sexta-feira, 29 de julho de 2022

O que se sabe sobre primeira morte por varíola dos macacos no Brasil



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Partícula do vírus da varíola dos macacos; OMS detectou cerca de 80 casos em 12 países

O Ministério da Saúde confirmou na manhã desta sexta-feira (29/7) a primeira morte por varíola dos macacos no Brasil. De acordo com a pasta, a vítima é um homem de 41 anos que morava na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais.

O paciente, segundo o Ministério da Saúde, tinha "imunidade baixa e comorbidades, incluindo câncer (linfoma), que o levaram ao agravamento do quadro". Ele foi "hospitalizado em hospital público em Belo Horizonte, sendo depois direcionado ao CTI. A causa de óbito foi choque séptico, agravada pelo Monkeypox (varíola dos macacos)", segundo uma nota enviada à imprensa.

Essa é a primeira morte pela doença registrada fora da África.

A varíola dos macacos foi confirmada, até o momento, em mais de 16 mil pacientes espalhados por 74 países.

No dia 23 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a doença como uma emergência global de saúde. Outras enfermidades que ganharam o mesmo status nos últimos anos foram covid-19, zika e ebola.

No Brasil, foram detectados mais de 900 casos até o momento. Os dados foram compilados pelo Our World In Data. e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

A varíola dos macacos é uma infecção causada por um vírus que geralmente se manifesta de forma leve — os principais sintomas são febre, dor e o aparecimento de lesões e feridas em algumas partes específicas do corpo.

O que é a varíola dos macacos?

Trata-se de doença causada pelo vírus monkeypox, que pertence à mesma família do vírus da varíola humana.

Os casos dessa infecção eram relativamente comuns na África Central e na África Ocidental, especialmente em regiões com florestas tropicais. Mais recentemente, o número de casos parece ter aumentado também em áreas urbanas.

Apesar do nome, os principais hospedeiros desse vírus na natureza são roedores. Mas primatas não humanos também são afetados por esse tipo de varíola.



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A varíola dos macacos causa coceira dolorida, que provoca lesões, mas a tendência é de que o quadro seja leve e acabe em poucas semanas

Como a varíola dos macacos é transmitida?

A varíola dos macacos é transmitida quando alguém tem contato próximo com as lesões de pele, as secreções respiratórias ou os objetos usados por uma pessoa que está infectada.

O vírus ainda pode ser passado de mãe para filho durante a gestação, através da placenta.

Até agora, o patógeno não foi descrito oficialmente como uma infecção sexualmente transmissível, mas a doença pode ser passada durante a relação sexual pela proximidade e o contato pele a pele entre as pessoas envolvidas.

Muitos dos casos registrados até o momento foram observados em homens que fazem sexo com outros homens. Isso levou, inclusive, a Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido a pedir que esses indivíduos prestem mais atenção a coceiras ou lesões de pele que lhes pareçam incomuns, especialmente na região anal e genital.

Eles foram orientados a contactar seus serviços locais de saúde no caso de algum sintoma ou preocupação. Mas autoridades ressaltam que qualquer pessoa, independentemente da orientação sexual, pode ser contaminada.

Animais infectados, como macacos, ratos e esquilos, também podem transmitir o vírus.

Quais são os sintomas da varíola dos macacos?

A OMS explica que o período de incubação (o tempo entre o vírus invadir as células e o aparecimento dos primeiros sintomas) costuma variar de 6 a 13 dias, mas pode chegar até a 21 dias.

A partir do início dos sintomas, a infecção pode ser dividida em dois momentos.

Primeiro, acontece o período de invasão, que dura até 5 dias. Neste momento, o paciente pode apresentar:
Febre;
Dor de cabeça forte;
Inchaço nos linfonodos (conhecido popularmente como "íngua");
Dor nas costas;
Dores musculares;
Falta de energia intensa.

Terminado o período de invasão, começa a segunda etapa, que é marcada por feridas na pele. Geralmente, essas marcas cutâneas surgem depois de 1 a 3 dias do início da febre.

As feridas costumam se concentrar no rosto, nas extremidades do corpo, como a palma das mãos e na sola dos pés, na mucosa da boca, na genitália e nos olhos.

Os médicos relatam que, no surto atual, as lesões têm sido mais frequentemente encontradas na região do ânus e dos genitais.

Elas surgem como feridas planas e, com o passar do tempo, formam pequenas bolhas com líquido dentro. Depois, ganham uma casquinha.

Mas o paciente pode ter apenas uma vermelhidão na pele que se assemelha a uma irritação.



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A coceira da varíola dos macacos passa por diferentes estágios até a formação de lesões de pele

O número de marcas cutâneas varia bastante: alguns pacientes apresentam poucas, enquanto outros chegam a ter milhares.

A varíola dos macacos pode ser grave?

Na maioria das vezes, a varíola dos macacos é um quadro autolimitado. Isso significa que, após duas a quatro semanas, os sintomas passam e a pessoa fica bem.

Os casos mais severos acontecem com mais frequência em crianças e têm a ver com a condição de saúde e uma grande exposição ao vírus.

As complicações também são mais comuns em pacientes com problemas no sistema imunológico.

Quadros graves estão relacionados ao surgimento de pneumonia, sepse, encefalite (inflamação do cérebro) e infecção ocular, que pode até levar à cegueira.

Historicamente, calcula-se que a taxa de mortalidade por varíola dos macacos varie entre 3 e 6% nos pacientes infectados. No surto atual, foram confirmadas até o momento 5 mortes.

Em linhas gerais, pessoas com mais de 40 ou 50 anos parecem estar mais protegidas. Isso acontece porque elas foram vacinadas contra a varíola no passado — sabe-se que esse imunizante também confere uma boa proteção contra o vírus monkeypox.




Qual é o tratamento?

O tratamento da varíola dos macacos envolve o suporte clínico e o alívio dos sintomas, como dor e febre.

Geralmente, os profissionais de saúde pedem muito cuidado com a alimentação e a hidratação, para que o organismo tenha boas condições de combater o vírus.

Quando o paciente sofre com infecções secundárias, também é possível usar medicamentos específicos para lidar com esses outros vírus, bactérias, fungos ou protozoários.

A OMS também destaca que existe um antiviral chamado tecovirimat, que foi desenvolvido especificamente para tratar a varíola dos macacos.

Ele já foi liberado pela Agência Europeia de Medicamentos, mas não está disponível de forma mais ampla.

Como a doença é diagnosticada?

Se o profissional de saúde suspeita que um paciente está com varíola dos macacos, ele pode indicar a realização de alguns testes.

Os exames laboratoriais, alguns deles já disponíveis no Brasil, analisam a amostra, geralmente colhida das lesões na pele, e detectam a presença do vírus.

Uma das técnicas utilizadas é a PCR, que ficou muito conhecida durante a pandemia de covid-19.

Tem como prevenir essa doença?

As vacinas são a principal forma de prevenção.

De acordo com a OMS, uma série de estudos observacionais descobriu que o imunizante que protege contra a varíola tem uma efetividade de 85% contra a varíola dos macacos.

Como o vírus causador da varíola foi completamente erradicado, o programa de vacinação contra essa doença foi paralisado a partir dos anos 1980.

Existe, porém, uma vacina mais recente contra a varíola dos macacos, feita a partir do vírus atenuado modificado em laboratório.

Usada num esquema de duas doses, ela está aprovada em alguns lugares desde 2019. A disponibilidade deste imunizante no momento é bem limitada.

Mas em alguns lugares, como o Reino Unido, a vacinação para conter a varíola do macacos já foi iniciada. Por ora, as doses só estão disponíveis neste país para três grupos: trabalhadores da área de saúde, indivíduos que tiveram contato próximo com alguém que foi diagnosticado com a doença e, por último, homens gays, bissexuais ou que fazem sexo com outros homens.

No Brasil, o Ministério da Saúde anunciou que está negociando a compra de vacinas contra a varíola. O Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz também estão estudando a possibilidade de fabricar doses no próprio país.

Além da vacina, outras formas de prevenção envolvem a vigilância e a identificação rápida de novos casos.

Indivíduos que foram diagnosticados com varíola dos macacos devem ficar em isolamento e evitar o contato próximo com outras pessoas até as feridas na pele desaparecerem por completo — isso diminui o risco de transmitir o vírus adiante e criar novas cadeias de transmissão na comunidade.




Autor: BBC
Fonte: BBC
Sítio Online da Publicação: BBC
Data: 29/07/2022
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62352878

Varíola dos macacos: qual o perfil dos infectados e como isso pode mudar com avanço da doença



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O monkeypox visto em microscópio eletrônico

Homens que fazem sexo com outros homens, gays e bissexuais com menos de 40 anos são os mais afetados pelo vírus monkeypox nos primeiros meses desde que os casos começaram a se espalhar pelo mundo.

Especialistas alertam que, no entanto, isso não significa que outros indivíduos estão livres da ameaça: conforme o vírus da varíola dos macacos se espalha mundo afora, a tendência é que ele infecte cada vez mais pessoas que não se encaixam nesse perfil inicial.

Nos Estados Unidos, por exemplo, já foram detectados os dois primeiros casos dessa infecção em bebês.

"É questão de semanas para começarmos a ver mais casos em outros grupos, como heterossexuais ou crianças", antevê o médico sanitarista Nésio Fernandes, presidente do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass).


"Essa é a evolução natural esperada para a doença", complementa.

O perfil atual dos mais afetados pelo monkeypox

Uma das principais pesquisas a avaliar essa questão foi publicada recentemente no periódico The New England Journal of Medicine.

Nela, especialistas da Universidade Queen Mary de Londres, em parceria com diversas outras instituições britânicas, avaliaram 528 casos de monkeypox que ocorreram entre abril e junho em 16 países diferentes.

Os números mostram que 98% dos pacientes se declararam gays, bissexuais ou homens que fazem sexo com outros homens. Três quartos deles se diziam brancos e 41% eram HIV positivo.

A idade média dos indivíduos avaliados era de 38 anos e 95% tinham a relação sexual como a principal suspeita de contato com o monkeypox.

A respeito dos sintomas, o estudo descobriu que 95% apresentaram irritação na pele (dois terços tinham menos de dez lesões).

Em 73% dos participantes, o local de aparecimento das feridas foi a região do ânus e dos genitais, enquanto 41% possuíam irritações na mucosa da boca.

Entre os sintomas gerais, 62% dos pacientes tiveram febre. Outros sinais comuns foram inchaços dos linfonodos ou "ínguas" (apareceu em 56% dos participantes), letargia (41%), dor muscular (31%) e dor de cabeça (27%).

A média de incubação, ou o tempo entre o contato com o vírus e o aparecimento dos sintomas, foi de sete dias. Mas alguns indivíduos demoraram de três a até 20 dias para ter as primeiras manifestações do monkeypox.

