sexta-feira, 5 de abril de 2019

Série de debates ‘Diálogos da Inovação’ marca início de parceria entre a FAPERJ e a FIRJAN

Emprendedores, investidores, profissionais da iniciativa privada e representantes da academia e do setor público lotaram na tarde desta quarta-feira, 3 de abril, o Auditório da Casa Firjan, em Botafogo, durante o evento “Diálogos da Inovação: Investimento em Empresas Inovadoras”. Resultado da parceria recentemente estabelecida entre a FAPERJ e a FIRJAN, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, a série de debates, que será realizada em seis encontros ao longo deste ano, tem o objetivo de discutir as mais importantes temáticas no âmbito da inovação no Brasil e no mundo. O primeiro encontro da série, com o tema Investimento em Empresas Inovadoras, abordou casos de investimentos em empresas que estão inovando e como os ambientes regulatórios podem estimular essa prática.

Intitulado “Como fazer dar certo?”, o primeiro painel do programa levantou questões sobre como impulsionar o desenvolvimento da inovação no estado do Rio de Janeiro e teve como mediadores o diretor de Tecnologia da FAPERJ, Mauricio Guedes, e a jornalista e Especialista de Projetos Especiais da FIRJAN, Julia Zardo. Ao abrir o painel, Guedes disse que a parceria com a FIRJAN para a realização desse evento era um plano antigo e lembrou que a FAPERJ é uma agência de fomento à Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I), com atuação historicamente voltada ao meio acadêmico. "A missão da Fundação, no entanto, é mais ampla. Para caminharmos rumo à inovação, temos que nos relacionar com as empresas. Daí a importância da escolha do tema desse encontro. Inovação se faz com ciência, pesquisa e tecnologia, mas temos que levar em conta outros ingredientes. Sem investidores não há como fazer inovação e gerar riqueza. Minha expectativa é que esses encontros na Casa Firjan tenham um efeito positivo para estimular o nosso ambiente de inovação, aproximando representantes da academia e empresários”, destacou Guedes.

Na primeira mesa de debates foram palestrantes Fernando Silva, gestor do Criatec, fundo de Investimentos de capital destinado à aplicação em empresas emergentes inovadoras; Rafael Duton, o fundador da Movile, holding proprietária de empresas nos segmentos de conteúdo móvel, entre elas o iFood e cofundador da 21212, empresa que surgiu como aceleradora de “startups” – nome dado às empresas nascentes de base tecnológica – e hoje atua na educação online e gestão das startups que ainda estão em seu portfólio; Renato Vieira, gerente de Arquitetura de TI da Petrobras Distribuidora (BR).

O grupo discutiu o papel dos investimentos para a formação de empresas inovadoras e os gargalos para o desenvolvimento da inovação no estado do Rio de Janeiro. Para Rafael Duton, o estado do Rio de Janeiro tem uma forte vocação para o setor de serviços e o desenvolvimento de produtos e processos inovadores, mas é preciso assegurar condições para atrair e manter investidores no mercado fluminense. “Temos uma vocação, mas só ela não basta. Nossos problemas gerais impactam o ambiente de inovação estadual, como a falta de segurança e o alto custo de vida no Rio, com alimentação e aluguéis mais caros que em São Paulo, e o desafios da administração pública”, disse Duton.


Mauricio Guedes e Julia Zardo: ciclo de debates, que ocorrerão ao longo do ano, celebra parceria entre a FAPERJ e a FIRJAN


Renato Vieira lembrou que é preciso estabelecer políticas públicas para fomentar o surgimento de mais startups no estado do Rio de Janeiro. “No edital Desafio de Startups Petrobras Distribuidora, lançado em 2018, que busca soluções inovadoras para os segmentos de atuação da companhia a partir de três vertentes – Mobilidade para Pessoas, Mobilidade para Negócios e Sustentabilidade, das dez startups selecionadas, apenas uma era do Rio”, disse Vieira. Por sua vez, Fernando Silva destacou a importância da realização do evento na Casa Firjan, na contramão do movimento de fuga do capital intelectual do Rio para São Paulo. “Nós, aqui no auditório, somos a resistência, empreendedores e investidores que acreditam no Rio”, completou.

“Temos ambiente para inovar?” foi a questão abordada na segunda mesa, moderada pelo vice-presidente da Firjan, Claudio Tangari. Um bom exemplo de ambiente favorável à inovação foi dado pelo argentino Manuel Tanoira, head de Venture Capital da Tanoira Cassagne Abogados e cofundador e diretor de Políticas Públicas da Associação de Empreendedores da Argentina (ASEA). “Empreender é uma política de Estado”, afirmou Tanoira, lembrando que se não houvesse uma lei federal na Argentina, que apoia tanto o capital empreendedor como o financiamento coletivo, não haveria empreendedorismo. Segundo Tanoira , o Marco Regulatório criou o ambiente propício para os empreendedores e a inovação.

