sábado, 18 de maio de 2019
Reunião Magna da ABC discute Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU
Luiz Davidovich (à esq.), presidente da Academia Brasileira de Ciências, e Edson Watanabe, diretor do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Coppe/UFRJ (Foto: Manuella Caputo).
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) realiza esta semana a edição anual de sua Reunião Magna no auditório do Museu do Amanhã, na Zona Portuária do Rio. O foco deste ano é a participação da ciência e cientistas no cumprimento dos 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Na abertura, na terça-feira, dia 14 de maio, o coordenador do evento e diretor do Instituto de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Edson Watanabe, fez uma rápida fala e exaltou a escolha do tema. “Todos os objetivos são todos extremamente importantes e não é possível escolher um ou outro. Espero que em um futuro próximo tenhamos um Brasil mais próximo de um mundo sustentável. E nós estamos bem longe disso”. A reunião termina nesta quinta-feira, dia 16 de maio.
O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, lembrou que ABC segue o exemplo de outras academias. “Escolhemos esse tema porque ele está sendo considerado por academias de ciência por todo mundo. E é extremamente relevante para o Brasil porque toca em questões que afeta a qualidade de vida dos brasileiros. Questões relativas à saúde, ao saneamento, à possibilidade ter água potável, a redução da desigualdade, a erradicação da pobreza, a segurança alimentar. Acho que isso confirma também a ABC como um centro de pensamento sobre o País, apartidário, mas que coloca a ciência em primeiro lugar, a serviço do Brasil e do seu povo”, disse o físico, professor titular do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Watanabe e Davidovich têm, ambos, apoio da FAPERJ por meio do programa de fomento à pesquisa “Cientista do Nosso Estado”.
A primeira manhã do evento reuniu convidados para discutir de forma transversal os objetivos listados pela ONU, em especial sobre a redução da desigualdade, qualidade na educação, trabalho decente e crescimento econômico. Flávia Biroli, professora de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), abriu os trabalhos com uma palestra sobre a divisão social do trabalho e gênero. "Essa não é uma discussão minoritária. É sobre como a sociedade se organiza. E não basta, apenas, os casais dividirem melhor suas tarefas dentro de casa. É preciso criar políticas públicas para não prejudicar aqueles, em sua maioria mulheres, que se dedicam ao trabalho de cuidado de crianças e idosos", disse Flávia.
Em seguida, o pesquisador do Centro de Informaciones y Estudios del Uruguay (Ciesu) Fernando Filgueira explorou o argumento de que a globalização atual não permite que os países façam uma distribuição adequada de renda internamente e advogou por políticas globais de cidadania para diminuir a barreira para migrações e por mecanismos de decisão política que sejam independentes da boa vontade de um ou outro país. Para encerrar a primeira plenária, Ricardo Paes de Barros, professor do Instituto Ayrton Senna e do Insper, relacionou crescimento da produtividade e redução da desigualdade como a melhor forma de cumprir os objetivos propostos pela ONU. “Se você tiver um crescimento focado no pobre, você vai afetar todos os ODS de uma maneira muito mais forte. Nesse sentido, a pobreza é um acelerador de todos os ODS. Um crescimento econômico que vem junto com 5% de redução da desigualdade, tem um impacto na pobreza igual a um crescimento duas vezes maior", disse.
A primeira Conferência Magna foi proferida pelo embaixador de Portugal na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e ex-reitor da Universidade de Lisboa, Antonio Nóvoa. O especialista em História e Políticas Públicas de Educação falou da necessidade de articular uma linguagem comum, para além das especificidades das culturas e identidades, responsável por realizar as transformações necessárias dentro dos objetivos colocados pela ONU. Nóvoa também refletiu sobre a necessidade de democracia para se fazer ciência. "A ciência não é democrática. Uma descoberta científica geralmente vai contra o censo comum, contra o pensamento da maioria. Mas sem democracia, não podemos produzir ciência. E ainda que as descobertas sejam fruto do acaso, como disse Louis Pasteur, o acaso favorece as mentes preparadas. Felizmente a maçã caiu na cabeça de Newton e não na minha", brincou o palestrante no final de sua fala e foi efusivamente aplaudido. Durante o evento, também será celebrado a posse de 21 novos membros da academia, quatro deles vinculados a instituições do Rio de Janeiro. São eles: Eduardo Batalha Viveiros de Castro (Museu Nacional/UFRJ), Armando Martins Leite da Silva (Engenharia Elétrica/PUC-Rio), Marcelo Torres Bozza (Microbiologia/UFRJ) e Roberto Kant de Lima (Antropologia/UFF). Os dois últimos recebem apoio da FAPERJ por meio do programa Cientistas do Nosso Estado, da FAPERJ.
Autor: Ascom Faperj
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 16/05/2019
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3757.2.5
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