quinta-feira, 18 de junho de 2020

Instituto Nupem, da UFRJ, avança em testes para diagnóstico de Covid-19 em Macaé

Um projeto desenvolvido no Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Nupem/UFRJ), em Macaé, vem oferecendo à população desse município do Norte Fluminense, desde o mês de abril, a realização de testes de RT-PCR (do inglês, Reverse-Transcriptase Polymerase Chain Reaction) em tempo real, para o diagnóstico da doença Covid-19, causada pelo coronavírus (Sars-CoV-2). Os testes são vêm sendo realizados no Laboratório de Microbiologia e Bioprocessos Mario Alberto Neto, do Nupem. O coordenador geral do projeto é o médico e professor Amilcar Tanuri, do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia, do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ, e a coordenação local é realizada pelo biomédico e professor Rodrigo Nunes da Fonseca, diretor do Nupem. Ambos os coordenadores foram contemplados pela FAPERJ no programa Cientista do Nosso Estado, de apoio à realização de pesquisas científicas.

Tanuri destaca que a realização dos testes em Macaé é uma questão estratégica para o controle da pandemia no estado do Rio de Janeiro. “Macaé é uma cidade portuária com a economia voltada para a indústria do gás e do petróleo, que tem como característica a grande circulação de pessoas que trabalham nas plataformas, inclusive estrangeiros. Por isso, a cidade é uma porta de entrada para o novo coronavírus. A realização dos testes de PCR em tempo real pelo Nupem também pode ajudar nos estudos da prevalência e da incidência da Covid-19 no município”, ponderou.

De acordo com o boletim da Vigilância Epidemiológica de Macaé, atualizado em 2 de junho, havia até aquele momento o registro formal de 936 casos confirmados de Covid-19 no município e 35 óbitos em razão da doença. “Logo no início de março, houve o fechamento completo da cidade com barreiras sanitárias, onde são realizados testes de temperatura, e caso as pessoas tenham febre, são encaminhadas para o Centro de Triagem do Paciente com Coronavírus de Macaé, que centraliza o atendimento aos pacientes de Covid-19 na cidade. Essa política de fechamento da cidade bem no início da pandemia foi positiva, e as taxas de ocupação nos CTIs estão em cerca de 60%”, contextualizou Fonseca.

Trata-se de um projeto amplo, que envolve a participação de diversas instituições públicas, como a Prefeitura de Macaé, o Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Trabalho (MPT), a Associação de Docentes da UFRJ (AdUFRJ), hospitais filantrópicos (Irmandade São João Batista) e instituições privadas (Unimed, Hospital São Lucas), médicos do trabalho, além de empresas da cadeia de óleo e gás. “O projeto é bom um exemplo de interação entre o poder público e o setor produtivo da cidade. No Laboratório de Microbiologia e Bioprocessos, do Nupem, são realizados testes de PCR em tempo real dos pacientes atendidos no Centro de Triagem do Paciente com Coronavírus de Macaé. As amostras são encaminhadas segundo as prioridades da lista de espera estabelecidas pela Secretaria Municipal de Saúde”, explicou Nunes-da-Fonseca. “Já o MPF e o MPT atuam no comitê gestor do projeto, na proposição e fiscalização das ações, bem como na divulgação da importância do projeto para as empresas, principalmente da indústria do petróleo”, completou.

Os testes de RT-PCR em tempo real realizados no Nupem são, segundo ele, o “padrão ouro” seguido por outros países e servem para a detecção da doença em estágio inicial. “O PCR é o teste indicado para pacientes com sintomas iniciais de Covid-19, entre o segundo e o décimo dia de sintomas, em média, e confirma se eles são positivos ou não para a doença. Ele é realizado a partir da retirada de uma amostra de secreção da mucosa nasal pois o coronavírus fica alojado inicialmente no trato respiratório superior, e depois, com a evolução da doença, desce para os pulmões. No laboratório do Nupem, verificamos se os swabs nasais contendo células extraídas da região nasofaríngea apresentam o RNA do coronavírus. O processo, feito de forma manual, leva cerca de quatro horas”, detalhou Nunes-da-Fonseca.


Nunes-da-Fonseca destaca a importância da realização dos testes para diagnósticos no estágio inicial da doença


Ele explicou ainda que os testes de RT-PCR em tempo real têm objetivos totalmente diferentes dos testes imunológicos rápidos oferecidos, por exemplo, em farmácias, que servem para checar se a pessoa que adquiriu a doença recentemente e se desenvolveu anticorpos, indicando assim se ela teve ou não Covid-19. “A importância da realização dos testes de PCR em tempo real é que quando você detecta a infecção no início, a pessoa pode ser isolada imediatamente e deixar de transmitir o coronavírus. Se a pessoa infectada for assintomática ou tiver sintomas leves, por exemplo, não souber o seu diagnóstico e continuar circulando normalmente, o vírus continua a ser transmitido”, justificou.

Atualmente, são realizados cerca de 30 testes diários no laboratório do Nupem, por meio de equipamentos manuais, e já foram realizados mais de 600 testes, ao todo. “O nosso objetivo é conseguir recursos para acelerar esse processo. Se conseguirmos adquirir equipamentos para a automatização dos testes de PCR em tempo real e mais insumos, conseguiremos realizar até 300 testes por dia, totalizando de 4.000 a 6.000 testes por mês até o final do ano. Hoje, temos insumos para continuar trabalhando por mais dois meses e meio, apenas”, destacou Nunes-da-Fonseca. “Por isso, lançamos uma campanha para angariar fundos e contamos com a colaboração de entidades públicas e privadas”, ressaltou.

A Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (Coppetec), voltada para o apoio de projetos de desenvolvimento tecnológico, de pesquisa, de ensino e de extensão, da Coppe e demais unidades da UFRJ, criou um fundo único e exclusivo, cujo acompanhamento financeiro pode ser seguido diariamente no link http://www.coppetec.coppe.ufrj.br/site/transparencia/pesquisa-covid19-macae.php. A utilização destes recursos será acompanhada pelo comitê gestor do projeto, incluindo o MPT e o MPF, sendo esta conta a única forma de doação de recursos financeiros para o projeto. Outra forma de contribuir é por meio da doação dos equipamentos necessários para a automação do processo. Empresas, entidades públicas e privadas e pessoas físicas interessadas em colaborar com a aquisição de equipamentos devem entrar em contato com a direção do Nupem pelo e-mail direcao@nupem.ufrj.br

Os testes vêm sendo coordenados pela professora Natália Martins Feitosa e o tecnólogo Bruno Rodrigues, e contam com a participação de mais 17 voluntários incluindo professores e alunos de pós-graduação do Nupem, pesquisadores contemplados pelo programa Jovem Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, além de bolsistas de mestrado e doutorado dos Programas de Pós-Graduação (PPG) Multicêntrico em Fisiologia; em Ciências Ambientais e Conservação do Nupem; em Produtos Bioativos e Biociências do campus Macaé da UFRJ; e em Ciências Morfológicas UFRJ-Sede. Todos esses programas de pós-graduação recebem apoio da FAPERJ, por meio de bolsas de estudo. O número de testes pode ser acompanhado em tempo real no site do Nupem.






Autor: Débora Motta
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 12/06/2020
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3991.2.2

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