quinta-feira, 17 de novembro de 2022

CBMI 2022: INOVA AMIB – Paciente de longa permanência na UTI

Um dos espaços mais disputados durante o CBMI 2022 foi o espaço INOVA AMIB. O grupo INOVA é formado por jovens intensivistas que fazem parte da AMIB visando inovar seus comitês, comissões, departamentos e afins. O grupo tem como linha de ação a inovação e a diversidade. Além disso, tem como característica a multidisciplinaridade, abrangendo profissionais que atuam em unidades de terapia intensiva (UTIs) brasileiras adulto, pediátrica e neonatal. 


A discussão sobre o paciente de longa permanência na UTI trouxe importantes aspectos de um perfil cada vez mais crescente nas unidades de terapia intensiva. Participaram da discussão o Dr. Regis Rosa (Médico), Dra. Rita Prieb (Psicóloga), Dr. Sergio Nemer (Fisioterapeuta), Dra. Daiandy da Silva (farmacêutica clínica).



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Paciente de longa permanência na UTI: várias faces de um mesmo problema

O Dr. Regis Rosa trouxe para a discussão as facetas de uma população de pacientes que já corresponde a 20% a 30% dos pacientes internados em UTIs, com perspectiva de aumento gradativo desse perfil populacional nos próximos anos.


Cinco principais problemas foram apontados:


Infecções nosocomiais: à medida que ficam mais tempo internados, maior o risco de infecções nosocomiais logo maiores custos e tempo de internação associados;

Desmame difícil da ventilação mecânica: pacientes que acumulam problemas como redução da força muscular, disfunção diafragmática e maior tempo de ventilação mecânica;

Sofrimento psíquico do paciente e de familiares: uma esfera altamente prejudicada com a longa permanência, Um acolhimento adequado frente aos problemas é fundamental.

Mobilização precoce como estratégia fundamental: muitos desses pacientes sofrem com o imobilismo prolongado. Traçar estratégias para mobilização precoce visando combate à perda muscular e delirium;

Polifarmácia e reconciliação medicamentosa: a polifarmácia é um problema sério no perfil de pacientes com idade avançada. Além disso, com o tempo na internação, as prescrições desses pacientes acumulam vários itens. As possibilidades de interação medicamentosas são maiores, assim como de eventos adversos. O papel da farmácia clínica é fundamental.

O paciente crítico crônico será o novo business do intensivista?

De acordo com o Dr. Regis, sim! O cuidado do paciente agudo é fundamental para o intensivista. Mas as habilidades relacionadas ao cuidado do paciente de longa permanência são essenciais no contexto atual e futuro da epidemiologia dos pacientes nas UTIs.


Habilidades como adequada comunicação, manejo do desmame ventilatório prolongado, coordenação adequada do plano terapêutico envolvendo as diversas facetas desse perfil de paciente são pontos importantes nesse contexto.


De quem é a responsabilidade do cuidado?

De toda equipe multiprofissional. Só que existem vieses relacionados ao paciente crítico crônico desde a formação profissional.


Por exemplo, em um plantão da residência, o médico residente geralmente é orientado a ficar com o paciente mais agudo. A ideia de que ele não vai tirar grandes aprendizados do paciente crônico ou que não se tem mais tanto a fazer por aquele paciente é tradicionalmente difundida.


Outro viés tradicionalmente difundido é o fato do paciente crônico ser um paciente “da fisioterapia”. Quantos de vocês já não ouviram falar sobre isso? A fisioterapia tem um papel fundamental no desmame prolongado da VM, mobilização e reabilitação. Mas esse paciente é da equipe multiprofissional.


Comunicação adequada: uma habilidade necessária para o profissional de saúde

Um dos pontos com ampla discussão no debate sobre longa permanência foi a necessidade de inserir treinamentos sobre comunicação na grade curricular da formação de profissionais de saúde, de forma geral. Basta realizar o seguinte exercício: em uma semana, é possível que um profissional intensivista execute a reanimação cardiopulmonar em dois pacientes. No entanto, o exercício da comunicação adequada e de notícias difíceis é uma tarefa diária em praticamente todos os pacientes.


Mensagens práticas:


– O compromisso e responsabilidade com o manejo desse perfil de pacientes é de toda a equipe;

– O suporte emocional e adequado acolhimento a esses pacientes e familiares é essencial para mitigar efeitos psicológicos da longa permanência;

– O engajamento multiprofissional no desmame da ventilação mecânica e reabilitação precoce desses pacientes, ainda na internação, são itens necessários;

– Atenção à polifarmácia desses pacientes ao longo da internação. Especial atenção durante as transições de cuidado, com o enfoque em descalonamento de terapias e prescrições sempre que possível.





Autor: Filipe Amado
Fonte: pebmed
Sítio Online da Publicação: pebmed
Data: 12/11/2022
Publicação Original: https://pebmed.com.br/cbmi-2022-paciente-de-longa-permanencia-na-uti/

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