Gamopatia Monoclonal de Significado Indeterminado (GMSI), conhecida pela abreviação do termo inglês “Monoclonal Gammopathy of Undeterminated Significance” (MGUS) é uma desordem clonal pré-maligna, classificada a depender do tipo de imunoglobulina envolvida, como IgM, não IgM ou cadeia leve. Pode progredir ou não para mieloma múltiplo ou outras doenças hematológicas.
Quais São os Achados Clínicos-Laboratoriais dessa Patologia?
MGUS não IgM: proteína Sérica Monoclonal < 3 g/dL, < 10% células monoclonais plasmáticas na medula óssea e ausência de eventos definidores de mieloma (EDM) ou CRAB (hipercalcemia, insuficiência renal, anemia e lesão lítica óssea);
MGUS IgM: proteína Sérica Monoclonal IgM <3 g/dL na ausência de CRAB, EDM, sintomas constitucionais, hiperviscosidade, linfadenopatia, hepatoesplenomegalia ou outros danos nos órgão-alvo associados à paraproteinemias;
MGUS cadeia leve: relação de cadeia leve livre anormal (< 0,26 ou >1,65) na presença de aumento do valor sérico da cadeia leve envolvida, < 10% células monoclonais plasmáticas na medula óssea e ausência de imunoglobulina monoclonal sérica ou urinária, CRAB e amiloidose.
Existem dados epidemiológicos dessa condição?
É fato que MGUS é detectada duas vezes mais em homens do que mulheres. E três vezes mais em pacientes afrodescendentes. Porém, devemos levar em consideração que, apesar de mais prevalente em determinados grupos afrodescendentes, por exemplo, o risco de progressão para mieloma múltiplo é o mesmo. Muitos estudos estão em andamentos para avaliação detalhada da gamopatia.
Fatores de Riscos estão associados à MGUS?
Muitos fatores de risco estão sendo estudados ligados ao desenvolvimento de desordens monoclonais, inclusive MGUS. Um deles é o índice de massa corporal. Altos índices parecem estar associados ao desenvolvimento da condição. Outros fatores estudados que parecem estar ligados são: exposição à radiação e pesticidas.
Quais Condições Clínicas Estão Associadas à MGUS?
Estão associadas à gamopatia clonal: infecções, fraturas, neuropatia periférica, tromboembolismo e gamopatia monoclonal de significado renal.
Devemos Rastrear Portadores de MGUS?
Não existem guidelines de orientação de rastreio de MGUS. No entanto, há interesse pela compreensão dos fatores que contribuem para o risco de progressão da desordem para direcionamento futuro de investigação e intervenção.
E o manejo dessa gamopatia monoclonal, como fazer?
O objetivo atual dos profissionais da área de saúde em relação a MGUS é a monitorização da progressão para fazer intervenções precoces em danos causados por proliferação clonal. No entanto, existe um forte ímpeto de estudar estratégias de intervenção e monitorização precoce da MGUS. A finalidade é melhorar a sobrevida global e complicações dos pacientes acometidos.
Uma vez encontrada MGUS, como estratificamos?
A estratificação de risco individual depende do hemograma completo, creatinina e cálcio séricos. Dependendo do risco, adicionamos na investigação LDH, beta-2-microglobulina e biópsia de medula óssea com FISH.
Para pacientes com MGUS não IgM, avaliamos o esqueleto ósseo com tomografia computadorizada de baixa dose. Pacientes portadores de IgM MGUS necessitam de tomografia de tórax, abdome e pelve para avaliação de linfonodomegalia.
Por fim, MGUS cadeia leve, sob o risco de amiloidose-AL, necessitam de avaliação adicional com NT-proBNP, troponina e eletroforese de proteína urinária.
Como manejamos as alterações clínicas dos pacientes com MGUS?
A neuropatia periférica, por exemplo, deve ser avaliada de forma extensa. Incluem exames como eletromiograma, biópsia de gordura, avaliação de crioglobulinas, anticorpo antiMAG, antigangliosídeo.
Já a disfunção renal necessita de avaliação para amiloidose-AL e GMSR. O acompanhamento conjunto multiespecialidades deve ser sempre considerado, com neurologia e nefrologia, por exemplo.
Por fim, acabamos de conhecer alguns detalhes de uma condição médica geralmente assintomática. Porém com necessidade de compreensão de sua patogênese, avaliação e abordagem terapêutica precoce devido ao potencial risco de desenvolvimento de distúrbios malignos do plasma e células B.
Autor: Pebmed
Fonte: Pebmed
Sítio Online da Publicação: Pebmed
Data: 29/08/2019
Publicação Original: https://pebmed.com.br/ja-ouviu-falar-sobre-gmsi-ou-mgus/
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