoiar as suas metas e visão.

Dito por Erik Solheim, Diretor Executivo: “O plástico nos oceanos é um dos exemplos mais visíveis e perturbadores da crise da poluição por plásticos. O Compromisso Global da Nova Economia do Plástico é um dos conjuntos de metas mais ambiciosos que já vimos até hoje na luta para combater a poluição por plásticos. Ele define os passos a serem dados por empresas e governos a fim de encontrar uma solução para a origem da poluição por plásticos e nós urgimos a todos os que trabalham para endereçar esse problema global que o assinem.”



Da ONU Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 31/10/2018




Autor: EcoDebate
Fonte: ONU News
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 31/10/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/10/31/250-organizacoes-firmam-compromisso-global-para-eliminar-a-poluicao-por-plasticos-em-sua-origem/

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Mais de 90% das crianças do mundo respiram ar poluído, alerta OMS

Em 2016, estima-se que 600 mil crianças morreram devido a infeções respiratórias causadas pelo ar poluído.

ONU News

A Organização Mundial da Saúde, OMS, revelou que cerca de 93% das crianças do mundo, com menos de 15 anos de idade, respiram ar tão poluído que coloca sua saúde e desenvolvimento em grave risco.

A situação afeta 1,8 bilhão de crianças no mundo, de acordo com um relatório publicado esta segunda-feira na primeira Conferência Mundial sobre Poluição do Ar e Saúde que decorre em Genebra.
Ameaças

Em 2016, estima-se que 600 mil crianças já morreram devido a infeções respiratórias causadas pelo ar poluído. Uma das principais ameaças à saúde de crianças menores de cinco anos é a poluição do ar, responsável por quase uma em cada 10 mortes nessa faixa etária.

Em comunicado, o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, considera a situação “indesculpável”. O representante destaca que o ar poluído “intoxica milhões de crianças e arruína suas vidas”.

O chefe da OMS sublinhou que toda a criança “deve ser capaz de respirar ar puro para que possa crescer e realizar todo o seu potencial”.

O estudo defende ainda que a poluição do ar também causa câncer. Crianças expostas à poluição excessiva também podem estar em maior risco de contrair uma doença cardiovascular crônica na vida adulta.


OMS revelou que cerca de 93% das crianças do mundo, com menos de 15 anos de idade, respiram ar tão poluído que coloca sua saúde e desenvolvimento em grave risco, by Foto: OMM/Alfred Lee

Cérebro

A diretora do Departamento de Saúde Pública, Meio Ambiente e Sociedade da OMS, Maria Neira, disse a jornalistas que a poluição do ar prejudica o cérebro dos menores de idade.

A probabilidade é que as crianças sejam intoxicadas porque estão mais expostas a ar poluído e absorvem mais poluentes do solo, onde essas substâncias se encontram em concentrações mais altas.

Como parte do apelo à ação das comunidade internacional, a OMS recomenda uma série de medidas “diretas” para reduzir o risco à saúde, que estão ligadas ao tamanho de material particulado ambiental, ou PM2.5.

Essas ações incluem acelerar as mudanças na limpeza de combustíveis e em tecnologias de aquecimento e para cozinhar, promoção de transporte mais limpo, habitações com maior eficiência energética e planejamento urbano.

A OMS apoia ainda a geração de energia de baixa emissão, tecnologias industriais mais limpas e seguras e o melhor gerenciamento municipal de resíduos para reduzir a poluição do ar nas comunidades.

Da ONU News, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/10/2018




Autor: EcoDebate
Fonte: ONU News
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 30/10/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/10/30/mais-de-90-das-criancas-do-mundo-respiram-ar-poluido-alerta-oms/

Modelo de desenvolvimento mais sustentável geraria novas oportunidades de emprego, avaliam CEPAL e OIT

A região da América Latina e do Caribe tem a maior biodiversidade do mundo, mas está perdendo suas riquezas naturais com a deterioração ambiental provocada pelo atual modelo de desenvolvimento

ONU


Na América Latina e no Caribe, pelo menos 1 milhão de empregos serão gerados como resultado do uso de energias renováveis, segundo a OIT. Foto: Banco Mundial/Dana Smillie



A região da América Latina e do Caribe tem a maior biodiversidade do mundo, mas está perdendo suas riquezas naturais com a deterioração ambiental provocada pelo atual modelo de desenvolvimento, o que cria urgência de transição para um modelo mais sustentável, tanto do ponto de vista ambiental, quanto trabalhista.

Tal transição permitiria acesso a novas oportunidades e melhorias no emprego, destacaram a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em nova publicação conjunta.

Na 19ª edição da “Conjuntura Trabalhista na América Latina e no Caribe“, CEPAL e OIT abordam as formas com as quais a necessária sustentabilidade ambiental, em especial a descarbonização do setor energético e a economia circular, pode afetar o mundo do emprego e os desafios que esta situação apresenta.

Os organismos internacionais projetam, por exemplo, que a transição para sustentabilidade energética criaria mais de 1 milhão de empregos na América Latina e no Caribe até 2030.

Da mesma forma, a evolução para uma economia circular – na qual se melhora a eficiência e a vida útil dos materiais ao promover a durabilidade e a capacidade de reparos, reutilização e reciclagem – geraria 4,8 milhões de empregos até 2030, já que a criação de empregos nos setores de reprocessamento de aço, alumínio, madeira e outros materiais compensaria amplamente as perdas associadas à extração de minérios e outras matérias-primas.

No entanto, as transições ambientais também geram desafios para o mundo trabalhista e necessidades de desenvolvimento de outras competências adequadas à mão de obra, alertam a CEPAL e a OIT.

“Para fazer uma transição com capacidade de criar empregos decentes e que seja justa para todos, é essencial a complementaridade das políticas. As políticas que apontam à sustentabilidade ambiental devem ser acompanhadas de marcos jurídicos integrados e de políticas de proteção social, de desenvolvimento de competências e de igualdade de gênero, que promovam o diálogo social”, destacam Alicia Bárcena, secretária-executiva da CEPAL, e José Manuel Salazar, diretor regional da OIT para a América Latina e o Caribe, no prólogo do documento.

Ao longo do documento é explicado que, para impulsionar uma transição ambiental que otimize a criação de emprego e de trabalhos decentes, existem algumas normas, marcos jurídicos e políticas, tanto no nível internacional quanto nacional.

Algumas convenções internacionais do trabalho fazem, por exemplo, menção direta às normais internacionais do trabalho, como a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (1982) e o Convênio Internacional das Madeiras Tropicais (2006). O Acordo de Paris, da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (2015), também inclui dimensões essenciais do mundo do trabalho.

Em uma amostra de sete países da América Latina e do Caribe, seis fazem menção explícita em seus marcos jurídicos do setor energético ao desenvolvimento de competências e à pesquisa e desenvolvimento. Em cinco deles são feitas referências gerais ao mundo do trabalho e em quatro à criação de empregos. No entanto, em nenhum dos países é mencionado diálogo social, que é um mecanismo para avançar para uma transição justa, segundo a CEPAL e a OIT.

O documento destaca que, depois de sete semestres de aumentos interanuais da taxa de desemprego urbana aberta da América Latina e do Caribe, no primeiro semestre de 2018 foi registrada pela primeira vez uma redução, mesmo que pequena, de 0,1 ponto percentual. Isto aconteceu em parte porque, desde o terceiro trimestre de 2017, a taxa de ocupação urbana mostra aumentos interanuais de 0,2 ponto percentual e no início de 2018 seu impacto na taxa de desemprego coincidiu com uma leve desaceleração do aumento da taxa de participação, que segue impulsionada por uma inserção crescente das mulheres no mercado de trabalho.

De acordo com os dois órgãos, a taxa de desemprego está acima das projeções realizadas no final de 2017, à medida que o crescimento econômico da região teve resultado menos dinâmico que o esperado (a projeção para 2018 caiu 2,2 por cento no final de 2017 ante 1,3 por cento em outubro do ano em curso). Neste novo cenário, é esperado que, na média de 2018, a taxa de desemprego urbano mostre poucas mudanças ante 2017, ficando novamente em torno de 9,3 por cento.

Neste contexto, as políticas do mercado trabalhista e de proteção social seguirão essenciais para a proteção do bem-estar da população, de acordo com a CEPAL e a OIT.

