sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Projetos desenvolvidos na UFF colocam a Inteligência Artificial a serviço da Saúde

A Inteligência Artificial (IA) vem ganhando um espaço crescente na área da Saúde, com ferramentas de apoio aos profissionais e à otimização de processos. Novas alternativas como o aumento da demanda pelo atendimento virtual, a telemedicina e o monitoramento remoto de enfermos abrem boas perspectivas para esse segmento, em franca expansão. Seguindo essa tendência, a engenheira de Computação Débora Muchaluat Saade coordena, na Universidade Federal Fluminense (UFF), o desenvolvimento de soluções para as áreas de Saúde e Energia, usando a Inteligência Artificial.

“Trabalhamos com projetos de pesquisa aplicada, reunindo Redes de Computadores e Multimídia, que são subáreas da Computação, aplicadas a alguns problemas de Saúde e também de energia elétrica, com as chamadas smart grids, as redes elétricas inteligentes”, resumiu a professora titular do Departamento de Ciência da Computação da UFF. Ao longo de sua trajetória como professora e pesquisadora, ela já recebeu apoio da FAPERJ em diferentes etapas de seus estudos. Para o projeto Smart Health Net, foi contemplada, pela Fundação, no programa Cientista do Nosso Estado. Já o projeto eHealth Rio – uma rede de pesquisa que reúne diversas instituições fluminenses, além da UFF, como o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e também é coordenada por Débora –, ganhou apoio da FAPERJ por meio do programa Redes de Pesquisa em Saúde no Estado do Rio de Janeiro.




Terapia com auxílio da Inteligência Artificial: idosa testa, em laboratório na UFF, jogo imersivo
para estimular a memória (Fotos: Divulgação)


Uma das aplicabilidades de ambos os projetos na área de Saúde é colocar a Inteligência Artificial a serviço de terapias alternativas de tratamento para pacientes com doenças neurodegenerativas, relacionadas ao envelhecimento, como demência, Alzheimer e comprometimento cognitivo leve. Para isso, um dos objetivos é construir uma sala multimídia, no Ambulatório de Idosos da UFF, no campus Mequinho, localizado no Centro, em Niterói. “Estamos reunindo esforços para construir um espaço onde esses pacientes poderão ser estimulados com recursos multimídia imersivos, interativos e sensoriais, em um ambiente planejado para a realização de jogos virtuais e outras terapias para ajudar a ativar capacidades neurocognitivas, como a memória e a concentração. Trata-se de um sistema Multiple Sensorial Media (MulSeMedia), que integra conteúdo multimídia e efeitos sensoriais. São oferecidos efeitos que remetem às sensações de calor e frio, de vento e aromas”, contou.

Outra aplicabilidade dos projetos é pesquisar recursos de IA para desenvolver sistemas de suporte ao diagnóstico para médicos e profissionais de Saúde. “As tecnologias avançadas de IA para auxílio ao diagnóstico e à decisão médica estão na fronteira do conhecimento, e vêm sendo cada vez mais adotadas no mercado como importantes aliadas aos profissionais de Saúde. Com esse suporte, os prestadores de cuidados de Saúde podem se concentrar no paciente e na qualidade do atendimento”, disse Débora, que coordena na UFF o laboratório MídiaCom.


Débora Saade: para a engenheira da Computação e pesquisadora na UFF, são muitas as possibilidades para o uso da Inteligência Artificial na sociedade


Em parceria com profissionais do Centro de Referência e Atenção à Saúde do Idoso do Serviço de Geriatria do Hospital Universitário Antônio Pedro (Crasi/UFF), dirigido pela médica e professora Yolanda Boechat, ela desenvolveu um sistema computacional que emite uma segunda opinião para o médico, no diagnóstico de doenças neurodegenerativas associadas ao envelhecimento. “Essa é uma pesquisa que realizamos há vários anos. O protótipo desenvolvido não é um sistema estático. Ele é atualizado constantemente a partir das informações dos próprios médicos, para que possamos aperfeiçoá-lo. Quando o médico informa ao sistema os dados demográficos do paciente e os resultados dos seus testes neuropsicológicos, técnicas de IA indicam um possível diagnóstico, servindo como uma segunda opinião ou como um apoio para um médico que não é especialista”, detalhou. O sistema, que começou a ser desenvolvido em 2013, com apoio do edital Apoio ao Estudo de Temas Relacionados à Saúde e Cidadania de Pessoas Idosas (Pró-Idoso), lançado então pela FAPERJ, teve resultados promissores e segue para uma segunda aprovação do Comitê de Ética, visando testes na rotina clínica do Crasi/UFF. Na fase inicial do seu desenvolvimento, contou com a parceria do professor Jerson Laks, do Instituto de Psiquiatria da UFRJ.

Os estudos de redes e sistemas inteligentes coordenados por Débora também vêm sendo aplicados na área de Energia, com novas soluções para as redes elétricas inteligentes. “As smart grids são uma tendência sem volta para modernizar as redes elétricas com tecnologias digitais. Existem novas especificações de equipamentos elétricos e protocolos para o intercâmbio de dados, que tornam a rede muito mais eficiente e facilitam o monitoramento da rede elétrica”, explicou. A solução, baseada no conceito de Redes Definidas por Software (em inglês, Software Defined Networks), foi o tema da tese da sua ex-aluna, Yona Lopes, quando esta cursou o doutorado sob sua orientação, tendo recebido bolsa da FAPERJ por meio do programa Doutorado Nota 10. Hoje, Yona é professora do Departamento de Engenharia Elétrica na UFF. Com base nesses estudos, a empresa distribuidora de energia elétrica Taesa está implantando uma solução SDN para teleproteção em uma linha de transmissão entre as subestações Samambaia e Serra da Mesa, no interior de Goiás, a cerca de 200 quilômetros de Brasília.

“São muitas as possibilidades de aplicações práticas da Inteligência Artificial, em todas as áreas do conhecimento”, destacou Débora. Para a pesquisadora, as inovações com base na IA devem se tornar cada vez mais comuns e fazer parte do cotidiano das pessoas nos próximos anos. “Há muitos trabalhos acadêmicos em âmbito internacional que visam ao desenvolvimento de soluções de IA. Elas vão auxiliar o trabalho de profissionais de diversas áreas e não acredito que os algoritmos substituirão as pessoas, mas serão importantes sistemas de apoio”, ponderou.






Autor: Débora Motta
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 25/02/2021
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4158.2.5

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