terça-feira, 22 de julho de 2025

O dia de hoje vai ter menos de 24 horas, a 5 de agosto vai ser igual: e isso afeta computadores, telefones, telecomunicações


A Terra está a girar mais depressa este verão, tornando os dias ligeiramente mais curtos e atraindo a atenção de cientistas e de quem cronometra o tempo.

O dia 10 de julho foi o dia mais curto do ano até agora, com uma duração de 1,36 milissegundos inferior a 24 horas, de acordo com dados do Serviço Internacional de Rotação da Terra e Sistemas de Referência e do Observatório Naval dos EUA, compilados pelo site timeanddate.com. Mais dias excecionalmente curtos vão acontecer esta terça-feira e depois a 5 de agosto, atualmente previstos para serem 1,34 e 1,25 milissegundos mais curtos do que 24 horas, respetivamente.

A duração de um dia é o tempo que o planeta demora a completar uma rotação completa sobre o seu eixo - 24 horas ou 86 400 segundos, em média. Mas, na realidade, cada rotação é ligeiramente irregular devido a uma série de fatores, como a força gravitacional da lua, as mudanças sazonais na atmosfera e a influência do núcleo líquido da Terra. Como resultado, uma rotação completa demora normalmente um pouco menos ou um pouco mais de 86.400 segundos - uma discrepância de apenas milissegundos que não tem qualquer efeito óbvio na vida quotidiana.

No entanto, estas discrepâncias podem, a longo prazo, afetar os computadores, os satélites e as telecomunicações, razão pela qual até os mais pequenos desvios de tempo são controlados através de relógios atómicos, que foram introduzidos em 1955. Alguns especialistas acreditam que isto pode levar a um cenário semelhante ao problema do Y2K, que ameaçava parar a civilização moderna.

Os relógios atómicos contam as oscilações dos átomos mantidos numa câmara de vácuo dentro do próprio relógio para calcular 24 horas com o máximo grau de precisão. Chamamos à hora resultante UTC, ou Tempo Universal Coordenado, que se baseia em cerca de 450 relógios atómicos e é a norma mundial para a contagem do tempo, bem como a hora para a qual todos os nossos telefones e computadores estão configurados.

Um relógio atómico no laboratório de tempo do Physikalisch-Technische Bundesanstalt (PTB), na Alemanha. Estes aparelhos utilizam lasers e átomos para calcular o tempo com extrema precisão foto Julian Stratenschulte/picture alliance/dpa/Getty Images
Os astrónomos também acompanham a rotação da Terra - utilizando satélites que verificam a posição do planeta em relação às estrelas fixas, por exemplo - e podem detetar diferenças mínimas entre o tempo dos relógios atómicos e o tempo que a Terra leva realmente a completar uma rotação completa. No ano passado, a 5 de julho de 2024, a Terra viveu o dia mais curto alguma vez registado desde o advento do relógio atómico, há 65 anos, com menos 1,66 milissegundos do que 24 horas.

“Desde 1972 que se regista uma tendência para dias ligeiramente mais rápidos”, afirma Duncan Agnew, professor emérito de geofísica no Scripps Institution of Oceanography e geofísico investigador na Universidade da Califórnia, em San Diego, EUA. "Mas há flutuações. É como observar o mercado de acções. Há tendências a longo prazo e depois há picos e quedas."


Autor: cnnportugal 
Fonte: cnnportugal
Sítio Online da Publicação: cnnportugal
Data: 22/07/2025

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