Da ONU Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/10/2018


Autor: EcoDebate
Fonte: ONU Brasil
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 30/10/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/10/30/modelo-de-desenvolvimento-mais-sustentavel-geraria-novas-oportunidades-de-emprego-avaliam-cepal-e-oit/

Novo Boletim SAD/Imazon anuncia aumento de 84% no desmatamento da Amazônia Legal em setembro de 2018

Desmatamento da Amazônia Legal – Amazonas, Mato Grosso e Rondônia lideram o ranking

Imazon
Fonseca, A., Justino, M., Cardoso, D., Ribeiro, J., Salomão, R., Souza Jr., C., & Veríssimo, A. 2018. Boletim do desmatamento da Amazônia Legal (setembro de 2018) SAD (p. 1). Belém: Imazon.

Em setembro de 2018, o SAD detectou 444 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, um aumento de 84% em relação a setembro de 2017, quando o desmatamento somou 241 quilômetros quadrados. Em setembro de 2018, o desmatamento ocorreu no Amazonas (24%), Mato Grosso (23%), Rondônia (20%), Pará (19%), Acre (11%), Roraima (2%) e Amapá (1%).

As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 138 quilômetros quadrados em setembro de 2018, apresentando uma redução de 96% em relação a setembro de 2017, quando a degradação florestal detectada totalizou 3.479 quilômetros quadrados. Em setembro de 2018 a degradação foi detectada nos estados do Mato Grosso (62%), Pará (22%), Roraima (6%), Rondônia (5%) e Amazonas (4%) e Acre (1%).

(Geografia do Desmatamento):

Em setembro de 2018, a maioria (58%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado nos Assentamentos de Reforma Agrária (24%), Unidades de Conservação (14%) e Terras Indígenas (4%).





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Baixe aqui o infográfico

Do Imazon, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/10/2018




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 30/10/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/10/30/novo-boletim-sadimazon-anuncia-aumento-de-84-no-desmatamento-da-amazonia-legal-em-setembro-de-2018/

Podemos limitar o aquecimento global a 1,5 ° C?

Os esforços para combater o aquecimento global e as alterações climáticas tendem a concentrar-se nas mudanças do lado da oferta, como a mudança para energias renováveis ou mais limpas.

Lund University*

Em uma edição especial na revista Energy Efficiency, que segue o Special Report on Global Warming of 1.5 degrees C do IPCC, os pesquisadores argumentam que as abordagens de demanda podem desempenhar um papel crucial, dado o objetivo de aspiração delineado no Acordo de Paris.

“ Precisamos reduzir agressivamente as emissões de carbono o quanto antes, o que não é impossível, mas desafiador. Portanto, os pesquisadores devem fornecer orientações claras para os formuladores de políticas e profissionais sobre as opções disponíveis ”, diz o professor Luis Mundaca, da Universidade de Lund, na Suécia, que foi um dos principais autores do Relatório Especial do IPCC sobre graus de 1,5ºC .

“Reduzir o sistema energético, enfrentando a demanda crescente, torna mais viável a descarbonização do mix de recursos energéticos via renováveis”, diz Luis Mundaca.

Para este fim, os pesquisadores descrevem como as emissões de carbono podem ser reduzidas usando abordagens do lado da demanda dentro de setores específicos.

Abordagens do lado da demanda geralmente envolvem múltiplas estratégias de mitigação nos setores de energia de uso final. Para o setor de transportes, alguns exemplos disso podem ser:

* Medidas que visam diminuir a necessidade de transporte (por exemplo, teletrabalho).
* Medidas que visam melhorar a eficiência do transporte (por exemplo, transporte público)
* Medidas que visam aumentar a eficiência de combustível de veículos (por exemplo padrões mínimos, eletrificação de veículo).

Em contraste com o pensamento predominante, a edição especial argumenta que vias de descarbonização profunda específicas do setor estão disponíveis.

“Encontramos uma abundância de políticas e medidas possíveis. Algumas abordagens são específicas para setores, como códigos de construção – ou para produtos, por exemplo com padrões mínimos de desempenho – enquanto outros são genéricos, como melhorias de eficiência técnica ”, diz Luis Mundaca.

“Abordagens ambiciosas da demanda reduzem os custos de mitigação e a necessidade de opções de remoção de dióxido de carbono, que são atividades antropogênicas removendo CO 2 da atmosfera” diz Luis Mundaca, que vê a necessidade de uma abordagem comportamental e tecnológica mais integrada na formulação de políticas para promover essa transformação.

“Comparado com a mudança tecnológica, os aspectos comportamentais continuam sendo negligenciados. Considerando que há um consenso crescente de que a remoção de barreiras à mudança comportamental é um elemento crítico e essencial para manter a meta de 1,5 ° C ao alcance, as avaliações e discussões de políticas continuam fortemente focadas em tecnologia ”, continua ele.

Ele também enfatiza que não cabe apenas aos políticos. Como sociedade, também precisamos analisar criticamente nossos padrões e hábitos de consumo. Se isso significa menos viagens aéreas, os aparelhos que compramos ou que alimentos ingerimos, há muitas opções disponíveis para os indivíduos. A edição especial também visa nos capacitar, consumidores.


Orçamentos acumulados de emissão para limitar o aquecimento a 2 ° C e 1,5 ° C. Notas: As áreas das caixas são proporcionais ao total cumulativo de orçamentos de emissões de CO2 de 2011 a 2100, consistentes com o aquecimento limitante a 2 ° C e 1,5 ° C (com 50-66% e> 66% de probabilidade) com base nos dados de Rogelj et al. (2015 b ). As emissões anuais históricas de ~ 40 GtCO 2 de 2011 a 2016 são estimadas a partir do GCP ( 2016 ). Observe que os orçamentos cumulativos de emissão variam dependendo da metodologia e das premissas (Rogelj et al. 2016 b ). Os orçamentos para limitar o aquecimento a 2 ° C, apresentados no Quinto Relatório de Avaliação do IPCC (Clarke et al., 2014 ), são ligeiramente mais altos em 960–1430 GtCO 2(50-66% de probabilidade) e 630-1180 GtCO 2 (> 66% de probabilidade). Orçamentos para limitar o aquecimento a 1,5 ° C, relatados em Rogelj et al. ( 2015a ) são ligeiramente inferior a 200-415 GtCO 2 (> 50% de probabilidade)


Referência:
Demand-side approaches for limiting global warming to 1.5 °C
Mundaca, L., Ürge-Vorsatz, D. & Wilson, C.
Energy Efficiency (2018). https://doi.org/10.1007/s12053-018-9722-9


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/10/2018



Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 30/10/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/10/30/podemos-limitar-o-aquecimento-global-a-15-c/

‘Expertise’ e governança ambiental, Parte 1/6, artigo de Roberto Naime

LÉTORNEAU (2014) assevera que muitos termos possuem um sentido técnico sem que ele seja evidente para todos como a “governança ambiental”.

Termo que remete no contexto atual a uma participação cidadã nesse tipo de questão, por exemplo, da saúde de um ecossistema específico, tal como uma floresta ou um vale agrícola, a partir de preocupações partilhadas e não a partir de uma problemática de controle organizacional.

Governança transcende a assistencialismo social. Conceito transposto da área empresarial, neste contexto significa mediar de forma sistêmica, os interesses envolvidos de todas as partes interessadas, buscando a máxima satisfação possível com a conciliação das demandas emergentes. De forma sistêmica e permanente, sem espontaneísmos e improvisações.

Mediar e compatibilizar interesses legítimos e que transcendem caráter pessoal ou financista. E que ampliem a conceituação de preservação ambiental e de empreendimentos, procurando satisfazer as demandas das populações locais atingidas.

Após ter tornado preciso o que é a “expertise” e quais são os principais problemas postos pelo recurso à “expertise” nos contextos da ação cidadã, proponho que as expertises técnicas podem ser postas no mesmo nível, referindo principalmente aos saberes comuns, à prática e à experiência concreta, dita “de campo”, o que corresponde a uma ampliação.

LÉTORNEAU (2014) assevera a preocupação com o exercício do poder e com a tomada de decisões sobre questões de organização da cidade que afetam a todos.

O que se passa com as questões de ética ambiental? Os pesquisadores especializados nesse assunto limitaram-se geralmente a refletir se a ética ambiental deveria ser ecocentrista ou biocentrista ou, então, se deveria pelo menos ser antropocêntrica. Com base em uma clarificação dos princípios e das justificações, se propugna uma orientação prática que se supõe que obtém adesão e conduz a uma reorientação prática.

Se houver preocupação com questões que dizem respeito ao ambiente, deve se fazer apelo a pessoas com certa “expertise”. Isso pode se produzir em função de instâncias “autorreguladas”, como um comitê de cidadãos. Pode se tratar também de práticas de governança que se exercem local ou regionalmente, de maneira contínua, recorrente e frequente.

