segunda-feira, 19 de maio de 2025

O isolamento social pode aliviar sintomas de ansiedade e depressão, mas não significa uma boa escolha



compartilhavam gaiolas com seus familiares, o convívio com outros ratos igualmente ansiosos tenha causado um ambiente de estresse compartilhado. Então, quando eles ficaram sozinhos, se sentiram melhor.

"Uma revisão recente da literatura científica, conduzida por nossa equipe, confirma o que nossos estudos têm observado: o isolamento social pode, de fato, proporcionar alívio temporário ao estresse social. Em alguns casos, ele funciona como estratégia de enfrentamento para aliviar a sobrecarga emocional. No entanto, é preciso cautela", ressalta Landeira.


Amanda Peçanha, Jesus Landeira e Thomas Krahe: pesquisadores do Laboratório de Neurociência Comportamental PUC-Rio investigam compreender as bases neurobiológicas das interações sociais (Foto: Divulgação)
Embora pessoas ansiosas possam se beneficiar de uma certa distância social, o isolamento excessivo não é uma solução saudável a longo prazo, alerta Landeira. Relações sociais de qualidade têm um papel protetor crucial, promovendo autoestima, senso de pertencimento e regulação emocional. Quando esses vínculos são fragilizados — por fatores internos ou externos — aumenta-se a vulnerabilidade ou o agravamento de transtornos psíquicos

Landeira explica ainda que evidências indicam que o isolamento social eleva os níveis de cortisol, hormônio do estresse, e reduz a produção de dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer, motivação e recompensa. Essas alterações no sistema de recompensa do cérebro podem reduzir o interesse por interações sociais, agravando o desejo de afastamento. Assim, o isolamento prolongado compromete a capacidade de obter satisfação nos vínculos, alimentando um ciclo persistente de ansiedade e depressão.

Portanto, o isolamento pode aliviar temporariamente, mas não resolve o problema. A verdadeira recuperação passa pela reconexão — consigo mesmo, com o outro e com o mundo. É preciso avaliar cada caso individualmente, considerando o contexto clínico e a história de vida do paciente, mas as intervenções clínicas devem priorizar a promoção de vínculos sociais saudáveis. O tratamento mais eficaz integra técnicas de regulação emocional, desenvolvimento de habilidades sociais, treino de flexibilidade cognitiva e, quando necessário, a combinação de abordagens psicológicas e medicamentosas.

Os estudos desenvolvidos pela equipe da PUC-Rio receberam apoio da FAPERJ e do CNPq. Os cientistas acreditam que essa linha de pesquisa traz contribuições valiosas para a prática clínica e para a construção de caminhos mais eficazes no enfrentamento da ansiedade e depressão.


Autor: faperj
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 15/05/2025
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=770.7.7

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