sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Seminário discute caminhos para fortalecer os Negócios de Impacto social e ambiental

Buscar soluções de negócio que resultem em impactos socioambientais positivos, gerando renda compartilhada e autonomia financeira para os indivíduos de poder aquisitivo mais baixo. Esses são alguns dos objetivos dos chamados ‘Negócios de Impacto’ social e ambiental. Com o objetivo de discutir perspectivas para esse segmento, o Movimento Rio de Impacto apresenta ao longo dessa semana o 5º Seminário de Negócios de Impacto, que teve início na tarde desta quarta-feira, 25 de novembro, e segue até a sexta, dia 27. Realizado com apoio da FAPERJ, o evento online ocorre das 14h às 18h nos três dias e aborda os principais desafios para os empreendedores que buscam aliar lucro ao benefício da sociedade, debatendo as políticas públicas e métricas para esse modelo de negócios, além do papel das empresas e Organizações Não-Governamentais (ONGs) nesses empreendimentos.


No primeiro painel de debates desta quarta-feira, o tema em pauta foi “O papel do Governo e da Sociedade nos Negócios de Impacto”. O presidente da FAPERJ, Jerson Lima Silva, destacou a importância dos investimentos contínuos em ciência para gerar a inovação tecnológica, ainda mais necessária diante dos desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus. “A ciência está na raiz da inovação. O sistema de conhecimento se interconecta desde a pesquisa básica, passando pela pesquisa aplicada até a geração de produtos e aplicações concretas. O papel dos cientistas é fundamental para o entendimento e a busca de soluções para a sociedade nesse momento de pandemia. O estado do Rio de Janeiro é o segundo maior produtor estadual de conhecimento no País, com centros de excelência em pesquisa estratégicos para a produção da vacina e terapias complementares, como a Fiocruz”, contextualizou.

Ele ressaltou a atuação da FAPERJ, agência estadual de fomento à Ciência, Tecnologia e Inovação, como indutora na formação de redes de pesquisa e projetos que propõem soluções para a pandemia, com o lançamento das diversas chamadas do programa Ação Emergencial Projetos para Combater os Efeitos da Covid, e de outros editais, voltados à inovação. “Entre os diversos editais lançados pela FAPERJ nos últimos anos, no âmbito da Diretoria de Tecnologia da Fundação, estão o Doutor Empreendedor, para fomentar a transformação de projetos de pesquisa em empreendimentos conduzidos por pesquisadores com Doutorado residentes no estado, o Apoio à Inovação em Micro, Pequenas e Médias Empresas no Estado do Rio de Janeiro (InovAÇÃO RIO) e o Startup Rio, lançado desde 2013 e atualmente em sua quinta edição”, citou.

Diante do tema abordado no seminário, Lima destacou especialmente o lançamento pela FAPERJ do Programa de Apoio ao Empreendedorismo de Impacto Socioambiental do Estado do Rio de Janeiro, em 2018, que deve ser lançado novamente no início de 2021. “Foi a primeira ação de uma Fundação de Amparo à Pesquisa (FAP) voltada exclusivamente para os Negócios de Impacto, para projetos com propostas de enfrentamento a problemas estaduais nos segmentos ligados à Saúde, Educação, empregabilidade, tecnologias assistivas, mediação e resolução de conflitos, sistema prisional, desigualdades étnico-raciais, geracional, de gênero e orientações sexuais.”

O analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Nacional Philippe Figueiredo traçou um breve perfil do setor empresarial no Brasil. “As micro e pequenas empresas correspondem a 98,5% de todos os empreendimentos em atuação no País, tendo participação de 27% no Produto Interno Bruto(PIB) nacional. Elas são responsáveis pela geração de 55% de empregos com carteira assinada no Brasil. Nesse cenário, devem ser pensadas as alternativas para os Negócios de Impacto socioambiental”, informou. Ele disse que desde 2013, ainda sob o conceito de “negócios sociais”, o Sebrae investe no segmento, adotando o conceito de Negócios de Impacto Social e Ambiental em 2017. Entre as iniciativas institucionais, ele citou o lançamento, em janeiro de 2020, do edital Labora + Sebrae, ciclo de aceleração voltado para startups que usam a tecnologia em negócios com soluções escaláveis para as questões sociais e ambientais, e do Sebraetec, produto do Sebrae que oferece aos empreendedores subsídios para contratar soluções tecnológicas.