Informar sem estigmatizar

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil esclarecem que não faz sentido encarar apenas gays, bissexuais e homens que fazem sexo com outros homens como grupo de risco para essa condição.

"A concentração de casos nesses indivíduos é uma coisa do momento e toda doença tem uma dinâmica própria", aponta o médico Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.

"Já temos pelo menos de 70 a 80 crianças no mundo com diagnóstico de monkeypox, sendo que metade delas tem menos de quatro anos", calcula o especialista, que também é professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Vale lembrar aqui que a principal forma de transmissão do monkeypox é o contato direto com as feridas de alguém infectado. Por isso que a relação sexual, onde há fricção pele a pele, tem se mostrado como uma das fontes de contágio mais frequentes.

Mas esse vírus também pode ser passado por meio de gotículas de saliva ou através de objetos contaminados, como louças, toalhas e lençóis.



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Vacinação contra o monkeypox já está acontecendo em alguns países do Hemisfério Norte

Uma quarta maneira de pegar o monkeypox se dá pela proximidade com animais que carregam o patógeno — essa, aliás, é uma das principais formas de transmissão nas regiões da África onde o vírus é endêmico há décadas, especialmente em áreas silvestres.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve que esse modo de infecção pode ocorrer pelo contato direto com sangue, fluidos corporais e lesões cutâneas de animais infectados, como roedores e primatas.

Na avaliação da infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, todas essas formas de transmissão (especialmente o sexo, a saliva e os objetos contaminados, que espalharam a doença por vários países) significam que "mais cedo ou mais tarde, o monkeypox vai criar cadeias de transmissão em outros subgrupos".

"Não se trata de uma doença restrita apenas a um perfil ou outro", diz.

"E parece que estamos com tanto medo de estigmatizar alguns grupos que deixamos de oferecer a orientação adequada para aqueles que estão sob maior risco no momento", opina a médica.

Como proteger a si e aos outros

O primeiro passo é ficar atento aos sintomas e buscar a avaliação médica se eles aparecerem.

"Qualquer lesão que comece com um edema ou uma pequena vermelhidão e evolua para uma placa, tenha líquido, forme ferida e crostas, pode ser monkeypox", descreve Barbosa.

Essas manifestações pode aparecer no ânus, nos genitais, no rosto e nas mãos.

"Essa lesão também pode ser acne, herpes, herpes-zóster ou uma série de outras coisas. Mas, na dúvida, é importante procurar atendimento médico e fazer um teste", complementa.



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Alguns exemplos de lesões sugestivas de monkeypox

Caso o exame confirme a presença desse agente infeccioso mesmo, os profissionais de saúde recomendam fazer um isolamento e evitar o contato próximo com outras pessoas até que as feridas estejam completamente cicatrizadas (mesmo a casquinha delas ainda carrega vírus).

Ao limitar a interação, o paciente diminui o risco de transmitir o vírus adiante e evita a criação de novas cadeias de contágio na comunidade.

Na maioria das vezes, o quadro evolui bem e a pessoa se recupera depois de algumas semanas. O estudo britânico revelou que 13% dos pacientes acompanhados precisaram ficar no hospital, sendo que as principais razões de internação foram dor severa no ânus e no reto, infecções oportunistas e, mais raramente, faringite, lesões oculares, crise aguda renal e miocardite (um tipo de inflamação no coração).

Alguns países, como Reino Unido, Espanha e Estados Unidos, já iniciaram uma campanha de vacinação contra o monkeypox, mas ainda não há previsão de quando as primeiras doses devem chegar ao Brasil.

Por ora, ainda não está claro se a camisinha ajuda a proteger contra esse vírus — embora o uso de preservativos continue a ser primordial para impedir a transmissão de várias infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como HIV, sífilis, gonorreia e algumas hepatites.

Numa entrevista coletiva recente, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, também orientou que os grupos onde a doença é mais frequente no momento limitem temporariamente o número de parceiros sexuais.

"Para homens que fazem sexo com homens, isso significa fazer escolhas mais seguras para você e para os outros", declarou.

Andy Seale, conselheiro da OMS em HIV, hepatites e ISTs, disse esperar que essa orientação seja válida por um prazo curto. "Nossa esperança é que esse surto não dure muito."

De acordo com o portal Our World In Data, já foram diagnosticados 18,8 mil casos de monkeypox no mundo, 813 deles no Brasil.







Autor: André Biernath - @andre_biernath
Fonte: BBC News Brasil em Londres
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 28/07/2022
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/geral-62332626

A perigosa bactéria encontrada no Mississipi que deixou autoridades dos EUA em alerta



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Médicos estão em alerta para casos de infecção rara que pode ser grave e até mortal para algumas pessoas

Autoridades de saúde dos Estados Unidos relatam que encontraram um tipo raro, mas perigoso de bactéria em amostras de solo e água na região da Costa do Golfo do Mississippi.


Chamada Burkholderia pseudomallei, ela pode deixar algumas pessoas extremamente doentes se forem infectadas.

Os médicos estão agora em alerta para quaisquer possíveis casos.

A melioidose pode ocorrer em pessoas que têm doenças como diabetes e doença renal crônica. Ela normalmente causa sintomas como febre, dor nas articulações e dores de cabeça, bem como problemas pulmonares e infecções no sangue.

No entanto, a maioria das pessoas saudáveis ​​que entram em contato não desenvolve a doença grave chamada melioidose, que pode ser tratada com antibióticos.

Os Centros de Controle de Doenças dos EUA (CDC) estão aconselhando os residentes que possam estar em maior risco a tomar precauções:
Evitar contato com o solo ou água barrenta quando possível, principalmente após chuvas fortes, e proteger eventuais feridas abertas com roupas impermeáveis
Usar botas impermeáveis ​​ao praticar jardinagem ou trabalhos agrícolas
Usar luvas para proteger as mãos ao trabalhar diretamente com o solo


"Dado o número muito pequeno de casos de melioidose identificados historicamente nos Estados Unidos, o CDC acredita que o risco de melioidose para a população em geral continua sendo muito baixo", disse a agência.

Não está claro há quanto tempo está no meio ambiente e onde mais pode ser encontrado nos EUA.

Em todo o mundo, a maioria dos casos ocorre em pessoas que vivem ou viajaram para áreas onde a bactéria ocorre naturalmente, como partes do sul e sudeste da Ásia e norte da Austrália.

Casos de melioidose também foram associados a produtos comerciais contaminados importados de países endêmicos. Isso aconteceu nos EUA em 2021, quando um conjunto de quatro casos em quatro estados foi vinculado a um spray de aromaterapia importado que estava contaminado.

As investigações do solo no Mississippi foram motivadas por dois casos de melioidose em pessoas que não se conhecem e que vivem na região nos últimos anos. A disseminação de pessoa para pessoa é extremamente rara.

Autoridades de saúde testaram amostras de solo e água dentro e ao redor das casas de ambos os pacientes. Três das amostras tiveram resultado positivo para a bactéria, sugerindo que o micro-organismo está presente na área desde pelo menos 2020.

Ceará, Brasil

A melioidose já foi identificada no Brasil. A primeira descrição de um caso autopsiado de melioidose no Ceará foi feita em 2003 e relata o caso de uma adolescente de 14 anos que era sadia até seis dias antes de morrer. Segundo os médicos, "após banho de açude, passou a apresentar febre, calafrios, cefaleia holocraniana (dores ou pressão que envolve toda a cabeça), vômitos pós-prandiais (aqueles que ocorrem após a alimentação), e, dois dias depois, tosse seca persistente e dor no abdome superior".

Depois, "evoluiu rapidamente com hipotensão, insuficiência respiratória e renal, acidose metabólica, choque séptico e óbito".

O relato aponta ainda que dois irmãos também morreram — o primeiro dois dias antes e o segundo dois dias depois, com quadros clínicos semelhantes, todos apresentando uma broncopneumonia grave com sepse (infecção generalizada).

Depois desse primeiro caso em 2003, na zona rural do Município de Tejuçuoca, Ceará, outros casos foram registrados, segundo o governo estadual.


Em uma nota técnica de 2017, as autoridades estaduais alertam que a melioidose simula outras doenças infecciosas e dizem que o diagnóstico e o tratamento devem ser precoces, uma vez que a doença tem letalidade elevada.






Autor: Michelle Roberts
Fonte: Editora de saúde da BBC
Sítio Online da Publicação: BBC
Data: 29/07/2022
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=139.7.6

Tatuís e Maria-Farinha como modelos para medir impacto provocado por seres humanos em praias

Pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) em parceria com cientistas do México, Itália, África do Sul e do Uruguai têm procurado estabelecer uma correlação entre causas e efeitos provocados por distúrbios humanos sobre animais que habitam praias.

Os efeitos das atividades humanas são cada vez mais evidentes nas praias, que experimentam intensa atividade turística e recreativa. O uso excessivo e a superexploração dos recursos naturais podem colapsar as características que atraem as pessoas para esses locais. É o chamado “paradoxo do turismo ambiental”.

O pesquisador Leonardo Lopes Costa, da Uenf e apoiado pela FAPERJ, explica que as praias estão entre os ativos naturais mais importantes para fins recreativos. Em virtude desse valioso potencial turístico e de recreação, as praias também sofrem e muito com os estressores humanos. Segundo ele, hoje sabe-se que as praias acabam sofrendo um triplo golpe: uso excessivo, urbanização e mudanças climáticas.

Costa conta que uma forma eficiente de estudar os estressores humanos em praias é a partir do monitoramento da vida costeira, incluindo animais que habitam as areias. Para determinar o impacto humano sobre as espécies costeiras, Leonardo e seus parceiros nacionais e estrangeiros têm estudado crustáceos como a maria-farinha, os tatuís, e outros.

Para medir esses estressores na ecologia das praias, Costa e pesquisadores da Universidade Autônoma do México e da Universidade Federal Fluminense resolveram, por exemplo, estudar mais a fundo as mudanças nas populações e no comportamento da maria-farinha. As análises focaram nas tocas desses caranguejos medidas em praias de todo o mundo. Os resultados deste estudo foram publicados, neste ano, na revista científica Hydrobiologia.


Coleta de sedimento para triagem de invertebrados bentônicos e posterior análise de microplasticos em seus tecidos (Foto: Divulgação/Uenf)

Foram estudados o diâmetro da abertura de tocas de 78 praias globalmente e mais de 1.100 caranguejos coletados em praias brasileiras e mexicanas. Costa e a equipe perceberam que as praias com alta perturbação humana têm tocas com diâmetros menores.

"Quanto maior o número de estressores agindo nas praias, maiores são os efeitos negativos no diâmetro da toca. A condição corporal dos caranguejos fantasmas foi menor nas praias com alta perturbação no Brasil e no Caribe Mexicano. Este resultado desafia a hipótese, até então bem aceita, de que a maria-farinha é menor em praias perturbadas simplesmente porque os indivíduos morrem antes de atingir a idade adulta. Na verdade, os animais são menores nas praias perturbadas porque comem menos e investem menos no crescimento, já que gastam quase toda a sua energia para sobreviver", afirma Leonardo.