Ocorre refletir nos trabalhos de comitês técnicos que fornecem pareceres aos departamentos de recursos hídricos, ou nos engenheiros chamados em socorro de um comitê de questões fluviais que quer saber o estado de certa barragem ou as condições de sua reconstrução.

Como se interessar pelas florestas, pelos cardumes, pelos recursos minerais ou pelo cuidado ou gestão dos recursos de água sem dever imediatamente recorrer aos “experts”. Difícil deixar de lado a “expertise” com sua dificuldade para convencer a governança, especialmente no plano internacional, com sua incapacidade atual de operar de maneira eficaz.

Por incrível que pareça, alguns dos “experts” chamados com maior assiduidade são os filósofos. Sua função é em parte educacional e motivacional. O trabalho filosófico consiste em esclarecer a situação de um ponto de vista terminológico e conceitual, pois os termos do debate não são claros.

É preciso perguntar sobre o espaço social e as mediações concretas das quais se necessita e que são às vezes instrumentos para se ocupar das questões ambientais de maneira eficaz. Para tanto, o filósofo se apóia nas questões do simples cidadão e também nas ciências humanas e sociais.

Esta perspectiva apresenta a vantagem de não partir somente de uma consideração de princípio, obrigando a considerar os contextos e o conjunto dos valores relevantes e também os fins visados bem como os resultados previsíveis de nossas ações.

Como se denota, o problema do papel da “expertise” na sociedade moderna, democrática e complexa, foi levantado por John Dewey em 1927 em “The public and its problems”.

LÉTORNEAU (2014) assevera que mesmo as perspectivas que consideram uma democracia mais deliberativa e mais participativa devem levar em consideração os problemas colocados pelas exigências de especialistas em nossas sociedades, incluindo o diálogo com outros tipos de “expertise”, em concepção multidisciplinar, oriundos de outros setores da sociedade civil.



Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.



Referências:

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/10/2018




Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 30/10/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/10/30/expertise-e-governanca-ambiental-parte-16-artigo-de-roberto-naime/

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Um guia global para a doença de Chagas

Pesquisadores da UFMG participam da elaboração de estudo que orienta gestores e profissionais de saúde sobre os riscos da tripanossomíase, que hoje ultrapassa as fronteiras da América Latina


Endêmica da América Latina, a tripanossomíase americana ou doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, ultrapassou fronteiras e ameaça países da Europa, Japão, Austrália, Canadá e Estados Unidos, onde o desconhecimento sobre diagnóstico, manejo clínico e tratamento aumenta os riscos de transmissão e a vulnerabilidade dos pacientes. Insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral, arritmia e morte súbita podem afetar 30% das pessoas infectadas. Preocupadas em orientar profissionais e gestores de saúde do mundo inteiro, a American Heart Association e a Sociedade Interamericana de Cardiologia publicaram, na revista Circulation, novo guideline sobre a doença, elaborado por 12 pesquisadores brasileiros e estrangeiros, três deles da UFMG.

A transmissão vetorial, pelo contato com as fezes e/ou urina do inseto vetor contaminado (triatomíneos de 12 espécies diferentes, conhecidos como “barbeiro”), ainda é a principal forma de contaminação pela doença, embora tenha diminuído em vários países como Brasil, Chile e Uruguai. Entretanto, no Chaco, região ecológica entre Bolívia, Argentina e Paraguai, a infecção chega a 80% entre adultos e 20% em crianças. 


O miocárdio de um paciente com reativação aguda de Chagas após transplante cardíaco. O parasitismo das fibras musculares é observado nas formas amastigotas do Trypanosoma cruzi, levando à formação de pseudocistos (indicados pela seta preta)Acervo Guideline

Os riscos de transmissão por formas não vetoriais, como transfusão de sangue, doação de órgãos, transmissão congênita e por via oral, são graves problemas de saúde pública no mundo todo. Dados recentes estimam que ao menos 300 mil pessoas residentes em 40 estados dos Estados Unidos estejam infectadas, sendo que de 5,5% a 7,5% podem ter se contaminado localmente. Na Espanha, residem 42 mil indivíduos infectados. Suíça, França, Itália, Canadá, Austrália e Japão também registram portadores do protozoário.

O documento chama a atenção para o fato de que a maioria deles, incluindo os cerca de 30 mil a 40 mil portadores de cardiomiopatia chagásica, são imigrantes de áreas endêmicas da América Latina, o que realça a importância dos fluxos migratórios para a dispersão mundial da enfermidade. De 2007 a 2017, segundo a Associação Americana de Bancos de Sangue, as triagens de doadores para a doença de Chagas, realizadas em 14 bancos de sangue dos ­Estados Unidos, confirmaram 3.480 doações contaminadas em 46 estados, e os maiores números são registrados nos estados da Califórnia, da Flórida e do Texas.

O artigo escrito pela equipe de pesquisadores, coordenada pela professora Maria do Carmo Pereira Nunes, da Faculdade de Medicina, também cardiologista no Hospital das Clínicas, destaca, principalmente, os aspectos cardiovasculares da infecção e do acometimento do trato gastrointestinal (principalmente esôfago e cólon) pela doença de Chagas. O artigo atualiza informações sobre triagem, exames clínicos e laboratoriais, medicação e dosagem, indicação e cuidados no tratamento e formas de prevenção.

Maria do Carmo explica que doença de Chagas é o nome para a enfermidade geral, e a cardiomiopatia chagásica é uma de suas manifestações mais graves. A cardiomiopatia apresenta características diferentes das demais doenças do coração, por isso requer grande conhecimento para o diagnóstico, especialmente de pacientes nascidos na América Latina. “Cerca de 50% das pessoas infectadas pelo protozoário permanecem na fase indeterminada da doença, sem sintomas ao longo da vida. Mas um terço delas, 20 a 30 anos depois, no auge da vida produtiva, apresentam sintomas graves de insuficiência cardíaca, fenômenos tromboembólicos e ­arritmias ventriculares, com alto risco de morte súbita”, observa. “Um paciente jovem, por exemplo, que sofre um AVC – o que não é habitual – deve ser avaliado sob suspeição para doença de Chagas, pois essa pode ser uma das primeiras manifestações da doença”, exemplifica a médica.

Os autores do guideline afirmam que “a doença continua amplamente negligenciada, com avanços insuficientes em diagnóstico e tratamento, e é responsável por 7,5 vezes mais anos de vida perdidos pela incapacidade do paciente que a malária”. Calcula-se que haja seis milhões de pessoas com a doença de Chagas no mundo. A infecção estimada é mais alta na Bolívia (6,1% da população), seguida pela Argentina (3,6%) e Paraguai (2,1%). O maior número de indivíduos com a doença, 42% dos casos, residem na Argentina (1,5 milhão de pessoas) e no Brasil (quase 1,2 milhão de pessoas). Quase 1,2 milhão de pessoas nesses países são portadoras de cardiomiopatia chagásica.

Tratamento
O benzonidazol e o nifurtimox são os únicos fármacos com eficácia comprovada contra a infecção por T.cruzi. Mas o benzonidazol é o medicamento que apresenta maior tolerância, o que foi alvo do maior número de pesquisas e o mais disponível, inclusive nos Estados Unidos, onde foi liberado para uso em maio deste ano. “Apesar da indicação não ser generalizada, em razão dos vários efeitos colaterais e de exigir acompanhamento cuidadoso e regular, defendemos sua prescrição, especialmente para pacientes abaixo de 50 anos, que ainda não manifestaram nenhum sintoma da doença”, afirma a cardiologista do HC.

Ela justifica: “Acreditamos que é a chance do paciente evoluir melhor. Não dá para ficar esperando a doença progredir, porque depois será possível apenas tratar a síndrome clínica de insuficiência cardíaca ou promover cuidados paliativos. Em muitos casos, apenas o transplante de coração é a esperança do paciente, mesmo sabendo dos riscos decorrentes do procedimento, como rejeição do órgão e recidiva da infecção no coração transplantado”.

Mas a médica reconhece que não há consenso sobre a eficácia do benzonidazol. “Estudos recentes, apresentados pelo grupo do Benefit (sigla em inglês para Avaliação do Benzonidazol para Interrupção da Tripanossomíase), com pacientes latino-americanos, revelam que o resultado foi o mesmo para pacientes tratados com a medicação ou com placebo.” Segundo Maria do Carmo, a controvérsia se justifica pelo fato de a patogênese da cardiopatia chagásica crônica ser complexa e incompletamente compreendida, mesmo depois de 100 anos de sua descrição pelo cientista brasileiro Carlos Chagas.

