terça-feira, 31 de julho de 2018

Educação permanente em saúde e interface com a gestão do cuidado

O modelo administrativo, essencialmente burocrático, vigente na maioria das instituições de saúde, parece ocasionar resistência às mudanças necessárias à efetivação do Sistema Único de Saúde (SUS) o qual prima por modelos democráticos e participativos em sua gestão (KLERING; PORSSEB; GUADAGNIN, 2010). Destaca-se que, para a efetivação da gestão participativa, o profissional de saúde, em especial o enfermeiro, necessita adotar modelos gerenciais inovadores. Constata-se que alguns profissionais já o utilizam, contudo ainda existem profissionais que recorrem aos modelos tradicionais, nos quais a garantia do controle é maior quanto mais pessoas estiverem sob supervisão direta (BERNADES et al., 2011).



Essa situação não condiz com a realidade do cotidiano na Enfermagem que anseia por abordagens flexíveis em que, às atividades de gerência e de assistência se complementam para resultar em cuidados integrais e efetivos. (NEEDLEMAN et al., 2011; CHRISTOVAM; PORTO; OLIVEIRA, 2012) Acredita-se que modelos de gerenciamento/administração mais flexíveis, como aqueles denominados de gestão colegiada ou compartilhada, permitem linhas de comunicação abertas entre gerentes e trabalhadores, de modo que os profissionais responsáveis pelo cuidado direto são consultados para a tomada de decisões que os envolvem (BERNARDES et al., 2011; DUBOIS et al., 2013).



Verifica-se em um estudo realizado no Canadá que, enfermeiros que participam de decisões gerenciais, apresentam melhores resultados assistencial, se comparados àqueles que atuam com base em modelos tradicionais que têm como características, a centralização do poder e a verticalização na tomada de decisões (DUBOIS et al., 2013). Para o enfermeiro gerenciar com flexibilidade, algumas dificuldades aqui entendidas também como fragilidades, comuns ao trabalho nas instituições de saúde precisam ser resolvidas como: limitação do trabalho em equipe; quadro de pessoal insuficiente; excesso de burocratização, este considerado do ponto de vista disfuncional da burocracia; falta de autonomia do enfermeiro; presença de estrutura hierarquizada, rígida, pouco interativa e; também, utilização inadequada das informações para a tomada de decisões (CHRISTOVAM et al., 2012; ACIOLI; DAVID; FARIA, 2012; DUBOIS et al., 2013;).



Algumas das dificuldades apontadas podem se relacionar às lacunas na formação do enfermeiro, em especial aquelas ligadas aos aspectos administrativos/gerenciais, os quais prejudicam o enfrentamento efetivo dos problemas do cotidiano. Dentre as lacunas, no campo do ensino em especial, destaca-se a abordagem utilizada que, em muitos casos, centra- se apenas na transmissão de conhecimentos, na perspectiva de que os estudantes/aprendizes são agentes passivos. Essa forma ensino/educação sem práxis é contraproducente porque, há negação da criatividade e; pelo fato de não promover transformações, culmina em conformismo e carência de saber (BRASIL, 2007; FREIRE, 2013).







Autor: Maria Antonia Ramos Costa, Verusca Soares de Souza, Gabriella Michel dos Santos Benedetti, Elen Ferraz Teston, Laura Misue Matsuda e Verônica Francisqueti
Fonte: SUSTINERE
Sítio Online da Publicação: e-publicacoes UERJ
Data de Publicação: Janeiro a Junho de 2018
Publicação Original: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/30708/25718

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