quarta-feira, 12 de março de 2025

Descoberta nova parte de células humanas que pode ser fonte natural de antibióticos



Uma equipa de cientistas em Israel encontrou no corpo humano um novo mecanismo de imunidade que permite ter uma defesa eficaz contra infeções bacterianas.

De acordo com a investigação, publicada na revista "Nature", uma parte do corpo há muito conhecida pela função principal de "reciclar" proteínas revelou-se também uma fonte inexplorada de antibióticos naturais, capaz de libertar um arsenal de substâncias químicas que matam bactérias.

A área em causa é a proteassoma, uma pequena estrutura encontrada em todas as células do corpo responsável pelo processo de degradação seletiva de proteínas intracelulares. Em linguagem simplista, a sua função primordial é cortar proteínas antigas em pedaços menores, para que possam levar à formação de novas, assim fortalecendo o sistema imunitário. Mas isso já se sabia.

O que este novo estudo, baseado numa série de experiências científicas, veio evidenciar é que a proteassoma, ao detetar bactérias inimigas, altera a cadeia natural da estrutura e foca-se em transformar proteínas antigas em armas que podem romper a camada externa das bactérias, expelindo produtos químicos capazes de as matar. 

“Descobrimos um novo mecanismo de imunidade que nos permite ter uma defesa contra a infeção bacteriana” afirmou a investigadora Yifat Merbl, do Instituto Weizmann de Ciência, citada pela BBC. “Está a acontecer por todo o nosso corpo, em todas as células, e gera uma nova classe de potenciais antibióticos naturais. Isto é realmente emocionante, porque nunca soubemos que estava a acontecer”, completou a investigadora, que liderou o estudo.

Abre caminho para novos antibióticos
A nova descoberta, dizem os cientistas, está a transformar a compreensão da comunidade científica acerca de como os seres humanos estão protegidos contra infeções. E pode ter um papel positivo no problema crescente de superbactérias que resistem aos medicamentos atuais, abrindo caminho a novas receitas de antibióticos.

Segundo o estudo, os químicos lançados nas bactérias foram testados em ratos de laboratório com pneumonia e infeção generalizada, tendo os resultados obtidos sido comparáveis a alguns antibióticos existentes atualmente. Apesar disso, quando o procedimento da proteassoma foi desativado, as células ficaram mais vulneráveis, tornando-se alvos fáceis de infetar com bactérias como a salmonela - o que deixa clara a necessidade de continuar a investigar este campo científico.

Para Lindsey Edwards, professora de Microbiologia no King's College de Londres, citada pela BBC, esta descoberta "é uma potencial mina de ouro para novos antibióticos e isso é bastante emocionante”. “Nos últimos anos, os cientistas têm revirado o mundo para encontrar novas fómulas para antibióticos e, afinal, existe algo que temos dentro de nós. Agora tudo depende se temos a tecnologia para ser capaz de detetar essas coisas”.



Autor: jn
Fonte: jn 
Sítio Online da Publicação: jn
Data: 06/03/2025

Nenhum comentário:

Postar um comentário