Outro trabalho publicado por Leonardo e colaboradores do Brasil, Uruguai, África do Sul e Itália demonstrou que a resposta desses crustáceos e de outras espécies aos impactos humanos depende do tipo de praia. Nas praias naturalmente mais severas, com ondas mais fortes, certos animais sofrem mais com o pisoteio, perda de habitat e tráfego de veículos na areia. Os autores acreditam na hipótese da severidade acumulada para explicar esse padrão.

"Um dos maiores desafios agora para os cientistas e gestores de praia é compreender as reais causas e consequências da perda da biodiversidade das praias para agir com medidas de mitigação realmente eficazes. Assim, evita-se a extinção de muitas espécies e a perda da qualidade dos ecossistemas costeiros", disse Leonardo.





Autor: Claudia Jurberg
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 28/07/2022
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=155.7.5

Pesquisa conduzida na Uerj investiga os processos inflamatórios nas doenças crônicas

Com uma longa história em estudos sobre inflamação, o Laboratório de Farmacologia Celular e Molecular do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Ibrag/Uerj) vem se dedicando a investigar processos celulares e moleculares envolvidos na resposta inflamatória frente às doenças crônicas. O projeto “Alvos Moleculares e Terapêuticos no Microambiente Inflamatório em Doenças Crônicas”, coordenado pela pesquisadora Thereza Christina Barja Fidalgo, bolsista de produtividade 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e que conta com bolsa Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, é o mais recente estudo liderado pela farmacêutica-bioquímica no laboratório. A pesquisa parte do princípio de que a homeostase, palavra derivada dos termos gregos homeo (similar) e stasis (estático), que significa a condição de estabilidade para que o organismo realize suas funções adequadamente para o equilíbrio do corpo, depende da interação entre as respostas imune e metabólica. E é justamente seu desequilíbrio que leva ao surgimento de doenças, como o câncer, as cardiovasculares e a obesidade.

De acordo com Thereza Christina, que coordena o grupo de pesquisa em Farmacologia Celular e Molecular da Uerj, essas doenças crônico-degenerativas têm em comum, como importante fator fisiopatológico, a presença de um microambiente inflamatório. Por isso, a compreensão dos processos celulares envolvidos, das moléculas chaves e de seus mecanismos de ação podem levar à descoberta de novos alvos moleculares para sua prevenção e tratamento. Sua equipe se dedica a estudar o papel de elementos que compõem esse microambiente, como as células imunes, a matriz extracelular, vesículas extracelulares (VEs) e mediadores solúveis, além das alterações funcionais e do metabolismo celular sobre o desenvolvimento dessas doenças, visando identificar potenciais alvos farmacológicos para o tratamento do câncer, da obesidade e da aterosclerose.

Professora do Departamento de Biologia Celular da Uerj, ela esclarece que atualmente o conceito de inflamação se expandiu para além da sua associação a condições patológicas, e inclui o que é chamado de processo inflamatório “fisiológico”, como a que ocorre para a implantação do óvulo fecundado no útero, por exemplo. Neste caso, é criado um processo inflamatório controlado e capaz de se auto resolver, que facilitará a interação entre o embrião e o epitélio uterino, permitindo que a gravidez possa prosseguir. Contudo, a não-resolução de uma resposta inflamatória, que tenha como objetivo inicial a adaptação do organismo a um estímulo não fisiológico, juntamente com sua persistência, pode anteceder o estabelecimento de doenças crônico-degenerativas, como o câncer e a obesidade.
 

Thereza Christina: A inflamação é uma resposta do organismo para se ‘defender’ de algum evento diferente do normal e que exige uma resposta resolutiva e, de preferência, regenerativa

Thereza Christina explica que são características da inflamação a presença de células da resposta imune do organismo, que migram para o local inflamado; a produção de mediadores inflamatórios, como as citocinas, que estiveram em evidência durante a pandemia da Covid-19, e outros mediadores químicos produzidos pelo organismo, em condições fisiológica ou patológica. “A inflamação é uma resposta do organismo para se ‘defender’ de algum evento diferente do normal e que exige uma resposta resolutiva e, de preferência, regenerativa. Nas doenças crônicas, a inflamação pode perdurar, pois o organismo não consegue combatê-la, seja porque está sendo ‘enganado’, como no caso do câncer, ou devido a um estímulo permanente, como na obesidade”, explica.

Segundo a pesquisadora, na obesidade, condição do indivíduo que possui Índice de Massa Corporal (razão entre o peso e o quadrado da altura) acima de 30, o acúmulo de gordura nas células do tecido adiposo leva à produção de uma resposta inflamatória sistêmica de baixo grau, persistente, que contribui para as graves alterações metabólicas, características da obesidade, doença que hoje acomete 20% da população adulta brasileira. No câncer, há uma resposta diferente, onde as células tumorais, através de mediadores liberados local e sistemicamente, conseguem “educar” as células do sistema imune, que passam a responder de forma pró-tumoral. Suas pesquisas buscam justamente estudar as células inflamatórias que estão presentes nesse microambiente obeso ou tumoral. “Porque se soubermos como essas doenças se mantêm ativas devido à presença de elementos pró-inflamatórios, podemos tentar interferir terapeuticamente”, justifica Thereza.

De acordo com a pesquisadora, uma parceria entre o Laboratório de Farmacologia Celular e Molecular e os cirurgiões bariátricos do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe/Uerj) contribui para o desenvolvimento de um dos modelos que vêm sendo estudados na obesidade. Os médicos, com autorização dos pacientes, fornecem uma pequena amostra do tecido adiposo retirado durante a cirurgia para que os pesquisadores possam identificar os elementos contidos nesse tecido e como eles respondem a alguns estímulos. No caso do câncer, há modelos in vitro, no qual são estudadas as células do sistema imune, as células brancas do sangue (que migram para o local do tumor) para verificação do seu comportamento. “Nós mimetizamos in vitro o que pode ocorrer in vivo, ou seja, como ocorre o contato da célula tumoral com as células do sistema imune; o que cada uma delas pode produzir/liberar; quais as alterações das funções dessas células e como podemos modificar essa resposta”, esclarece.

Com base em estudos anteriores, a equipe procura caracterizar e isolar as vesículas extracelulares liberadas pelo tecido adiposo de indivíduos obesos. Essas microvesículas transportam componentes das células-mães (que as liberam) e, através da circulação sanguínea, podem “entregá-los” em outros locais do organismo, atuando como um eficiente meio de comunicação entre as células. Quando as células do sistema imune recebem alguns dos componentes dessas microvesículas, ocorrem mudanças no seu perfil funcional, tornando-as mais ativas para migrar para o tecido adiposo obeso, aumentando o quadro inflamatório local. “Como sabemos que a obesidade é um fator favorável ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o de mama, por exemplo, procuramos saber como essas microvesículas liberadas do tecido adiposo do indivíduo obeso podem interferir na célula do câncer de mama. In vitro, já observamos que uma célula tumoral de câncer de mama, ao receber moléculas contidas nessas microvesículas se tornam mais migratórias, aumentando sua capacidade de produzir metástases e aumentar sua malignidade, por exemplo”, relata Thereza.

Outra linha de pesquisa em curso busca investigar o quanto as microvesículas liberadas pelo tecido adiposo obeso podem interferir no remodelamento ósseo, ou seja, no processo natural e contínuo de restauração do osso envelhecido e/ou danificado por um tecido novo. Nesse caso, também é verificado se o microambiente inflamatório decorrente da obesidade interfere no processo.

Thereza Christina diz que, em colaboração com a nutricionista Simone Vargas, que também integra o Departamento de Biologia Celular da Universidade, vem desenvolvendo modelos de obesidade em animais. Na pesquisa, é oferecida aos animais uma alimentação muito rica em lipídios, que os torna obesos, suplementada, ou não, com óleo de sementes de chia (Salvia hispânica), planta nativa do centro e sul do México, muito cultivada nos altiplanos andinos e cujas sementes são ricas em ômega-3. “Observamos que essa suplementação, mesmo conjugada a dieta obesa, melhora o quadro metabólico do animal, que embora não emagreça, experimenta uma impressionante melhora metabólica, como a maior sensibilidade à insulina, o que é favorável para o obeso”, explica a pesquisadora.
 

A pesquisadora acredita que o fato ter permanecido na Uerj, mesmo quando a Universidade ainda não tinha grande tradição em pesquisa, foi um diferencial que reverteu em um ganho profissional

Segundo Thereza, este e outros estudos só foram possíveis devido à interação com pesquisadoras do Instituto de Nutrição da Uerj, nos quais também foi evidenciado que a suplementação com o óleo de chia aos animais obesos modificou as características e a morfologia do tecido adiposo subcutâneo, que assumiu atributos de tecido adiposo marrom (mais saudável). As colaborações também incluem ex-alunos, hoje pesquisadores em outras instituições como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal Fluminense (UFF), no estudo das interferências das microvesículas de células tumorais em demais células do sistema imune, considerando a inflamação como um componente dessas doenças crônicas.

“Nosso objetivo principal é estudar esses processos e suas interações para o desenvolvimento de alvos terapêuticos”, ressalta a pesquisadora, que este ano também passou a compor o quadro da Academia Brasileira de Ciências (ABC). “A entrada na ABC foi uma grande honra, ainda mais sabendo que na Uerj somos três mulheres ocupando cadeiras na Academia”.

Em sua opinião, o novo perfil do quadro de docentes pesquisadores da área Biomédica na Uerj, que procuram uma maior interação entre a pesquisa científica básica e a clínica, com destaque para a maior facilidade de acesso às atividades no Hospital Pedro Ernesto, está possibilitando um maior desenvolvimento da pesquisa translacional ética e de qualidade na universidade.

De acordo com ela, a FAPERJ tem tido um papel fundamental, favorecendo a colaboração intra e interinstitucional, o que é essencial para incrementar e dar maior visibilidade à pesquisa científica no Estado do Rio de Janeiro. Ao fazer um balanço de sua carreira, Thereza Christina acredita que sua descendência, ou seja, o destino dos alunos que formou, pode revelar a sua contribuição à Uerj. “Nada é mais importante na carreira de um cientista do que a oportunidade de oferecer uma boa formação científica aos seus alunos. Hoje, vejo que a opção que fiz em permanecer na Uerj, mesmo quando ela não tinha uma grande tradição em pesquisa, foi um diferencial que reverteu em um ganho profissional. Talvez, numa instituição que tivesse uma maior tradição em pesquisa acadêmico-científica, eu não tivesse tanta liberdade para investir nisso”, finaliza.




