A ideia de criação da empresa foi um desdobramento de um projeto para facilitar o acesso a oportunidades de estágio e emprego enquanto o engenheiro de computação Cristiano Mendes realizava seu curso na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Junto da especialista em marketing Sarah Fernandes, perceberam que, sem o auxílio dos gestores das instituições no fornecimento de dados, eles não conseguiriam ir muito longe e, por esta razão, decidiram entrar em contato com eles. No entanto, a logística para o transporte do volume de dados em diferentes formatos de arquivo tornou essa tarefa inviável. Ao mesmo tempo, Mendes descobriu uma fonte de dados preciosa. “O MEC [Ministério da Educação] dá acesso aberto ao uso de dados de todas as instituições de ensino superior exatamente com esse intuito: de que alguém se interesse em transformar aquele volume gigantesco de dados em conhecimento”, diz.
Os dados são repassados para o MEC pelas próprias instituições de ensino superior, que fornecem as informações ao ministério anualmente. De posse dos dados, Mendes, que se tornou sócio fundador da “Universidados”, decidiu contactar os gestores das universidades, que, segundo ele, demonstraram pouca familiaridade com o perfil dos alunos das instituições em que atuam. “Não é algo simples. A base de dados do MEC é enorme e apenas os dados de um ano têm cerca de 11 milhões de linhas de informações, algo que só um computador e programas específicos são capazes de operar. O Excel, por exemplo, está limitado a trabalhar com um milhão de linhas”, explica o engenheiro. Foi nesse momento, conta, que surgiu a ideia de criar o sistema Universidados Viz, para fornecimento de métricas para educação superior visando auxiliar na tomada de decisão.
De acordo com o diretor da startup é difícil traçar perfis únicos sobre evasão ou transferência de instituição, e que cada curso tem sua especificidade. Mas salienta que é possível perceber transferência de alunos de uma universidade para outra. Ele ressalva que não conseguem ter acesso aos dados a partir dos nomes de alunos. “Por respeito à privacidade dos estudantes, todos os dados são criptografados e não temos acesso ao CPF (Cadastro de Pessoa Física) ou mesmo ao nome completo. O que nossos estudos mostram são tendências e perfis por agrupamento”, explica Mendes.
Cristiano Mendes: uso de dados públicos para gerar conhecimento e negócios (Foto: Divulgação)
Entre as principais preocupações das universidades públicas, segundo Mendes, estão os índices de evasão e tempo tomado para a conclusão da graduação. “Ao dispor desses dados, como os recursos financeiros não são infinitos, a universidade pode entender o aluno e administrar melhor seu orçamento”, diz. Já na universidade privada, o sistema da “Universidados” pode auxiliar na elaboração de estratégias para manutenção e atração de novos alunos em determinado perfil.
Ainda em fase de finalização da versão comercial do sistema, o que deve ocorrer no segundo semestre de 2019, ele assegura que o ingresso no edital Startup Rio foi essencial para transformar a ideia de projeto em empresa. “Antes, nós pensávamos muito no assunto como um projeto, e, após sermos selecionados para o programa, passamos a pensar em métricas, metas e sustentabilidade da empresa. Como trabalhamos com big data em alto nível, também precisávamos de recursos para a compra de bons equipamentos e a contratação de profissionais para auxiliar. Esses foram nossos principais desafios e coincidiram com o suporte que o programa nos deu”, conclui.
Autor: Juliana Passos
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 19/07/2019
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3797.2.0
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