explosão que deu origem ao universo, o Big Bang. Porém, não há resquícios dessa antimatéria primordial, o que tornou por décadas o estudo da mesma um desafio para a comunidade científica mundial. “O mistério do que ocorreu com a antimatéria primordial era respondido por um pequeno grupo de físicos com a hipótese radical da existência de uma suposta antigravidade, que seria uma repulsão gravitacional. Com nossos resultados, essa hipótese esta morta”, contextualizou Lenz.
Equipe de brasileiros no CERN: sentado, o aluno de doutorado Levi Azevedo; atrás, os pesquisadores Rodrigo Sacramento, Álvaro Nunes e Cláudio Lenz |
Os experimentos de alto nível realizados pela equipe só poderiam ser realizados no CERN, único local do mundo que possui laboratórios capazes de reproduzir antiátomos de forma artificial, em grandes aceleradores e desaceleradores de partículas. Isso demonstra a importância do Brasil – num protocolo que agora tramita no Congresso para assinatura presidencial – se tornar membro desse grande acelerador onde experimentos únicos podem ser realizados no mundo. “Durante os experimentos, criamos e aprisionamos átomos de anti-hidrogênio em uma armadilha magnética, dentro de um equipamento conhecido como desacelerador de antiprótons. Trata-se do único equipamento no mundo que pode obter antiprótons, a baixas energias. Os anti-átomos acabam aprisionados próximos de 0,5 kelvin, da ordem de -272.6 celsius”, detalhou Lenz.
Assim, os pesquisadores puderam testar o comportamento dos átomos de anti-hidrogênio em relação à gravidade, dentro desse equipamento. “Eles escaparam majoritariamente para baixo ao se abrir lentamente a armadilha vertical, exatamente como na queda da maçã de Newton”, contou Lenz. “Na Teoria da Relatividade, a interação gravitacional independe da composição dos corpos, se são antimatéria ou matéria. Com nosso experimento, vimos a compatibilidade com a teoria de Einstein”, destacou.
O experimento descrito no artigo foi realizado em meados de 2022 e o projeto, que conta com mais de 50 cientistas internacionais, vem sendo construído desde 2013. A concepção original do experimento foi descrita por Lenz num artigo de 1997, citada na publicação atual. A colaboração ALPHA é liderada por Jeffrey Hangst, da Universidade Aarhus, da Dinamarca, e envolve majoritariamente pesquisadores europeus e norte-americanos. Os outros brasileiros envolvidos são: Daniel Miranda Silveira e Rodrigo Lage Sacramento, também professores da UFRJ; e Álvaro Nunes, pesquisador do Inmetro e pós-doutor pelo grupo de pesquisa da Universidade Aarhus.
Autor: Débora Motta
Fonte: Faperj
Sítio Online da Publicação: Faperj
Data: 16/11/2023P
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=446.7.9
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