Esperança na imunoterapia
Outra autora do guideline, a professora Walderez Ornelas Dutra, do ICB, afirma que “prever qual paciente vai evoluir para as formas mais graves da doença é um dos grandes desafios para as pesquisas em imunopatologia da doença de Chagas”. O laboratório do ICB, sob sua coordenação, já encontrou, em pacientes cardíacos, subpopulações celulares diretamente associadas com a forma mais grave da doença. “Conseguimos bloquear a ativação específica dessa população celular, o que traz a possibilidade de diminuir o perfil inflamatório do paciente cardiopata, sem que seja preciso ativar o sistema imune como um todo”, afirma.

Os testes in vitro já foram realizados, e a próxima etapa da pesquisa é descobrir se esse bloqueio pode, de fato, evitar a cardiopatia. Além disso, os pesquisadores pretendem descobrir se esse grupo celular está presente em outras cardiopatias ou se é exclusivo da doença de Chagas, ou, ainda, se é distinto nos chagásicos de ­nacionalidades diferentes. As discrepâncias entre tempo e frequência da infecção, e até entre o índice de morbidade em relação às vias de infecção pelo T.cruzi, já são conhecidas, segundo Walderez. “Sabemos que os infectados por via oral, com ingestão de sucos de cana ou açaí in natura, são mais sintomáticos na fase aguda e que o índice de morbidade pode variar entre pacientes de nacionalidades diferentes. Assim, é importante estudar essas células que podem ser um alvo imunoterapêutico em diferentes situações”, exemplifica.

“Os dois mecanismos primários – a resposta imune causada pelo parasita e a autorreatividade desencadeada pela infecção – provavelmente iniciam e direcionam miocardite aguda e crônica, com mecanismos secundários, distúrbios neurogênicos e distúrbios microvasculares coronarianos, sendo responsáveis por alterações cardíacas associadas. Diferenças patogênicas nas cepas de T. cruzi e a suscetibilidade do hospedeiro também podem desempenhar um papel no padrão clínico e na gravidade da doença”, relatam os pesquisadores no guia.

Atendimento prioritário


Maria do Carmo: informações atualizadasTeresa Sanches | UFMG

Exames clínicos, testes sorológicos, eletrocardiograma e exame de imagem como o ecocardiograma são recomendados. “Priorizar o acesso dos pacientes a um diagnóstico preciso e a cuidados, como a implantação de marca-passo, poderia prevenir muitos casos de morte súbita”, defende Maria do Carmo Pereira. Mas ela reconhece que o acesso aos exames, especialmente de imagens do coração, é um grande desafio para regiões rurais e remotas, como o Norte de Minas Gerais, considerado hiperendêmico para doença de Chagas.

Uma alternativa, segundo ela, pode ser os serviços de diagnóstico a distância, como o desenvolvido pela Rede de Teleassistência de Minas Gerais (RTMG), coordenada pelo professor Antônio Luiz Ribeiro, também cardiologista do HC e coautor do documento. Ele também integra equipe de especialistas do Centro de Pesquisa de Medicina Tropical de São Paulo-Minas Gerais (Sami-Trop), liderado pela pesquisadora da USP Ester Sabino. Nos 21 municípios da região, dois mil pacientes chagásicos são acompanhados pela equipe do Sami-Trop.

O grupo avalia o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região, inspeciona a presença do vetor nas moradias, colhe material para sorologia dos pacientes e realiza ecocardiogramas, considerado o grande diferencial da proposta. As imagens do coração são enviadas pela internet para a Unidade de Telessaúde do HC-UFMG, onde são analisadas por especialistas. No polo regional, em Montes Claros, um especialista também acompanha os pacientes.

Referência
Embora não tenha participado diretamente da elaboração do guideline sobre a doença de Chagas, o professor Manoel Otávio da Costa Rocha, coordenador do Centro de Treinamento e Referência de Doenças Infecciosas e Parasitárias do HC, é considerado pelo grupo da UFMG como uma referência na atenção ao paciente chagásico. “Esse paciente merece todo respeito e cuidado pela fragilidade que a doença lhe impõe, um ensinamento que herdamos do professor Manoel Otávio”, diz Maria do Carmo Pereira Nunes, que foi orientada por ele tanto no mestrado quanto no doutorado.

Teresa Sanches



Autor: UFMG
Fonte: UFMG
Sítio Online da Publicação: UFMG
Data: 25/10/2018
Publicação Original: https://ufmg.br/comunicacao/publicacoes/boletim/edicao/2037/um-guia-global-para-a-doenca-de-chagas

FAPERJ anuncia edital de apoio emergencial ao Museu Nacional

Com o objetivo de assegurar o prosseguimento dos importantes trabalhos de pesquisa realizados no Museu Nacional/UFRJ, a direção da FAPERJ anunciou nesta quinta-feira, dia 25 de outubro, o lançamento de um edital em caráter emergencial após o incêndio que destruiu no início de setembro praticamente todo o acervo da instituição. O edital, chamado de Apoio Emergencial ao Museu Nacional – 2018, foi aprovado em sessão do Conselho Superior da FAPERJ e recebeu uma dotação de R$ 3,1 milhões.

O apoio aos pesquisadores da instituição, que visa garantir a continuidade da progressão quantitativa e qualitativa de sua produção acadêmica, se dará por meio de Bolsas de Bancada. São elegíveis como proponentes os pesquisadores que possuem vínculo empregatício, institucional e localizado no Museu Nacional, e que estejam com suas pesquisas ativas. Os interessados em concorrer a esse tipo de apoio terão até o dia 23 de novembro para inscreverem seus projetos.

O incêndio afetou os estudos que vinham sendo realizados nos seis programas de pós-graduação do Museu, dos quais dois – de Antropologia Social e Zoologia – são considerados de excelência. Os demais são Arqueologia, Botânica, Geociências e Linguística. Cerca de uma centena de professores e 500 alunos, de alunos de cursos de especialização a pós-doutorandos, passando por mestrandos e doutorandos, tiveram sua rotina afetada, com a perda, por muitos desses, de seu material de pesquisa, equipamentos e laboratórios.

Cada pesquisador poderá apresentar apenas uma proposta e não poderão submeter projetos os pesquisadores que recebam bolsas de pós-doutorado de qualquer agência de fomento ou fundação, bem como Professor Visitante, Cientista do Nosso Estado ou Jovem Cientista do Nosso Estado.

Confira a íntegra do edital Apoio Emergencial ao Museu Nacional – 2018





Autor: FAPERJ
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 26/10/2018
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3649.2.2

Fundação lança dois editais específicos para a Uezo

A Fundação divulgou nesta quinta-feira, 25 de outubro, o lançamento de dois editais destinados exclusivamente ao Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo), localizado no bairro de Campo Grande, um importante polo industrial do município do Rio de Janeiro. São eles: Programa de Incentivo Docente à Produção Científica e Tecnológica da UEZO - PROTEC UEZO – 2018 e Programa de Incentivo Discente à Produção Científica e Tecnológica da UEZO - PRODIC UEZO – 2018.

No Programa de Incentivo Docente à Produção Científica e Tecnológica da UEZO - PROTEC UEZO 2018, o objetivo é valorizar a produção científica, tecnológica e inovação, mediante a concessão de bolsas auxílio para os docentes da Uezo. As bolsas destinam-se a apoiar docentes de reconhecida liderança em sua área, com vínculo empregatício exclusivamente com a Uezo, visando incentivar a produção científica e tecnológica na instituição. Serão disponibilizadas 30 vagas. A bolsa terá duração de 12 meses, podendo ser prorrogada até duas vezes por igual período. Para concorrer, será preciso submeter propostas até o dia 23 de novembro.

Os discentes da Uezo poderão concorrer no Programa de Incentivo Discente à Produção Científica e Tecnológica da UEZO - PRODIC UEZO 2018. Esse programa visa contribuir para a formação dos graduandos da Uezo, incentivando as vocações científicas, tecnológicas e de inovação dos mesmos, através do pagamento de bolsas para a participação desses alunos em projetos de iniciação científica e tecnológica, sob a orientação de docentes pesquisadores da instituição. Serão oferecidas 30 vagas para o programa, sendo que 20 vagas para iniciação científica e 10 vagas para iniciação tecnológica. A bolsa terá duração de 12 meses, podendo ser renovada por igual período. Para concorrer, será preciso submeter propostas até o dia 23 de novembro.

