Neurociência
Atrofia do cerebelo de paciente com epilepsia é ligada à doença, e não ao uso de medicamento, diz estudo
Descoberta contribui para o avanço na compreensão do distúrbio; pesquisa é uma das mais abrangentes sobre o assunto, com amostras de 1.600 pacientes, incluindo brasileiros
08 de agosto de 2024
Ilustração do cérebro humano com o cerebelo destacado em amarelo (imagem: NIH)
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Luciana Constantino | Agência FAPESP – Estudo internacional com a participação de cientistas brasileiros mostra que a atrofia do cerebelo em pacientes com epilepsia está ligada à doença, ou seja, é uma característica que pode abrir novos caminhos para estudos. Até então, acreditava-se que a redução do volume dessa região responsável pelo equilíbrio e coordenação motora estivesse diretamente relacionada ao uso de um tipo de medicamento anticonvulsivo (a fenitoína).
O trabalho analisou dados de 1.602 pacientes de 22 países, dos quais 209 são brasileiros, e de outros 1.022 controles (382 do Brasil). Está sendo considerado a maior análise quantitativa das estruturas (morfometria) do cerebelo na epilepsia – incluindo tamanho, forma e volume.
Concluiu-se que todos os tipos da doença – focal e generalizada – apresentaram reduções “significativas” de volume cerebelar, principalmente no lobo posterior, em relação aos indivíduos-controle. O volume menor nas regiões do lobo posterior também foi associado à maior duração da epilepsia. Para os pesquisadores, os resultados levantam questões importantes sobre a potencial vulnerabilidade de diferentes sub-regiões cerebelares nas causas, consequências e expressão clínica de características específicas da doença.
Realizado pelo Consórcio Enigma, o estudo teve a participação do Instituto Brasileiro de Neurociência e Neurotecnologia (BRAINN), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi publicado na revista científica Epilepsia, considerada a mais importante da área.
O consórcio é uma rede internacional que reúne cientistas em genômica de imagem, neurologia e psiquiatria para compreender a estrutura e função do cérebro, com base em ressonância magnética, dados genéticos e outras informações de pacientes. Além das epilepsias, desenvolve investigações sobre várias doenças neuropsiquiátricas, entre elas Parkinson, Alzheimer, autismo, esquizofrenia e outras.
Autor: FAPESP
Fonte: FAPESP
Sítio Online da Publicação: FAPESP
Data: 08/08/2024
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