quinta-feira, 30 de junho de 2022

Podcast 'Ciência para ouvir' fala sobre a passagem de viajantes e naturalistas pelo Brasil no século XIX

A partir do dia 27 de junho, você poderá fazer uma viagem no tempo, ao lado de cientistas e viajantes, que, no século XIX, percorreram as terras brasileiras em busca de explicações para suas pesquisas e observações. Na próxima segunda-feira, entra no ar a segunda temporada do podcast “Ciência para ouvir”, agora dedicada ao tema “Viajantes e Naturalistas no Brasil”.

Com curadoria dos pesquisadores Ildeu de Castro Moreira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Anderson Pereira Antunes, do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), a nova temporada, dividida em seis episódios, contará um pouco da história desses cientistas e exploradores. Homens e mulheres, brasileiros e estrangeiros, que atravessaram o país à procura de exemplares de uma fauna e flora brasileiras.


Além de desenvolver seus estudos, esses pesquisadores registraram, em forma de texto e de ilustrações, observações sobre tudo o que encontraram: as regiões visitadas, as pessoas, as curiosidades e surpresas, assim como o cenário político de um Brasil com ares de Independência. Um interessante relato sobre o país preservado em diários e livros.

A cada segunda-feira, o podcast trará entrevistas com especialistas convidados, leitura de trechos de livros e sugestões de publicações. O episódio de estreia fará um resgate da passagem do botânico francês Auguste de Saint-Hilaire que, além da flora, pode observar as primeiras movimentações pela Independência.

Na sequência serão abordados temas como a expedição que acompanhou a vinda da princesa Leopoldina e a viagem feita pelos naturalistas alemães Johann von Spix e Carl von Martius ao Brasil, entre 1817 e 1820; a presença e as investigações de Charles Darwin sobre a origem e evolução das espécies; a passagem de um diplomata-naturalista pelo Brasil com a expedição de Georg von Langsdorff; o perfil da artista e viajante Maria Graham, inglesa que viveu na corte de Dom Pedro I; e o trabalho da Imperial Comissão Científica de Exploração, considerada a primeira comissão científica brasileira. Os episódios podem ser ouvidos em diferentes plataformas pelo link: https://linktr.ee/cienciaparaouvir

O podcast “Ciência para ouvir” é uma parceria entre o Museu Ciência e Vida/Fundação Cecierj, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), a Casa da Ciência da UFRJ, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e o Instituto Ciência Hoje. Assinado pela pesquisadora Mônica Dahmouche, da Fundação Cecierj, o projeto foi um dos contemplados no edital Apoio a Projetos no Âmbito do Bicentenário da Independência do Brasil, lançado em 2021 pela FAPERJ em conjunto com a Fundação Biblioteca Nacional. A FAPERJ lançou, ainda, outros dois editais destinados a apoiar a realização de eventos e a produção de livros e projetos audiovisuais relacionados aos 200 anos da Independência e aos 100 anos da Semana de Arte Moderna.

A primeira temporada da série, lançada em maio deste ano, teve como tema “Mulheres na Independência” e contou com curadoria da historiadora Mary del Priore. As próximas vão abordar os “Caminhos Fluminenses da Independência” e a “Semana de Arte Moderna”.






Autor: Marcos Patricio
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 24/06/2022
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=134.7.4

FAPERJ celebra 42 anos com adesão como sócia institucional da SBPC

Na semana em que completa 42 anos, a FAPERJ efetivou sua adesão como associada institucional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A adesão fortalece a parceria entre as organizações, historicamente voltadas ao fortalecimento da Ciência, Tecnologia e Inovação, no País e no estado do Rio de Janeiro. A FAPERJ, criada em 16 de junho de 1980, se une assim a outras instituições que já eram sócias institucionais da SBPC – Centro Alemão de Ciências e Inovação São Paulo, Complexo Pequeno Príncipe, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e Fundação Péter Murányi e Microbiológica.


O presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, afirmou que os sócios institucionais têm consciência que estão contribuindo com fatores importantes para desenvolver o Brasil, como ciência, educação, cultura, meio ambiente, saúde, inclusão social e tecnologia. “A adesão da FAPERJ fortalece a SBPC e a luta da comunidade científica brasileira em prol de um País melhor. As duas instituições seguem aliadas neste combate”, disse.


Por sua vez, o presidente da FAPERJ, Jerson Lima Silva, expressou seu apoio a SBPC, instituição porta-voz dos anseios da comunidade científica e tecnológica. “Ao se tornar membro institucional da SBPC, a FAPERJ consolida seu apoio a maior sociedade promotora da Ciência no País. Desde os anos 1980 a Fundação tem apoiado pesquisadores membros da SBPC e o evento anual. A SBPC e a ABC são as duas maiores instituições na defesa da Ciência e Tecnologia do País”, afirmou.

Desde a sua criação, em 1948, a SBPC tem se dedicado ao desenvolvimento nacional. Seus primeiros anos coincidiram com a institucionalização da Ciência no Brasil, com a criação, pelo governo federal, de organizações como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em 1951 – organizações aliadas a uma rede de instituições de ensino superior que se estruturava – e o fortalecimento da comunidade científica, que permitiram ao País demonstrar a capacidade de criar e utilizar conhecimento científico e tecnológico. A SBPC teve um papel fundamental para que a FAPERJ fosse criada, e em seguida, para que esta mantivesse sua dotação orçamentária, atualmente correspondente a 2% da arrecadação tributária líquida estadual. Como reconhecimento do seu ativismo, a entidade foi homenageada com a medalha Tiradentes pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Já a FAPERJ, que teve como marco legal de criação o Decreto nº 3.290/1980, se consolida como instituição chave para o fomento das atividades científicas e tecnológicas fluminenses. Recentemente, durante a pandemia, a Fundação atuou prontamente com o lançamento de editais estratégicos, como a rede Corona-Ômica-RJ, para o monitoramento do coronavírus, e as Chamadas Ação Emergencial de Projetos para Combater os Efeitos da Covid-19, entre diversas outras iniciativas de fomento à C,T&I estadual.







Autor: Ascom Faperj
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 21/06/2022
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=129.7.9

Pesquisa desenvolvida na UFRRJ contribui para identificar a vulnerabilidade dos biomas da América do Sul

Modelo espacial desenvolvido por pesquisadores em laboratório da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) identifica a vulnerabilidade dos biomas da América do Sul. O estudo resultou no artigo Degradation of South American biomes: What to expect for the future?, publicado na revista Environmental Impact Assessment Review. De acordo com o professor e pesquisador Rafael Coll Delgado, do Instituto de Florestas/Departamento de Ciências Ambientais da UFRRJ e um dos autores do artigo, o trabalho de pesquisa coloca em alerta, principalmente, os maiores biomas sul-americanos, como a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica, que são biomas em que a cobertura de vegetação mais reduziu no passado, mostrando uma tendência de redução ainda maior para os próximos 20 anos.

“Os resultados obtidos no estudo indicam um aumento da temperatura do ar principalmente nas regiões tropicais, o que acelerará os processos físicos de evaporação e transpiração na vegetação, além de aumentar a probabilidade de mega incêndios durante a estação seca nessas regiões”, explica Delgado, que recebeu apoio da FAPERJ para a realização de suas pesquisas por meio do programa Cientista do Nosso Estado. O estudo foi realizado em parceria com Marcos Gervasio Pereira, do Instituto de Agronomia/Departamento de Solos da UFRRJ, e contou com a colaboração de Yuri Andrei Gelsleichter, ex-aluno do Programa de Pós-Graduação Binacional da mesma universidade, e de Romário Oliveira de Santana, que também atua no Instituto de Florestas/Departamento de Ciências Ambientais da UFRRJ e também conta com apoio da FAPERJ, tendo sido contemplado no programa de Treinamento e Capacitação Técnica (TCT) da Fundação.


A partir do alto, à esq., em sentido horário: Rafael Delgado, Marcos Pereira, Romário Santana e Yuri Gelsleichter

A modelagem utilizada, Autoregressive integrated moving average (ARIMA), vem sendo utilizada a bastante tempo pelos pesquisadores do Laboratório de Sensoriamento Remoto Ambiental e Climatologia Aplicada (LSRACA/UFRRJ), e, agora, com o novo acoplamento espacial, os dados de vegetação do Enhanced Vegetation Index (EVI) – obtidos a partir de imagens obtidas por satélite e disponibilizadas globalmente para a comunidade científica – foram simulados para toda América do Sul, com uma resolução espacial por célula de grade de aproximadamente 30 km. “Entre os dez biomas da América do Sul, savanas, florestas tropicais e subtropicais úmidas de folhas largas apresentaram a maior diminuição da vegetação, conforme simulado pelo modelo ARIMA. O estudo deixa claro que novas políticas públicas para a preservação e o monitoramento destes biomas devem ser adotadas a curto prazo”, alerta Delgado, que defende mais incentivo à pesquisa, com o lançamento de novos editais de fomento, melhorias na infraestrutura das universidades públicas e incremento nas bolsas de Iniciação Científica e Pós-Graduação para absorção de novos pesquisadores.

