DRAUZIO VARELLA 1 de agosto de 2011 - Revisado em 7 de agosto de 2018
Está associada a níveis elevados de ácido úrico no sangue. Quando esses níveis são iguais ou maiores do que 6,8 mg por decilitro, dizemos que existe hiperuricemia, condição causada pela dificuldade do rim em excretar urato ou pela produção exagerada dessa substância.
A hiperuricemia é condição necessária para a instalação da gota, mas não suficiente. Um estudo com grande número de pacientes com níveis de ácido úrico superiores a 9,0 mg/dL revelou que apenas 22% desenvolveram gota num período de cinco anos.
A gota tem duas fases.
Na primeira, as crises são intermitentes, duram de 7 a 10 dias, regridem, e são seguidas por um período sem sintomas. O primeiro ataque costuma ocorrer de madrugada, com uma dor tão aguda no primeiro dedo do pé que a pessoa tem a impressão de que foi picada por um bicho. A partir desse momento, o simples contato com o lençol faz o dedo doer.
A segunda fase surge como consequência do controle inadequado da hiperuricemia. Ela se manifesta sob a forma de inchaços crônicos que deformam as articulações, causados pelo processo inflamatório associado à deposição dos cristais. Ao contrário da primeira fase, os sintomas agora persistem entre as crises.
A prevalência aumenta com a idade. A doença agride o sexo masculino na proporção de cada três ou quatro homens para cada mulher, mas, à medida que as mulheres chegam à menopausa, o risco aumenta.
O risco é mais alto entre aqueles que fazem uso de determinados medicamentos: diuréticos, aspirina em baixas doses (< 1 grama/dia) ou ciclosporina para evitar rejeição de transplante.
Os principais fatores que favorecem o aparecimento de hiperuricemia e gota são: obesidade, síndrome metabólica, insuficiência renal, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, transplante de órgão e algumas condições genéticas que interferem com o metabolismo dos uratos. Diabetes reduz o risco porque os níveis mais altos de glicose na circulação colaboram para aumentar a excreção de ácido úrico.
O risco é mais alto naqueles que ingerem dietas muito ricas em purinas (particularmente carne vermelha e frutos do mar), bebidas alcoólicas (principalmente cerveja e destilados), refrigerantes e frutose. É mais baixo nos que consomem leite e derivados, café e vitamina C (que ajuda a baixar os níveis de urato).
O tratamento da gota aguda tem como objetivo controlar a dor forte causada pela inflamação. São receitados anti-inflamatórios comuns, colchicina e alguns derivados da cortisona. A duração do tratamento dependerá da resposta clínica.
Os especialistas recomendam que os portadores de gota carreguem o anti-inflamatório no bolso, para tomá-lo assim que surgir o primeiro sintoma.
A aplicação de gelo no local é medida muito útil, por causa da atividade anti-inflamatória. Quando a crise atinge apenas uma das juntas há possibilidade de injetar corticosteroides no local.
Além dessas medidas para diminuir o sofrimento na fase aguda, é fundamental controlar a hiperuricemia para reduzir o risco de novas crises e o aparecimento das deformidades articulares.
Os consensos recomendam introduzir medicamentos com essa finalidade nos casos de pelo menos dois ataques por ano ou assim que aparecerem os primeiros sinais de deformações. O objetivo é manter os níveis de ácido úrico abaixo de 6,0 mg/dL. A droga mais utilizada é o alopurinol, na dose de 300 mg por dia, que pode ser aumentada conforme a necessidade.
Evitar álcool, refrigerantes e manter dietas pobres em carnes e frutos do mar ajuda um pouco. Tomar 500 mg de vitamina C por dia durante dois meses diminui os níveis de ácido úrico (em média 0,5 mg/dL). Tomar leite reduz 10% durante 3 horas.
Mas, o que faz diferença é tomar os medicamentos, perder peso e beber muita água.
Nenhum comentário:
Postar um comentário