Ele explicou que a política pública criada por lei federal argentina regulamenta três grandes áreas: capacitação, financiamento e o Marco Regulatório. Na regulação societária, por exemplo, para se abrir Sociedade por Ações Simplificada (SAS), o processo é feito online em apenas 15 minutos, ao custo de US$ 200, exemplificou o diretor da ASEA. Entre as modalidades de capital empreendedor disponíveis há o Fondo Semilla (Fundo Semente), formado por incubadoras que prestam assistência técnica e oferecem empréstimos de até US$ 250 mil, sem burocracia e sem cobrança de juros. Mencionou ainda o Fundo Aceleração e o Fundo Expansão, cada qual destinado a estágios diferentes de amadurecimento das empresas. Os três fundos já ajudaram a criar 1.027 projetos e aplicaram US$ 238 milhões. Tanoira também destacou o papel dos benefícios fiscais concedidos pelo governo argentino, que incentivaram grandes empresas como Coca-Cola e Arcor a investirem em empreendedorismo.

Em seguida, o subsecretário de Cooperação com o Setor Tecnológico e Inovativo do Estado do Rio de Janeiro, Filippo Scelza, ressaltou que a nova Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) vem se dedicando a gerar um ambiente propício ao empreendedorismo e à inovação, não sendo um empecilho ao setor produtivo e promovendo um ambiente de troca e escuta de todos os setores envolvidos. De acordo com ele, o objetivo é promover políticas públicas em conjunto, de modo a gerar uma agenda positiva. “Temos ambiente? Talvez. Mas com certeza temos atores dispostos a sentar à mesa e buscar soluções conjuntas para tornar o ambiente mais favorável”, afirmou Scelza. Segundo ele, diversas empresas estão dispostas a promover parcerias para incrementar o ambiente de negócios em tecnologia e inovação no estado.


A partir da esq., Filipo Scelza, Claudio Tangari, Manuel Tanoira e Felipe Hanszmann. Eles participaram da segunda mesa de debates do evento 


Fechando as discussões da mesa, Felipe Hanszmann, cofundador do Nós8 (empresa de assessoria jurídica para startups) e Head do VR1 (Núcleo de Inovação e Venture Capital do escritório Vieira Rezende Advogados), focou sua palestra nos benefícios fiscais e obrigações de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) pelas empresas, resumindo as quatro leis que permeiam o ambiente regulatório no Brasil. Em sua opinião, a principal preocupação do estado é oferecer segurança jurídica aos empreendedores, mas, devido aos desacertos entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, muitas vezes são criadas incertezas ao longo da jornada. “Entre os benefícios fiscais existentes no Brasil, a lei mais comentada na área de inovação é a Lei do Bem, que cria incentivos fiscais para que as empresas possam deduzir do Imposto de Renda suas despesas operacionais gastas no desenvolvimento de pesquisas, como remuneração do pesquisador e aluguel de sede do projeto. Outros marcos legais são a Lei da Informática, que desde dezembro de 2018 permitiu o investimento em startups, e a Lei da Informática da Zona Franca de Manaus. Ambas criam incentivos, como a redução de IPI para empresas da área de informática, visando o desenvolvimento desse setor industrial”, resumiu.

Hanszmann também destacou a importante garantia dada aos investidores por meio da Lei Complementar “Investimento-Anjo” (Nº 155/2016), que os eximiu de se tornarem sócios da empresa. Com isso, eles não poderão ser acionados para pagar uma dívida trabalhista ou fiscal da startup que recebe seus investimentos. “Nossa fonte de recursos, embora exista, é limitada e muitas vezes precisamos recorrer a investidores estrangeiros, com superávit de capital que pode ser aplicado aqui”, explicou Hanszmann, para quem uma evolução positiva no “ecossistema de inovação” seria, a exemplo do que ocorre na Argentina, que a lei permitisse às grandes empresas também creditarem seus investimentos em startups.

Durante o evento, houve um espaço para esclarecer as dúvidas dos interessados no Edital de Inovação: Desafio de Startups – Enel, Engie e Ternium, lançado pela Firjan para startups, empresas, instituições e outros stakeholders do ecossistema de inovação aberta. As chamadas da Engie e da Ternium se encerram em 15 de abril, e da Enel, em 30 de abril.




Autor: Ascom FAPERJ
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 05/04/2019
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3731.2.0

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