O apoio da FAPERJ permitiu a obtenção de computadores e também a manutenção do laboratório para a continuidade das pesquisas durante a pandemia provocada pela Covid-19. “A pesquisa desenvolvida neste trabalho só pode ser concluída em razão de fomentos passados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da FAPERJ”, ressalta o pesquisador. “É evidente que a mudança climática está modificando estas paisagens e as ações antrópicas podem acelerar o desaparecimento destes biomas, através do desmatamento (comércio ilegal de madeira), garimpos clandestinos e o incentivo ao aumento das fronteiras agrícolas nestas regiões”, diz. “Ainda assim, com todas as adversidades climáticas e a aceleração da mudança da paisagem por ações antrópicas, estes biomas mantêm condições favoráveis a inúmeras espécies e à vida humana, contribuindo assim para a manutenção do clima global”, ressalva Delgado. O artigo pode ser conferido no endereço a seguir: https://authors.elsevier.com/a/1f8v5iZ5t92km







Autor: Paul Jürgens
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 30/06/2022
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=111.7.0

Dispositivos geradores de fala auxiliam crianças com autismo

Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem apresentar dificuldade de linguagem e de comunicação moderada e grave, o que acarreta uma série de danos significativos ao seu desenvolvimento global. Para atenuar essa dificuldade, a professora Associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Cátia Crivelenti de Figueiredo Walter, adotou um programa de comunicação alternativa com dispositivos geradores de fala. Os resultados observados em uma criança, que segue este protocolo, são animadores.

Cátia Walter explica que o programa inclui suportes como dispositivos móveis como tablets, IPads, incluindo aplicativos educativos com sistema de imagens e voz, especialmente direcionados para crianças com TEA. Esses aplicativos visam ensinar às crianças a explorar conteúdos de vocabulário e a organizar a fala, até então não funcional ou perdida, a partir da estruturação de sentenças.

O projeto da Faculdade de Educação da Uerj prevê assistência com três distintos terapeutas. O processo inicia-se com a fonoaudiologia. Em seguida a criança é atendida por psicopedagogo e, na etapa seguinte, por uma atendente terapêutica (aluna de psicologia). Todo o processo de estimulação é gravado em vídeos, diários de campo e acompanhado pelos especialistas que debatem cada avanço nas etapas de intervenção da pesquisa.

Do interior paulista, Catia Walter conta que veio para o Rio de Janeiro por conta de uma bolsa Faperj e não mais foi embora. A fonoaudióloga demonstra muita esperança no uso dos dispositivos geradores de fala para incrementar o desenvolvimento e organização da linguagem de crianças com autismo e relata um estudo de caso em atendimento pelos profissionais da Faculdade de Educação da Uerj.

Há nove meses em atendimento, B., um menino de sete anos, diminuiu consideravelmente comportamentos de gritos e puxar as pessoas quando desejava algo. A criança já está na segunda etapa do programa e passou a utilizar o dispositivo de forma independente, desenvolvendo fala funcional e interação comunicativa, que inclui expressões sobre seus desejos e também conversas em família.

B. é a primeira criança a utilizar o programa depois que a professora Cátia Walter voltou dos Estados Unidos. Ela passou sete meses na Universidade Central da Flórida (Bolsa de professor visitante da Capes) acompanhando o trabalho da equipe do professor Oliver Wendt com o uso de novas tecnologias em Comunicação Alternativa e Ampliada. De volta do Brasil, resolveu adaptar a metodologia e avaliar o impacto que poderia ter no desenvolvimento da fala de crianças com TEA no país.


Cátia: troca de experiências com pesquisadores dos EUA sobre o uso de novas tecnologias em Comunicação Alternativa e Ampliada

O programa utilizado denomina-se Vamos Conversar, adaptado do programa SPEAKALL! do professor Wendt, utiliza o aplicativo Snap+Core, um auxiliar eletrônico que usa digitalização do discurso para fornecer um modelo verbal de cartões pictográficos ou de fotos selecionados previamente pelos usuários. Em versões para IPads e computadores, a metodologia prevê o uso de até cinco fotos ou pictogramas que podem ser combinados para criar uma história ou mensagens, seguindo um protocolo já implementados e testados.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do desenvolvimento neurobiológico, caracterizado por prejuízos sociocomunicativos e comportamentais. Uma parcela expressiva da população assim rotulada, não se utiliza ou compreende a fala, tampouco desenvolve, de maneira espontânea, repertórios não verbais de comunicação. Nessa perspectiva, a Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA), compreendida como formas de expressão pode substituir a fala incompreensível, não funcional ou inexistente, e torna-se uma alternativa promissora para aqueles que tem TEA e suas famílias.

Por enquanto, o serviço não está disponível para atendimentos de novas crianças, mas Cátia espera, em breve, poder treinar mais profissionais de saúde, educação e responsáveis pelas crianças com TEA e, assim, auxiliá-las nas interações sociais.

Cátia Crivelenti de Figueiredo Walter tem apoio da FAPERJ para a realização de suas pesquisas desde 2010, por meio do programa de fomento à pesquisa Cientista do Nosso Estado.






Autor: Claudia Jurberg
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 23/06/2022
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=132.7.1

Pesquisa refaz a trajetória de cativos, alforriados e senhores no século XVIII

No século XVIII o Rio de Janeiro era uma das maiores cidades portuárias de desembarques de escravos nas Américas. Pelo porto, à época localizado na Praça XV, centro do Rio de Janeiro, chegavam os principais navios negreiros procedentes da África. Estima-se que do descobrimento (1500) até o ano de 1850 cerca de 12 milhões de africanos foram traficados como cativos até as Américas, onde se tornaram trabalhadores escravos. Mas, ao mesmo tempo em que o Rio de Janeiro era a principal porta de entrada de cativos, era também uma das cidades que mais alforriava escravos.

Com o objetivo de conhecer melhor as culturas políticas trazidas pelos africanos, o impacto demográfico decorrente da intensa chegada de escravos e a mobilidade social conquistada após a alforria durante o antigo regime, o professor e pesquisador de História da África na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Roberto Guedes vem conduzindo o trabalho Cativos, alforriados e senhores: construtores da escravidão e da liberdade (Rio de Janeiro, século XVIII).

“A produção historiográfica que se faz no Brasil sobre escravidão no século XIX é muito rica, mas o tema da escravidão e da liberdade para a cidade do Rio de Janeiro do século XVIII é ainda muito lacunar”, alega o pesquisador, que conta com bolsa de Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, para conduzir seus estudos. Ele esclarece que, nos últimos anos, uma inovação metodológica passou a cruzar informações de diferentes documentos – como registros paroquiais de batismo, casamento e óbitos com testamentos, livros de notas cartoriais e documentos administrativos – o que ajudou a desvendar trajetórias de cativos, alforriados e senhores no século XVIII. “Ao confrontar as diferentes informações contidas em diversos documentos, encontramos possíveis caminhos de mobilidade social e reinserção social de alforriados e seus descendentes”, explica.

“A entrada de escravos na cidade era muito grande e o Rio de Janeiro funcionava como uma espécie de ‘ponte aérea ’, na época, especialmente com a demanda gerada após a descoberta do ouro em Minas Gerais. Em 1727, o Rio de Janeiro chegou a enviar 2.367 escravos para os garimpos em apenas seis meses. Isto representa quase metade da população carioca de 1687”, esclarece Guedes. O número de alforrias concedidas também era grande, segundo o pesquisador, devido, principalmente, à conjugação de três fatores: a pressão social por maior mobilidade (e alforria significa mobilidade social), à cultura católica de alforria e ao próprio tráfico atlântico de cativos, que renovava constantemente a mão de obra escrava.

Havia muito mais africanos e seus descendentes do que imigrantes portugueses estabelecidos no Rio de Janeiro. Um visitante que esteve na cidade no início do século XIX, o médico cirurgião irlandês Sir James Prior, estimou que o a cidade abrigava 90 mil habitantes, dos quais 1/6 se nomeava como branco: “Muitos brancos, contudo, teriam dificuldade em provar seu direito a esta honra; para eles prevalecem complexões entre o marrom e o amarelo, o rosado europeu seria admitido para muito poucos”. Segundo o pesquisador, o Censo de 1799 constatou que havia um alforriado para cada dois cativos na cidade do Rio de Janeiro. Neste levantamento estatístico, porém, todos os livres foram chamados de brancos, os alforriados de pardos libertos e pretos libertos, e os escravos apenas de escravos.


A alforria chancelava um novo nome e uma nova a 'cor', que não correspondia à raça, mas a um novo status social (Reprodução)

Roberto Guedes explica que conforme os escravos se afastavam do cativeiro, por qualquer tipo de alforria (gratuita, condicional ou paga), sua classificação mudava. Pretos, termo mais atribuído aos escravos (negro era pouco usual) passavam a ser classificados como pardos ou brancos ou não se fazia qualquer registro, para evitar a ‘marca’ que o passado do cativeiro deixara. “O segundo nome dos escravos geralmente era uma referência a uma procedência africana, como Luiza Guiné, Antonio Angola, Bento Congo etc. Mas, somente depois de alforriado o ex-escravo ganhava realmente um sobrenome, na maioria das vezes igual ao do antigo senhor. Assim, o sobrenome era socialmente constituído”, esclarece o pesquisador. De acordo com Guedes, muitos alforriados, como os ex-escravos de ganho, os artesãos, as mulheres do comércio varejista, que quando escravos eram obrigados por seus senhores a realizar algum tipo de trabalho nas ruas, levando para casa o dinheiro apurado, conseguiam juntar algum recurso, comprar escravos e se tornarem senhores. A alforria chancelava um novo nome e uma nova a “cor”, que não tinha nada a ver com raça, mas com o status.