A Uezo teve origem em 2005, como um curso técnico da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) do Rio de Janeiro, para atender demandas das empresas sediadas na Zona Oeste da cidade. Em 2009, por meio da Lei Estadual 5.380, o curso ganhou um projeto mais amplo, transformando-se em centro universitário. A meta da instituição é o de formar profissionais com nível superior para atender à demanda do parque industrial fluminense, integrando, por meio da pesquisa aplicada, o trabalho acadêmico à inovação tecnológica. Ao todo, a Uezo oferece cursos de graduação, incluindo os de tecnólogo, e os cursos de mestrado profissional em Ciência e Tecnologia de Materiais e o de Ciência e Tecnologia Ambiental, criados a partir das demandas para o desenvolvimento da Zona Oeste. Dentre os cursos de tecnólogos, que possuem duração de três anos, estão os de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Tecnologia em Biotecnologia, Tecnologia em Processos Metalúrgicos, Tecnologia em Polímeros, Tecnologia em Construção Naval e Tecnologia em Produção de Fármacos. Os cursos de graduação plena, com duração de quatro anos, incluem os de Ciência da Computação, Ciências Biológicas, Farmácia e Engenharia de Produção.

Confira a íntegra dos editais:

Programa de Incentivo Docente à Produção Científica e Tecnológica da UEZO - PROTEC UEZO – 2018

Programa de Incentivo Discente à Produção Científica e Tecnológica da UEZO - PRODIC UEZO – 2018







Autor: Faperj
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 25/10/2018
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3650.2.0

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Cafeína reduz sensação de fadiga e melhora desempenho de ciclistas


A cafeína foi administrada em cápsulas e os ciclistas ingeriram uma dosagem referente à massa corporal de cada um, sendo que foi administrado individualmente 5 mg/kg – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Estudo realizado na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP indica que a cafeína é capaz de atenuar e reverter a sensação de fadiga mental e ainda melhorar o desempenho de atletas de ciclismo. Atualmente o cansaço mental não está presente apenas na vida de pessoas com rotina agitada por diversas atividades, mas também faz parte do dia a dia de atletas.

Segundo a pesquisa de Paulo Estevão Franco Alvarenga, os atletas com fadiga mental acabam perdendo desempenho e possuem aumento na percepção de esforço para a mesma intensidade de exercício, sem nenhuma alteração fisiológica na musculatura. Dessa forma, surgiu o interesse de estudar possíveis manipulações que revertam os efeitos da fadiga mental sobre o desempenho de ciclistas.

Iniciado em 2016, o projeto de mestrado Efeitos da ingestão de cafeína sobre o desempenho de ciclistas mentalmente fadigados durante um teste de ciclismo contrarrelógio de 20 km mostrou que “a cafeína é um recurso ergogênico com efeito potencial para reverter os efeitos da fadiga mental sobre o desempenho”, afirma Paulo Estevão, que teve orientação do professor Flávio Pires, coordenador do Grupo de Estudos em Psicofisiologia do Exercício (GEPsE) da EACH.

Previamente selecionados, os ciclistas foram ao Laboratório de Ciências da Atividade Física por quatros vezes e se submeteram ao teste de contrarrelógio de 20 km, análise cortical e muscular. Havia uma amostra de ciclistas livres de qualquer manipulação, outra amostra sob o efeito de fadiga mental e nas seguintes os indivíduos mentalmente fadigados faziam a ingestão de cafeína ou placebo.



De acordo com o estudo, os ciclistas mentalmente fadigados apresentaram uma redução de 4,8% na ativação do córtex pré-frontal e consequentemente aumentaram o tempo para concluir o contrarrelógio em aproximadamente 1%. No entanto, ao ingerir cafeína, mesmo após a indução da fadiga mental, houve um aumento na ativação do córtex pré-frontal em aproximadamente 8% e redução no tempo de conclusão do teste em 1,8%. “Portanto, os sujeitos ao ingerir cafeína perceberam menos esforço comparados com as demais condições. Além disso, com a ingestão de cafeína, eles apresentaram uma maior eficiência neuromuscular”, destaca Paulo.

O estudante ressalta que, mesmo já sendo consumida em nosso cotidiano quando nos sentimos mentalmente cansados, por meio de ingestão de café, por exemplo, a cafeína deve ser utilizada para atletas sob orientação de um nutricionista, respeitando as características de dosagem e tempo de efeito da substância.

O projeto de mestrado contou também com a colaboração da professora Florentina Hettinga, da University of Essex, Inglaterra; de pesquisadores pós-doc e alunos de mestrado da EACH e de alunos de graduação da Faculdade de Ensino Superior de Bragança, em Bragança Paulista (SP).

Natália Dourado/Assessoria de Comunicação da EACH




Autor: Natália Dourado
Fonte: Assessoria de Comunicação da EACH
Sítio Online da Publicação: Jornal da USP
Data: 25/10/2018
Publicação Original: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/cafeina-reduz-sensacao-de-fadiga-e-melhora-desempenho-de-ciclistas/

Programa Produtor de Água ajuda a recuperar a Bacia Hidrográfica do Pipiripau, uma das mais problemáticas do DF

Produtor de Água no Cerrado – Conciliar a atividade agropecuária com boas práticas de preservação e produção de água é uma das estratégias que tem contribuído para fazer a água brotar de novo da terra, nutrir o solo e correr para o rio.

A ação tem sido empreendida pelo programa Produtor de Água para recuperar a Bacia Hidrográfica do Pipiripau, que já foi considerada uma das bacias mais problemáticas do Distrito Federal.

Localizada a cerca de 50 quilômetros do centro de Brasília, a Bacia do Pipiripau sempre foi marcada pelo conflito por recursos hídricos. A área tem pequenas, médias e grandes propriedades rurais que demandam muita água para irrigação. Os córregos desta bacia abastecem a população das cidades-satélites de Planaltina e Sobradinho, que juntas tem cerca de 300 mil habitantes, e alimentam as bacias hidrográficas de São Bartolomeu e do Paraná, que abrangem outros seis estados do país, entre eles, São Paulo.

“A Bacia do Pipiripau foi muito desmatada. Têm assentamentos que chegaram lá e era tudo braquiária [capim], pasto de gramínea exótica e eles estão agora fazendo sistemas de plantios agroflorestais, agroecológicos e isso contribui pra que o sistema volte a ter maior capacidade de infiltração da água, contribuindo para a bacia ficar mais saudável”, disse Isabel Figueiredo, coordenadora do programa Cerrado e Caatinga do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), que integra a Rede Cerrado.

Segundo Devanir Santos, coordenador de Projetos Indutores da Agência Nacional de Águas (ANA), além do impacto da intensa atividade agropecuária, a mudança no fluxo de chuvas também reduziu a capacidade de infiltração do solo na região, o que levou à redução da vazão dos rios da bacia.

“Antigamente, tinha chuva de longa duração e pouca intensidade por 15, 20 dias. Hoje, têm pancadas num curto espaço de tempo e isso dificulta ainda mais a infiltração de água no solo. O resultado é que acaba que você não tem uma boa alimentação do lençol freático, que é fundamental para você ter água no período da seca”, explica Santos.
Pagamentos ambientais

Por meio da compensação financeira, o programa Produtor de Água financia os produtores que cedem suas terras para proteção de córregos, nascentes e matas ciliares e adotam práticas que melhoram a infiltração da água na terra. Entre as medidas adotadas, está a implantação das chamadas tecnologias mecânicas, como readequação das estradas rurais que dão acesso às propriedades, por meio da formação de desvios laterais ou bacias de contenção de água, como as pequenas barragens.

Nas propriedades também são feitos os terraços, que se parecem com lombadas para diminuir a velocidade das enxurradas e o impacto erosivo da água no solo em áreas de declive. “Além das obras mecânicas, temos plantio em área de preservação permanente, cercamento em área de nascente e rios e a conservação de área já plantada há muitos anos. Então, o produtor pode receber pela área já conservada, pela área que ele plantou agora ou pela área onde fez as práticas mecânicas”, explica Rossini Sena, especialista em recursos hídricos da ANA.

O valor pago a cada produtor varia de R$ 100 a R$ 300 por mês. A fórmula para calcular o pagamento ambiental ao produtor leva em consideração as medidas ambientais que ele implanta na propriedade.

“Quanto mais a atividade for benéfica para o meio ambiente, mais o produtor ganha”, completou Rossini.
Resultados

Devanir Santos relata que há sete anos a situação ficou insustentável na região, chegando ao ponto em que não era possível manter a irrigação e o abastecimento urbano ao mesmo tempo. Houve momentos em que foi necessário negociar com os produtores a redução da área plantada para garantir o abastecimento para consumo humano, que é protegido por lei.