Autor: Paula Guatimosim
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 28/07/2022
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=148.7.7

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Revista PEBMED – Emergências Pediátricas está disponível para download gratuito

Já está disponível para download gratuito a Revista PEBMED – Emergências Pediátricas! Com o foco em emergências da pediatria, a oitava edição da revista faz uma revisão dos temas mais relevantes do plantão. O material pode ser acessado pelos usuários logados do Portal PEBMED.

De acordo com o editorial, assinado pela editora da revista e do Portal PEBMED, a pediatra Roberta Castro, as crianças têm necessidades médicas únicas se comparadas aos adultos. Vão desde as diferenças anatômicas, fisiológicas e de desenvolvimento cognitivo até as diferenças emocionais. Nesse sentido, o editorial faz um convite ao médico para lançar um olhar único aos pacientes infantis, tanto na Clínica Médica quanto em outras especialidades.



Nesta edição da Revista PEBMED – Emergências Pediátricas, os artigos abordam temas como: anafilaxias e arritmias (temidas por quem não é cardiologista) e asma e bronquiolite (que voltam a lotar os prontos-socorros de todo o país durante o inverno). Além disso, o leitor vai encontrar textos sobre cetoacidose diabética, febre de origem indeterminada, pneumonia, síndrome inflamatória multissistêmica e traumatismo cranioencefálico.

Ainda de acordo com Castro, apesar de todo o avanço da Ciência, há muitos locais sem recursos adequados e profissionais sem as habilidades necessárias para conduzir um atendimento pediátrico de excelência. “As dificuldades vão muito além e englobam também horas de trabalho extenuantes e famílias de diferentes comportamentos, com as quais precisamos saber lidar com profissionalismo e empatia”, comenta a pediatra.

Acompanhe a live da lançamento da revista: hoje, às 19 horas, pelo Youtube da PEBMED. Também haverá transmissão aqui pelo Portal PEBMED. Clique aqui para acessar a live!






Autor: pebmed
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 28/07/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/revista-pebmed-emergencias-pediatricas-esta-disponivel-para-download-gratuito/

'Não toque nem coma': o alerta das autoridades nos EUA sobre perigoso caramujo gigante



CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,

Caramujos-gigantes-africanos podem se alimentar de 500 plantas diferentes

Os caramujos-gigantes-africanos podem parecer animais lentos e inofensivos, ou até mesmo apetitosos para alguns. Mas, na verdade, são "um dos caracóis mais nocivos do mundo e um risco potencial para a saúde humana", de acordo com autoridades dos EUA que estão em busca dessas espécies invasoras.

"Eles são perigosos para a nossa saúde porque carregam parasitas (Angiostrongylus cantonensis) que causam meningite em humanos", diz a comissária de Agricultura da Flórida, Nikki Fried, em uma entrevista a jornalistas no início deste mês.


"Também consomem pelo menos 500 plantas diferentes, tornando-os uma clara ameaça aos nossos espaços agrícolas e naturais."

Cães farejadores especialmente treinados e pelo menos 30 funcionários estão vasculhando jardins na Flórida para erradicar essas espécies invasoras.

Desde que a ameaça foi detectada em junho, as autoridades já capturaram mais de 1,4 mil caracóis mortos e vivos no condado de Pasco, segundo a imprensa local.

Os caramujos-gigantes-africanos atingem tamanhos de até 20 centímetros e se reproduzem rapidamente.

"Um caramujo-gigante-africano pode colocar até 2 mil ovos por ano", disse à agência de notícias AFP , Jason Stanley, biólogo do Departamento de Agricultura da Flórida.

Ameaça para seres humanos

Mas os humanos também correm risco? Sim, dizem os especialistas.

Esses caracóis geralmente hospedam vermes pulmonares de ratos que, se ingeridos por humanos, podem chegar ao cérebro, causando meningite (infecção das membranas que recobrem o cérebro).



CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,

30 funcionários e dois cães farejadores estão à procura dos caramujos

"Normalmente, não afetam as pessoas. Mas se acidentalmente entrarem em seres humanos, esses parasitas podem se perder e acabar em lugares nos quais podem causar muitos danos, como dentro dos globos oculares ou mesmo no cérebro", diz William Kern, professor do Departamento de Entomologia e Nematologia da Universidade da Flórida (EUA).

Uma zona de quarentena foi estabelecida na cidade de New Port Richey: nenhuma planta pode ser removida da área para tentar impedir que os caracóis se espalhem ainda mais. Para prevenir a infecção, até cães farejadores foram treinados para não pegar os caracóis com a boca.



CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,

Cães farejadores foram treinados para não morder ou pegar os caracóis com a boca

Isso já aconteceu antes?

Sim.

A primeira invasão aconteceu na década de 1960. Foram necessários sete anos e um milhão de dólares para acabar com o problema. A segunda aconteceu em 2010. Dez anos depois, os caracóis foram erradicados, ao custo de estratosféricos US$ 23 milhões.

As autoridades só podem declarar a área livre de caramujos depois de dois anos sem novas detecções.

Na Europa, algumas pessoas têm esses caracóis como animais de estimação, mas nos EUA é ilegal mantê-los sem licença. Autoridades e especialistas suspeitam que a atual invasão aconteceu por causa de pessoas que negociam os caramujos como animais de estimação.

"É muito provável que eles possam ter sido trazidos por alguém como um animal de estimação. Os que encontramos no condado de Pasco têm pele branca em vez da cor cinza normal", explica Kern à BBC.



CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,

As pessoas não devem pegar ou comer os caramujos

Os caramujos têm sua origem nos países africanos do Quênia e da Tanzânia, mas agora são encontrados em muitos lugares do mundo, incluindo o sul e o sudeste da Ásia.

O Departamento de Agricultura dos EUA diz: "Esse molusco está agora estabelecido em muitas das ilhas do Caribe, grande parte da América do Sul e, mais recentemente, acabou introduzido na Costa Rica".

Não comestível

Autoridades na Flórida estão agora pedindo às pessoas que relatem qualquer presença desses caracóis.

"Se você vir um desses caracóis, não toque nele. Ligue para nós. Eles carregam doenças como meningite", diz a comissária Nikki Fried.

Ela também tem um aviso para aqueles que preferem degustá-los.

"O mais importante é não comê-los. Esse não é um caracol para ser frito na manteiga, óleo e alho."






Autor: bbc
Fonte: bbc
Sítio Online da Publicação: bbc
Data: 28/07/2022
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/geral-62330986

Quando a vacina contra a varíola dos macacos deve estar disponível no Brasil?



CRÉDITO,REUTERS
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Alguns países já começaram a vacinação contra a varíola dos macacos

A vacinação contra o vírus monkeypox, o causador da doença conhecida popularmente como varíola dos macacos, já está acontecendo em alguns países do Hemisfério Norte, como Reino Unido e Espanha.

Por ora, não existe nenhuma previsão certeira de quando as primeiras doses devem chegar ao Brasil — o Ministério da Saúde diz que mantém conversas com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), para adquirir o imunizante.

Existe uma expectativa de que o decreto de emergência de saúde pública de importância internacional, feito pela OMS em 23 de julho, possa agilizar as negociações ou os processos regulatórios e garantir a proteção a alguns grupos específicos.

Entenda a seguir que vacinas são utilizadas, quem são os primeiros a tomar as doses e como autoridades nacionais e internacionais estão trabalhando para ampliar a oferta do imunizante contra o monkeypox.

Que vacina é essa?

Há cerca de uma década, a farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic desenvolveu um imunizante a partir do vírus vaccinia, que pertence à mesma família do smallpox (o causador da varíola humana) e do monkeypox.

Nos Estados Unidos, ela é conhecida como Jynneos. Já na Europa, o nome deste produto é Imvanex.

A virologista Clarissa Damaso, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que os patógenos deste grupo (os orthopoxvirus) costumam conferir uma espécie de "proteção cruzada" — se você se infecta com um deles, o sistema imune gera uma resposta capaz de bloquear a invasão dos demais.

"Algumas cepas do vaccinia são pouco virulentas, o que as torna um alvo frequente de estudos para novas vacinas", diz a especialista.

O imunizante da Bavarian Nordic, que começou a ser utilizado há pouco para conter o monkeypox em algumas partes do mundo, se vale justamente dessa estratégia: ela traz o vírus vaccinia atenuado (mais "fraquinho"), que vai promover justamente essa imunidade cruzada.

"Trata-se de um vírus tão atenuado que ele nem consegue se replicar nas células humanas. Mesmo assim, ele gera uma resposta imune que protege contra o monkeypox", explica Damaso.

A Jynneos/Imvanex é aplicada num esquema de duas doses, com um intervalo de quatro semanas entre a primeira e a segunda.

Algumas autoridades locais estão optando por dar apenas uma dose por pessoa, dada a escassez desse imunizante no momento atual.

A própria Bavarian Nordic está ampliando sua capacidade produtiva e, segundo uma reportagem da agência de notícias financeiras Bloomberg no Reino Unido, está considerando iniciar uma operação emergencial, mantendo a fabricação por 24 horas ao dia, para atender o aumento da demanda por doses.

Além desta vacina, os Estados Unidos possuem uma segunda opção disponível, conhecida como ACAM2000. Ela, porém, não pode ser utilizada em alguns grupos com problemas no sistema imunológico.

Além desses dois recursos, há estudos demonstrando que pessoas vacinadas contra a varíola humana, causada pelo vírus smallpox, também estão mais protegidas do monkeypox.

Como o smallpox foi erradicado e não circula mais pelo mundo, a produção desses imunizantes em específico foi completamente paralisada e a campanha de vacinação não acontece desde o início dos anos 1980.

Mesmo assim, pessoas com mais de 40 anos que tomaram as doses contra a varíola humana durante a infância parecem manter um bom nível de proteção agora.

Que países já iniciaram a campanha e quais são os públicos-alvo?

Por ora, a vacinação contra o monkeypox começou apenas em partes da Europa e da América do Norte.

A União Europeia, por exemplo, fez um acordo com a Bavarian Nordic que prevê a entrega de 110 mil doses.

A distribuição delas ocorrerá de forma escalonada, de acordo com o número de casos registrados nos Estados-membros.

Os Estados Unidos já possuem um estoque de 800 mil unidades da Jynneos/Imvanex, de acordo com o jornal americano The New York Times.

Alguns locais, como Washington, Chicago e Nova York, iniciaram a campanha de vacinação por lá.



CRÉDITO,REUTERS
Legenda da foto,

Homens fazem fila na frente de centro de vacinação conra o monkeypox nos Estados Unidos

O Reino Unido, que também já oferece o imunizante, definiu três grupos como prioritários para receber as doses neste momento:
Profissionais de saúde que estão lidando com pacientes diagnosticados com monkeypox. Nesse caso, são oferecidas duas doses.
Gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens com alto risco de exposição ao vírus. O indivíduo deve conversar com o médico, que vai indicar a vacinação de acordo com alguns critérios. Nesse grupo, é aplicada apenas uma dose, com a possibilidade de dar uma segunda no futuro.
Pessoas que tiveram contato próximo com um paciente infectado com o monkeypox. Nessa situação, as clínicas também estão dando apenas uma dose, que deve ser aplicada o quanto antes (idealmente, em até quatro dias após o contato).