Algumas cartas de alforria e testamentos evidenciam como os alforriados tratavam seus escravos usando termos de “cor” e procedência que não usavam para si e seus parentes, como, por exemplo, ‘negro’, ‘preto’, ‘pardinho’ ou ‘mulatinho’. O diminutivo não só demonstrava que se tratava de filho de escrava como também denotava afeto e alusão à menoridade. De acordo com o pesquisador, nos testamentos em geral o alforriado deixava claro quando havia comprado sua liberdade comunicando: “Comprei minha alforria pelo pagamento de...” No entanto, quando ele, já liberto e senhor, alforriava um escravo seu em troca de pagamento, dizia que fora ele a conceder a alforria, sem citar ou dar ênfase ao pagamento, mesmo tendo recebido por isso.

A transcrição do Registro de um escrito de liberdade do pardo José Morais (foto), passado por José Barreto de Faria Azeredo Coutinho e sua mulher, e apresentada pelo mesmo liberto em vinte e seis de junho de mil setecentos e setenta e cinco, dizia: Digo eu, José Barreto de Faria Azeredo Coutinho, e bem assim minha mulher, Dona Ana Tonrreira [Ferreira] de Azeredo Coutinho, que sem embargo de termos dado já liberdade a José Morais, pardo nosso escravo com condição, é nossa vontade visto o dito nos ter servido a nosso contento e pronto sempre a tudo quanto houve por nós encarregado, dá-lhe e retificar a dita liberdade sem condição alguma, o que por este o fazemos; e poderá ir para onde muito quiser sem contradição alguma por ser assim nossa vontade, e por assim ser verdade lhe passamos este por nós ambos assinados que queremos valha como se fosse escritura pública, e poderá lançar em notas para sua mais validade, e as justiças de Sua Majestade assim o façam cumprir.


O caminho da ciência é a pesquisa colaborativa, defende Guedes

“Refazer esses caminhos é um trabalho artesanal, juntando os cacos e cuidando para não fazer julgamentos, não cair no anacronismo”, pondera Guedes. Diante da tentação de atribuir àquela época ideias e sentimentos atuais, o professor reforça que o mais importante no estudo da História é o distanciamento moral e afetivo. “No caso da escravidão, uma das maiores distopias do nosso mundo atual, precisamos considerar o contexto da época, de uma sociedade que tinha a escravidão como referência para valores políticos, sociais e morais”, justifica.

O professor de História conta que sempre frequentou escolas públicas. Ao terminar o segundo grau no Colégio Pedro II, passou no vestibular para a Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), cursou mestrado na Universidade Federal Fluminense (UFF), doutorado na UFRJ e pós-doutorado na Universidade de Lisboa e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Tive a sorte de cruzar e aprender com pessoas muito especiais no meu caminho, como o Manolo Florentino, na UFRJ, falecido em 2021; a Sheila Faria, na UFF, e o João Fragoso, na UFRJ”, recorda o professor. Guedes acredita que o caminho da ciência é a pesquisa colaborativa, o esforço coletivo e a interlocução com a comunidade científica brasileira e internacional, “afinal, o Brasil não está apartado do resto do mundo”. Certo do papel das agências de fomento na manutenção da pesquisa no País (ele recebe apoio da FAPERJ desde 2012, quando ganhou bolsa de Jovem Cientista do Nosso Estado), Guedes se considera fruto do processo de redemocratização brasileira. “Nasci em 1970, então, sou da geração que na adolescência e na juventude vivenciou o impacto da Constituição de 1988”, alega o pesquisador.







Autor: Paula Guatimosim
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 30/06/2022
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=123.7.0

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Exposição virtual apresenta fotos sobre trabalho e trabalhadores selecionadas em acervos de 10 estados

O projeto original foi concebido para o “Programa Memória do Trabalho”, lançado em 2006 pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV), com apoio institucional do Ministério do Trabalho e Emprego. O objetivo da mostra itinerante, que agregava debates e concursos de projetos acerca do tema, foi comemorar os 120 anos da instituição do 1º de Maio, completados em 2005. O ‘Dia do Trabalho’ é comemorado nesta data em homenagem ao esforço dos trabalhadores dos Estados Unidos, que, num sábado, 1º de maio de 1886, foram às ruas das maiores cidades do país para pedir – e conseguiram - a redução da carga horária de trabalho.Uma expressiva amostra do percurso de trabalhadores no País pode ser vista na exposição virtual "Trabalho e Trabalhadores no Brasil". Fruto do trabalho de pesquisadores que exploraram acervos fotográficos em 10 estados brasileiros, a exposição, organizada em 2006 para celebrar o 1º de Maio, agora está disponível na web em http://omekas.im.ufrrj.br/s/trabalho. A iniciativa é do Centro de Documentação e Imagem (Cedim) do Instituto Multidisciplinar da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que contou com apoio da FAPERJ, por meio do edital Educação Digital Inclusiva, e do CNPq, através do Edital Universal.

A exposição tem curadoria do professor do Departamento de História do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, Alexandre Fortes; do professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho (LEHMT/UFRJ), Paulo Fontes; e da criadora e ex-coordenadora do Laboratório de Estudos Audiovisuais do CPDOC/FGV, Mônica Kornis. Hospedada em servidor próprio na plataforma Omeka, a exposição digital é composta por 145 fotos organizadas em 38 painéis e dividida em três blocos temáticos: Construindo um País, Mundos do Trabalho e Trabalho e Cidadania. Documentos históricos, obras literárias, citações, vídeos e dicas de como trabalhar os temas em sala de aula complementam e contextualizam as imagens ao longo do tempo.


O telemarketing, que no Brasil passou a ter maior expressão na década de 1980, é uma das atividades que integra a mostra de fotografia (Foto: Delfim Martins/1997)

A plataforma Omeka, utilizada para gerar a exposição virtual, é um software livre e de código aberto, bastante adequado para gerenciamento de conteúdo de coleções digitais. Suas características permitem várias funcionalidades, com desdobramentos dos temas e plug-ins. Ao clicar em cada foto, o visitante da exposição tem acesso à ficha de metadados, com informações sobre autoria, data, local, acervo de origem, etc. Há, também, uma ferramenta de interatividade que possibilita ao o visitante colaborar enviando uma foto (http://omekas.im.ufrrj.br/s/trabalho/page/participe). No bloco temático ‘Construindo um País’, por exemplo, no painel com tema ‘Massa‘, uma icônica fotografia do ‘formigueiro’ de garimpeiros em Serra Pelada, no Pará, é acompanhada de poema de Carlos Drummond de Andrade (Elegia 1938), declamado por Caetano Veloso (https://youtu.be/AqNjbqQwOzE). No mesmo bloco, no painel ‘Concentração’, abaixo da foto de Paulo Reis (1969), na qual aparece uma professora em sala de aula, vem o passo a passo de ‘como abordar o trabalho de profissionais de saúde nas pandemias em sala de aula’. Já em ‘Mundos do Trabalho’, no painel ‘Cultura’, para complementar as fotos dos times de futebol nascidos nos sindicatos, da colônia de férias e do carnaval dos metalúrgicos de Porto Alegre, há um link para um documentário sobre o time de futebol Renner, nascido em uma fábrica em Porto Alegre. Além disso, apresenta o depoimento de um ex-sindicalista metalúrgico, disponibiliza cinco livros sobre trabalhadores e futebol e dá dicas de como trabalhar a relação da classe trabalhadora com o futebol em sala de aula. No tema ‘Trabalho e Cidadania’, quatro painéis são dedicados às greves, como a dos bancários do Rio de Janeiro em 1935. Neste bloco, acompanha link para documentário sobre a greve geral de 1927, além de depoimento do metalúrgico Sérgio Piveta, em 12 de maio de 1978: “Eu tive medo, mas tava lá duro e firme, no pé da máquina, com os braços cruzados.”

Alexandre Fortes reflete sobre o atual momento do País, “de retrocesso político e cultural” e destaca o importante papel da divulgação científica e acadêmica na disputa de espaço na mídia, especialmente nesse ano de eleições. “As greves sempre foram um fenômeno recorrente na história, entretanto, a última greve geral no Brasil aconteceu em 1989, com a adesão de 40% dos trabalhadores. De lá para cá, as manifestações vêm se limitando a categorias específicas, como os garis, que fizeram uma recente paralização no Rio de Janeiro, e as novas categorias no setor de logística, como a de entregadores de alimentos e encomendas em geral”, ressalta o historiador.


As greves sempre foram um fenômeno recorrente na história, entretanto, a última greve geral no Brasil aconteceu em 1989, com a adesão de 40% dos trabalhadores, lembra Alexandre Fortes

A exposição digital está vinculada também ao Mestrado Interdisciplinar em Humanidades Digitais, criado no Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, em Nova Iguaçu, em 2018. Formado por uma equipe de pesquisadores com formação disciplinar diversificada em Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Ciência da Computação, esse programa de pós-graduação se dedica a explorar e interrogar a produção, a organização e a difusão da informação no meio digital por meio da integração das áreas Humanas e Computação. O objetivo do grupo é justamente investigar o impacto das tecnologias computacionais sobre a sociedade e contribuir para o desenvolvimento de novas plataformas.

