quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Congresso discute desenvolvimento humano, trauma e violência



Glaucia amplificou a discussão sobre o conceito de reparação. Tradicionalmente, esse conceito era visto como um pedido de desculpas ou compensação financeira. No entanto, ela percebeu que a recuperação da saúde mental também deve ser considerada uma forma de reparação, uma vez que a violência afeta a subjetividade das pessoas. "Elas desejam voltar a ser quem eram antes", refletiu.  

O uso da NET, segundo Glaucia, fortaleceu a experiência de trabalho com as vítimas. Ela leu depoimentos de várias delas, que avaliaram positivamente a terapia na resolução de conflitos. Para ela, prover cuidado às vítimas é uma responsabilidade do Estado e uma forma de reparação. “Essa é a mensagem que mais contribui para o entendimento do que é justiça”, ponderou.  

Além disso, Glaucia compartilhou uma experiência com um autor de violência em situação de privação de liberdade. Ao ler a carta do autor, ela concluiu que a reparação da saúde mental, considerando experiências traumáticas, é o caminho adequado a seguir. “Com o uso da Terapia de Exposição Narrativa estamos contribuindo para uma reflexão mais profunda sobre a Justiça Restaurativa e seu papel na recuperação de indivíduos afetados pela violência”, finalizou.   

Mesa de abertura 

Na mesa de abertura do evento, a pesquisadora Kathie Njaine, chefe do Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/ENSP/Fiocruz), como representante da Escola, agradeceu aos órgãos parceiros que também atuaram na organização do evento e declarou ser uma honra inaugurar esse trabalho conjunto no Congresso. "A Saúde Pública é um campo interdisciplinar por natureza, e essa parceria com o campo da Justiça só reforça a nossa missão", afirmou. Kathie ressaltou que, há 30 anos, o Claves se dedica a pesquisar e investigar os impactos da violência na saúde e nas instituições, incluindo a Justiça.  

Segundo a pesquisadora, as respostas do sistema legal podem ampliar a sensação de segurança ou dificultar a percepção de justiça. "A inclusão da Justiça Restaurativa nesse debate reforça o enfrentamento da violência e dos seus agravos, tanto no nível individual, quanto coletivo, uma vez que entendemos que a Justiça faz parte do processo de superação", declarou.  



Também estiveram presentes na mesa de abertura o desembargador Cesar Cury, que defendeu a urgência em interromper a dinâmica de violência e resgatar o sentido de profundidade da subjetividade humana, individual e coletiva, além do Desembargador Caetano Ernesto da Fonseca Costa, que declarou ser necessário encarar os conflitos com profundidade e humanidade para resolver a questão de vez.  

Autor: Fiocruz 

Fonte: Fiocruz

Sítio Online da Publicação: Fiocruz

Data: 01/10/2024

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