A médica Isabella Ballalai, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que dar prioridade a alguns grupos faz sentido.


"Vacinação é estratégia. Precisamos pensar primeiro nos grupos de maior risco, como aqueles em que o vírus circula com mais intensidade, os indivíduos estão mais expostos ao patógeno ou podem ter efeitos mais graves da doença", explica.

No caso dos imunizantes contra o monkeypox, a boa notícia é que eles bloqueiam a transmissão do vírus e impedem que a pessoa se infecte.

"E nós sabemos que a resposta imune gerada é muito duradoura", complementa Damaso.



CRÉDITO,REUTERS
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Vacina contra o monkeypox é dada em duas doses, com um intervalo de 28 dias entre elas

E o Brasil?

Por ora, não existe nenhuma previsão de quando as vacinas contra o monkeypox ficarão disponíveis no país.

Procurado pela BBC News Brasil, o Ministério da Saúde respondeu que "tem articulado com a Organização Pan-Americana de Saúde as tratativas para aquisição da vacina, de forma que o Programa Nacional de Imunizações possa definir a estratégia de vacinação".

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o médico David Uip, secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento do Estado de São Paulo, estimou que o imunizante deve demorar até nove meses para chegar aos brasileiros.

O especialista também acredita que o decreto de emergência em saúde pública feito pela OMS permitirá o aparecimento de "soluções, inclusive a readequação e a distribuição de vacinas, recursos e a compatibilidade de programas públicos entre os países".

O Instituto Butantan, também na capital paulista, criou um comitê para estudar a possibilidade de produzir vacinas contra o monkeypox em território nacional.

Do ponto de vista técnico, criar imunizantes contra o monkeypox não é algo tão complexo — a tecnologia que permite manipular vírus vivos atenuados é dominada por muitos laboratórios e farmacêuticas.

"Mesmo assim, o processo não é tão simples assim. É preciso ter fábrica e cumprir uma série de exigências regulatórias para garantir as condições de fabricar as doses", pontua Ballalai.

"Precisamos ter em mente que, se vier a vacina, ela não será para todo mundo. Precisamos proteger os grupos de maior risco primeiro", complementa a médica.

Enquanto a vacina não chega, a recomendação dos especialistas é ficar atento aos principais sintomas da doença, como o surgimento de feridas, manchas, irritações, pústulas ou espinhas na pele, especialmente na região dos genitais, do ânus, da face ou dos braços.

Caso esses sinais apareçam, vale procurar um médico para fazer o diagnóstico. Se os exames confirmarem a presença do monkeypox, a principal orientação é ficar em isolamento, com o mínimo de contato com outras pessoas, até que as feridas sumam completamente. Isso diminui a circulação do vírus e evita a criação de novas cadeias de transmissão na comunidade.

De acordo com a plataforma o portal Our World In Data, da Universidade de Oxford (Inglaterra), até o momento o mundo registra 18,8 mil casos de monkeypox em 78 países. Desses, 813 foram diagnosticados no Brasil.




Autor: André Biernath - @andre_biernath
Fonte: BBC News Brasil em Londres
Sítio Online da Publicação: BBC News
Data: 28/07/2022
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62317822

Combate ao HIV: por que redução nas infecções teve pior número desde 2016



CRÉDITO,YANNICK TYLLE/GETTY IMAGES

O número de novos casos de infecções por HIV mundialmente diminuiu apenas 3,6% entre 2020 e 2021, o menor declínio anual de novas infecções desde 2016.

Entre as regiões que viram aumentos nas infecções anuais pelo vírus estão América Latina, Europa Oriental e Ásia Central, Oriente Médio e Norte da África.

Os dados são do relatório "Em Perigo", lançado nesta quarta-feira (27/07) pela Unaids, órgão da ONU para o tema, que expõe falhas na resposta global ao HIV.

Com a pandemia da covid-19 e outras crises globais, nos últimos dois anos, o progresso contra o HIV enfraqueceu, os recursos destinados a contracepção, tratamento e conscientização diminuíram e, como resultado, milhões de vidas ficaram em risco.

"Esses dados mostram que a resposta global à Aids está em perigo. Se não estamos progredindo rapidamente, isto significa que estamos perdendo terreno, pois a pandemia de Aids acaba avançando em meio à covid-19, ao deslocamento de populações em massa e outras crises. Não podemos perder de vista os milhões de mortes evitáveis que estamos trabalhando para impedir que aconteçam", diz Winnie Byanyima, diretora-executiva do Unaids.

Pelo enfraquecimento no combate ao HIV, em 2021 houve aproximadamente 1,5 milhão de novas infecções em todo o mundo. Isto é mais de um milhão de infecções além das metas globais estabelecidas para o mesmo período.


Em média, a Aids tirou uma vida a cada minuto, resultando em 650 mil mortes pelo quadro, apesar do tratamento eficaz do HIV e das ferramentas para prevenir, detectar e tratar infecções oportunistas.



CRÉDITO,NITO100/GETTY IMAGES
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No Brasil, medicamentos de profilaxia pré-exposição e pós-exposição ao HIV estão disponíveis gratuitamente no SUS

Brasil é ponto fora da curva

Embora o relatório não mostre dados específicos da progressão de infecções no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, entre 2019 e 2020 (ano do último levantamento), houve uma queda de 20,7% (de 37.731 contra 29.917) nos casos de Aids notificados.

"O Brasil sempre foi considerado um exemplo na resposta ao HIV. O Programa de HIV e Aids [vinculado ao SUS] é uma política de Estado e seguiu atuante nos últimos dois anos em que a crise de saúde pública causada pela pandemia de covid-19 centralizou a atenção e muitos recursos. O país manteve sua capacidade de atenção à prevenção, diagnóstico e tratamento", afirma Claudia Velasquez, diretora e representante do Unaids no Brasil, à BBC News Brasil.

Durante a pandemia, o Brasil foi um dos países pioneiros a estender a distribuição de antirretrovirais para até seis meses para evitar riscos no recolhimento dos medicamentos e a consequente ruptura no tratamento, além de ter feito doação de medicamentos antirretrovirais para outros países em necessidade.

Mas o território nacional é extenso, e as realidades são diferentes a depender de cada estado e município. O fato de que exista uma oferta pública de serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV e Aids não significa que as pessoas efetivamente conseguirão acessar estes serviços.

Um exemplo disso é que 27% das pessoas vivendo com HIV no Brasil ainda não recebem o tratamento antirretroviral que pode salvar suas vidas.

"No Brasil, diferente do contexto global, a epidemia de Aids é mais concentrada em determinados grupos sociais, as populações-chave, especialmente homens que fazem sexo com outros homens e travestis e mulheres transsexuais. Além de sofrerem todo tipo de violência física e psicológica por conta da transfobia, no Brasil mulheres trans têm um risco 40 vezes maior de se infectar pelo HIV do que a média da população", diz Claudia Velasquez.

Diminuir a desigualdade dentro dos países, melhorando o acesso das populações mais marginalizadas e periféricas aos serviços, de acordo com o relatório do Unaids, é uma das principais formas de impedir a disseminação do vírus.

"As múltiplas desigualdades, potencializadas pela discriminação e pelo estigma, são efetivamente uma barreira de acesso aos serviços de HIV e Aids por parte das populações em situação de maior vulnerabilidade, que encontram dificuldades ou se veem impedidas de ter acesso aos serviços de HIV que podem lhes garantir uma vida saudável e produtiva."

"A crise econômica impacta mais fortemente as pessoas vivendo em situação de pobreza extrema ou miséria. Muitas vezes elas se veem forçadas a tomar decisões difíceis, entre se alimentar ou cuidar da saúde, por exemplo. O resultado é que veem diminuída drasticamente sua capacidade de buscar o diagnóstico ou dar continuidade ao tratamento do HIV. As populações-chave para o HIV têm, ainda, de lidar com o estigma e discriminação, os quais amplificam sua situação de vulnerabilidade."

Por essas razões, Velasquez aponta que os programas de atenção ao HIV e à Aids precisam ser baseados em uma perspectiva multisetorial, abrangendo não apenas os aspectos biomédicos, mas envolvendo também outros serviços de proteção social e de desenvolvimento e sustentação econômica das populações mais vulneráveis.

O relatório também mostra que os esforços para garantir que todas as pessoas vivendo com HIV tenham acesso ao tratamento antirretroviral que salva vidas estão falhando. O número de pessoas em tratamento de HIV cresceu mais lentamente em 2021 do que nos 10 anos anteriores.

Enquanto três quartos de todas as pessoas que vivem com HIV têm acesso ao tratamento antirretroviral, ainda há aproximadamente 10 milhões de pessoas sem acesso aos medicamentos. Apenas metade (52%) das crianças que vivem com HIV em todo o mundo têm acesso a medicamentos que salvam vidas. A lacuna na cobertura do tratamento do HIV entre crianças e adultos está aumentando em vez de diminuir.

O intuito do levantamento, de acordo com o Unaids, é chamar a atenção dos governos para a urgência de dar uma resposta corajosa às desigualdades, ao estigma e à discriminação.



CRÉDITO,DOUGLAS SACHA/GETTY IMAGES
Legenda da foto,

Se a trajetória atual persistir, o número de novas infecções de HIV pode chegar a 1,2 milhão em 2025, ano no qual os estados membros da ONU estabeleceram uma meta de menos de 370 mil novas infecções por HIV

Desafios para o futuro do cenário global

O relatório expõe as consequências devastadoras que podem resultar da falta de ação imediata para combater as desigualdades que impulsionam a pandemia.

Se a trajetória atual persistir, o número de novas infecções de HIV pode chegar a 1,2 milhão em 2025, ano no qual os estados membros da ONU estabeleceram uma meta de menos de 370 mil novas infecções por HIV.

Isto significaria não apenas perder a meta, mas ultrapassá-la em mais de três vezes.

De acordo com a Unaids, o momento pede solidariedade internacional e um novo fluxo de financiamento, mas muitos países de alta renda estão cortando a ajuda.

O documento também aponta que o financiamento doméstico para a resposta ao HIV em países de baixa e média renda caiu por dois anos consecutivos. Os choques globais, incluindo a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia, exacerbaram ainda mais os riscos para a resposta ao HIV.

O pagamento da dívida dos países mais pobres do mundo atingiu 171% de todos os gastos com saúde, educação e proteção social combinados, sufocando suas capacidades de responder à Aids.

A guerra na Ucrânia aumentou drasticamente os preços globais dos alimentos, amplificando os efeitos negativos da falta de segurança alimentar das pessoas que vivem com HIV em todo o mundo, tornando-as muito mais propensas a sofrer interrupções no tratamento do HIV.