“Com o apoio de agências como FAPERJ, CNPq e Finep, e financiamentos internacionais - como o que conseguimos recentemente da Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA)-, fomos construindo uma estrutura computacional para desenvolver soluções frente aos desafios que essa era digital coloca para o ensino, pesquisa e extensão nas ciências humanas”, explica Alexandre Fortes. Segundo ele, um dos exemplos é a Educação Digital Inclusiva, que ficou ainda mais evidente durante o isolamento imposto pela pandemia do novo coronavírus, quando foi necessária a produção de novos recursos para atender aos estudantes. “Estamos desenvolvendo tecnologias e conhecimento de qualidade, considerando que hoje as pessoas se informam principalmente pelo celular, onde imperam as fake news”, esclarece o pesquisador. Em sua opinião, o grande desafio é, diante do controle que as grandes corporações exercem sobre as redes sociais, educar cidadãos para lidar com o ambiente virtual sem serem manipulados. “Precisamos capacitar alunos para que eles tenham uma atitude proativa, crítica e multidisciplinar”, assinala Fortes.

A exposição "Trabalho e Trabalhadores no Brasil" pode ser acessada no endereço: http://omekas.im.ufrrj.br/s/trabalho. Para explorar todo o conteúdo há um vídeo tutorial em: https://www.youtube.com/watch?v=-qGa3XEwQAE.






Autor: Paula Guatimosim
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 09/06/2022
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=110.7.4

Rede Biomar apresenta plano para a conservação do oceano durante conferência da ONU em Portugal

Rede Biomar apresenta plano para
a conservação do oceano durante conferência da ONU em Portugal

Com participação presencial e virtual, a Biomar irá apresentar seu Planejamento Integrado para conservação de espécies e habitats para o período de 2021 a 2030

Entre os dias 27 de junho e 01 de julho, líderes mundiais, organizações de proteção e conservação marinha, e representantes da academia de todo o mundo estarão reunidos em Portugal para debater sobre o presente e o futuro de nosso planeta, na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas. Representando o Brasil, a Rede de Conservação da Biodiversidade Marinha (Rede Biomar), formada por cinco dos maiores projetos de conservação do Oceano do país, os projetos Albatroz, Baleia Jubarte, Coral Vivo, Golfinho Rotador e Meros do Brasil, patrocinados pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, vão participar da programação paralela (side events) da conferência para apresentar as diretrizes de seu Planejamento Estratégico Integrado para a próxima década. A apresentação será feita em um evento online, dia 29, transmitido ao vivo, entre 9h e 11h (horário de Brasília), com a presença de representantes dos Projetos Meros e Jubarte, diretamente de Lisboa, e dos demais projetos remotamente, no Brasil.



A Conferência dos Oceanos das Nações Unidas reunirá a comunidade internacional para debater questões críticas sobre a saúde dos Oceano, tais como: poluição marinha, conservação e restauração de ecossistemas, pesca sustentável e alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial, o número 14 - Vida na Água, que está ligado diretamente a preservação dos mares e a do Oceano. Seu objetivo é incentivar decisores mundiais a aumentarem a ambição, mobilizarem parcerias e ampliarem o investimento em abordagens científicas e inovadoras, além de empregar soluções baseadas na natureza para reverter os efeitos da degradação do nosso Oceano global.

Alinhada a essas diretrizes, a Rede Biomar vai apresentar seu Planejamento Estratégico Integrado com o intuito de ressaltar a conectividade e as ações que movem os projetos com vista à saúde do Oceano e das espécies. “Esta é também uma oportunidade de revelar o nosso legado de vida, de trabalho e a nossa missão: o cuidado com as espécies não humanas, todos os seres que compartilham conosco a mesma existência”, destaca Maíra Borgonha, gerente geral do Projeto Meros do Brasil.


O Planejamento foi baseado na elaboração de uma Teoria da Mudança da Rede Biomar, que identifica transformações socioambientais positivas, notáveis e mensuráveis que precisam ser geradas para a conservação da biodiversidade marinha e promoção de um Oceano sustentável. A Teoria da Mudança prevê que será necessária uma série de transformações ecológicas, econômicas e culturais que levem para uma interação mais sustentável da ação humana em face da biodiversidade marinha que resultem na melhoria no estado geral de conservação do Oceano.

Para o novo decênio, foram definidos eixos estratégicos de atuação: geração de conhecimento, conscientização, socioeconomia, impacto social, conservação, além de eixos complementares de reputação, relacionamento e transformação digital. Para isso, é essencial sensibilizar e alertar tomadores de decisão e a sociedade em geral para, através do engajamento, gerar políticas públicas mais adequadas e assertivas para a continuidade dos serviços ambientais prestados pelo Oceano, além de levar a sociedade a rever padrões e modelos de produção e práticas de consumo.

“O nosso profundo desejo de unidade entre seres humanos e natureza é manifesto aqui nesse espaço e tempo. Esse é o nosso presente, o nosso agora: inspirar pessoas a tornarem-se defensoras das espécies e da vida, de todas as formas de vida. Que esse seja o futuro, e que ele comece agora”, comenta Maíra.

De acordo com Peter Thomson, enviado especial da ONU para a Conferência dos Oceanos, a principal expectativa do encontro está nos eventos paralelos. “Em Lisboa, queremos estimular, fora do processo formal, a inovação e o entusiasmo de novas ideias. Isso acontecerá nos eventos paralelos. Estou muito confiante de que haverá esse tipo de inovação visível, fruto da atmosfera que é criada em torno do núcleo central da conferência."

SOBRE A REDE BIOMAR

Referência em ações de conservação em todo o Brasil, a Rede Biomar nasceu do empenho em otimizar os esforços institucionais, visando a obter excelência em projetos de biodiversidade marinha. Os Projetos convergem conhecimentos e experiências para a realização de ações conjuntas e são atuantes na proteção de espécies e ecossistemas marinhos brasileiros.

Juntos, nos primeiros 10 anos, os Projetos Albatroz, Baleia Jubarte, Coral Vivo, Golfinho Rotador e Meros do Brasil já envolveram mais de 9 milhões de pessoas em ações de sensibilização e educação ambiental; produziram mais de 720 publicações técnicas e científicas; apoiaram a elaboração e execução de seis Planos de Ação Nacionais; participaram de mais de 2.230 fóruns nacionais e internacionais e geraram mais de 7.670 matérias na mídia que fortalecem a importância desse trabalho.

SOBRE O PROJETO ALBATROZ

Reduzir a captura incidental de albatrozes e petréis é a principal missão do Projeto Albatroz, que tem o patrocínio da Petrobras. O Projeto é coordenado pelo Instituto Albatroz - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que trabalha em parceria com o Poder Público, empresas pesqueiras e pescadores.

A principal linha de ação do Projeto, nascido no ano de 1990, em Santos (SP), é o desenvolvimento de pesquisas para subsidiar Políticas Públicas e a promoção de ações de Educação Ambiental junto aos pescadores, jovens e às escolas. O resultado deste esforço tem se traduzido na formulação de medidas que protegem as aves, na sensibilização da sociedade quanto à importância da existência dos albatrozes e petréis para o equilíbrio do meio ambiente marinho e no apoio dos pescadores ao uso de medidas para reduzir a captura dessas aves no Brasil.

Atualmente, o Projeto mantém bases nas cidades de Santos (SP), Itajaí e Florianópolis (SC), Itaipava (ES), Rio Grande (RS), Cabo Frio (RJ) e Natal (RN).


Mais informações: www.projetoalbatroz.org.br








Autor: projetoalbatroz
Fonte: projetoalbatroz
Sítio Online da Publicação: projetoalbatroz
Data: 28/06/2022
Publicação Original: https://projetoalbatroz.org.br/sobre-o-projeto-albatroz/noticias

Novo sistema de tratamento de esgoto remove até 70% do nitrogênio que seria lançado na natureza

Um novo modelo de reator anaeróbico de baixo custo, que funciona com um biofilme bacteriano aderido a uma espuma de poliuretano, pode reduzir em até 70% a concentração de compostos nitrogenados do esgoto sanitário, aponta estudo divulgado na revista Environmental Technology. Os pesquisadores aperfeiçoaram um modelo matemático que permite entender e prever o mecanismo de remoção do nitrogênio no biofilme formado por bactérias que transformam os compostos nitrogenados em gás nitrogênio, que é inofensivo para o meio ambiente, colaborando para pesquisas futuras.


O trabalho foi realizado por Bruno Garcia Silva durante seu doutorado em engenharia hidráulica e saneamento pela Universidade de São Paulo (USP), sob a orientação do professor Eugenio Foresti, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), e com apoio de bolsa da FAPESP.

O artigo é um dos resultados do Projeto Temático "Aplicação do conceito de biorrefinaria a estações de tratamento biológico de águas residuárias: o controle da poluição ambiental aliado à recuperação de matéria e energia", coordenado pelo professor Marcelo Zaiat. Envolve ainda equipes da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do Instituto Mauá de Tecnologia.

“A remoção do nitrogênio é alcançada ainda em poucas estações de tratamento de esgoto no Brasil, enquanto na Europa e nos Estados Unidos já acontece com maior facilidade. A ideia é trazer [a infraestrutura necessária] para a nossa realidade. Aqui geralmente se usa o reator anaeróbio, que gera um efluente com baixa carga orgânica, e isso dificulta o processo de remoção do nitrogênio”, explica Garcia à Agência FAPESP.

A retirada dos chamados compostos nitrogenados (entre eles nitrito, nitrato e amônia) tanto do esgoto doméstico quanto do industrial é essencial, pois eles podem contaminar corpos d’água superficiais (lagos, represas, córregos e igarapés) e subterrâneos (como grandes aquíferos), favorecendo o crescimento descontrolado de bactérias, algas e plantas – processo conhecido como eutrofização.

