“Sabemos que a prematuridade é um dos principais fatores de risco para o óbito neonatal. Quanto menor o peso e a idade gestacional, maiores são os riscos de sequelas e óbitos”, explica a gestora da Área de Atenção Clínica ao Recém-Nascido do IFF/Fiocruz, Suyen Villela. “Além de evitarmos os óbitos, temos que focar na qualidade de vida, no neurodesenvolvimento”, completa.
A Unidade Neonatal da instituição é composta por leitos de Terapia Intensiva (UTI), Cuidado Intermediário Convencional (UCINCo) e Cuidado Intermediário Canguru (UCINCa), além do Ambulatório de Follow Up e do Laboratório de Função Pulmonar (este último, um diferencial para o acompanhamento da displasia pulmonar e outras patologias). Essa estrutura integrada, aliada ao acompanhamento multidisciplinar, permite o progresso contínuo do cuidado e o empoderamento das famílias.
“Procuramos manter não só a saúde dos pacientes, como também a do trabalhador. Para o sucesso do cuidado (obter bons resultados), é preciso manter o equilíbrio entre estrutura e processos. Sem o trabalho de equipe, fica muito difícil avançarmos”, destaca Suyen. A neonatologista lembra ainda que o IFF/Fiocruz atua alinhado à Estratégia QualiNEO, voltada à redução da morbimortalidade materna e neonatal, e segue os 20 Passos para o Cuidado Obstétrico e Neonatal, que orientam boas práticas em todo o país.

Humanização e vínculo: pilares do cuidado neonatal
Na prática diária, o Instituto adota diversas estratégias para fortalecer o vínculo entre os bebês prematuros e suas famílias. “Estimulamos a presença da família na Unidade Neonatal durante as 24 horas, incentivando o toque, o colo e a participação em cuidados como troca de fraldas, banho e amamentação”, explica a enfermeira Karla Pontes, também gestora da área de Atenção ao Recém-nascido do IFF/Fiocruz.
“Estabelecemos uma comunicação clara entre equipe e família, com o objetivo de reduzir a ansiedade e aumentar a confiança dos pais no cuidado com o bebê”, ressalta Karla. “Também realizamos rodas de conversa com a equipe multiprofissional e os familiares, promovendo uma troca mútua de experiências”.
A UCINCa, onde mãe e bebê permanecem juntos, e o alojamento para nutrizes são exemplos concretos do compromisso da instituição com o modelo de cuidado centrado na família, um diferencial reconhecido nacionalmente.

Com a oficialização do Novembro Roxo por Lei Federal, o IFF/Fiocruz reafirma seu compromisso com o cuidado integral e humanizado aos bebês que chegam ao mundo antes do tempo. Foto: Mayra Malavé (IFF/Fiocruz)
Pesquisa, formação e disseminação de boas práticas
Como órgão auxiliar do Ministério da Saúde (MS) desde 2010, o IFF/Fiocruz atua na formulação, coordenação e avaliação de políticas e práticas integradas para a saúde da mulher, da criança e do adolescente. Entre as contribuições ao Sistema Único de Saúde (SUS), destacam-se o Banco de Leite Humano (BLH), coordenado pela Rede Nacional de Bancos de Leite Humano (rBLH-Fiocruz) e promove a amamentação em todo o país, e o Portal de Boas Práticas, que dissemina conhecimento baseado em evidências científicas.
“A Estratégia QualiNEO, desenvolvida em parceria com o MS, formou 300 enfermeiros especialistas em Enfermagem Neonatal nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, fortalecendo a qualificação do cuidado neonatal em todo o território brasileiro”, explica Karla Pontes.
Em 2024, uma nova parceria resultou na cooperação entre a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e o IFF/Fiocruz estabelecida em 25 hospitais universitários federais, com foco na implementação dos 20 Passos do Cuidado Obstétrico e Neonatal com o intuito de reduzir as taxas de mortalidade e aprimorar a atenção ao recém-nascido e sua família.
Prevenção e equidade: desafios permanentes
Segundo Karla Pontes, reduzir a prematuridade também exige atenção aos determinantes sociais e à ampliação do acesso ao pré-natal. “Devemos visar a prevenção através da oferta de cuidados pré-natais de qualidade, planejamento familiar, controle de doenças crônicas, vacinação e apoio social e emocional às gestantes”, reforça. “Outro ponto importante é o uso de tecnologias como aplicativos e telemedicina para melhorar o acesso, especialmente entre populações em situação de vulnerabilidade”, conclui.
*Fotos: Mayra Malavé (IFF/Fiocruz)
Autor: Mayra Malavé-Malavé (IFF/Fiocruz)
Fonte: Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data: 03/11/2025
Publicação Original: https://fiocruz.br/noticia/2025/11/novembro-roxo-iff-fiocruz-reforca-compromisso-com-o-cuidado-humanizado-aos-bebes
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