Com isso, os recursos para a saúde global estão sob séria ameaça. Em 2021, os recursos internacionais disponíveis para o HIV foram 6% menores do que em 2010. A assistência ao desenvolvimento no exterior para o HIV proveniente de doadores bilaterais, que não os Estados Unidos, despencou 57% na última década.

Os passos para acabar com a Aids até 2030, de acordo com a organização, incluem: serviços liderados e centrados nas comunidades; a defesa dos direitos humanos e a eliminação de leis punitivas e discriminatórias e o combate ao estigma e à discriminação; o empoderamento de meninas e mulheres; igualdade de acesso aos serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento, incluindo às novas tecnologias de saúde; e serviços de saúde, educação e proteção social para todas as pessoas, especialmente as afetadas ou vivendo com HIV e Aids em situação de maior vulnerabilidade.






Autor: Giulia Granchi
Fonte: BBC News Brasil em São Paulo
Sítio Online da Publicação: BBC News
Data: 27/07/2022
Publicação Original: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62313331

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Transmissão da varíola dos macacos durante o sexo: veja o que se sabe



Casos da varíola dos macacos foram identificados em 75 países, inclusive no Brasil — Foto: Getty Images

A Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou preocupação com o fato de a maioria dos casos notificados de varíola dos macacos terem ocorrido entre homens que fazem sexo com homens. Nesta quarta-feira (27), a entidade fez um alerta para este público, mas ressaltou que o risco de contrair a doença não está restrito a apenas um grupo.

O padrão que aponta a prevalência dos casos entre homens que fazem sexo com outros homens levantou o questionamento sobre se o vírus é transmitido por via sexual ou apenas durante o sexo.

A varíola dos macacos é uma infecção causada por um vírus que geralmente se manifesta de forma leve — os principais sintomas são febre, dor e o aparecimento de lesões e feridas em algumas partes específicas do corpo.

Não há confirmação de transmissão via fluidos sexuais, como o sêmem, conforme explica é Andrea Paula Bruno Von Zuben, professora de epidemiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

"Não é considerado uma infecção sexualmente transmissível (IST) até esse momento porque não foi provada essa transmissão por fluido sexual. Por enquanto, é isso o que a literatura fala e epidemiologicamente é isso o que a gente entende", diz Andrea.

Por outro lado, a própria OMS admitiu que a intimidade prolongada durante o sexo parece ser a condição principal que facilita a transmissão da varíola dos macacos durante o sexo. A doença é transmitida quando alguém tem contato próximo com as lesões de pele, as secreções respiratórias ou os objetos usados por uma pessoa que está infectada.

Comparação com herpes

Conselheiro dos programas de HIV, hepatites virais, IST's e varíola dos macacos da OMS, Andy Seele afirmou nesta quarta-feira que cientistas analisam como as experiências do passado podem orientar as investigações do atual surto em relação à transmissão sexual.

No caso do vírus Zika, ele é transmissível sexualmente, pois está presente nos fluidos vaginais e no sêmen. Ainda não há indicação de que isso ocorra com a monkeypox.

"Não podemos dizer que o uso de camisinhas protege, porque sabemos que a transmissão da varíola se dá pelo contato pele a pele, assim como herpes, em que o uso de camisinha não é o suficiente para prevenir. É preciso focar (na prevenção e cuidado com) o contato íntimo pessoal e prolongado, que é o modo chave de transmissão", afirma Andy Seele.

Recomendações

Um estudo publicado na quinta-feira (21) na revista "The New England Journal of Medicine" apontou que a transmissão por meio de contato no sexo se deu em 95% dos casos analisados.

"Até o momento, a disseminação atual afetou desproporcionalmente homens gays ou bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens, o que sugere amplificação da transmissão via redes sociais sexuais", aponta o estudo.

Tendo isso em vista, o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, aconselhou que homens que fazem sexo com homens reduzam momentaneamente o número de parceiros. O objetivo é "reduzir risco de exposição".

Modos de transmissão

O vírus pode ser transmitido por meio de secreções, pelas lesões bolhosas que se formam, ou por via respiratória. O contato sexual é íntimo e prolongado, proporcionando a exposição por meio de todas as vias citadas anteriormente, o que justifica o aumento da transmissão desse modo.

De acordo com a líder técnica da OMS para a doença, Rosamund Lewis, é essencial que a população entenda que todos podem, eventualmente, contrair a doença.


"Apesar de as agências de saúde estarem compartilhando que um grupo é o mais acometido neste momento, é muito importante que todos nós entendamos que qualquer um de nós está em risco. Precisamos de informações sobre como esse grupo pode proteger a si mesmo, mas, ao mesmo tempo, qualquer um está exposto", esclarece Lewis.

Ritmo preocupante

Andrea ressalta que a situação merece atenção, uma vez que o ritmo de transmissão atual não é comparável ao ritmo da África, onde a varíola é endêmica, circulando durante todo o ano e causando um número esperado de mortes.

Um exemplo brasileiro de doença endêmica é a dengue, transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti.

"Nada impede que, daqui a pouco tempo, a gente descubra que tem outras vias de transmissão, inclusive a sexual. Em qualquer dessas doenças, a gente demora um pouco para saber", pontua Andrea.

Lewis revela que basta uma configuração na qual muitas pessoas estejam juntas, dividindo um espaço físico e tendo contato entre si, para a transmissão ocorrer. "Inclusive no ambiente doméstico, tanto em países onde há doença já é conhecida há tempos, quanto em outros recentemente afetados", finaliza Lewis.



Mundo ultrapassa 18 mil casos confirmados de Varíola dos macacos




Autor: Julia Putini e Lara Pinheiro
Fonte: g1
Sítio Online da Publicação: g1
Data: 27/07/2022
Publicação Original: https://g1.globo.com/saude/noticia/2022/07/27/transmissao-da-variola-dos-macacos-durante-o-sexo-veja-o-que-se-sabe.ghtml

Revista PEBMED – Emergências Pediátricas está disponível para download gratuito


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De acordo com o editorial, assinado pela editora da revista e do Portal PEBMED, a pediatra Roberta Castro, as crianças têm necessidades médicas únicas se comparadas aos adultos. Vão desde as diferenças anatômicas, fisiológicas e de desenvolvimento cognitivo até as diferenças emocionais. Nesse sentido, o editorial faz um convite ao médico para lançar um olhar único aos pacientes infantis, tanto na Clínica Médica quanto em outras especialidades.

Nesta edição da Revista PEBMED – Emergências Pediátricas, os artigos abordam temas como: anafilaxias e arritmias (temidas por quem não é cardiologista) e asma e bronquiolite (que voltam a lotar os prontos-socorros de todo o país durante o inverno). Além disso, o leitor vai encontrar textos sobre cetoacidose diabética, febre de origem indeterminada, pneumonia, síndrome inflamatória multissistêmica e traumatismo cranioencefálico.

Ainda de acordo com Castro, apesar de todo o avanço da Ciência, há muitos locais sem recursos adequados e profissionais sem as habilidades necessárias para conduzir um atendimento pediátrico de excelência. “As dificuldades vão muito além e englobam também horas de trabalho extenuantes e famílias de diferentes comportamentos, com as quais precisamos saber lidar com profissionalismo e empatia”, comenta a pediatra.

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Autor: Redação do Portal PEBMED
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 27/07/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/revista-pebmed-emergencias-pediatricas-esta-disponivel-para-download-gratuito/

Participe da live de lançamento da nova Revista PEBMED – Emergências Pediátricas

 Transmissão pelo canal da PEBMED no Youtube a partir das 19hs. Participação de especialistas comentando os destaques da nova edição.

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A oitava edição da Revista PEBMED: Emergências Pediátricas já está disponível para download. Baixe já o exemplar!

Quer saber mais sobre a revista? Participe da live de lançamento!

Hoje, a partir das 19hs no nosso canal do Youtube e com transmissão aqui no Portal PEBMED.

Nesta edição, os editores fazem um convite a todas as especialidades médicas para uma revisão dos temas mais relevantes do plantão. 

Os assuntos abordados nesta edição serão discutidos na live com a presença de especialistas pediatras que assinam a revista.  

A pediatra Roberta Castro (pediatra intensivista e PhD em Medicina), responsável pela revista e editora do Portal PEBMED, se juntará às médicas: Bárbara Reis (médica pediatra especializada em Alergia e Imunologia); Livia Maria Sacramento (cardiologista pediátrica especializada em Saúde da Criança e do Adolescente); e Renata Carneiro (pediatra intensivista e conteudista do Whitebook). Elas vão apresentar os principais tópicos da 8ª edição da Revista PEBMED: Emergências Pediátricas. 

Os melhores momentos da live ficarão disponíveis aqui no Portal PEBMED.  

Participe da live e compartilhe os destaques do evento! 

A partir de amanhã (27), a oitava edição da Revista PEBMED: Emergências Pediátricas já estará disponível para download aqui pelo Portal PEBMED. 





Autor: PEBMED
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 27/07/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/live-de-lancamento-da-revista-pebmed-emergencias-pediatricas-participe-e-confira-as-novidades-da-nova-edicao/

terça-feira, 26 de julho de 2022

Estimulação elétrica transcutânea (TENS) no controle da dor pós-parto cesárea

Artigo avaliou o uso de estimulação elétrica transcutânea (TENS) sobre a redução do uso de opioide (analgésico) após cesarianas.

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Um artigo publicado no Obstetrics & Gynecology no dia 07 de julho de 2022 e desenvolvido pela University of Hawai’i e University of Washington avaliou o uso de estimulação elétrica transcutânea (TENS) sobre a redução do uso de opioide (analgésico) após cesarianas.

Muitas mulheres fazem uso de opioides, como morfina, após partos cesáreas. E muitas vezes o primeiro contato com essa medicação é nesse momento, predispondo algumas a se tornarem usuárias frequentes.

Esse trabalho foi um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, que objetivou alcançar um menor uso de opioides ao utilizar a TENS após as cirurgias.

Metodologia do estudo

Foram incluídas no estudo, 180 mulheres, distribuídas em três grupos de 60 participantes: grupo TENS ativo (eletrodos colocados no abdome e estimulação elétrica realizada), TENS não ativo (eletrodos presentes, porém aparelho sem bateria) e placebo sem uso de TENS.

Os eletrodos para TENS foram colocados em quatro pontos ao redor da cicatriz da cesariana em até 30 minutos do parto e mantido até a alta da paciente. Todas as mulheres receberam opioide intratecal durante a cirurgia e analgesia sem opioides endovenosa nas primeiras 24 horas. Oxicodona (agonista opioide) era utilizado conforme demanda após as primeiras 24 horas.

O desfecho primário foi o uso de opioides durante as primeiras 60 horas pós-parto e os desfechos secundários foram escore de dor, satisfação do uso de analgesia e duração da hospitalização.

