Essa tecnologia foi aplicada por uma equipe de pesquisadores de doenças infecciosas do Fred Hutchinson Cancer Research Center, com o objetivo de avaliar a edição de genes do vírus herpes simplex latente 1 (HSV-1), em camundongos. Para tanto, foram utilizados vírus adeno-associados (AAV, sigla em inglês) como veículo, para introduzir meganucleases no núcleo das células, buscando desenvolver uma potencial terapia curativa para tratar a infecção latente por HSV. As enzimas meganucleases, são uma classe de endonucleases (enzimas de restrição) que se caracterizam pela capacidade de reconhecer sequências grandes e específicas de DNA, normalmente com mais de 14 pares de bases, e clivar (cortar) as fitas desse ácido nucleico.
O chamado herpes simplex, causado pelos herpes vírus tipo 1 e tipo 2, caracteriza – se pelo aparecimento de úlceras orais e genitais e herpes neonatal, posteriormente entrando em latência vitalícia nos neurônios sensoriais (gânglios da raiz trigêmeo e dorsal) e autônomos (gânglios cervicais superiores e pélvicos principais) do sistema nervoso periférico, podendo a qualquer momento, ser reativado.
No estudo publicado na edição de agosto (18) da revista científica Nature Communications, o grupo de pesquisadores do NIH, conseguiu comprovar que o uso da edição genética eliminou grande parte dos HSV, em fase latente, do organismo dos animais. As meganucleases usadas no estudo foram as específicas para HSV - HSV1m5, HSV1m8 e HSV1m4 -, cada qual com alvos gênicos diferentes.
Os animais infectados, agora com os vírus em fase de latência, foram tratados, inicialmente, com o vetor de entrega scAAV8, com as terapias de meganuclease única (m5 ou m8) ou meganuclease dupla (m5 + m8). Os resultados obtidos por meio da análise dos gânglios cervical superior e trigeminal (SCG e TG, siglas em inglês, respectivamente), um mês após o tratamento, mostraram que os camundongos que receberam uma única meganuclease (m5 ou m8) apresentaram baixos níveis de edição dos genes dos sítios-alvo de HSV.
Ao compararem SCG e o TG dos animais tratados com meganuclease única, com os dos animais controle, os resultados das análises mostraram que a redução dos HSV não foi significativa. Porém, ao receberem ambas as meganucleases (m5 + m8), a diminuição nas cargas de HSV foi significativa e detectável tanto em SCG, quanto em TG.
Com pelo menos 90% dos vírus eliminados, os pesquisadores acreditam que a terapia com edição genética é um caminho promissor para o tratamento das afecções pelo herpes simplex latente.
14/09/2020
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
Autor: Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
Fonte: Equipe Biotec AHG
Sítio Online da Publicação: AHG
Data: 14/09/20
Publicação Original: http://www.biotec-ahg.com.br/index.php/pt/acervo-de-materias/saude/884-meganucleases-eliminam-herpes-virus
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