terça-feira, 5 de abril de 2022

Uso de Metanfetamina no Brasil associado ao chemsex

A Metanfetamina é um problema de saúde pública antigo em países como os EUA. Através da National Survey on Drug Use and Health (NSDUH) de 2015, estima-se que a prevalência do uso de metanfetamina, em pessoas acima de 12 anos, na população americana seja de 5,5%. Nessa população, foi observada tendência de aumento na mortalidade relacionado à overdose no período observado.  A Metanfetamina age promovendo liberação de dopamina, serotonina e noradrenalina nas fendas sinápticas do sistema monoaminérgico, tendo efeito estimulante do sistema nervoso central, além de efeito simpatomimético periférico. A substância é legalizada em alguns países, com indicações específicas. Porém, sua utilização recreativa (ilegal) é usualmente através de inalação da própria substância, de fumaça, ou por via intravenosa.


A Metanfetamina no Brasil e o “Chemsex”

No Brasil, o uso da medicação era pouco frequente, segundo um trabalho realizado pela Fiocruz em 2017 (III Levantamento Nacional sobre Uso de Drogas). No estudo, a metanfetamina foi incluída no questionário junto com outros “anfetamínicos”, como metilfenidato e dextroanfetamina. A prevalência de uso dessa classe de medicações foi estimada em 1,4% ao longo da vida, e 0,3% nos últimos 12 meses.

Atualmente, há indícios de uma mudança de cenário, devido ao uso da metanfetamina em um contexto sexual, conhecido como “chemsex”. O termo refere-se ao uso de qualquer substância psicoativa com objetivo de aumento do desempenho e prazer durante o ato sexual. O psiquiatra Bruno Branquinho, em coluna publicada em março de 2022, descreve com preocupação o aumento do uso da substância, incluindo seus potenciais efeitos adversos (vide referências abaixo).

Intoxicação pela Metanfetamina

Sintomas comuns da intoxicação por metanfetamina são: midríase, hipertensão, taquicardia e dispneia. Em casos graves, pode ocorrer: rabdomiolise, lesão renal aguda, além de insuficiência cardíaca e hepática. No que se refere ao estado mental, associa-se com frequência à agitação psicomotora, e estima-se ocorrência de sintomas psicóticos agudos em aproximadamente 10% dos casos, além de ideação suicida com a mesma frequência.

Seu uso crônico leva a ocorrência de sintomas depressivos e ansiosos, comprometimento cognitivo, além de síndrome delirante alucinatória que pode persistir por meses a anos, mesmo em pacientes sem diagnóstico psiquiátrico prévio. Além disso, destaca-se sua associação com doença coronariana e cerebrovascular a longo prazo. É necessário observar que as evidências científicas que avaliam os danos à saúde, especialmente no uso crônico, são provenientes de estudos observacionais, em sua maioria de pequeno tamanho amostral.

Mensagem prática

Há indícios de aumento no uso da metanfetamina no Brasil, especialmente associado ao chemsex na população LGBTQIA+.

É necessário melhor compreensão da epidemiologia do uso da metanfetamina no país, para o adequado planejamento de ações em saúde, na tentativa de mitigar seus potenciais efeitos danosos a curto e longo prazo.





Autor: Vinícius Zofoli de Oliveira
Fonte: PEBMED
Sítio Online da Publicação: PEBMED
Data: 05/04/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/uso-de-metanfetamina-no-brasil-associado-ao-chemsex/

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