No IFF de Campos, Kalinowski destacou a importância da ciência para o desenvolvimento dos celulares e das telecomunicações (Fotos: Divulgação)
A palestra, intitulada “Leve um Nobel em seu bolso”, é requisito de contrapartida do programa “Cientista do Nosso Estado” (CNE), da FAPERJ, no qual Kalinowski foi um dos contemplados. O objetivo da apresentação foi mostrar aos cerca de 200 estudantes da plateia que seus celulares (apenas um deles não possuía um aparelho móvel) carregam conhecimentos e produtos desenvolvidos por diversos cientistas, inclusive contemplados com o Prêmio Nobel, como os físicos Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne, que receberam o Nobel de Física de 2017 pela descoberta das ondas gravitacionais, produzidas por meio da colisão entre dois buracos negros, previstas por Einstein em 1917 e confirmadas apenas em 2015. Com a exibição do vídeo, o professor lembrou aos estudantes que a luz ilumina não só ruas e residências, mas estão nos celulares, nos painéis dos automóveis, nas estações de metrô e aeroportos, nos leitores de códigos de barra, na TV, nos videogames e em todos os controles remotos. E mais: a luz do sol dá energia à terra, promove a fotossíntese, sendo fundamental para a produção de alimentos, além de ser uma importante aliada da medicina de ponta.
“Seu celular inteligente agrega vários resultados científicos de Física e Química. E é leve, light”, afirmou Kalinowski ao público, em sua maioria familiarizado com as diferentes siglas que caracterizam as tecnologias que compõem os smartfones, mas nem sempre conhecedores do que elas significam. Em seguida, o professor listou algumas tecnologias detentoras do Prêmio Nobel presentes nos celulares, como a CPU baseada em transístores, a tela ativa LCD, Led e Oled, as câmeras fotográficas (com sensores CCD/CMOS), além do laser, responsável pelas imagens das máscaras de produção dos circuitos, pelos circuitos eletrônicos, padrões para tela ativa, corte e fusão de vidro, gravação plástica, além de impressão de marcas e símbolos. Voltando no tempo, Kalinowski recordou as diversas formas de propagação de ondas no espaço livre, como as ondas eletromagnéticas (Herz), a telegrafia sem fio, as ondas de rádio, televisão, os satélites de comunicação, os enlaces de micro-ondas e os aparelhos de comunicação móvel sem fio (celulares).
As alunas Samara, Stela e Estéfany usaram um balão metalizado para simular um satélite de 1960
Didaticamente, Kalinowski discorreu sobre a interferência de ondas, exemplificando com a área de intercessão das ondas mecânicas, formadas por objetos sobre a água; para depois abordar a interferência das ondas luminosas (interferômetro de Michelson), pois a luz também é uma onda eletromagnética. O professor mostrou aos alunos fotos do Ligo (Observatório de ondas gravitacionais por interferômetro laser) projetado para abrir o campo da astrofísica através da detecção direta de ondas gravitacionais previstas pela Teoria Geral da Relatividade de Einstein. Os dois detectores de ondas gravitacionais estão localizados nos Estados Unidos – um em Hanford, no estado de Washington, e outro em Livingston, na Louisiana – e são operados em uníssono para, por meio da interferometria de laser, medir as ondulações mínimas no espaço-tempo causadas pela passagem de ondas gravitacionais de eventos cósmicos cataclísmicos, como colisões de estrelas de nêutrons ou buracos negros, ou por supernovas.
Com mestrado e doutorado em Física, livre-docência em Comunicações Óticas, pós-doutorados em Telecomunicações e Sensores de Fibra ótica em aplicações nas engenharias, Kalinowski considera que uma das maiores invenções da humanidade foi o vidro, material descoberto provavelmente pelos egípcios, por volta de 2.500 AC, cujos primeiros manuais de produção datam de 650 AC. Segundo historiadores da ciência, a janela de vidro foi responsável pela maior mudança de hábitos sociais no final da Idade Média, Renascença e Idade Moderna. Isso porque o vidro permitia que a luz entrasse dentro das construções e favorecesse atividades variadas antes impedidas pela escuridão imposta pelas janelas de madeira, contribuindo, ainda, tanto para a ciência quanto para o comércio.
Os alunos também puderam conhecer melhor as diversas aplicações da fibra ótica, desde as fontes luminosas, a fibra de vidro para uso industrial, os iluminadores de vidro ou plástico, a leitura ótica de cartões perfurados, até a criptografia, os endoscópios gástricos e iluminadores para cirurgias, os intensificadores de imagem e os cabos óticos submarinos, que se estendem por 450.000 km em mais de 100 sistemas, que tornou o mundo global no setor de comunicação. Kalinowski também falou sobre o impacto da globalização no consumo de energia. “O consumo de energia na Internet representa aproximadamente 1% da energia elétrica total consumida em países que oferecem banda larga. Essa porcentagem pode ultrapassar 4%, à medida que as taxas de acesso aumentam. Mas o gargalo de energia na Internet reside nos roteadores, não nos enlaces de fibra ótica”, explicou o professor. E encerrou sua palestra fazendo uma provocação aos alunos: “Será que substituindo elétrons por fótons, aumentaremos o tempo de vida da bateria, resolveremos o gargalo de roteamento IP e reduziremos o tempo de processamento? Quem sabe um de vocês terá a resposta?”.
Como parte das atividades da Semana de Telecomunicações do IFF Campos, três alunas – Samara Soares do Espírito Santo, Stela de Azevedo Gomes dos Santos e Estéfany Duarte Carvalho – organizaram uma demonstração de reflexão de ondas eletromagnéticas usando placas metálicas e o professor sugeriu que usassem um balão metalizado para simular um satélite de comunicações usado na década de 1960.
Autor: Paula Guatimosim
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 06/12/2018
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3672.2.3
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