“Foi quando nós começamos o projeto lá. De um lado, nós atuamos melhorando a capacidade de infiltração, incentivando os produtores a mudar a forma de ocupar o solo, reflorestando algumas áreas essenciais, principalmente as zonas de recarga, as margens de rio e implementando as práticas mecânicas de conservação do solo. Do outro lado, nós também buscamos formas de reduzir a utilização de água na irrigação”, explicou.

Santos lembra que a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) tinha autorização para tirar 400 litros por segundo da bacia para atender ao consumo humano, mas na crise não conseguia tirar nem 250 litros devido à queda de vazão nos rios e ao aumento da demanda por irrigação. Hoje, a companhia tira em torno de 300 a 350 litros, o que é considerado suficiente para o abastecimento de Sobradinho e Planaltina.

O coordenador relata ainda que foram criados reservatórios para captar água específica para irrigação. Há também a expectativa de reservar mais água com a implementação da última etapa do projeto, que consiste no revestimento do canal Santos Dumont, principal adutora da região.

Mesmo sem a finalização da adutora, Devanir destaca que as ações do programa têm surtido efeitos sobre a disponibilidade hídrica no Pipiripau. No período mais crítico de racionamento de água que atingiu o DF ano passado, a Bacia do Pipiripau não teve problemas de desabastecimento, ao contrário das bacias do Descoberto e de Santa Maria, que abastecem outras áreas do DF e viram o nível da água reduzir drasticamente levando ao racionamento do consumo por mais de um ano.

“Hoje, a situação dos produtores está bem melhor, eles estão irrigando uma área quase que plena e a gente está conseguindo uma convivência boa entre os dois setores [irrigação e abastecimento urbano], mesmo sem fazer uma coisa essencial que é o revestimento do canal”, comenta.

Os estudos para adequação do canal já foram feitos, mas o projeto aguarda aporte de recursos para implantação da obra. É necessário investimento da ordem de R$ 10 milhões para recuperar o canal, que pode reduzir em praticamente pela metade o desperdício de água na região.

“Para você ter uma ideia, a gente tira hoje 350 litros pra abastecer uma área que precisa só de 150. A gente perde 200 litros por segundo ao longo desse canal. Se a gente fizer uma adutora, eu já libero quase 200 litros por segundo para o abastecimento humano, sem prejuízo nenhum para os produtores que vão conseguir irrigar sua área toda”, afirma Santos.
Participação

A produtora Bernadete Brandão participa do projeto desde o início, em 2012, e recebe por ano pouco mais de R$ 2 mil pelos serviços ambientais que implantou em sua propriedade. Ela conta que quando entrou no programa um de seus objetivos era manter a tradição da família de preservar a água nas terras.

“A gente vem de uma criação em que meus pais ensinaram muito sobre a água. A gente tinha uma fazenda em Padre Bernardo que tinha água que corria. Eles venderam essa área e a pessoa que comprou desmatou tudo. Minha mãe ficou muito sentida, porque aquela água secou”, lembra.



Produtores no Piripipau conseguiram retomar produção na região após projeto de recuperação da bacia local – José Cruz/Agência Brasil


A propriedade de Bernadete tem entre 5 e 6 hectares, dos quais 3,7 já foram recuperados. Na área, são plantadas hortaliças, frutas, tomate, pimentão, entre outros produtos. Ela também cria gado de corte e carneiros.

Para evitar desperdício da água, Bernadete usa o sistema de gotejamento direto na raiz das plantas para fazer a irrigação. Em dias muito quentes e secos, ela também usa vaporizador e umidificador e deixa a aspersão de água somente para situações específicas.

Logo na entrada de sua chácara, é possível ver os terraços feitos pelo projeto para conter a descida brusca da água da chuva. Sem as lombadas, a enxurrada desceria de uma vez para o rio, provocando danos no solo e assoreamento do afluente que corta sua propriedade.

“Já tem que fazer uma manutenção nessas curvas de nível. Mas, eu acho que melhorou muito, porque como ali em cima tem plantio de soja e milho, e a terra está muito nua, quando chove a terra vem vindo e assoreando, carregando tudo. Aí com a curva de nível a água diminui o fluxo”, diz.

Ao redor das fontes de água em sua propriedade, Bernadete colocou uma cerca para evitar a entrada do gado e plantou na área algumas mudas de árvores. No entanto, a produtora lamenta que algumas mudas ainda não tenham se desenvolvido por causa de outro problema recorrente no Pipiripau: os incêndios, geralmente provocados pela queima de roça e de lixo. “Bombeiro já até cansou de vir aqui”.

Bernadete relata também que as chuvas tem sido cada vez mais escassas e as nascentes que costumavam jorrar água mesmo nos períodos de seca agora estão apenas úmidas. “Eu percebo que a água tem sumido bastante, a cisterna que enchia com dez minutos, já não está enchendo tão rápido”, conta.
Expansão

Apesar dos desafios, o projeto tem conseguido a adesão de boa parte dos produtores da Bacia do Pipiripau. Atualmente, entre as 540 propriedades situadas na Bacia, o programa tem 170 contratos firmados com produtores, 130 deles já estão recebendo pelos serviços ambientais. Em cinco anos, foram plantadas cerca de 300 mil mudas de árvores em uma extensão aproximada de 1,5 mil hectares.

Além da Agência Nacional de Águas, o programa tem apoio de outras 18 instituições parceiras, como organizações da sociedade civil, órgãos ambientais, universidade, entre outros. “Estamos defendendo que se invista em projetos de recuperação e restauração dos mananciais. Plantar florestas é fundamental para estar se preparando para as crises que vão vir cada vez mais fortes, porque no contexto de cenários de mudanças climáticas, períodos secos vão ser mais secos, e quando tiver chuva, vai ter mais chuva”, alertou Ricardo Novaes, especialista em Recursos Hídricos do WWF-Brasil, uma das organizações que coordenam o projeto.

O programa também atua em outros 60 pontos do país. A experiência mais antiga está na cidade de Extrema, no Sul de Minas, que em 10 anos promoveu o plantio de 1,3 milhão de mudas.

Um Acordo de Cooperação Técnica já foi firmado para instalar o programa na Bacia do Descoberto, que abastece a maior parte do Distrito Federal. A área da bacia foi devastada pela forte especulação fundiária e enfrenta o desafio de manter os reservatórios que abastecem a capital.



Por Débora Brito, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/10/2018




Autor: Débora Brito, da Agência Brasil
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 26/10/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/10/26/programa-produtor-de-agua-ajuda-a-recuperar-a-bacia-hidrografica-do-pipiripau-uma-das-mais-problematicas-do-df/

A água no Brasil e o mito da abundância

Garantir o acesso à água de qualidade a todos os brasileiros é um dos principais desafios para os próximos gestores do país.

ABr

Culturalmente tratado como um bem infinito, a água é um dos recursos naturais que mais tem dado sinais de que não subsistirá por muito tempo às intervenções humanas no meio ambiente e às mudanças do clima.

Em várias regiões do país, já são sentidos diferentes impactos, como escassez, desaparecimento de nascentes e rios, aumento da poluição da água. Os especialistas alertam que os problemas podem se agravar se não forem tomadas medidas urgentes e se a sociedade não mudar sua percepção e comportamento em relação aos recursos naturais.

O Brasil tem 12 regiões hidrográficas que passam por diferentes desafios para manter sua disponibilidade e qualidade hídrica. Mapeamento do Ministério do Meio Ambiente mostra que, nas bacias que abrangem a Região Norte, o impacto vem principalmente da expansão da geração de energia hidrelétrica. Na Região Centro-Oeste, é a expansão da fronteira agrícola que mais desafia a conservação dos recursos hídricos. As regiões Sul e Nordeste enfrentam déficit hídrico e a Região Sudeste apresenta também o problema da poluição hídrica.

Em nível global, o desafio é conter o aumento da temperatura do clima, fator que gera ondas de calor e extremos de seca que afetam a disponibilidade de água. O relatório especial do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas, das Nações Unidas, divulgado recentemente, mostra que, se a temperatura global subir acima de 1,5°C, em todo o mundo mais de 350 milhões de pessoas ficarão expostas até 2050 a períodos severos de seca.
Brasil: o mito da abundância

“As gerações mais antigas foram criadas com o mito do país riquíssimo em água, que água seria um problema crônico, histórico, só no Nordeste, no semiárido. Obviamente, desde 2013, na primeira crise que a gente teve, o apagão, que na verdade foi um “secão”, porque não foi resultado só de uma questão elétrica, ficou claro que o Sudeste e o Centro-Oeste têm problemas concretos, intensificados nos últimos dois anos, de disponibilidade de água”, destacou Ricardo Novaes, especialista em Recursos Hídricos do WWF-Brasil.

