Esse comportamento foi previsto em 2017 por Xi Zhang, astrônomo da Universidade da Califórnia, que propôs que a neblina pudesse ser a chave para o resfriamento de Plutão. Era, nas palavras dele, uma “ideia maluca”. Mas se estivesse certo, seria possível detectar uma radiação infravermelha intensa com o equipamento certo. Corte para 2023: o JWST fez exatamente isso.
A equipe liderada por Tanguy Bertrand, do Observatório de Paris, usou o instrumento MIRI (Instrumento Médio Infravermelho) para testar a hipótese. E confirmou: a neblina plutaniana não só existe — ela domina a dinâmica térmica do planeta. Segundo Zhang, é raro uma ideia ser testada e confirmada em apenas seis anos. E mais raro ainda é ver uma hipótese tão improvável se tornar fato com tanta clareza.
As observações do Webb também revelaram como a radiação térmica varia na superfície de Plutão, com medições entre 4,9 e 27 mícrons. Foi assim que os cientistas perceberam que o gelo ali não é estático — ele se move com as estações, muda de lugar e até migra para Caronte, a maior lua de Plutão. Isso nunca foi observado em nenhum outro lugar do Sistema Solar.
Enquanto Caronte permanece praticamente sem atmosfera, Plutão apresenta um comportamento atmosférico mais próximo de Titã, lua de Saturno, onde reações químicas produzem partículas em suspensão. Mas em Plutão, essa névoa vai além da estética: ela mantém o equilíbrio entre a energia recebida do Sol e a que é dissipada para o espaço.
Para Zhang, entender esse processo é mais do que uma curiosidade cósmica. Ele acredita que esse comportamento pode oferecer pistas sobre a atmosfera primitiva da Terra — aquela mesma que, no passado, também era rica em nitrogênio e hidrocarbonetos. Plutão, afinal, pode estar mais conectado à nossa história do que a distância sugere.
Autor: ign
Fonte: ign
Sítio Online da Publicação: ign
Data: 10/06/2025
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