A intolerância à lactose é um problema cada vez mais comum que atinge cerca de 40% dos brasileiros. É uma disfunção que pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais frequente conforme a idade avança, porque à medida que envelhecemos, nosso sistema digestivo tende a apresentar deficiência na produção de algumas enzimas, entre elas a lactase, responsável por quebrar o açúcar do leite.
Atualmente, os exames para diagnosticar o problema são mais precisos e acessíveis. Com uma amostra de sangue de 5ml e um teste que é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), já é possível saber se o indivíduo tem a disfunção. Outro exame bastante útil para detecção do problema é o teste respiratório de hidrogênio (H2). Nesse caso, não é nem necessário a coleta de sangue, pois o exame se baseia na quantidade de hidrogênio (H2) – gás produzido quando se é intolerante à lactose – na respiração. No início do teste, o paciente sopra lentamente em um pequeno aparelho que mede a quantidade de hidrogênio na respiração. Em seguida, deve-se ingerir uma pequena quantidade de lactose diluída em água e soprar no aparelho a cada 30 minutos, durante um período de 3 horas. O diagnóstico de intolerância é feito quando a quantidade de hidrogênio medida é 20 ppm (partes por milhão) maior que a da primeira medição.
Por apresentar sintomas bastante inespecíficos, como gases, dor abdominal e diarreia, até a década de 90 a grande maioria dos pacientes ficava sem diagnóstico. Como percebiam que os sintomas surgiam cerca de 30 minutos após o consumo de leite, o que faziam era simplesmente cortar o alimento da dieta.
Mas já é consenso entre a comunidade médica que não é necessário retirar os produtos lácteos das refeições. Como o leite é um alimento muito completo, a recomendação é verificar a quantidade que cada um tolera, pois os níveis de intolerância mudam muito de paciente para paciente, podendo ir desde uma resistência leve, até moderada ou alta.
Como forma de teste, em casa mesmo, o paciente pode começar ingerindo meio copo de leite duas vezes por dia. Para amenizar o efeito, pode consumir alimentos como pães e cereais junto com a bebida. Dessa forma, é possível encontrar um ponto de equilíbrio, o que não acontece quando o paciente tem alergia à proteína do leite. “Pessoas que são intolerantes possuem deficiência ou não produzem a enzima que vai ajudar a quebrar a lactose, mas isso não as impede de consumir algo que tenha leite ou derivados.
Atualmente, é possível fazer uso de enzimas que o paciente pode tomar ou adicionar ao alimento na hora de consumir”, esclarece o Prof. Dr. Paulo Carvalho, gastroenterologista do Hospital Israelita Albert Einstein. “Dessa maneira, ele terá as enzimas que vão quebrar a lactase e permitir sua digestão. Inclusive, não é que os produtos sem lactose disponíveis no mercado não possuam leite; na verdade, só há a adição dessa enzima”, complementa o especialista.
Mas atenção: é sempre recomendável procurar um especialista, pois por trás dessa resistência do sistema digestivo podem estar outras doenças, como colite, Doença de Crohn e outras, que são confundidas com intolerância à lactose.
CUIDADOS ESPECIAIS
Quem tem algum nível de intolerância precisa ter atenção redobrada em relação aos rótulos dos alimentos. Sabemos que queijos e iogurtes passam a ser objeto de atenção para quem é intolerante, mas há alguns produtos em que a presença de leite ou derivados não é tão evidente. A presença do ingrediente pode variar entre uma marca e outra, mas é preciso atenção com produtos muito diversos, como frutas em conserva, chocolates, bisnaguinhas, adoçantes, cereais, maionese, margarina, bolachas recheadas e achocolatados.
E não são somente os produtos alimentícios que podem desencadear o desconforto. “A lactose também é um excipiente muito utilizado na produção de medicamentos. Vale a pena conversar com o farmacêutico na hora que for comprar o produto para verificar se há alternativas”, alerta o especialista.
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