terça-feira, 25 de outubro de 2022

ID Week 2022: Estudos de doenças fúngicas que podem mudar a prática

Durante o congresso IDWeek 2022, promovido pela Infectuous Diseases Society of America (IDSA), em Washington D.C, foram apresentados resultados de estudos recém-publicados na área da infectologia. Aqui reunimos os novos estudos sobre doenças provocadas por fungos que têm o potencial de influenciar a prática médica.

Os temas de maior relevância durante as sessões do congresso foram terapias para Candida sp e meningite criptocócica.


CandiSep Trial

Um dos estudos sobre doenças fúngicas, o CandiSep é um ensaio clínico randomizado, aberto e multicêntrico comparando desfechos entre terapia guiada por beta-D-glucana e tratamento padrão em pacientes com sepse e alto risco para infecção por Candida sp. O desfecho primário foi mortalidade em 28 dias.


Eram elegíveis adultos com sepse e alto risco para candidíase invasiva. Indivíduos com candidíase invasiva comprovada, uso prévio de antifúngicos, uso de by-pass cardíaco recente, terapia recente com imunoglobulina ou imunossupressão foram excluídos.


O grupo intervenção teve hemoculturas e dosagem de beta-D-glucana coletados dentro da primeira hora após a randomização. Antifúngicos eram iniciados na presença de qualquer resultado positivo de beta-D-glucana e descontinuados se as hemoculturas fossem negativas. Para o grupo de tratamento padrão, os médicos assistentes não sabiam dos resultados de beta-D-glucana.


Não houve diferença entre os grupos na mortalidade em 28 dias, mortalidade hospitalidade, duração de internação e uso de vasopressores e necessidade de ventilação mecânica. Contudo, destaca-se a baixa frequência de infecções invasivas por Candida sp. detectadas no estudo, o que pode comprometer a análise na busca por diferenças entre os grupos.


Anfotericina B lipossomal em dose única para o tratamento de meningite criptocócica

Meningite criptocócica é uma condição associada à alta mortalidade, sendo a principal causa de morte em indivíduos com HIV na África subsaariana. O tratamento preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) envolvia o uso da formulação deoxicolato de anfotericina B, que apresenta uma alta taxa de eventos adversos e toxicidade.


Um estudo de não inferioridade, randomizado e controlado, conduzido em cinco países africanos avaliou a eficácia e segurança de um esquema de alta dose de anfotericina B lipossomal em dose única, associada a flucitosina, com o tratamento padrão recomendado pela OMS, que consiste na administração de anfotericina B deoxicolato, flucitosina e fluconazol.


Mortalidade com 10 semanas foi semelhante entre os dois grupos de tratamento, assim como redução na carga fúngica presente no líquor. Eventos adversos moderados a graves foram mais frequentes no grupo de tratamento padrão.


Após os resultados desse estudo terem sido publicados, a OMS alterou sua recomendação e o regime terapêutico com dose elevada de anfotericina B lipossomal em dose única passou a ser o esquema preferencial de tratamento.






Autor: Isabel Cristina Melo Mendes
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 24/10/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/id-week-2022-novos-estudos-sobre-pneumonia-bacteremia-e-tuberculose/

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