sequenciamento por nanoporos (vazios na estrutura do genoma), pode melhorar a detecção de resistência oculta a antibióticos em infecções complexas, particularmente nos casos em que os diagnósticos estabelecidos falham. “O método envolve sequenciar DNA bacteriano diretamente, seguido por análise bioinformática para identificar as espécies de bactéria e prever genes de resistência a antibióticos”, destaca. “Essa tecnologia permite que a análise dos dados seja feita enquanto o sequenciamento ainda está em progresso, o que já rende resultados em poucas horas após o atendimento.”
“Foi estudada uma infecção pela bactéria Klebsiella pneumoniae multirresistente para demonstrar que a genômica em tempo real podia detectar um plasmídeo [molécula de DNA] escasso que codificava uma resistência clinicamente relevante, não detectada pelos métodos existentes”, descreve Fonseca Atum. A Klebsiella pneumoniae causa pneumonia e infecções hospitalares, em especial no aparelho urinário e em feridas. “Além de concordar com os resultados dos métodos tradicionais, nossa abordagem de genômica em tempo real permitiu identificar um subtipo raro de carbapenemase não encontrado quando o paciente entrou na clínica, mas que se tornou dominante após o tratamento com antibióticos.”
“Isso mostra o impacto potencial da genômica em tempo real no gerenciamento clínico, uma vez que não só teria oferecido previsões de resistência mais rápidas, mas também mais precisas, com impactos potenciais no resultado final do paciente”, salienta o pesquisador do IQ. “Para que a genômica em tempo real seja integrada ao fluxo dos trabalhos clínicos de rotina, é necessária uma validação mais ampla, ela deve superar consistentemente os diagnósticos estabelecidos em vários cenários e amostras.”
“Além disso, soluções em grande escala e com boa relação custo-benefício serão necessárias, principalmente em cenários de baixa e média renda, onde as resistências antimicrobianas começaram a ser uma pandemia ‘silenciosa’, com muitas mortes associadas”, enfatiza Fonseca Atum. “É importante ressaltar que essa abordagem não pretende substituir os diagnósticos baseados em cultura, mas sim complementá-los, fornecendo detecção de resistência mais rápida e precisa, principalmente em casos em que os métodos tradicionais falham.
A pesquisa genômica foi conduzida no Instituto Helmholtz AI em Munique (Alemanha), enquanto as culturas foram inoculadas e mantidas no Instituto de Microbiologia Médica, Imunologia e Higiene da Universidade Técnica de Munique. Os autores do artigo são Ela Sauerborn, Nancy Carolina Corredor, Tim Reska, Albert Perlas, Samir Vargas da Fonseca Atum, Nick Goldman, Nina Wantia, Clarissa Prazeres da Costa, Ebenezer Foster-Nyarko e Lara Urban. Os pesquisadores também são afiliados ao Centro Alemão de Pesquisa de Infecções, na cidade alemã de Braunschweig, Instituto Europeu de Bioinformática e London School of Hygiene & Tropical Medicine (Reino Unido), e à USP, através do Departamento de Bioquímica do IQ.
Mais informações: samir.atum@usp.br, com Samir Vargas da Fonseca Atum
*Estagiária sob supervisão de Moisés Dorado
Autor: jornal USP
Fonte: jornal USP
Sítio Online da Publicação: jornal USP
Data: 30/10/2024
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