Teste com o luminol patenteado pela UFRJ: substância fluorescente indica resíduos de sangue e pode ser utilizada para monitorar a higienização de hospitais, com o objetivo de reduzir focos de contaminação (Foto: Patrick Viegas)
A empresa americana Belcher Pharmaceuticals, com sede na Flórida, está em negociações com a Agência UFRJ de Inovação para licenciar a patente do luminol desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Usado desde 2002 pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na elucidação de homicídios, o produto agora poderá ser adaptado para detectar resíduos hemáticos em ambientes hospitalares, com o objetivo de reduzir a contaminação por microrganismos patogênicos.
A proposta de licenciamento internacional prevê o uso do luminol como ferramenta de verificação dos protocolos de higienização em hospitais e centros de saúde. A expectativa é que a tecnologia possa contribuir para o controle de infecções, especialmente em ambientes críticos como centros cirúrgicos, CTIs, salas de hemodiálise e de esterilização de materiais.
Do laboratório da UFRJ para hospitais ao redor do mundo
Segundo o professor Cláudio Cerqueira Lopes, do Instituto de Química da UFRJ, responsável pelo desenvolvimento da fórmula nacional, o potencial do luminol vai além das perícias criminais. “O luminol pode identificar sangue oculto em áreas hospitalares, garantindo um controle rigoroso da limpeza. Em um cenário onde infecções hospitalares causam cerca de 100 mil mortes anuais no Brasil, sua aplicação pode representar um avanço significativo na segurança dos pacientes”, afirma o pesquisador.
Nos Estados Unidos, França e Holanda, o uso do luminol como verificador da limpeza hospitalar já demonstrou resultados expressivos na redução de infecções. A versão brasileira, no entanto, apresenta diferenciais técnicos que despertaram o interesse do mercado internacional.
Produto nacional tem durabilidade superior
O presidente da Belcher no Brasil, Emanuel Katori, afirma que o produto nacional é superior aos importados em diversos aspectos. “O luminol da UFRJ é o melhor do mundo. Ele tem rendimento elevado, não gera resíduos tóxicos e permanece ativo por até seis meses após aberto. Em comparação, os similares disponíveis no mercado internacional duram, em média, apenas duas horas”, diz Katori.
O contrato em negociação prevê o investimento de R$ 4,5 milhões por parte da empresa para obter o direito de exploração da patente por dez anos. A universidade será beneficiada com o recebimento de royalties sobre as vendas futuras.
Fomento público garantiu desenvolvimento da tecnologia
A presidente da FAPERJ, Caroline Alves, lembra que o desenvolvimento do luminol só foi possível graças ao apoio da Fundação, que financiou as pesquisas e toda a produção até então. “Esse é um exemplo claro de como o investimento em ciência e inovação pode gerar impacto real na sociedade. O luminol, que já auxilia a perícia criminal, agora tem potencial para salvar vidas ao reduzir a contaminação hospitalar. Nosso compromisso é continuar fomentando pesquisas que tragam benefícios concretos para o país e para o mundo”, afirma Caroline.
O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do estado, Anderson Moraes, também destaca o papel do financiamento público. “Esse tipo de inovação é a prova de como a ciência pode transformar realidades, tanto na área criminal quanto na saúde. Estamos falando de um trabalho que pode salvar vidas e contribuir para a segurança pública”, afirma.
Autor: faperj
Fonte: faperj
Sítio Online da Publicação: faperj
Data: 29/06/2025
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=783.7.3
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