Quarenta e oito porcento de todas as mulheres não fizeram uso de opioides em nenhum momento pós-parto, não havendo diferença nessa porcentagem entre os três grupos (p=0,36). Nas pacientes que fizeram o uso de opioide, a quantidade também não diferiu entre os grupos (p=0,31).

Os desfechos secundários também foram iguais entre os grupos: escore de dor (p=0,43), satisfação com o controle de dor (p=0,42) e duração da hospitalização (p=0,60).

Conclusão

A American Pain Society recomenda o uso de TENS como adjuvante na analgesia pós-operatória, porém não especificando exatamente o uso pós-cesárea e alguns ensaios clínicos menores anteriores mostravam melhor controle da dor com seu uso. Entretanto, a conclusão dos autores desse estudo, foi de que o uso de estimulação elétrica transcutânea após parto cesárea não mostrou benefício quanto ao uso de opioides e nem quanto a escala ou escore de dor.

Apesar das limitações do estudo, os autores não recomendam o uso de TENS pós-cesárea como adjuvante analgésico.







Autor: Ênio Luis Damaso
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 26/07/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/estimulacao-eletrica-transcutanea-tens-no-controle-da-dor-pos-parto-cesarea/

Cursos de inverno USP: Mais de 5 mil vagas gratuitas e a distância disponíveis, faça sua inscrição

No Brasil existem algumas instituições de ensino que são conhecidas por seu grau de excelência. Uma delas é a Universidade de São Paulo (USP). Por esse motivo, as formações realizadas possuem um grande peso no currículo.

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Para as pessoas que desejam participar de uma oportunidade na instituição, a notícia é boa. Atualmente existem cerca de 5 mil vagas em cursos disponíveis. São diversas áreas de ensino. Confira a seguir.
 

Cursos estão disponíveis na área de Ciências Humanas – Imagem: Divulgação
Cursos gratuitos na USP

Hoje existem cerca de 73 cursos de inverno disponibilizados pela Universidade de São Paulo (USP). A melhor parte é que todos eles serão ofertados de forma gratuita e online. A data de início é para o mês de agosto e as opções estão nos na secção da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

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Distribuídos nos cursos existem 5.135 vagas para o programa que levou o nome de “Curso de Inverno da FFLCH – 2022”. As opções não estão disponíveis apenas a comunidade da USP, mas também para o público em geral, desde que seja maior de 18 anos.

As inscrições deverão ser realizadas através do portal da instituição. Para isso basta acessar o endereço https://bit.ly/2O97kqB. É importante entender agora como será a seleção para as vagas.

A instituição escolherá os alunos através de um sorteio com todos os inscritos. Os resultados serão repassados de forma automática para aqueles que tiverem participando da possibilidade. Diretamente no sistema será possível saber se foi contemplado ou não

Aqueles que forem aprovados não precisam realizar nenhum tipo de matrícula, uma vez que isso acontecerá de forma automática.

Como citado anteriormente, os cursos estão disponíveis na parte da USP selecionada para os cursos de Ciências Humanas. Com isso, existem três grandes polos, nos quais as opções estão distribuídas. São eles: Estudos Filosóficos, Geográficos e Históricos; Estudos Linguísticos e de Tradução; Estudos Literários; Estudos de Antropologia, Sociedade e Política.

Cada um deles possui diversas opções de formação. O primeiro citado, por exemplo, planeja oferecer cursos sobre os 200 anos de independência do brasil, imigração italiana, literatura feminina e até mesmo discussões sobre os 50 anos do Clube da Esquina.

Já na área de Linguística, será possível trabalhar com tópicos de sintaxe, nomes indígenas na geografia do país e questões de ritmo no momento de tradução. Seguindo para os estudos literários temos formações sobre Machado de Assis, Clarice Lispector, George Orwell, Kafka, dentre outros.

Por fim, no último polo haverá curso sobre representações cinematográficas de ciborgues, análise multimodal de videogame e também etnografia de sistemas algoritmos.






Autor: Luiza Martins
Fonte: pronatec
Sítio Online da Publicação: pronatec
Data: 25/07/2022
Publicação Original: https://pronatec.pro.br/cursos-de-inverno-usp-gratuitas-distancia/

Edital Amazônia+10 destinará R$ 52 milhões para projetos de pesquisa colaborativa

Pesquisadores interessados em desenvolver pesquisa colaborativa e interdisciplinar com foco no desenvolvimento sustentável da Amazônia têm até o próximo dia 10 de agosto para submeter propostas à primeira chamada da iniciativa Amazônia+10.

O edital, que envolve fundações de amparo à pesquisa (FAPs) de 20 Estados brasileiros, contará com R$ 52 milhões, dos quais R$ 30 milhões serão alocados pela FAPESP.

“A reunião de 20 Estados do país para tratar da questão da Amazônia demonstra que somos capazes de abordar e buscar resolver conjuntamente esse e outros temas de interesse nacional”, afirmou Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, na abertura do encontro on-line de apresentação e de esclarecimento de dúvidas sobre o edital, no dia 21 de julho.


Chamada envolverá pesquisadores de 20 Estados brasileiros no desenvolvimento de projetos relacionados ao território, povos da Amazônia e cadeias produtivas sustentáveis (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A chamada está estruturada em três grandes eixos temáticos: territórios como infraestrutura e logística que facilitem o desenvolvimento sustentável em dimensão multiescalar; povos da Amazônia como protagonistas do conhecimento e da valorização da biodiversidade e adaptação às mudanças climáticas; e fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis pelos amazônidas.

A cada um desses eixos estão associados problemas considerados prioritários e que deverão pautar os projetos a serem submetidos ao edital. “Há uma diversidade territorial em termos de questões fundiárias, culturais e de uso da terra na região amazônica que precisa ser considerada nas propostas. Queremos propostas que ofereçam soluções para um determinado município, por exemplo, mas que talvez não se apliquem a outros com diferentes identidades e naturezas”, exemplificou Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.

As propostas devem ter a participação de pesquisadores de pelo menos três dos 20 Estados atendidos pelas FAPs que aderiram à chamada, sendo que um deles deve ser obrigatoriamente vinculado a instituições de ensino superior ou pesquisa situadas nos Estados da Amazônia Legal.

Cada proposta deve ser constituída por um único projeto de pesquisa preparado conjuntamente pelos proponentes. O projeto deverá ser submetido pelos pesquisadores responsáveis às FAPs de seus respectivos Estados.

Os pesquisadores responsáveis de cada projeto receberão financiamento da FAP correspondente a seu Estado de origem. O valor mínimo dos projetos apoiados é de R$ 300 mil e o prazo para a sua conclusão é de, no máximo, 36 meses.

Outros critérios que serão considerados na avaliação das propostas são a transdisciplinaridade, o caráter inovador e a coconstrução. “A população local – pesquisadores e comunidade – deve ser protagonista do uso e da produção do conhecimento. Eles conhecem os impactos da destruição da biodiversidade e dos eventos extremos causados pelas mudanças climáticas. Devem estar envolvidos em discussões sobre soluções”, exemplificou o diretor científico da FAPESP.

“Também é muito importante que os projetos tenham um plano de comunicação científica, porque não queremos que resultem apenas em artigos científicos, mas que tenham impacto. E isso depende fortemente de uma comunicação científica bem estruturada”, avaliou Mello.

A seleção será feita por um painel de especialistas com base no enquadramento das propostas. O resultado será anunciado em 11 de novembro de 2022.

“Sabemos que os prazos da chamada são curtos, mas imprescindíveis para a assinatura dos termos de outorga e a implementação dos projetos selecionados ainda este ano”, disse Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP.

Amazônia: uma “questão nacional”

“O que possibilitou a convergência de 20 FAPs nessa iniciativa foi o fato de que a Amazônia representa uma questão nacional em função de sua sociobiodiversidade [bens e serviços gerados por meio da conexão entre a diversidade biológica, a prática de atividades sustentáveis e o manejo de recursos extraídos da floresta] e os imensos desafios que envolvem a região”, disse Marcia Perales, diretora-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e vice-presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), que participou do evento de apresentação do edital.

Constituída em novembro de 2021, a iniciativa Amazônia+10 é um programa de desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) para a Amazônia Legal que envolve parceria com os conselhos nacionais de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti) e das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap).

Inicialmente composto pela FAPESP e os nove Estados da região amazônica, a iniciativa Amazônia+10 já envolve a participação de 20 FAPs no primeiro edital: São Paulo, Amazonas, Rio de Janeiro, Pará, Paraná, Maranhão, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Amapá, Distrito Federal, Alagoas, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Rondônia, Espírito Santo, Piauí, Santa Catarina, Acre e Tocantins.

“Essa iniciativa mostra que, definitivamente, a Amazônia é de interesse de todos e que é preciso desenvolver pesquisas sobre temas relacionados a questões não só acima do dossel [o topo da floresta], como abaixo dele, que são de interesse dos 25 milhões de pessoas que vivem na Amazônia brasileira”, disse Marcelo Botelho, diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (Fapespa).

A iniciativa, que já conta com R$ 100 milhões da FAPESP para os próximos cinco anos, apoiará projetos de pesquisa em colaboração voltados à conservação da biodiversidade e adaptação às mudanças climáticas, à proteção de populações e comunidades tradicionais, aos desafios urbanos e à bioeconomia como política de desenvolvimento econômico na Amazônia.

A expectativa é que os recursos para o financiamento de pesquisa atinjam a marca dos R$ 500 milhões com a adesão de governos, empresas e organizações sociais.

A chamada está disponível em fapesp.br/15531.

O evento poderá ser assistido na íntegra no canal da Agência FAPESP no YouTube.






Autor: Elton Alisson
Fonte: Agência FAPESP
Sítio Online da Publicação: FAPESP
Data: 25/07/2022
Publicação Original: https://agencia.fapesp.br/edital-amazonia10-destinara-r-52-milhoes-para-projetos-de-pesquisa-colaborativa/39186/

segunda-feira, 25 de julho de 2022

25 de julho: Dia Mundial de Prevenção do Afogamento

Em 14 de julho de 2021, a Resolução 75/76 adotada na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) consagrou o dia 25 de julho como o Dia Mundial de Prevenção do Afogamento.

Aproximadamente, 236.000 pessoas morreram afogadas no ano de 2019, tornando o afogamento um grande problema de saúde pública em todo o mundo. O afogamento é a terceira causa principal de morte por ferimentos não intencionais, sendo responsável por 7% de todas as mortes relacionadas a ferimentos. A carga global de óbitos por afogamento é sentida em todas as economias e regiões, no entanto os países de baixa e média renda são responsáveis por mais de 90% das mortes por afogamento não intencionais.

