Os modelos de ensino praticados na área da saúde sempre seguiram um limiar educacional baseado em adequações à sociedade contemporânea, e conforme Carneiro e colaboradores (2017), por vezes, perderam a integralidade ao especializar o conhecimento e, ao mesmo, passo a equidade tornou-se subjugada por métodos de avaliação não efetivos baseados em notas. E, conforme Santos (2016), atualmente, há uma demanda principalmente internacional, alavancada por pesquisadores norte-americanos, de qualificação e uniformidade do trabalho em saúde que busca uma relevância ética e moral à prática do ensino em saúde.
Nas últimas décadas, de acordo com Cunha et al. (2016), inúmeras reflexões seguiram os processos de mudança e conscientização sobre novos modelos de ensino, baseados principalmente na problematização de experiências e possibilidades de desenvolvimento e aperfeiçoamento das habilidades e competências necessárias aos futuros profissionais. Para tanto, uma das dificuldades encontradas no contexto de ensino em saúde é a necessidade de avaliar o aluno, já que as metodologias problematizadoras não são frequentemente utilizadas (RIBEIRO et al., 2016). Tal afirmativa, de acordo com Costa e Cotta (2016) sustenta-se na individualidade de cada ser humano, que por sua vez, instiga a diferentes pensamentos, compreensões e atitudes perante determinada situação que afloram incessantemente em discussões baseadas nas dinâmicas de problematização sobre saúde. Por si só, a área das ciências da saúde diferencia-se das demais por representar modelos de intervenções e resoluções de problemas baseados nas compreensões do próprio indivíduo, ao passo que sua bagagem de conhecimento empírico e científico influencia diretamente na tomada de decisão (ZIMMERMANN et al., 2016).
Partindo desse pressuposto, os processos avaliativos possuem uma tendência a serem inovadores, conforme Polizeli e colaboradores (2017), não refletem teorias vigentes, pois as mesmas não conseguem incorporar um modelo de avaliação justo e integral ao estudante. Em consonância, Rocha, Warling e Toassi (2016) destacam que a partir disso, compunha-se, um cenário de intervenção criativa, abordando a necessidade de incorporação de modelos técnicos científicos e rupturas às tradicionais avaliações em saúde. Esse texto assume caráter reflexivo, tendo como objetivo analisar a metodologia de problematização como processo avaliativo de estudantes na área da saúde.
Tal reflexão justifica-se por meio da necessidade de qualificação da formação do profissional da saúde, levando em consideração as suas próprias compreensões e bagagem de conhecimento adquiridos durante a trajetória pessoal e profissional problematizadas em sala de aula. Estruturando assim uma avaliação em que o estudante participe ativamente do processo e o professor compreenda suas individualidades e potencialidades para a aprendizagem do conteúdo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os processos de avaliação da aprendizagem na área da saúde compreendem um paradigma relutante tradicional a ser sobreposto em sala de aula, os motivos sobressaem às técnicas de ensino utilizadas que, por vezes, não oferecem abertura para a realização da inovação na área. Contudo, o ensino em saúde torna-se um campo fértil de possibilidades para experimentarem-se novos métodos avaliativos. Ainda assim a flexibilização dos modelos vigentes apresenta dificuldades, sendo que o estudante percebe a avaliação como uma demanda obrigatória, dialogando inclusive sobre espaços educacionais punitivos em que a aprendizagem não possui correlação com o processo avaliativo em saúde. Sendo assim, a seguir pretende-se fundamentar a avaliação na área da saúde e a metodologia de problematização, pois se acredita que ambas caminham juntas ao interligar o conhecimento com a realidade do estudante, gerando assim a aprendizagem esperada.
PROCESSOS AVALIATIVOS DA APRENDIZAGEM EM SAÚDE
No ambiente acadêmico contemporâneo acontecem diversas reflexões acerca dos processos avaliativos da aprendizagem. Fernandes (2014) destaca a responsabilidade na formação do futuro profissional condizente com as expectativas sociais. Partindo desse pressuposto, Batista e colaboradores (2017), reforçam que a avaliação constitui-se como algo presente e permanente no cotidiano do estudante, principalmente por estruturar-se como importante no contexto curricular obrigatório. Para tanto, a avaliação possui uma significância sob a concepção de quem a realiza, estando sob julgamento aspectos não só conceituais sobre o conhecimento repassado em sala de aula, mas diferentes magnitudes culturais que se encontram enraizadas na formação histórica das escolas com bases tradicionais (SORDI e LUDKE, 2009).
Já na área da saúde, conforme Carneiro et al. (2017) a avaliação passa a ser a garantia de uma formação profissional, de acordo com as características esperadas de um futuro profissional. Neste sentido, Xavier et al. (2017) destaca que a avaliação em saúde espelha-se na construção de um meio reflexivo, possibilitando o envolvimento dos sujeitos no processo. Assim diversas perspectivas afloram perante a articulação da aprendizagem, tornando-os parte do segmento de inter-relação no ensino em saúde.
Autor: Luís Felipe Pissaia, Marli Teresinha Quartieri, Nélia Maria Pontes Amado, Susana Paula Graça Carreira, Márcia Jussara Hepp Rehfeldt e Arlete Eli Kunz da Costa
Fonte: Sustinere
Sítio Online da Publicação: e-publicacoes UERJ
Data de Publicação: Julho a Dezembro de 2017
Publicação Original: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/30285/23176
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