Além disso, o consumo de água contaminada por nitratos pode levar ao desenvolvimento de doenças como a metahemoglobinemia, conhecida como síndrome do bebê azul. Mais comum em crianças, pode causar dor de cabeça, tontura, fadiga, letargia ou até mesmo choque, depressão respiratória grave e alterações neurológicas, como convulsões e coma, nos casos graves.

“Quando acontece a proliferação de algas, uma das consequências que temos visto em represas como a Billings, por exemplo, é a morte de peixes por falta de oxigenação da água. Você perde uma área que poderia ser de abastecimento, de lazer ou ambos pelo excesso de algas, que são muito difíceis de serem removidas do meio líquido”, destaca Foresti, coordenador do grupo.

Diferenciais

Como explicam os pesquisadores, o principal diferencial do novo modelo de reator é o biofilme, que se forma após um processo biológico em que bactérias criam uma espécie de película sobre uma espuma, no caso, de poliuretano. Além disso, a configuração do equipamento possibilita o que os pesquisadores chamam de “contradifusão”, ou seja, o oxigênio é inserido no lado oposto ao dos contaminantes.

“O oxigênio será transportado para dentro da espuma porque, assim, permanece apenas onde é necessário para que a reação ocorra. Não queríamos esse gás em contato com a matéria orgânica o tempo todo, pois as bactérias consumiriam todo o oxigênio para degradá-la e não sobraria nada para consumir o nitrito e o nitrato. Por isso inserimos o oxigênio do outro lado do biofilme. A ideia é que a matéria orgânica que chega ao biofilme pelo lado oposto possa ser oxidada não apenas pelo oxigênio, mas também por nitrito e nitrato”, conta Garcia.

Quando não tem oxigênio entrando no reator, a amônia permanece inalterada. Mas quando chega à parte em que há entrada de oxigênio, começa a se transformar em nitrito e nitrato. “Como a única saída é pelo biofilme, os compostos atravessam essa barreira por difusão em direção contrária à da matéria orgânica. O encontro da matéria orgânica no contrafluxo cria condições ótimas para a remoção desse nitrito e desse nitrato, porque já não há oxigênio e há a matéria orgânica necessária para a desnitrificação”, acrescenta o pesquisador.

Foresti explica que, no Brasil, os reatores anaeróbios (no qual a matéria orgânica é degradada por bactérias que não precisam de oxigênio para viver) estão sendo cada vez mais utilizados pelos municípios por causa do nosso clima, mais quente que o do hemisfério Norte. As altas temperaturas permitem uma atividade maior das bactérias para decompor a matéria orgânica. Na Europa e nos Estados Unidos é o contrário, pois com temperaturas baixas o processo é diferente. A matéria orgânica presente na fase líquida, depois da remoção do lodo, é oxidada por processo aeróbio (que envolve o oxigênio).

Contudo, por causa dos custos, os compostos nitrogenados acabam não sendo totalmente retirados aqui no Brasil e acabam sendo liberados diretamente na natureza. Este novo modelo de reator é destinado a desenvolver uma segunda etapa para o tratamento das estações de esgoto, mais fácil e barata, visando tecnologias e parcerias futuras.

Parcerias

Garcia teve a colaboração de colegas do laboratório do professor Robert Nerenberg, da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, onde atuou como pesquisador visitante entre 2019 e 2020.

“A diferença do meu projeto para o deles é que, em vez de usar a espuma de poliuretano, por lá eles usam uma membrana semipermeável – semelhante a um canudinho cheio de ar dentro. Em contato com a água, esse canudinho permite a passagem do oxigênio, mas não da água, e o biofilme cresce aderido à essa superfície. Ou seja, através das paredes desse canudo é que se fornece oxigênio para as bactérias. Então, o oxigênio vem de dentro para fora e a água está fornecendo a amônia e a matéria orgânica. É o mesmo sistema de contradifusão. A diferença é que aqui nós utilizamos um material mais simples e barato”, pondera Garcia.

“No biofilme, a bactéria cresce aderida à superfície. Mas não seria um filtro propriamente dito, porque não oferece uma resistência mecânica à passagem de uma partícula. O que esse reator faz, na verdade, é servir de material de suporte para que a bactéria cresça e consuma a matéria orgânica solúvel e os compostos nitrogenados”, explica o cientista.

Próximos passos

Foresti adianta que a nova configuração do reator já está inspirando estudos mais recentes do grupo. Em um programa de cooperação entre a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e a FAPESP, os pesquisadores pretendem testar o novo modelo com o esgoto real da cidade de São Carlos, que já passou por um reator anaeróbio na estação de tratamento operada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto São Carlos (SAAE). Pesquisadores da UFSCar e do Instituto Mauá também fazem parte desse programa de cooperação e desenvolverão outros sistemas a serem testados.

“A pesquisa do Bruno é a primeira que utiliza o processo de contradifusão dessa forma aqui no Brasil. Ele comprovou o conceito para uma água residuária sintética. A eficiência encontrada com essa configuração de reator foi bem maior do que a observada em pesquisas anteriores, mas ainda precisamos avaliar vários fatores”, destaca Foresti.

A nova configuração foi testada por enquanto em laboratório. Novos projetos ainda precisam validar a eficiência, pois não é possível prever como o equipamento vai se comportar com grandes quantidades de efluentes. Além disso, é necessário testar o sistema usando esgoto real, doméstico e industrial, já que, até então, as amostras foram de esgoto sintético, preparado pela própria equipe.

“Talvez seja preciso melhorar o desenho e a geometria. Como eu consigo otimizar esse desenho para ter maior área superficial por volume de reator para baratear? Esse trabalho dá as bases, os fundamentos para que se continue pensando nesse processo e, também, a ferramenta, que é o modelo matemático”, finaliza Garcia.

O artigo Unique biofilm structure and mass transfer mechanisms in the foam aerated biofilm reactor (FABR) pode ser lido em: www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/09593330.2022.2058422.






Autor: Cristiane Paião
Fonte: Agência FAPESP
Sítio Online da Publicação: FAPESP
Data: 28/06/2022
Publicação Original: https://agencia.fapesp.br/novo-sistema-de-tratamento-de-esgoto-remove-ate-70-do-nitrogenio-que-seria-lancado-na-natureza/38978/

terça-feira, 28 de junho de 2022

Dia Nacional de Luta contra a Esclerose Lateral Amiotrófica

 Anualmente, em 21 de Junho, é celebrado o Dia Nacional de Luta contra a Esclerose Lateral Amiotrófica com o objetivo de alertar e conscientizar a população sobre a doença que afeta o sistema nervoso de forma degenerativa e progressiva ocasionando paralisia motora de forma irreversível.

A causa ainda é desconhecida, apesar da possibilidade de estar relacionada com a idade, genética e substâncias do meio ambiente. Dessa forma, não é possível conhecer os fatores que predispõem a doença e nem como prevenir o desenvolvimento.

Os indivíduos mais acometidos têm idade entre 55 e 75 anos. A sobrevida desses pacientes varia em média de 2 a 5 anos após o início dos sintomas e a causa de óbito mais frequente é a insuficiência respiratória, além de disfagia e broncoaspiração.

Sua incidência mundial, nas últimas décadas, vem chamando a atenção. No Brasil, são escassas as estimativas, porém em um dos principais estudos de abrangência identificaram 443 casos dessa doença no país.


Principais sinais e sintomas

Fraqueza muscular assimétrica;

Dor;

Cãimbras;

Disartria;

Tremores;

Disfagia;

Atrofia;

Dispneia;

Perda da coordenação motora;

Choro e riso incontroláveis (incontinência emocional).

Os órgãos do sentido não são afetados, assim como a inteligência e memória do indivíduo.

Saiba mais: Esclerose amiotrófica e indução de proteínas de choque térmico

Diagnóstico

O diagnóstico precoce da doença pode ser difícil e vai depender da presença dos sinais e sintomas das regiões afetadas. O tempo do início dos sintomas até o diagnóstico leva em torno de 10 a 13 meses.

Para auxiliar no diagnóstico, devem ser realizados os seguintes exames complementares: eletroneuromiografia dos quatro membros, hemograma completo, ureia, creatinina, transaminases séricas, tempo de protrombina, ressonância magnética de encéfalo e junção crânio-cervical, proteína C-reativa e eletroforese de proteínas séricas.

Tratamento

Pode ser dividido em não medicamentoso e medicamentoso.

Não medicamentoso — Consiste nos suportes:


Ventilatório;

Nutricional;

Mobilidade e acessibilidade;

Comunicação;

Multidisciplinar;

Atendimento domiciliar.

Medicamentoso — Tratamento específico:


Apenas um medicamento — riluzol — mostrou-se eficaz e é o único tratamento específico registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Os benefícios esperados são leve melhora dos sintomas bulbares e da função dos membros, além do aumento de sobrevida.

Para saber mais sobre esse e outros temas, continue acompanhando aqui no Portal Pebmed, no App Nursebook e no Nursebook Web. Se você ainda não baixou, ele está disponível no App Store e na Play Store.





Autor: Camila Tenuto
Fonte: PEBMED
Sítio Online da Publicação: PEBMED
Data: 27/06/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/dia-nacional-de-luta-contra-a-esclerose-lateral-amiotrofica/

Estudo FIGARO-DKD e análise FIDELITY: Principais lições

Neste vídeo, Rajiv Agarwal, George Bakris e Bertram Pitt revisam dados do estudo FIGARO-DKD e da Análise FIDELITY, apresentadas no Congresso ESC 2021. O objetivo é explorar o papel evolutivo dos antagonistas dos receptores de mineralocorticoides (ARMs) como parte do plano geral de tratamento para pacientes com diabetes e DRC.