O pesquisador explica que a crise resulta também da falta de adequada gestão do uso da água, sobretudo em períodos de estiagem – tendência que deve se manter tendo em vista o baixo índice de precipitação registrado no início desta primavera.

“Temos indicativos de que há um risco de, no próximo verão, ou talvez no outro ano, termos novamente um quadro muito complicado em São Paulo, talvez em todo o Sudeste. Os reservatórios estão com níveis abaixo do que estavam há dois anos, antes da crise de 2014 e 15”, afirmou.

Depois da grave crise hídrica de 2015 que afetou a população de São Paulo, os moradores do Distrito Federal (DF) também passaram pelo primeiro racionamento nos últimos 30 anos devido à falta de água nas principais bacias que abastecem a região. Por mais de um ano, os moradores da capital do país tiveram que se adaptar a um rodízio de dias sem água devido ao esgotamento dos reservatórios das principais bacias que abastecem a cidade.

Na área rural, o governo do DF decretou estado de emergência agrícola. Na época, foi estimado um prejuízo de R$ 116 milhões com a redução de 70% na produção de milho, segundo estudo da Secretaria do Meio Ambiente do DF.
Berço de águas escassas

Os especialistas apontam que uma das principais causas para a crise hídrica é o uso inadequado do solo. No Centro-Oeste, por exemplo, estão concentradas as nascentes de rios importantes do país, devido a sua localização no Planalto Central. Conhecida como berço das águas, a região tem vegetação de Cerrado, bioma que ocupa mais de 20% do território e atualmente é um dos principais pontos de expansão da agropecuária, atividade que usa cerca de 70% da água consumida no país.

Como consequência do avanço da fronteira agrícola, o Cerrado já tem praticamente metade de sua área totalmente devastada. Os efeitos da ausência da vegetação nativa para proteger o solo já são percebidos principalmente na diminuição da vazão dos rios e na escassez de água para abastecimento urbano.



Os especialistas apontam que uma das principais causas para a crise hídrica é o uso inadequado do solo – Arquivo/Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil


Segundo a coordenadora do programa Cerrado e Caatinga do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Isabel Figueiredo, que integra a Rede Cerrado, o desmatamento acelerado está impactando tanto a frequência de chuvas, que vem diminuindo nos últimos cinco anos na região, quanto na capacidade do solo de absorver e armazenar a água no subsolo e devolvê-la para os rios.

“A mudança do uso da terra tem alterado demais o ciclo da água e faz com que a gente tenha menos água nos rios, os rios muito assoreados e menor disponibilidade de chuva. Então, o ciclo da água está num pequeno colapso”, afirmou Isabel.

Projeções do Painel Brasileiro de Mudança Climática (PBMC) apontam que nas próximas três décadas o bioma do Cerrado poderá ter aumento de 1°C na temperatura superficial com diminuição percentual entre 10% a 20% da chuva.

“A contribuição do Cerrado para as bacias hidrográficas importantes do Brasil, como São Francisco, Tocantins, por exemplo, vai diminuir muito, se esse processo de desmatamento continuar nesse nível”, completou.

A especialista lembra ainda que o desmatamento do Cerrado não afeta somente as comunidades locais, que já relatam dificuldades para plantar, mas também outras regiões. “Os biomas e ecossistemas brasileiros estão todos interligados. O desmatamento do Cerrado afeta a chuva que cai em São Paulo, o desmatamento na Amazônia afeta a chuva que cai aqui no Cerrado”, explica.
Outros desafios

O desafio de garantir o funcionamento do ciclo hidrológico natural também tem impacto na manutenção dos aquíferos subterrâneos. Os pesquisadores lamentam que o assunto não tenha destaque no debate público e na agenda eleitoral e alertam que, para evitar a próxima crise, é necessário criar um modelo de gestão das águas subterrâneas.

Outro problema que leva à escassez de água é a estrutura precária de saneamento. Considerando as metas estabelecidas pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Nações Unidas, do qual o Brasil é signatário, uma das principais preocupações com relação à água é garantir a universalização do saneamento.

Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), mais de 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água tratada no Brasil e o sistema de abastecimento de água potável gera 37% de perdas, em média. A falta de tratamento do esgoto compromete mais de 110 mil quilômetros dos rios brasileiros que recebem os dejetos.

A agência estima que, para regularizar a situação, seriam necessários pelo menos R$ 150 bilhões de investimentos em coleta e tratamento de esgotos até 2035.

“Um objetivo absolutamente fundamental, mas que vai exigir um nível de investimento, comprometimento de agentes públicos e desenvolvimento de tecnologias – e não estamos vendo energia sendo colocada pra atingir isso. E não adianta você investir em saneamento e ter de buscar água cada vez mais longe, por causa do desmatamento”, criticou Novaes.
Um problema de percepção

Doutor em ecologia e autor de vários livros sobre educação ambiental, Genebaldo Freire destaca que todos estes problemas só serão resolvidos quando os governos e sociedade mudarem sua percepção sobre a importância dos recursos naturais para a sobrevivência humana.

“Nós estamos vivendo uma falha de percepção e temos algumas evidências objetivas que comprovam isso: nós dependemos de água pra tudo e qual é o nosso comportamento? Desperdício, consumismo, poluição e desmatamento, e isso tudo numa pressa danada, com uma população que cresce em 75 milhões de pessoas a cada ano no mundo”, constata.

Segundo o professor, não há lugar seguro no planeta e, além da falta de percepção, há uma absoluta falta de governança na gestão da água. O escritor também critica a indiferença e incapacidade da classe política em lidar com o tema da educação ambiental.

“A história dos problemas ambientais passa por essa falha de percepção por várias razões: conveniência, ignorância ou apatia. Todo o processo de educação ambiental hoje tem de estar obrigatoriamente centrado na ampliação da percepção, senão não vai mudar coisa alguma”, avalia Freire.

O professor ressalta que vários colapsos já estão ocorrendo devido à grande pressão da população mundial de sete bilhões de pessoas sobre os sistemas naturais, que estão assumindo “configurações diferentes das que nós estamos acostumados para neutralizar nossas ações”.

Para evitar o agravamento da situação, é necessária uma evolução do ponto de visto ético e moral e não somente científico e tecnológico. “A mudança do clima é a maior falha de mercado da espécie humana, porque é algo em que a inteligência estratégica de sobrevivência do ser humano não funcionou e continua errando de forma insistente. E qual a consequência disso? E você ter o crescimento de conflitos que já estão estabelecidos, como disputa por água, energia e espaço, aumento de refugiados”, comenta.

Por Débora Brito – Repórter da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/10/2018




Autor: Débora Brito
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 26/10/2018
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2018/10/26/a-agua-no-brasil-e-o-mito-da-abundancia/

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Entenda como o ciclo menstrual afeta positivamente o cérebro das mulheres


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Algumas mulheres se sentem mais ansiosas no entorno do período menstrual - mas outros efeitos do ciclos são mais positivos

No começo, havia a "histeria". Dos médicos mágicos do Egito Antigo aos filósofos barbudos da Grécia Clássica, homens refletiram por milênios sobre essa condição. Os sinais reveladores eram extremamente amplos, incluindo ansiedade e fantasias eróticas, mas uma coisa era clara: só acontecia com as mulheres.

Platão acreditava que a histeria era causada pelo ventre de luto, que ficava triste quando não estava carregando um bebê. Seus contemporâneos disseram que isso surgia quando o órgão perambulava e, assim, acabava ficando preso em diferentes partes do corpo. Esta última crença persistiu até o século 19, quando o transtorno foi notoriamente tratado ao levar as mulheres ao orgasmo com os primeiros vibradores.

Até hoje, a noção de que a biologia feminina pode confundir seu cérebro é uma marca da cultura popular. Se a mulher está mal-humorada, perguntam-lhe se está na TPM; se está excitada sexualmente, dizem-lhe que deve estar ovulando.

Isso até tem fundamento - algumas mulheres realmente se sentem mais ansiosas e irritáveis durante o período menstrual, e é verdade que ficamos mais motivadas ao sexo quando o óvulo é liberado. (Mas claro, isso não quer dizer que os sintomas possam sempre, ou normalmente, ser explicados dessa maneira; é importante lembrar que a tendência de atribuir queixas de mulheres a condições como "histeria" pode ter consequências perigosas).
Impacto positivo

Mas o que não é muito conhecido é que o ciclo menstrual pode afetar o cérebro da mulher também de maneiras positivas.


