segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Metodologia de problematização como processo avaliativo em um curso profissionalizante na área da saúde

Os modelos de ensino praticados na área da saúde sempre seguiram um limiar educacional baseado em adequações à sociedade contemporânea, e conforme Carneiro e colaboradores (2017), por vezes, perderam a integralidade ao especializar o conhecimento e, ao mesmo, passo a equidade tornou-se subjugada por métodos de avaliação não efetivos baseados em notas. E, conforme Santos (2016), atualmente, há uma demanda principalmente internacional, alavancada por pesquisadores norte-americanos, de qualificação e uniformidade do trabalho em saúde que busca uma relevância ética e moral à prática do ensino em saúde.


Nas últimas décadas, de acordo com Cunha et al. (2016), inúmeras reflexões seguiram os processos de mudança e conscientização sobre novos modelos de ensino, baseados principalmente na problematização de experiências e possibilidades de desenvolvimento e aperfeiçoamento das habilidades e competências necessárias aos futuros profissionais. Para tanto, uma das dificuldades encontradas no contexto de ensino em saúde é a necessidade de avaliar o aluno, já que as metodologias problematizadoras não são frequentemente utilizadas (RIBEIRO et al., 2016). Tal afirmativa, de acordo com Costa e Cotta (2016) sustenta-se na individualidade de cada ser humano, que por sua vez, instiga a diferentes pensamentos, compreensões e atitudes perante determinada situação que afloram incessantemente em discussões baseadas nas dinâmicas de problematização sobre saúde. Por si só, a área das ciências da saúde diferencia-se das demais por representar modelos de intervenções e resoluções de problemas baseados nas compreensões do próprio indivíduo, ao passo que sua bagagem de conhecimento empírico e científico influencia diretamente na tomada de decisão (ZIMMERMANN et al., 2016).


Partindo desse pressuposto, os processos avaliativos possuem uma tendência a serem inovadores, conforme Polizeli e colaboradores (2017), não refletem teorias vigentes, pois as mesmas não conseguem incorporar um modelo de avaliação justo e integral ao estudante. Em consonância, Rocha, Warling e Toassi (2016) destacam que a partir disso, compunha-se, um cenário de intervenção criativa, abordando a necessidade de incorporação de modelos técnicos científicos e rupturas às tradicionais avaliações em saúde. Esse texto assume caráter reflexivo, tendo como objetivo analisar a metodologia de problematização como processo avaliativo de estudantes na área da saúde.


Tal reflexão justifica-se por meio da necessidade de qualificação da formação do profissional da saúde, levando em consideração as suas próprias compreensões e bagagem de conhecimento adquiridos durante a trajetória pessoal e profissional problematizadas em sala de aula. Estruturando assim uma avaliação em que o estudante participe ativamente do processo e o professor compreenda suas individualidades e potencialidades para a aprendizagem do conteúdo.


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


Os processos de avaliação da aprendizagem na área da saúde compreendem um paradigma relutante tradicional a ser sobreposto em sala de aula, os motivos sobressaem às técnicas de ensino utilizadas que, por vezes, não oferecem abertura para a realização da inovação na área. Contudo, o ensino em saúde torna-se um campo fértil de possibilidades para experimentarem-se novos métodos avaliativos. Ainda assim a flexibilização dos modelos vigentes apresenta dificuldades, sendo que o estudante percebe a avaliação como uma demanda obrigatória, dialogando inclusive sobre espaços educacionais punitivos em que a aprendizagem não possui correlação com o processo avaliativo em saúde. Sendo assim, a seguir pretende-se fundamentar a avaliação na área da saúde e a metodologia de problematização, pois se acredita que ambas caminham juntas ao interligar o conhecimento com a realidade do estudante, gerando assim a aprendizagem esperada.


PROCESSOS AVALIATIVOS DA APRENDIZAGEM EM SAÚDE


No ambiente acadêmico contemporâneo acontecem diversas reflexões acerca dos processos avaliativos da aprendizagem. Fernandes (2014) destaca a responsabilidade na formação do futuro profissional condizente com as expectativas sociais. Partindo desse pressuposto, Batista e colaboradores (2017), reforçam que a avaliação constitui-se como algo presente e permanente no cotidiano do estudante, principalmente por estruturar-se como importante no contexto curricular obrigatório. Para tanto, a avaliação possui uma significância sob a concepção de quem a realiza, estando sob julgamento aspectos não só conceituais sobre o conhecimento repassado em sala de aula, mas diferentes magnitudes culturais que se encontram enraizadas na formação histórica das escolas com bases tradicionais (SORDI e LUDKE, 2009).


Já na área da saúde, conforme Carneiro et al. (2017) a avaliação passa a ser a garantia de uma formação profissional, de acordo com as características esperadas de um futuro profissional. Neste sentido, Xavier et al. (2017) destaca que a avaliação em saúde espelha-se na construção de um meio reflexivo, possibilitando o envolvimento dos sujeitos no processo. Assim diversas perspectivas afloram perante a articulação da aprendizagem, tornando-os parte do segmento de inter-relação no ensino em saúde.




Autor: Luís Felipe Pissaia, Marli Teresinha Quartieri, Nélia Maria Pontes Amado, Susana Paula Graça Carreira, Márcia Jussara Hepp Rehfeldt e Arlete Eli Kunz da Costa
Fonte: Sustinere
Sítio Online da Publicação: e-publicacoes UERJ
Data de Publicação: Julho a Dezembro de 2017
Publicação Original: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/30285/23176

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