Uma revisão interessante, que mostra dados de uma nova medicação, a finerenona, utilizada em um amplo grupo de pacientes com diabetes tipo 2 e doença renal crônica. Vale destacar que essa medicação ainda não está disponível no Brasil, mas é provável que existam mudanças nesse sentido em breve.

Estudo FIGARO-DKD e análise FIDELITY: Principais lições

Confira as análises da cardiologista e clínica médica, Isabela Abud, para a atualização desses dois estudos. E, depois de assistir o vídeo, convidamos você a responder o quiz para testar seus conhecimentos e também dizer o que achou desse conteúdo.






Autor: PEBMED
Fonte: PEBMED
Sítio Online da Publicação: PEBMED
Data: 28/06/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/quiz/estudo-figaro-dkd-analise-fidelity/

 


ELVIRA SOUZA LIMA - BULLYING: UMA ANÁLISE SOCIOANTROPOLÓGICA INTEGRADA AO FUNCIONAMENTO BIOLÓGICO e CULTURAL DO CÉREBRO

 Videoconferência via Sympla Streaming

Neste Encontro vamos analisar as origens do bullying e as características de um comportamento difícil de modificar. Bullying é um processo de raízes culturais. Daí a necessidade de compreensão em um espectro amplo de fatores. Bullying é um processo que forma memórias moduladas pela emoção, daí a persistência dos episódios. É possível modificar comportamentos de bullying pela abordagem de cunho sociológico.



Link para inscrição:
https://www.sympla.com.br/bullying-uma-analise-socioantropologica-integrada-ao-funcionamento-biologico-e-cultural-do-cerebro__1624372


CEPAOS Research Center
Centro de Estudos e Pesquisas Armando de Oliveira Souza





Autor: CEPAOS Research Center
Fonte: CEPAOS Research Center
Sítio Online da Publicação: CEPAOS Research Center
Data: 25/06/2022
Publicação Original: https://www.sympla.com.br/bullying-uma-analise-socioantropologica-integrada-ao-funcionamento-biologico-e-cultural-do-cerebro__1624372

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Monkeypox não é uma emergência de saúde global por enquanto, diz OMS

 Monkeypox ainda não é uma emergência global de saúde pública, disse a Organização Mundial da Saúde em 25 de junho.

A decisão ocorre quando o surto da doença relacionada à varíola continua a se espalhar, afetando pelo menos 4.100 pessoas em 46 países em 24 de junho. Isso inclui pelo menos 201 casos nos Estados Unidos. Esses casos foram encontrados em 25 estados e no Distrito de Columbia, de acordo com os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças.

“Controlar a propagação do surto requer intensos esforços de resposta”, e a situação deve ser reavaliada em algumas semanas, disse o comitê da OMS que avalia o surto em um anúncio.

Monkeypox se espalhou para pelo menos 4.100 pessoas em 46 países. Os vírus da varíola dos macacos maduros, rosa, e os vírus imaturos, azul, são mostrados em uma micrografia eletrônica colorida.


CYNTHIA S. GOLDSMITH, RUSSELL REGNERY E HANNAH BULLOCK/CDC

A declaração de uma emergência de saúde pública teria potencialmente facilitado a obtenção de tratamentos e vacinas para pessoas infectadas ou expostas ao vírus. Alguns medicamentos e vacinas que podem ajudar a combater a varíola são aprovados para uso contra a varíola e podem ser usados ​​contra a varíola apenas com autorização especial.

O vírus que causa a varíola dos macacos, nomeado por sua descoberta em macacos em 1958, embora seja provavelmente um vírus que infecta principalmente roedores, não é uma ameaça nova. Os países da África central, onde a varíola é endêmica, tiveram surtos esporádicos desde que os pesquisadores encontraram o primeiro caso humano em 1970. Lugares na África Ocidental tiveram poucos casos até 2017. Mas a maioria dos casos fora do continente estava relacionada a viagens, com disseminação limitada para outros (SN: 26/5/22).

“A varíola circula em vários países africanos há décadas e foi negligenciada em termos de pesquisa, atenção e financiamento”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, em comunicado anunciando a decisão. “Isso deve mudar não apenas para a varíola, mas para outras doenças negligenciadas em países de baixa renda, pois o mundo é lembrado mais uma vez de que a saúde é uma proposta interconectada”.

Monkeypox normalmente mata menos de 10% das pessoas que o contraem. Pelo menos uma pessoa morreu no surto global.

À medida que o número de casos aumenta, os pesquisadores estão trabalhando para decifrar o projeto genético do vírus, na esperança de descobrir se algumas mutações virais podem explicar por que o vírus rapidamente ganhou uma posição em novos lugares.

Traçando as mutações

O parente mais próximo conhecido das versões do vírus por trás do surto global vem da Nigéria, sugerindo que o surto pode ter começado lá.

No mais novo aumento de casos, os cientistas descobriram mais mudanças virais do que o previsto – um sinal de que o vírus pode estar circulando sem ser detectado entre as pessoas por um tempo, talvez desde o surto de varíola dos macacos na Nigéria em 2017-2018, sugere uma nova pesquisa. Além disso, um grupo de enzimas conhecido por suas habilidades de combate a vírus no corpo pode ser o culpado por muitas dessas mutações.

Uma análise genética dos vírus da varíola dos macacos envolvidos no surto global de 15 pessoas em sete países mostra que esses vírus têm uma média de 50 ajustes genéticos a mais do que as versões que circulavam em 2018 e 2019, relatam pesquisadores em 24 de junho na Nature Medicine. Isso é cerca de seis a 12 vezes mais mutações do que os cientistas esperavam que o vírus se desenvolvesse ao longo desse tempo. Ao contrário de alguns outros tipos de vírus, os poxvírus, que incluem os vírus da varíola e da varíola dos macacos, geralmente sofrem mutações de forma bastante lenta.

As mudanças têm um padrão que é uma marca registrada de uma família de enzimas chamada APOBEC3, dizem os pesquisadores. Essas enzimas editam os blocos de construção do DNA – representados pelas letras G, C, A e T – de uma maneira específica: Gs mudam para As e Cs para Ts. A análise encontrou esse padrão particular nas sequências virais, sugerindo que os APOBEC3s são responsáveis ​​pelas mutações.

Idealmente, tantos blocos de construção de DNA são trocados por outro que um vírus é efetivamente destruído e não pode infectar mais células. Mas, às vezes, as enzimas APOBEC3 não fazem alterações suficientes para eliminar o vírus. Esses vírus mutantes, embora ainda funcionais, podem infectar células adicionais e possivelmente outra pessoa.

Uma grande questão, porém, é se os ajustes genéticos vistos no vírus da varíola dos macacos são úteis, prejudiciais ou não têm nenhum efeito sobre o vírus.

Embora ainda não se saiba se as enzimas são diretamente responsáveis ​​pelas mudanças no vírus da varíola dos macacos, mutações semelhantes ainda estão surgindo, descobriu a equipe. Portanto, os APOBEC3s ainda podem estar ajudando o vírus a mudar à medida que continua a se espalhar. Um membro da família de enzimas é encontrado nas células da pele, onde as pessoas com varíola dos macacos podem desenvolver lesões infecciosas da varíola.

Diferentes sintomas

Os sintomas relatados no surto global foram geralmente mais leves do que os relatados em surtos anteriores, talvez permitindo que a doença se espalhe antes que uma pessoa saiba que está infectada.

Não está claro se essas diferenças nos sintomas estão relacionadas a mudanças no vírus, disse Inger Damon, diretora da Divisão de Patógenos e Patologia de Alta Consequência do CDC, em 21 de junho em uma entrevista coletiva organizada pelo SciLine, um serviço para jornalistas e cientistas. patrocinado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência.

Normalmente, em surtos anteriores, as pessoas desenvolviam sintomas semelhantes aos da gripe, incluindo febre, dores de cabeça, dores musculares e exaustão cerca de uma ou duas semanas após a exposição ao vírus. Então, um a três dias após o início desses sintomas, uma erupção cutânea, incluindo grandes lesões cheias de pus, aparece geralmente começando no rosto e nos membros, principalmente nas mãos, e se espalha pelo corpo. Embora geralmente mais leves, esses sintomas são semelhantes aos da varíola, mas as pessoas com varíola dos macacos também tendem a desenvolver linfonodos inchados.

Todos os pacientes no surto nos EUA tiveram erupções cutâneas, disse Damon, “mas as lesões foram espalhadas ou localizadas em um local específico do corpo, em vez de difusas, e geralmente não envolveram o rosto ou as palmas das mãos ou as solas dos pés. os pés." Em vez disso, erupções cutâneas podem começar na área genital ou anal, onde podem ser confundidas com doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis ou herpes, disse ela.

Em muitos casos, as erupções não se espalharam para outras partes do corpo. E os primeiros sintomas clássicos, como febre, foram “leves e às vezes inexistentes antes de uma erupção aparecer”, disse Damon.

Monkeypox é transmitido de pessoa para pessoa através do contato pele a pele ou pelo contato com toalhas, roupas ou roupas de cama contaminadas. Também pode ser transmitida por gotículas de saliva trocadas durante o beijo ou outro contato íntimo. O CDC está investigando se o vírus pode ser transmitido pelo sêmen, bem como pelo contato pele a pele durante o sexo, disse Agam Rao, capitão do Serviço de Saúde Pública dos EUA, em 23 de junho em uma reunião do Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização do CDC. .

