quinta-feira, 29 de agosto de 2019

O que fazer em casos de crise de asma?




No Brasil, foram registrados 2.477 mortes decorrentes de asma em 2017, segundo o Datasus. É uma crise frequente na emergência mas, em geral, poucos casos levam ao óbito. Se considerado que até um quarto da população sofre com essa condição, pode-se considerar o número baixo.

Esta semana, o Brasil se comoveu com a história da escritora e atriz Fernanda Young, de 49 anos, que teve uma crise no sítio da família, em Gonçalves (MG), e o quadro evoluiu para uma parada cardíaca. Neste contexto, precisamos estar preparados para evitar este desfecho trágico na emergência, identificando os sinais de gravidade e agindo rapidamente.

O Dr Eduardo Cardoso, produziu uma série de 3 textos com base no último ABRAMEDE, que nos ajudam a responder muitas perguntas nestes casos mais graves e iremos compilar aqui as principais orientações.

1) Detectar a gravidade da asma

O primeiro passo diante de um paciente com crise asmática é identificar as manifestações que indicam que o doente provavelmente evoluirá desfavoravelmente, como, por exemplo, o uso de musculatura acessória. Os pacientes em maior risco são aqueles que se apresentam sonolentos, agitados ou com tórax silencioso, que é o doente que deixa de sibilar. Quando o sibilo, principal manifestação da asma (decorrente do broncoespasmo), desaparece, é um sinal de que o paciente está deteriorando.

2) Tratamento

A partir da detecção de gravidade, deve-se iniciar o tratamento imediatamente:
Beta-agonista de curta duração (inalatório, de preferência);
Associado ao tratamento beta-agonista, o mais recomendado é iniciar imediatamente a corticoterapia;
Deve-se iniciar também o brometo de ipratrópio inalatório, que vai atuar como um tratamento adjuvante na asma grave.

Aminofilina e sulfato de magnésio são eficazes?

A aminofilina é muitas vezes utilizada, mas não há nenhum estudo que mostre um benefício real e seu uso é bastante contraditório. O sulfato de magnésio, que também é utilizado em algumas situações, é recomendado apenas nos casos refratários.

Para saber o momento correto, deve-se usar a regrinha mnemônica: o ABC da intubação orotraqueal no asmático.

A) Alteração do estado mental.
B) Breathing: refere-se às manifestações de que a respiração não está bem, ou seja, hipóxia e hipocapnia (marcadores de gravidade importantes no curso da asma).
C) Curso desfavorável: pacientes que estão deteriorando, assumindo um curso desfavorável. Determinar esse curso desfavorável é o mais difícil.

Nessa avaliação do paciente, é fundamental o uso de um aparelho de Peak flow, que hoje tem um preço acessível e fornece bastante informação ao profissional. O aparelho mede o pico de fluxo respiratório do paciente e as medidas sucessivas oferecem um bom parâmetro de como está a respiração do mesmo
Ventilação não invasiva (VNI)

A ventilação não invasiva continua sendo um tema controverso. Na prática diária, seu uso é comum e eficaz, diminuindo a acidose e hipercapnia. Mas fica o alerta: a VNI não deve retardar a IOT. Se o paciente está evoluindo mal, não se deve retardar sua intubação, que é o que realmente resolverá o problema.
Recomendações para intubação do asmático

A melhor técnica para IOT é a de sequência rápida: pré-oxigenação, uso de sedativo e bloqueio neuromuscular.

Durante a pré-intubação, a VNI é um recurso interessante para pré-oxigenar o paciente, se a pré-oxigenação sem VNI não é tão efetiva. Lembrar de utilizar continuamente o broncodilatador.

Atenção! Pensando em IOT no asmático, a escolha do tamanho do tubo é muito importante. Nesses casos, nunca use um tubo menor que o 8 (com exceção de pacientes pediátricos).

Autor: Pebmed
Fonte: Pebmed
Sítio Online da Publicação: Pebmed
Data: 28/08/2019 
Publicação Original: 
https://pebmed.com.br/asma-o-que-fazer-em-casos-como-o-da-fernanda-young/

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