Os principais fatores de risco para afogamento incluem:

Idade: é um dos principais fatores. Globalmente, as maiores taxas de afogamento ocorrem entre crianças de 1 a 4 anos, seguidas por crianças de 5 a 9 anos. Essa relação costuma estar associada a um lapso na supervisão;

Gênero: homens estão especialmente sob risco de afogamento, com o dobro da taxa de mortalidade geral das mulheres, sendo também mais propensos que o sexo feminino a serem hospitalizados por afogamento não fatal. Estudos sugerem que as taxas mais altas de afogamento entre os homens se devem ao aumento da exposição à água e a comportamentos de risco, como nadar sozinho, uso de álcool antes de nadar sozinho e andar de barco;

Acesso a água: pessoas com ocupações como pesca comercial ou pesca de subsistência, usando pequenos barcos em países de baixa renda, estão mais propensos a se afogar. As crianças que vivem perto de fontes de água abertas, como valas, lagoas, canais de irrigação ou piscinas estão especialmente em risco, além de bebês deixados sem supervisão ou sozinhos com outra criança perto da água;

Viagens na água: deslocamentos diários e as viagens feitas por migrantes ou requerentes de asilo geralmente ocorrem em navios superlotados e inseguros, sem equipamento de segurança ou são operados por pessoal não treinado para lidar com incidentes de transporte ou navegação;

Inundações: o afogamento é responsável por 75% das mortes em enchentes. Esses desastres estão se tornando mais frequentes e mais graves, e essa tendência deve continuar como parte das mudanças climáticas. Os riscos de afogamento aumentam com as inundações, especialmente em países de baixa e média renda, onde as pessoas vivem em áreas propensas e a capacidade de alertar, evacuar ou proteger as comunidades é falha ou está apenas em desenvolvimento;

Status socioeconômico mais baixo, ser membro de uma minoria étnica, falta de ensino superior e populações rurais tendem a estar associados, embora essa associação possa variar entre os países;

Condições médicas, como epilepsia;

Turistas não familiarizados com os riscos e recursos hídricos locais.

Afogamento em crianças

No Brasil, os afogamentos são a segunda maior causa de óbito e a sétima causa de hospitalização por acidentes entre crianças de zero a 14 anos. Segundo o Ministério da Saúde, 866 crianças morreram vítimas de afogamento no país em 2018, representando uma média de 2,3 mortes por dia.

Enquanto a maioria dos bebês se afoga em banheiras (62 a 71%) e grandes baldes (16%), a maioria dos pré-escolares se afoga em piscinas (o acesso inesperado e não supervisionado é um cenário de afogamento recorrente para crianças pequenas). Todas as piscinas devem ter uma barreira e uma cerca de isolamento de quatro lados. Uma alternativa é montar uma barreira no topo da estrutura da piscina. Piscinas infláveis ​​ou portáteis são um grande perigo: seus lados macios facilitam a queda das crianças. Para crianças mais novas, o uso de assentos de banheira e banheiras infantis são fatores contribuintes, especialmente quando a supervisão não é constante.

Já as crianças mais velhas têm maior probabilidade de se afogar em fontes naturais de água, como cachoeiras e praias. Para os adolescentes, a presença de pares pode promover atividades de risco. Podem ocorrer problemas quando eles superestimam suas habilidades, se envolvem em comportamentos impulsivos ou usam substâncias, como o álcool. As seguintes condições médicas também estão associadas a afogamentos pediátricos: epilepsia, autismo, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e arritmias cardíacas.

Além disso, o aprisionamento e o emaranhamento do cabelo também causam lesões e afogamento, mas muitos pais e proprietários de piscinas e spas não estão cientes do risco. As precauções envolvem o uso de tampas de drenagem especiais, sistemas de segurança de liberação de vácuo, bombas de filtro com vários drenos e outras técnicas de construção com filtro de ventilação/pressão.

A supervisão de um adulto é de extrema importância, mas não exclui o uso de barreiras assim como a aplicação de barreiras não podem eliminar a necessidade de supervisão.

Importância de um dia destinado à prevenção dos afogamentos

A proclamação de um dia do ano destinado a prevenção dessa tragédia serve como uma oportunidade para destacar o impacto trágico e profundo do afogamento nas famílias e comunidades e para oferecer soluções para evitá-lo. Governos, agências da ONU, organizações da sociedade civil, setor privado e toda a população são convidados a participar dessa luta, destacando a necessidade de ação urgente, coordenada e multissetorial em medidas comprovadas, como:


Instalação de barreiras para controle do acesso à água;

Fornecer locais seguros longe de água, como creches adequadas;

Ensinar natação, segurança na água e habilidades de resgate seguro;

Treinar espectadores em resgate e ressuscitação seguros;

Definição e aplicação de regulamentos de navegação segura, transporte e balsa;

Melhorar a gestão do risco de inundação.

Referências bibliográficas:

United Nations. Drowning is a leading cause of accidental death. 2021. Disponível em: https://www.un.org/en/observances/drowning-prevention-day

World Health Organization. Drowning. 2021. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/drowning

Criança segura. Como prevenir afogamentos. 2021. Disponível em: https://criancasegura.org.br/aprenda-a-prevenir/por-area-de-risco/como-prevenir-afogamentos/

Wyckoff AS. New information, research add to understanding of drowning risks, precautions. 2021. Disponível em: https://www.aappublications.org/news/2021/07/12/drowning-071221

Autor(a):
Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra.






Autor: Roberta Esteves Vieira de Castro
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 25/07/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/25-de-julho-dia-mundial-de-prevencao-do-afogamento/

Violência na área da saúde e o papel da humanização

A violência, em suas muitas faces, é recorrente nas instituições de saúde. Definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a partir do trabalho de Krug e colaboradores, publicado em 2002, a violência pode ser entendida como “o uso intencional da força ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”.

A OMS ainda aplica três tipologias para os atos de violência: coletiva, autoinflingida e interpessoal, podendo ser comunitária ou familiar. Minayo, em 2006, ainda acrescentou mais um grupo determinando à violência estrutural: quando os processos sociais, políticos e econômicos geram e mantêm a violência. O trabalho taxonômico de Krug e colaboradores atribui na área da saúde quatro modalidades de expressão da violência sendo elas a violência física, psicológica, sexual e a negligência ou privação de cuidados.


 
O ponto de destaque é que podemos praticar atos de violência durante nossa prática. A relação de cuidado na saúde é atravessada por uma lógica de relação de poder. A violência na área da saúde ocorre, então, quando essa potencialidade, que carrega em si também a potência terapêutica, é utilizada intencionalmente de forma que resulte ou tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.

Caminhos de mudança

Uma das ferramentas mais contundentes contra essa violência é a humanização na saúde, que consiste em dar voz aos sujeitos do cenário do cuidado em saúde, sejam eles receptores ou provedores desse cuidado. Empiricamente uma maneira de se entender essa dialética é perceber violência como o uso intencional de alguma forma de poder para constranger enquanto humanizar é o uso intencional desse poder para se centrar ou perceber o outro.

Humanização pode ser entendida como o processo de promoção do protagonismo dos sujeitos de cuidado em saúde, sendo alvo de uma política pública instituída pela lei n. 8080 de 1990.

No cenário do cuidado é necessário que cada ator conheça suas potências e fragilidades, seus direitos e deveres. O tema da violência na área da saúde é tão somente uma reprodução de um problema estrutural contemporâneo num setor social específico em que os mesmos grupos vulnerabilizados são objetos de atos violentos pelos mesmos grupos com validação social para dominar dentro e fora desse setor. A grande diferença é que neste recorte social, o setor saúde, identificar problemas e propor soluções, ou minimamente buscá-las, é parte essencial do fazer profissional.

Desde a graduação entender a Política Nacional de Humanização como constitutiva do SUS e desenvolver competências humanísticas nos profissionais de saúde é o caminho macropolítico para mitigar essa questão. Por outro lado, no campo micropolítico, profissionais e clientes serem apresentados a esses conceitos e conhecerem como isso remodela suas fronteiras relacionais é outra direção modificadora do nosso cenário atual.

Mensagem Prática

A violência de gênero na área da saúde reproduz os mesmos recortes e padrões de violência da sociedade em geral

Atos de violência que não são percebidos como experiências desagradáveis normalizam e autorizam atos de violência que culminarão em experiências desagradáveis

Informação acessível e de qualidade é uma ferramenta lida como potente e transformadora por todos os atores participantes do cenário de cuidado em saúde

Debater o tema e introduzir conceitos associados a ele tem potencial de despertar autoconsciência e mudar padrões de comportamento lesivo nos serviços de saúde

Praticar a política nacional de humanização é uma via de mudança estrutural para o paradigma da violência na área da saúde

Autor(a):

Marcelo Gobbo Jr

Médico de Família e Comunidade ⦁ Editor de Medicina de Família e Comunidade do Portal PEBMED ⦁ Docente de Comunicação, Profissionalismo e Humanização em Saúde no IMEPAC Araguari ⦁ Supervisor de Medicina Preventiva e Médico Assistente na Unimed Uberlândia ⦁ Idealizador do programa “Hora da Saúde” ⦁ Instagram: @mgobbojr

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Referências bibliográficas:

MACIEL, Carolina. O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica: Uma revisão integrativa. 2022.

AMORIM, Amanda Christina Oliveira; OLIVEIRA, Stéfani Silva de. Violência obstétrica na perspectiva dos profissionais da saúde: revisão integrativa. 2020.

DA COSTA CARDOSO, Ferdinand José et al. INSTITUTIONAL OBSTETRIC VIOLENCE IN BIRTH: PERCEPTION OF HEALTH PROFESSIONALS. Journal of Nursing UFPE/Revista de Enfermagem UFPE, v. 11, n. 9, 2017.

ALMEIDA, Mayron Morais et al. Vivência e saberes das parturientes acerca da violência obstétrica institucional no parto. Revista Eletrônica Acervo Saúde/Electronic Journal Collection Health ISSN, v. 2178, p. 2091, 2018.

MARTINELLI, Katrini Guidolini et al. Adequação do processo da assistência pré-natal segundo os critérios do Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento e Rede Cegonha. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 36, p. 56-64, 2014.

NEGRÃO, Ana Carolina Bittencourt Morais. Iniciativas para diminuir o número de cesáreas excessivas no Brasil: Projeto Parto Adequado. 2017.

COELHO, Elza Berger Salema; SILVA, Anne Caroline Luz Grüdtner da; LINDNER, Sheila Rubia. Violência: definições e tipologias. 2014.

KRUG, E. G, et al. (eds.) World report on violence and health. Geneva: World Health Organization, 2002.

MINAYO, M. C. S.; SOUZA, E. R. Violência e saúde como um campo interdisciplinar e de ação coletiva. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 4, n.3, p. 513-531, nov. 1997.

FARIAS, Aline Zacchi et al. Expressões da violência de gênero vivenciadas por terapeutas ocupacionais: narrativas e ações de enfrentamento no cotidiano. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, v. 30, 2022.







Autor: Marcelo Gobbo Jr
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 21/07/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/violencia-na-area-da-saude-e-o-papel-da-humanizacao/