“Não temos motivos para suspeitar que se espalhe de outra forma”, como pelo ar, disse Rao.

Na Nigéria, mais casos de varíola foram registrados entre mulheres, enquanto o surto global afetou principalmente homens, particularmente homens que fazem sexo com homens. Especialistas alertam que qualquer pessoa pode ser infectada com varíola, e algumas pessoas enfrentam um risco aumentado de doença grave. Aqueles com maior risco incluem crianças, pessoas imunocomprometidas, grávidas e pessoas com eczema.

O risco de pegar varíola por contato casual ainda é baixo nos Estados Unidos, disse Rao. Mas os dados que ela apresentou mostram que, embora as pessoas no país tenham contraído varicela ao viajar para o exterior, os casos também se espalharam localmente.







Autor: Tina Hesman Saey and Erin Garcia de Jesús
Fonte: sciencenews
Sítio Online da Publicação: sciencenews
Data: 25/06/2022
Publicação Original: https://www.sciencenews.org/article/monkeypox-who-not-global-public-health-emergency

Sobre a importância de proteger a terra sagrada para as comunidades nativas

“As árvores são preciosas para nós”, diz Priscilla Hunter. “Acreditamos que os espíritos de nossos ancestrais estão lá.”

Hunter é um membro do Coyote Valley Band of Pomo Indians no norte da Califórnia. Ela também é fundadora e presidente do InterTribal Sinkyone Wilderness Council (e a pessoa que detém a equipe na foto acima).



Em 1997, o conselho adquiriu 3.844 acres da região selvagem de Sinkyone, cerca de 320 quilômetros ao norte de São Francisco, ao longo da Costa Perdida da Califórnia. Está “perdida” porque a cênica Highway 1 a evita, cortando o interior para evitar o terreno costeiro acidentado. Pode-se também dizer que está perdido porque menos de 2% das sequoias antigas originais sobreviveram à extração de madeira décadas atrás. Agora, as 10 tribos que formaram o consórcio estão trabalhando para proteger e preservar sua terra sagrada. Perguntei a Hunter como eles estão conseguindo isso.

“Estamos apenas deixando curar. Leva muito tempo para curar uma área que foi cortada e cortada”, ela me disse. “As pessoas estão dizendo: 'O que vocês estão fazendo com isso?' Deixando curar. 'Como vocês estão lidando com isso?' Deixando curar."

Seus esforços ganharam atenção.

Em dezembro passado, a Save the Redwoods League, um grupo sem fins lucrativos estabelecido na área, deu ao conselho mais 523 acres de floresta costeira da Califórnia. Designado como Tc'ih-Léh-Dûñ - que significa "lugar de pesca" na língua Sinkyone - a terra inclui quase 200 acres de sequoias antigas.

“Ficamos muito satisfeitos por ter um lugar que ainda tem algumas das árvores antigas”, diz Hunter. “Vai salvar algumas árvores. Assim, as criaturas terão um lugar seguro – os peixes, os pássaros e tudo mais.”

O conselho de Sinkyone é apenas um exemplo de como os povos indígenas, em comunidades nos Estados Unidos e Canadá, estão assumindo o controle de suas terras, leis e destino.

A matéria de capa deste mês, “We Are Here”, explora como as nações nativas estão reivindicando sua soberania e reconstruindo suas culturas.

Obrigado por ler a National Geographic.




Autor: DAVID BRINDLEY, INTERIM EDITOR IN CHIEF
Fonte: nationalgeographic
Sítio Online da Publicação: nationalgeographic
Data: 14/06/2022
Publicação Original: https://www.nationalgeographic.com/culture/article/on-the-importance-of-protecting-land-sacred-to-native-communities?cmpid=org=ngp::mc=social::src=twitter::cmp=editorial::add=tw20220614ngm-editorsletterminitwthread&linkId=169296162

Transpiração autônoma em atuadores de hidrogel impressos em 3D

Tanto em sistemas biológicos quanto em sistemas de engenharia, o funcionamento na potência de pico por períodos prolongados requer termorregulação. Aqui, relatamos um atuador à base de hidrogel macio que pode manter a temperatura corporal estável por meio da transpiração autônoma. Usando estereolitografia multimaterial, imprimimos tridimensionalmente atuadores de elastômero fluídico semelhantes a dedos com um corpo de poli-N-isopropilacrilamida (PNIPAm) tampado com uma camada dorsal de poliacrilamida (PAAm) microporosa (~ 200 micrômetros). A resposta químico-mecânica desses materiais de hidrogel é tal que, em baixas temperaturas (<30°C), os poros são suficientemente fechados para permitir a pressurização e atuação, enquanto em temperaturas elevadas (>30°C), os poros se dilatam para permitir transpiração no atuador hidráulico. Esses atuadores de sudorese exibem um aumento de 600% na taxa de resfriamento (ou seja, 39,1°C minuto-1) em relação a dispositivos semelhantes sem sudorese. A combinação de vários atuadores de dedos em um único dispositivo produz garras robóticas macias capazes de manipular mecânica e termicamente vários objetos aquecidos. O desempenho termorregulador medido desses atuadores de sudorese (~107 watts quilograma−1) excede em muito a capacidade de resfriamento evaporativo encontrada nos melhores sistemas animais (~35 watts quilograma−1) ao custo de uma diminuição temporária na eficiência de atuação.




sexta-feira, 24 de junho de 2022

A dependência a anabolizantes

 A sociedade tem dado muita importância a beleza e a aparência corporal. O aumento de medidas de modificação do corpo com atividade física e nutrição. Nas últimas décadas o uso de suplementos, de cuidado físico com o corpo, com dietas e procedimentos cirúrgico, aumentaram pelo objeto de desejo em possuir um tipo de corpo padronizado pela mídia. O corpo como alvo de investimento crescente. Nesse cenário, o uso de anabolizante cresceu com efeitos que podem contribuir para o corpo esperado ou “ideal”. O desejo por esse corpo que sofre influência da mídia leva ao uso de anabolizantes. A intenção desse uso é desenvolver massa muscular e a perda de gordura corporal, transformando o corpo no “corpo sarado”. O uso é observado principalmente em jovens do sexo masculino, mas já passando para o uso aumentado do gênero feminino. Aumento de massa muscular, perda de peso, melhorar o desempenho atlético são alguns dos fatores que fazem a pessoa utilizar anabolizantes.


Mesmo sendo essas substâncias de venda proibida, o acesso aos anabolizantes é fácil entre jovens e adultos, havendo um mercado clandestino das substâncias no Brasil. Na maioria das vezes, o uso se dá para jovens de 20 a 30 anos e estão ligados a prática da musculação. Podemos considerar uma problemática invisível principalmente pelos sofrimentos psíquicos que podem causar. As complicações são frequentes e podem levar a morte. Por isso, reforça-se a necessidade de prevenção e da compreensão que o fenômeno é um problema de saúde pública. Os esteroides androgênicos anabolizantes são substâncias sintéticas ou semisintéticas quimicamente relacionadas ao hormônio sexual masculino, testosterona. Esses são produzidos na suprarenal e por ovários e testículos, gerando efeitos androgênicos e anabólicos. Provocam o crescimento de órgão reprodutor masculino e das características sexuais da pessoa. A condição anabólica provoca aumento da síntese protéica.

Os anabolizantes foram desenvolvidos para uso terapêutico. Usados para doenças que gerem balanço protéico negativo. Aumentam a síndrome protéica, geralmente utilizado para tratamento de doenças como cânceres, sarcopenia, osteoporose, hipogonatismo etc. Os anabolizantes aumentam a força e a massa muscular. Por esse motivo, são utilizados no uso do objetivo do corpo. Os usuários costumam fazer ciclos em doses cada vez maior. Consumida de forma progressiva em alguns padrões de uso, da seguinte forma: Ciclos (uso de diversas doses com períodos de pausas); pirâmide (de pequenas dosagens com aumentam de forma progressiva até o máximo possível e após a redução até níveis mínimos); padrão (uso de diferentes tipos de esteroides de forma simultânea).


Efeitos androgênicos e anabólicos da testosterona


Efeitos androgênicos


Efeitos anabólicos


Crescimento peniano


Aumento de massa muscular


Espessamento de cordas vocais


Aumento da concentração de hemoglobina


Aumento da libido


Aumento de hematócrito


Aumento da secreção glandular sebácea


Aumento da retenção de nitrogênio


Aumento de pelos no corpo


Redução do estoque de gordura corporal


Padrão masculinizado


Aumento da decomposição de cálcio nos ossos


(DIEHL et.al, 2011)

Há de se compreender que os efeitos dos anabolizantes são diferentes dos potenciais efeitos colaterais dos anabolizantes em usuários do serviço de saúde. Vamos listar alguns dos principais efeitos adversos dos anabolizantes. A dependência de anabolizantes foi constatada na literatura e são divididas em estágios. No primeiro estágio, os usuários buscam desenvolver o tamanho dos corpos relacionados a imagem corporal e ao desempenho atlético. O uso geralmente é acompanhado com dieta e modificação dos hábitos de vida. O estágio 2 relaciona-se a uma dependência química, pode ocorrer a fissura, um comportamento de uso compulsivo que podem causar sérios danos. Vamos conhecer esses danos:

Cefaleia;

Desenvolvimento de seios;

Danos hepáticos;

Danos urinários e intestinais;

Comportamento agressivo;

Problema nas articulações;

AVC;

Calvície;

Doenças cardíacas e pressão arterial aumentada;

Náuseas;

Impotência;

Hiperplasia prostática;

Redução da produção de espermas;

Encolhimento dos testículos;

Lesões em tendões.