Certas habilidades, como a noção espacial, melhoram logo depois da menstruação. Três semanas depois, elas estão significativamente melhores na comunicação - e, estranhamente, com mais capacidade de dizer aos outros que sentem medo. Por fim, durante parte do ciclo menstrual, o cérebro delas está inclusive maior. O que está acontecendo?

Em vez de úteros desgarrados, a principal fonte dessas mudanças são os ovários, que liberam estrogênio e progesterona em diferentes quantidades ao longo do mês. Os hormônios têm principalmente a função de engrossar a parede do útero e decidir quando liberar o óvulo. Eles também têm efeitos profundos no cérebro e no comportamento da mulher.


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Há variação hormonal sazonal no homem e mensal na mulher

Cientistas têm estudado o ciclo menstrual desde 1930. É um tema de pesquisa surpreendentemente popular. E agora sabemos que ele provoca vários efeitos peculiares, desde influenciar a capacidade de uma mulher de deixar de fumar até os tipos de sonhos que ela tem a cada noite.

Mas essa montanha de conhecimento não nasceu de um fascínio pela biologia feminina. Em vez disso, foi estimulado por um desejo de entender as formas nas quais homens e mulheres são diferentes - e os porquês.

Um exemplo dessa diferença está no cérebro. As diferenças físicas entre os sexos se estendem até esses órgãos enrugados, e cientistas suspeitaram por anos que isso ocorre por conta dos hormônios. "Nós basicamente saltamos sobre essas flutuações naturais de hormônios sexuais", diz Markus Hausmann, neurocientista da Universidade de Durham, no Reino Unido. "Essas variações podem surgir do ciclo menstrual nas mulheres, ou das flutuações sazonais nos níveis de testosterona nos homens. É uma experiência natural completa."
Habilidades sociais

Uma forma na qual mulheres diferem é que elas têm habilidades sociais mais desenvolvidas. Têm mais empatia e teoria da mente - a compreensão de que outros humanos devem ter perspectivas diferentes da nossa. Elas têm melhores habilidades de comunicação. Acredita-se que isso é parte da razão pela qual meninos têm quatro vezes mais chances de serem diagnosticados com autismo; as meninas são melhores em distinguir seus sintomas.

"As mulheres falam antes que os homens, elas são mais fluentes verbalmente, são até melhores em ortografia que homens", diz Pauline Maki, psicóloga da Universidade de Illinois, em Chicago.


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A mulher tem melhores habilidades verbais que homens, talvez um resultado evolutivo por precisar transmitir informações para seus filhos

Acredita-se que essa vantagem social evoluiu porque, há milhares de anos, mães articuladas eram melhores em transmitir informações vitais às crianças - tais como não comer certas plantas venenosas.

Mas há hormônios envolvidos? E se sim, quanto?
Equilíbrio hormonal

Em 2012, junto a colegas do Centro de Pesquisa de Gerontologia de Baltimore, Maki começou a investigar como a flutuação dos níveis de estrogênio afeta as habilidades das mulheres ao longo do ciclo menstrual. Cada participante foi avaliada duas vezes: uma logo após a menstruação, quando os níveis de estrogênio e progesterona estavam baixos, e outra uma semana após a ovulação, quando esses níveis estavam altos.

Era um estudo pequeno, envolvendo 16 mulheres que tiveram que completar uma séries de testes mentais. Mas os achados são impressionantes.

Durante os dias em que as participantes tinham mais hormônios femininos no organismo, elas ficavam piores em itens nos quais homens costumam ser bons (como senso espacial) e muito melhores em características que tendem ser mais pronunciadas em mulheres (como a habilidade de usar novas palavras). Quando os níveis de hormônios estavam baixos, o senso espacial era recuperado.


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Após a menstruação, mulheres melhoravam a noção de espaço - característica que homens tendem a performar melhor

Uma habilidade que melhorou quando a concentração de hormônios femininos era maior foi a "memória implícita", que Maki descreve como uma memória inconsciente e sem esforço. Ela dá um exemplo usando palavras com grafias e pronúncias similares em inglês: fare (tarifa) e fair (justo). Maki questiona: "se eu perguntasse qual foi sua última tarifa (fare) no Uber, foi menor ou maior que a tarifa do Lyft?" e depois perguntasse "como se soletra tarifa (fare)"? As pessoas provavelmente soletrariam tarifa (fare) em vez de justo (fair) porque em algum lugar no cérebro essa palavra foi codificada.

Essas memórias implícitas são importantes para o desenvolvimento das habilidades de comunicação. Elas são a razão por que usamos palavras desconhecidas ou expressões como "ele é tão obstinado", depois de ouvir alguém usá-las ou lê-las em algum artigo.


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Image captionQuando as participantes tinham mais hormônios femininos, elas eram melhores em criar novas palavras

Como resultado, Maki pensa que essas mudanças mensais foram estimuladas principalmente pelo estrogênio.

O hormônio afeta duas regiões vizinhas do cérebro. A primeira é o hipocampo, responsável por guardar as memórias. Evidências vêm mostrando que essa região é vital para as habilidades sociais, já que lembrar suas próprias experiências pode ajudar a entender as motivações dos outros. A região fica maior a cada mês quando mais hormônios femininos estão fluindo.

A segunda é a amígdala, que ajuda a processar emoções, especialmente o medo e a decisão de "lutar ou correr". O que intriga é que a amígdala também é crucial para evitar deslizes sociais, porque entender por que a pessoa tem medo - e decidir se deveríamos tê-lo também - requer que olhemos o mundo a partir de sua perspectiva. Quando se tem essa habilidade, é possível usá-la em sua vantagem de outras formas, como fazendo julgamentos morais e contando mentiras.


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Independente do motivo de sua ocorrência, a transformação mensal do cérebro das mulheres poderia ser uma vantagem

A habilidade das mulheres de reconhecer medo aumenta juntamente aos níveis de estrogênio. Se o hormônio é responsável por essa percepção, ele também pode ajudar a explicar por que as mulheres tendem a ter melhores habilidades sociais em geral. A hipótese se apoia no fato de que mulheres com baixa produção de estrogênio não são boas em reconhecer o medo e tendem a ter poucas habilidades sociais.

Maki acha que a maior parte dos efeitos dos ciclos menstruais têm sobre nossas mentes são um simples acidente. Por anos, pesquisadores pensaram que mudanças mensais têm uma vantagem evolutiva, como as descobertas amplamente divulgadas de que mulheres preferem homens mais simétricos e masculinos quando estão em seu período mais fértil. Mas isso não é exatamente verdade - vários estudos de larga escala não conseguiram comprovar essa relação.
Poder do cérebro

Mas independente do motivo de sua ocorrência, a transformação mensal do cérebro das mulheres poderia ser uma vantagem.

A razão está em outra grande diferença entre cérebros masculino e feminino. O último tende a ser menos "lateralizado" - em vez de usar um lado do cérebro para completar uma tarefa, como resolver um problema de matemática, mulheres são mais propensas a usar ambos.

Essas divisões de direita-esquerda são relativamente estáveis. "Mais pessoas mostram um efeito lateralizado quando se trata das mãos", diz Hausmann. "Então, por exemplo, eu sou destro. Isso nos diz sobre onde a linguagem está localizada em meu cérebro. Mais destros têm a linguagem localizada no lado esquerdo do cérebro do que os canhotos". Essa especialização parece ser útil, já que a maioria das espécies - de peixes pulmonados (como uma enguia) a lagartos - têm cérebros desenvolvidos dessa forma.


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Mulheres são mais propensas a usar ambos os lados do cérebro, o que estimula a flexibilidade de pensamento

A razão pela qual os cérebros das mulheres são assim é um grande mistério. Mas isso também oscila. Em 2002, Hausmann descobriu que - assim como outros traços "femininos" - a tendência da mulher de usar ambos os lados do cérebro se torna mais evidente quando os níveis de estrogênio e progesterona aumentam a cada mês. Uma vantagem possível é que esses turnos permitem mais flexibilidade de pensamento.

"Quando pessoas têm um padrão diferente em seus cérebros ao longo do mês, com eles se tornando mais ou menos lateralizados, isso pode levar a diferentes estratégias de como resolver um problema específico", diz Hausmann. "Então as pessoas que dependem mais do lado esquerdo podem solucionar problemas de uma maneira mais lógica, e as pessoas que usam mais o hemisfério direito devem se apoiar mais em processos holísticos quando tentam resolver uma tarefa".

A próxima vez que alguém perguntar se você está na TPM, você pode dizer que sim - mas isso não é necessariamente uma coisa ruim.




Autor: BBC News Brasil
Fonte: BBC News Brasil
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 13/10/2018
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-45766720