segunda-feira, 29 de agosto de 2022

ESC 2022: Inibidores de SGLT2 – os novos caminhos para tratar Insuficiência Cardíaca

A PEBMED, com apoio da Pfizer, trará conteúdos exclusivos sobre o European Society of Cardiology (ESC) 2022, que acontece de 26 a 29 de agosto, em Barcelona. Confira agora as novidades do trial DELIVER, que foram apresentadas hoje, no segundo dia do ESC 2022:




A insuficiência cardíaca (IC) afeta aproximadamente 64 milhões de pessoas no mundo, sendo cerca de 55% pacientes com fração de ejeção preservada (ICFEP, FEVE > ou = 50%). Este grupo de pacientes apresenta, também, desfechos clínicos ruins e tem pouquíssimas opções terapêuticas até o momento. Os guidelines atuais recomendam os inibidores de SGLT2 apenas para IC de fração de ejeção reduzida (ICFER, FEVE < ou = 40%).

Acompanhe a cobertura completa do ESC 2022


Trial DELIVER

Nesse contexto, os trial DELIVER, publicado hoje no New England Journal of Medicine, buscou avaliar a dapaglifozina para pacientes hospitalizados e recentemente hospitalizados por IC com FEVE > 40%. 6263 pacientes >= 40 anos, em classe funcional NYHA II-IV com FEVE > 40% (incluindo aqueles com FEVE remodelada/revertida) foram randomizados, para receber dapaglifozina 10 mg/dia ou placebo com seguimento médio de 2,3 anos. O desfecho primário foi morte cardiovascular ou piora da IC. Desfechos secundários foram morte cardiovascular, complicações da IC, qualidade de vida, morte cardiovascular e morte por todas as causas.

O resultado foi “delivered”, como os cientistas disseram no ESC 2022. Houve redução do desfecho primário de 12% (HR 0,82 [IC95% 0,73- 0,92, p < 0,0008, NNT 32). Os desfechos secundários também tiveram redução, especialmente qualidade de vida IR 2,4 [IC95% 1,5-3,4, p < 0,001). Efeitos adversos como desidratação, cetoacidose diabética, disfunção renal ou descontinuação da droga foram similares entre grupo controle e placebo para pacientes recentemente hospitalizados.


ESC 2022: Tratamento medicamentoso e ICP para DAC e inovações tecnológicas na ECO


Metanálise DELIVER+DAPA-HF

A metanálise Deliver + DAPA-HF, também publicada hoje na revista Nature Medicine, seguiu avaliando o impacto da dapaglifozina junto ao estudo DAPA-HF, que randomizou 4.744 pacientes com ICFER também para receber dapaglifozina 10 mg/dia ou placebo com seguimento medio de 22 meses, tendo um pool de mais de 11.000 pacientes com IC. Os desfechos pré-especificados foram: morte cardiovascular, morte por todas as causas, hospitalização por IC e MACE (morte cardiovascular, IAM, AVC). Houve redução de 14% de morte cardiovascular (HR 0,86 [95% CI 0.76-0,97], p 0,01), 29% de hospitalizações por IC (HR 0,71 [95% CI 0.65-0,78], p <0,001), 10% de morte, infarto agudo e AVC (HR 0,9 [95% CI 0,81-1,0], p 0,045).

Veja os highlights do primeiro dia do ESC 2022


Metanálise DELIVER+EPEROR-Preserved

Na mesma linha de investigação, a metanálise DELIVER + EMPEROR-Preserved, usou o trial EMPEROR-Preserved, publicado no New England Journal of Medicine e no ESC 2021, para avaliar o impacto tanto da dapa quanto da empaglifozina em pacientes com ICFEP.


Relembrando o EMPEROR-Preserved, um ensaio clínico, multicêntrico, duplo-cego que envolveu quase 6.000 pacientes > = 18 anos, em classe funcional NYHA II-IV, FEVE > 40% e NT-proBNP > = 300 pg (> = 900 pg em portadores de fibrilação atrial) que foram randomizados para receber empaglifozina 10 mg ou placebo. O desfecho primário foi morte cardiovascular ou hospitalização por IC. Desfechos secundários incluíram hospitalização por IC e taxa de declínio da filtração glomerular. O desfecho primário ocorreu em 415 (13.8%) vs 511 (17.1%), ou seja, 6.9 vs 8.7 eventos por 100 pacientes-ano (risco relativo de 0.79; 0.69 – 0.90 com P < 0.001) comparando-se empaglifozina com placebo, respectivamente. A hospitalização por IC foi 8.6 vs 11.8% com significância estatística (P < 0,001), já morte cardiovascular foi 7.3% vs 8.2% sem significância estatística.


Relembre os resultados do EMPEROR-Preserved apresentados no ESC 2021


Com a metanálise DELIVER+EMPEROR-Preserved foi possível avaliar mais de 12.000 pacientes com FEVE > 40% usando dois ISGLT2 diferentes, com desfecho primário também sendo morte cardiovascular e hospitalização por IC. O resultado foi redução de 20% do desfecho primário (HR 0,8 [IC95% 0,73-0,87], p<0,0001), não havendo diferenças estatísticas nos diversos subgrupos de idade, diabetes, sexos, FEVEs, função renal, etc.


Além disso, na metanálise com 5 estudos (DAPA-HF, DELIVER, EMPEROR-preserved, EMPEROR-Reduced e SOLOIST-WHT) houve redução de 23% do desfecho primário (IR 0,77 [IC95% 0,72-0,82, p <0,0001), 28% de hospitalizações por IC, p <0,0001) e redução de 13% de mortes cardiovasculares (IR 0,87 [IC95% 0,79-0,95, p <0,002).


Dessa forma, ficou evidente que os inibidores de SGLT2 têm impacto em reduzir desfechos clínicos cardiovasculares para todos os pacientes com IC (ICFER ou ICFEP), desde que não tenham contraindicação da classe de droga.






Autor: Sara Del Vecchio Ziotti
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 27/08/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/esc-2022-inibidores-de-sglt2-os-novos-caminhos-para-tratar-insuficiencia-cardiaca/

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