Acnes

Nas mulheres a redução do tamanho dos seios, o aumento do clitóris, aumento de pelos corporais, alteração na voz, problemas menstruais são os maiores problemas encontrados. Muitas outras condições podem ser afetadas como os sistema musculoesquelético, dermatológico, hepático reprodutor, pulmonar, cardiovascular podem ser comprometidos. Pode acorrer algumas infecções, complicações e morte. A anamnese é importante para que nós profissionais possamos compreender as escolhas do usuário e o grau de dependência. Compreender as relações com o uso é importante para que intervenções possam ser realizadas. Alguns exames laboratoriais podem ser analisados para avaliação do estado de saúde. Os efeitos a longo prazo podem ser maléficos para a saúde, mas o acompanhamento médico na utilização é fundamental para evitar danos diversos.

É importante que a equipe de enfermagem faça da consulta de enfermagem um espaço importante para o cuidado. È um momento onde pode-se construir um projeto terapêutico singular (PTS) para que junto ao usuário, o profissional possa construir metas que possibilitem a melhoria de problemas identificados. Alteração do pensamento, alteração da visualização da imagem corporal são os principais possíveis diagnósticos de enfermagem que podem ser trabalhados, ou questões que envolva essas questões. Realize os diagnósticos, defina metas, faça a divisão de responsabilidades e sempre faça a reavaliação do usuário. Lembre-se de compreendê-lo e tratá-lo de forma empática.





Autor: Rafael Polakiewicz
Fonte: PEBMED
Sítio Online da Publicação: PEBMED
Data: 17/06/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/a-dependencia-a-anabolizantes/

Você sabia que você pode ajudar pessoas no momento de luto?

 No dia 19 de junho celebramos o Dia Nacional do Luto no Brasil. Esta data é importante para a construção de reflexões sobre os sentimentos de perda. A necessidade de discussão do tema se potencializou na pandemia quando de forma avassaladora milhares de pessoas morreram e outras milhares tiveram que conviver com a dor da perda de forma tão abrupta.


O Sentimento de Luto e a Morte

Já se sabe que o luto é uma reação natural esperada, sendo considerado um tipo de reação a um acontecimento que evidencie o sentimento de perda. O processo do luto pode acontecer nas situações de adoecimento onde subjetivamente há perda da saúde ou mesmo quando há ligação com a finitude da vida. Pode acontecer quando perdemos entes queridos e passamos pelo sentimento de luto referido a possibilidade de perda ou real perda de outrem.

Cada um de nós, seja por tradição cultural, familiar ou por investigação pessoal, possuímos uma representação própria da morte, ainda que, de maneira dicotômica ela tenha associação com a ideia de perda, ruptura, desintegração, e por outro lado a ideia de entrega, descanso ou alívio do sofrimento.

A morte provoca muita dor aos que permanecem em vida nos dias atuais. Mas nem sempre ela foi compreendida dessa maneira. Profundas mudanças ocorreram acerca do conceito de morte e do processo de morrer diante dos avanços tecnológicos. Em contraste com os séculos anteriores, as conquistas da medicina possibilitaram um aumento da expectativa de vida, bem como a melhora na prevenção e tratamento das doenças, e mudanças nas condições de morrer. Dessa forma, diferentemente do que ocorria em outros momentos na história, os quais a morte era corriqueira e familiar, ela passa a ser ocultada da vida social. O tempo da morte passou a ser domínio dos médicos, que embora não pudessem suprimi-la, passaram a regular a sua duração.

A compreensão existencial de finitude de nossa sociedade é cada vez mais negada. Negamos o óbvio! Todos nós vamos morrer, cada um a seu tempo. Mas parece que com o desenvolvimento tecnológico e a possibilidade de maior qualidade de vida, a negação com os processos de partida, tão certa e natural, se tornou uma questão para a humanidade. Indubitavelmente o encontro com a morte não tem necessariamente a ver com o fim. O simples fato de adoecer, mesmo que haja tratamento e recursos para o pleno estabelecimento da saúde, pode fazer as pessoas se encontrarem com a possibilidade da fragilidade natural da existência humana, o que gera medo, temor e um processo complexo a ser entendido por esta pessoa e por quem a cuida.

Quando esse processo se dá relacionado a um ente querido, o sofrimento pode ser avassalador. Principalmente quando ocorre o fim da vida de forma a qual julgamos não ser a ordem natural das coisas, como a perda de uma criança. Nessa perspectiva, cuidar da criança em processo de morrer e morte gera conflitos pessoais acerca da qualidade do cuidado e sofrimento para o profissional de enfermagem.

O profissional de Enfermagem diante da morte de um paciente

Cuidar de pacientes com doenças graves, fora de possibilidade de cura ou que por algum motivo estejam vivenciando seus últimos momentos de vida provoca intensos dilemas éticos nas equipes de saúde. É extremamente complexo estabelecer limites entre o cuidado, alívio do sofrimento, fornecendo conforto e morte digna, e medidas invasivas e dolorosas decorrentes dos avanços tecnológicos, que só prolongam o sofrimento por algum tempo.

Nós, profissionais de enfermagem, estamos de frente aos diagnósticos de adoecimento, e também nos momentos antes, durante e depois da morte. Nosso cuidado se estende para aqueles que ficam, que podem tornar o luto um processo patológico e de grande sofrimento. Por vezes é necessário auxiliar na readaptação da nova realidade de pessoas que ficam vulneráveis, paralisadas e frágeis. Que inconscientemente produzem comportamentos mal adaptativos para a situação, não percebidos por si ou por seus familiares na maioria das vezes, mas facilmente reconhecidos por profissionais tecnicamente apurados.

Entretanto, alguns estudos revelam a frustração e o sentimento de impotência expresso pelos profissionais diante da morte de um paciente. Esse sentimento de impotência diante da terminalidade da vida revela o despreparo dos profissionais de enfermagem para acompanhar esse momento e pode ser relacionado a uma lacuna existente na formação, que ainda prioriza a cura do paciente e o restabelecimento da saúde como objetivo final o cuidado.

É importante destacar que os profissionais necessitam explorar práticas que considerem a sensibilidade para o cuidado, mas acima de tudo, apurado conhecimento na tecnologia relacional. Cabe utilizar os conceitos de Merhy (2006), no qual aborda que uma tecnologia leve no trabalho em saúde, seria aquela que passa por um processo de acolhimento, vínculo e atenção integral à saúde, considerando ações humanizadas no processo de cuidar.

A necessidade do cuidado e acolhimento humanizado frente ao processo de luto, se faz necessário quando compreende-se que o luto é uma tentativa de compreensão da realidade, da existência, do nosso lugar no mundo e de como será o nosso mundo pós as perdas que envolvem: perda da saúde, possibilidade da perda da vida, perda de um familiar, perda de um amigo, etc. A complexidade desse tema, promove profundas reflexões dos profissionais da saúde quanto às ações profissionais.

Ações de Enfermagem diante do Luto

O luto tem em nossa sociedade uma ligação direta com morte. A filosofia é considerada por Sócrates, como a preparação para a morte sendo aquela que nos fará refletir sobre o que é morrer. Alguns filosófos dizem que morremos aos poucos ao longo da vida, convivendo com a morte daqueles que amamos, até que chegue a nossa própria morte. Seria o ensinamento natural da vida para o ser humano compreender melhor o luto?

A morte sempre foi um desafio para humanidade. Uma construção de experiências pessoais que envolve aspectos sociais, culturais, religiosos, pessoais e situacionais que transformam a concepção existencial. Na maioria das vezes não pensamos na morte até encontrá-la. Esse encontro não se dá apenas no encontro com nossa própria morte, mas com a morte daqueles que amamos, de pessoas próximas, de conhecidos, de celebridades ou mesmo de nossos pacientes.

Dessa maneira, entender a morte como processo natural e curso da vida é um ponto extremamente importante para que possamos realizar nossa assistência de forma humana e respeitando o processo de morte e morrer.

Contemplar as necessidades físicas, incluindo o tratamento dos sintomas, com vistas a aumentar a qualidade nos momentos finais da vida e garantir a dignidade do paciente antes e durante momento da morte e pós morte;

Respeitar a individualidade do paciente e sua família, pois mesmo que sejam realizadas as mesmas medidas para aliviar os sintomas físicos no momento da morte, a experiência da dor e do sofrimento são únicas e individuais a cada ser humano.

Preservar os princípios da bioética são imprescindíveis;

O adoecer é uma das experiências mais profundas frente a morte. Podemos ficar enlutados quando adoecemos e temos a possibilidade de morrer, mas quando o luto é com um ente querido, marcas desse luto podem nos acompanhar para o resto da vida. O que pode definir uma melhor readaptação são as intervenções de um profissional de saúde. Essas pessoas precisam de projetos terapêuticos singulares que as façam, compreender que o mundo é feito dos que vão, dos que ficam, da saudade, mas também da esperança, do recomeço, das experiências que elas ainda tem a viver. Não há fracasso diante do fim da vida de um paciente, é necessário que se compreenda a grandeza do ser humano que enfrentou a sua morte.





Autor: Colunista
Fonte: PEBMED
Sítio Online da Publicação: PEBMED
Data: 20/06/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/voce-sabia-que-voce-pode-ajudar-pessoas-no-momento-de-luto/