sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Cientistas descobrem que bicho-da-farinha nativo da África consegue decompor o plástico


Cientistas do Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia de Insetos (icipe, na sigla em inglês) documentaram pela primeira vez que o bicho-da-farinha, uma larva do besouro escuro Alphitobius, nativo da África, é capaz de biodegradar o plástico. Eles também notaram um consórcio de bactérias importantes no intestino da espécie, que ajudam a decompor o material.

Em um artigo publicado no periódico Scientific Reports, a equipe relatou que testou a capacidade do verme de consumir poliestireno, cuja forma mais comum é o isopor. Esse material é usado em recipientes de armazenamento de alimentos, embalagens de equipamentos, pratos e copos descartáveis e isolamento na construção.

Vários métodos, incluindo químicos, térmicos e mecânicos, são usados para reciclar o poliestireno. No entanto, essas abordagens são caras e ainda produzem compostos tóxicos que são prejudiciais às pessoas, ao meio ambiente e à biodiversidade.

“Nosso estudo mostrou que os bichos-da-farinha podem ingerir cerca de 50% do isopor. Nosso objetivo é conduzir mais estudos para entender o processo pelo qual eles consomem poliestireno e se eles obtêm algum benefício nutricional do material”, disse Evalyne Ndotono, bolsista de doutorado do icipe, em comunicado.

Ela acrescentou que também serão explorados os mecanismos das bactérias da larva na degradação do plástico. “Queremos entender se as bactérias são inerentes aos vermes-da-farinha ou se são uma estratégia de defesa adquirida após se alimentar de plástico.”

Além disso, os cientistas pesquisarão a capacidade do verme menor de degradar diversos tipos de plástico e convertê-los em produtos úteis e seguros.

“Podemos explorar esse conhecimento para resolver a poluição de resíduos plásticos, ao mesmo tempo em que aproveitamos os benefícios dos vermes-da-farinha, que fazem parte da população de insetos comestíveis altamente nutritivos”, salientou Abdou Tenkouano, diretor-geral do centro.

Dieta dos insetos interfere no processo
Fathiya Khamis, cientista sênior do icipe, publicou um artigo no The Conversation dando mais detalhes do trabalho. Segundo ela, testes foram realizados durante mais de um mês. Neste período, as larvas foram alimentadas apenas com poliestireno, apenas com farelo (um alimento rico em nutrientes) ou com uma combinação de poliestireno e farelo.

“Descobrimos que as larvas de farinha alimentadas com dieta de farelo de poliestireno sobreviveram em taxas mais elevadas do que aquelas alimentadas apenas com poliestireno. Descobrimos também que consumiam poliestireno de forma mais eficiente do que aqueles que seguiam uma dieta apenas com poliestireno. Isto destaca os benefícios de garantir que os insetos ainda tenham uma dieta rica em nutrientes”, escreveu.

Ela acrescentou que os insetos que receberam a dieta com farelo e poliestireno foram capazes de quebrar aproximadamente 11,7% do poliestireno total durante o período experimental.



Autor: época negócios 
Fonte: época negócios
Sítio Online da Publicação: época negócios 
Data: 13/11/2024

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