Vista da cidade de Letícia, na Colômbia, na fronteira com Brasil e Peru (foto: Divulgação Mosaic IRD)
Os cientistas visitaram também o Instituto Amazônico de Pesquisas Científicas Sinchi, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia. Em Tabatinga, no Amazonas, a equipe esteve na unidade de Atenção Básica Upetana, do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alto Rio Solimões. Foram realizadas roda de conversa com as parteiras da etnia Tikuna e apresentação da cartografia social local por técnicos do DSEI, que pertencem à etnia Kokama e são egressos do Programa Educacional em Vigilância em Saúde nas Fronteiras (VigiFronteiras-Brasil), da Fiocruz. Os pesquisadores conheceram ainda o Laboratório de Fronteira (Lafron), ligado ao Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM).
Fronteira binacional
A segunda etapa da expedição contou com atividades no Oiapoque, no Amapá, e em Saint Georges de l'Oyapock, na Guiana Francesa. Para chegar à fronteira, os pesquisadores percorreram o trajeto de 590 km pela BR-156, que liga Macapá à Oiapoque, atravessando áreas de agricultura e pecuária até chegar à floresta nativa preservada na Terra Indígena Uaçá.
Após trajeto pelo rio, pesquisadores desembarcaram em Vila Vitória, bairro afastado do centro de Oiapoque, que fica em frente à cidade de Saint Georges de L'Oyapock, na Guiana Francesa (foto: Acervo IOC/Fiocruz)
Em Oiapoque, foi realizado o 3º Encontro Internacional Projeto Mosaic, no Campus Binacional da Universidade Federal do Amapá (Unifap). Pesquisadores de diversas instituições científicas, lideranças comunitárias e autoridades de saúde do Amapá e da Guiana Francesa participaram do evento.
Na mesa de abertura, estiveram presentes a vice-diretora da Unifap, Ana Flavia Albuquerque; o secretário de Saúde de Oiapoque, Josimar Silva; o superintendente de Vigilância em Saúde do Amapá, Cassio Peterka; o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá (Fapeap), Gutemberg de Vilhena Silva; e o coordenador geral do projeto Mosaic, Emmanuel Roux.
Ao todo, foram 17 apresentações. Entre os temas, foram abordadas as perspectivas do projeto Mosaic na Amazônia e na África, o contexto histórico e questões atuais do território transfronteiriço, a cooperação entre Brasil e Guiana Francesa e iniciativas de saúde e vigilância.
O painel sobre experiências de pesquisa na região contemplou estudos sobre doenças infecciosas, mobilidade populacional, efeitos da pandemia de Covid-19, biodiversidade, HIV/Aids, hepatites virais, leishmanioses, malária, populações em vulnerabilidade social e populações indígenas.
Lideranças do Quilombo Kulumbú do Patauazinho e da Associação das Mulheres Indígenas de Oiapoque apresentaram perspectivas de medicina tradicional e dos problemas enfrentados no território.
Pesquisadores fizeram reunião com profissionais de hospital em Saint Geroges sobre questões de saúde na fronteira, como fluxo de pacientes brasileiros que busca atendimento no país vizinho (foto: Acervo IOC/Fiocruz)
Além do seminário, a agenda na fronteira binacional contemplou visitas a unidades de saúde dos dois lados da fronteira. Os pesquisadores também conheceram o projeto Curema, que avalia uma nova intervenção para controle da malária em garimpeiros que se deslocam entre Amapá, Guiana Francesa e Suriname.
A iniciativa multinacional foi apresentada pela chefe do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC/Fiocruz, Martha Mutis, que lidera a pesquisa Curema no Brasil e integra o projeto Mosaic.
No último dia na região, o grupo fez um percurso de barco com três paradas: no Comando Especial de Fronteira de Clevelândia do Norte, na obra de construção da Pequena Central Hidrelétrica do Salto Cafesoca e na sede do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena Iepé.
“Nos dois locais de estudo, a missão nos permitiu conhecer grande diversidade de atores e interesses. A partir desse reconhecimento, vamos buscar a anuência das instituições e atores não institucionais para o projeto, mapear a rede de atores em cada local e esboçar uma primeira lista de problemas e indicadores a serem incorporados nos sistemas de informação do Mosaic”, afirmou Paulo.
Mosaic
O projeto Mosaic é coordenado pelo Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD, na sigla em francês), da França, e foi selecionado pelo programa Horizon Europe, da União Europeia, para financiamento no período 2024 a 2027.
Foi o primeiro edital europeu de fomento à pesquisa com participação da Pictis, centro de pesquisa estabelecido em colaboração entre a Fiocruz e a Universidade de Aveiro, em Portugal.
Autor: Fiocruz
Fonte: Fiocruz
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data: 04/12/2024
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