O presidente da FAPERJ destacou a importância do Programa de Apoio ao Empreendedorismo de Impacto Socioambiental do Estado do Rio de Janeiro, que deve ganhar nova edição em 2021


O coordenador da Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (Enimpacto), Lucas Ramalho Maciel, destacou a importância do debate para a melhor compreensão do modelo de negócio. “A ideia dos Negócios de Impacto é somar esforços com Governo e setores da filantropia, que investem tradicionalmente na agenda social e ambiental. Não vamos substituir o papel do Estado, que tem papel fundamental na formulação de políticas públicas, mas complementar”, explicou. A Enimpacto é uma iniciativa criada por decreto presidencial em dezembro de 2017, e coordenada pela Subsecretaria de Inovação do Ministério da Economia (SIN/ME). Trata-se de uma articulação de órgãos e entidades da administração pública federal, do setor privado e da sociedade civil com o objetivo de promover um ambiente favorável ao desenvolvimento de investimentos e Negócios de Impacto. A ideia de reforçar os investimentos estatais também foi colocada pelo superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores Alexandre Vasco, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “A estratégia é misturar recursos de diferentes fontes, estatais e privadas, unindo rentabilidade e retorno aos investidores que apostam na geração de impactos sociais e ambientais”, completou.

Membro do conselho de administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e atualmente lotado no Departamento de Inclusão Produtiva (Dipro), na Área de Gestão Pública e Socioambiental do banco, William Saab disse que o BNDES vem historicamente apoiando desde sua criação, em 1952, projetos com impactos sociais e ambientais, pelo fato de sua natureza como banco de apoio ao desenvolvimento nacional. “Eu destacaria o Fundo Social, que já tem mais de vinte anos, os fundos Criatec, de investimento em participações em micro, pequenas e médias empresas inovadoras, nos quais a BNDESPAR é a principal investidora, e o programa de financiamento coletivo BNDES Matchfunding Salvando Vidas, que arrecadou recursos para a compra de equipamentos de materiais, insumos e equipamentos de proteção para os médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde que atuam na linha de frente da pandemia do novo coronavírus”, disse.

O diretor-executivo do Sistema B Brasil, Marcel Fukayama, falou da necessidade de uma nova cultura organizacional no Brasil e no mundo, pautada por valores sociais e ambientais, e não apenas pelo lucro. “É preciso mudar urgentemente o modelo de cultura corporativa tradicional, que só visa ao lucro, e está falido. O empreendedor bem-sucedido hoje deve agir a partir de três pilares sociais e ambientais: propósito, responsabilidade e transparência”, apontou o empreendedor social, responsável pela implementação do Sistema B no Brasil, movimento mundial que usa soluções de mercado para resolver problemas sociais e ambientais.

Por sua vez, a coordenadora do movimento Rio de Impacto e secretária-geral do Fórum da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) de Desenvolvimento Estratégico, Geiza Rocha, que é a mediadora dos encontros, destacou que o objetivo do evento é conectar os atores ligados aos Negócios de Impacto Social e Ambiental no estado do Rio de Janeiro com o governo, as empresas e a sociedade. “A ideia é que possamos nessa jornada de três dias conhecer as ações, os desafios e as ferramentas que as instituições do ecossistema fluminense dos Negócios de Impacto estão colocando à disposição dos empreendedores e saber como elas têm impactado no resultado desses empreendimentos”, disse Geiza.

Na ocasião, houve ainda o lançamento do Guia de Instituições de Apoio a Negócios de Impacto Socioambiental 2020, documento que esclarece o papel das instituições integrantes do Movimento Rio de Impacto e disponibiliza os contatos de cada uma delas (disponível em: https://www.scribd.com/document/485772325/Guia-Rio-de-Impacto-2020). Para se conectar com os empreendedores, instituições e empresas que estarão no encontro, os participantes podem se inscrever pelo link bit.ly/5SeminarioNegociosImpacto para acessar a plataforma do Ecoa-PUC-Rio. Os painéis também estão sendo transmitidos ao vivo pelo canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico no YouTube. Os inscritos poderão solicitar certificado de participação.

Sobre o Rio de Impacto

O Movimento Rio de Impacto é um projeto que reúne diversas entidades dedicadas ao fomento de empreendimentos com impacto social e ambiental positivo, atuantes no mercado fluminense. Formado por 16 instituições, a iniciativa criada em 2016 conta com a colaboração das seguintes instituições: AbeLLha; Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj); Asplande; Buriti Consultoria; Cieds/Shell Iniciativa Jovem; Colaboradora; Instituto Ekloos; Incubadora da Escola de Design Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Esdi/Uerj); FAPERJ; Instituto Gênesis, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); Iônica; Oi Futuro/Labora; Sebrae RJ; Sistema B; Sitawi-Finanças do Bem e Universidade Santa Úrsula. A Alerj compõe o grupo desde a sua criação por meio do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico que, desde janeiro de 2020, assumiu a coordenação do movimento.

Confira a programação completa: https://riodeimpacto.com.br e https://www.youtube.com/watch?v=291fVn4GD7I





Autor: Débora Motta
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 26/11/20
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=4115.2.3

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