sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Potencialidades da Mídia Independente como referencial didático no Ensino Médio para o combate ao Racismo Ambiental

As mídias independentes que estão fora da lógica empresarial, quando comprometidas socialmente e profissionalmente, divulgam as informações e notícias de forma ética, sustentável e responsável, com compromisso com os fatos que chegam às minorias negras, aos/às LGBTS, aos povos indígenas, às mulheres negras, outras categorias sociais historicamente oprimidas e à sociedade em geral. Estes espaços midiáticos são profícuos para a produção de saberes dialógicos que possibilitam uma formação crítico-freiriana para a desconstrução de conceitos cristalizados fomentadores de estigmas que dão sustentação e naturalização a todas as nuances de injustiça e de racismo, dentre elas, as mais nefastas de todas, e quase nunca percebidas pelo tecido social – a Injustiça Ambiental e o Racismo Ambiental.

A sugestão em questão poderá ampliar o escopo do estado da arte e preencher lacunas em torno de discussões específicas no que concerne às potencialidades da mídia alternativa como referencial didático no Ensino Médio para uma formação crítica de combate às injustiças e ao Racismo Ambiental. Como sugestão, o lócus objeto de estudo escolhido foi o CIEPS – Complexo Integrado de Educação de Porto Seguro e o nível básico de execução foi o Ensino Médio, mas esta opção é hipotética, dado que a pesquisa poderia ser executada em quaisquer espaços escolares, níveis, períodos e anos do Ensino fundamental e do Ensino Médio da Educação Básica Brasileira.

Para continuar a discussão, é oportuno destacar que a publicação de um trabalho de sugestão de pesquisa é deveras importante, pois contribui, de forma direta, para a alfabetização científica de graduandos e até de pós-graduandos que apresentam dificuldades no âmbito da elaboração de propostas de pesquisa para apresentação nas seleções de pósgraduação em todo o país. Muitos são reprovados logo na fase de projetos, por isto, este artigo desponta como oportunidade de reflexão em torno dos processos e dos caminhos de pesquisa para a elaboração de anteprojetos, projetos ou propostas de intervenção.

Ao considerar-se tal aspecto, pode-se mencionar que para o estudo em questão, é possível partir de um corpus midiático composto por três mídias independentes como Desacato, Alma Preta e ANF – Agência de notícias das favelas –, haja vista que estas mídias possuem uma vasta literatura jornalística que discute injustiça ambiental e racismo ambiental no Brasil e, por isso, despontam como fontes importantes de análise que servirão para a intervenção no Ensino Médio (doravante EM) no Complexo Integrado de Educação de Porto Seguro (ou em qualquer outro lócus que o futuro pesquisador escolha) em encontros com docentes da instituição para o debate em torno das potencialidades da mídia independente como referencial didático para uma formação crítica de combate à Injustiça Ambiental, ao Racismo Ambiental e a suas configurações na cidade, buscando compreender as noções e as percepções dos referidos professores acerca do fenômeno levantado, além de verificar como o tema é apresentado ao corpo discente pelos docentes participantes da pesquisa.

Com esta proposta, a partir dos resultados de pesquisa, mostrar-se-á que a mídia alternativa, como material de referência para os debates em sala de aula, possui potencialidades pedagógicas ainda pouco exploradas para uma formação crítico-freiriana, seja porque, muitas vezes, muitos docentes, inconscientemente, ainda estão presos à noção de que somente as mídias hegemônicas resultantes da colonialidade nos processos informacionais são os “melhores” espaços de informação ou porque muitos deles, de fato, desconhecem a abertura dialógica dos meios de comunicação não empresariais.




Autor: Elissandro dos Santos Santana
Fonte: Sustinere
Sítio Online da Publicação: e-publicacoes UERJ
Data de Publicação: Janeiro a Junho de 2018
Publicação Original: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/33785/25726

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