Manguezal. Foto: EBC
Manguezais são zonas úmidas definidas como “ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestres e marinhos, característicos de regiões tropicais e subtropicais, e sujeitos aos regimes das marés” (SCHAEFFER-NOVELLI, Y. Manguezal ecossistema entre a terra e o mar.São Paulo: Caribbean Ecological Research, 1995, p. 7).
Os manguezais são formados por uma série de fisionomias vegetais resistentes ao fluxo das marés e ao sal, desde árvores e outras espécies arbustivas, passando por bancos de lama e de sal, salinas e pântanos salinos.
Entre essas fisionomias estão os apicuns, também chamados de “salgados”. Cientificamente são definidos como um ecótono, uma zona de transição, de solo geralmente arenoso, sem cobertura vegetal ou abrigando uma vegetação herbácea. ( Adaptado do artigo de QUARTO, A. Brazil’s Shrimp Farm Industry: Not for the Birds. Mangrouve Action Project – MAP )
Segundo o mapeamento realizado pelo MMA em 2009, os manguezais abrangem mais de um milhão de hectares em quase todo o litoral brasileiro, desde o Oiapoque, no Amapá, até a Laguna em Santa Catarina, constituindo zonas de elevada produtividade biológica, uma vez que acolhem representantes de todos os elos da cadeia alimentar.
Estão morfologicamente associados a costas de baixa energia ou a áreas estuarinas, lagunares, baías e enseadas que fornecem a proteção necessária ao seu estabelecimento (DIEGUES, A. C. Povos e Águas – Inventário de áreas úmidas brasileiras. 2 ed. São Paulo. Nupaub/USP, 2002. p 15-18.).
As maiores extensões de manguezais da costa brasileira ocorrem entre a desembocadura do rio Oiapoque, no extremo norte, e o Golfão Maranhense, formando uma barreira entre o mar, os campos alagados e a terra firme.
Desde o Maranhão até o Espírito Santo, os mangues são reduzidos e estão associados a lagunas, baías e estuários.
Na Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, esse ecossistema apresenta grande extensão novamente, apesar do intenso processo de degradação que sofre.
A conservação dos manguezais em toda sua extensão, incluindo os apicuns, reveste-se igualmente de importância social por serem considerados berçários para os recursos pesqueiros, sustentando mais de 1 milhão de pessoas.
A ocupação desordenada ao longo da costa brasileira vem causando perda e fragmentação deste habitat, pela conversão destas áreas em carcinicultura, ocupações humanas e áreas destinadas ao turismo.
Na última década, essa ocupação desordenada vem sendo alvo de sucessivas denúncias encaminhadas ao poder público. Em regiões de manguezais, essa atividade ocasiona não só degradação ambiental, mas também grandes perdas sociais e econômicas.
Conhecido como GEF-Mangue, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) “Projeto de Conservação Efetiva e Uso Sustentável dos Manguezais no Brasil em Áreas Protegidas”.
Este projeto foi elaborado com o objetivo de desenvolver e fortalecer uma rede de áreas protegidas para o ecossistema dos mangues no Brasil, por meio de mecanismos políticos, financeiros e regulatórios, do manejo ecossistêmico da pesca e da coordenação dos instrumentos de planejamento territorial com a gestão das unidades de conservação e da disseminação dos valores e funções dos manguezais.
Com esse projeto, pretende-se construir a base para a melhoria da conservação e do uso sustentável dos manguezais do país.
O MMA coordena, junto com o ICMBio, o GEF-Mangue. Entre as ações implementadas, destaca-se a elaboração do Programa Nacional de Conservação e Uso Sustentável de Manguezais e diagnóstico do avanço de tais ameaças, inclusive em manguezais contidos em unidades de conservação.
Tanto nas APAs como nas reservas extrativistas, que foram criadas para conter a degradação e propiciar o uso sustentável desse ecossistema, principalmente pelas populações locais.
Estimativas indicam que aproximadamente 25% dos manguezais brasileiros já tenham sido destruídos, tendo a aquicultura e a especulação imobiliária como suas principais causas.
Entre os primeiros resultados desse projeto está a produção de um diagnóstico sobre os impactos da carcinicultura nos manguezais brasileiros, trabalho que visa orientar medidas para sua conservação.
O Projeto, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais CNPT – ICMBIO, conta com um espaço institucional com representação governamental e da sociedade, a Comissão Técnica sobre Manguezais, CT sobre Manguezais criada no âmbito do Comitê Nacional de Zonas Úmidas.
A CT sobre Manguezais realiza o monitoramento da execução do Projeto Manguezais do Brasil e atua como espaço para a atualização das informações relevantes do Projeto e seus resultados alcançados.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Aposentado do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
Referência:
Prates, A. P., Gonçalves, M. A., e Rosa, M., 2012 .Panorama da Conservação dos ecossistemas Costeiros e Marinhos no Brasil. 2 ed. rev. ampliada –
Ministério do Meio Ambiente. Brasília, MMA.
http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidade-aquatica/zona-costeira-e-marinha/manguezais
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 21/11/2019
Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 21/11/2019
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2019/11/21/manguezais-artigo-de-roberto-naime/
Manguezais são zonas úmidas definidas como “ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestres e marinhos, característicos de regiões tropicais e subtropicais, e sujeitos aos regimes das marés” (SCHAEFFER-NOVELLI, Y. Manguezal ecossistema entre a terra e o mar.São Paulo: Caribbean Ecological Research, 1995, p. 7).
Os manguezais são formados por uma série de fisionomias vegetais resistentes ao fluxo das marés e ao sal, desde árvores e outras espécies arbustivas, passando por bancos de lama e de sal, salinas e pântanos salinos.
Entre essas fisionomias estão os apicuns, também chamados de “salgados”. Cientificamente são definidos como um ecótono, uma zona de transição, de solo geralmente arenoso, sem cobertura vegetal ou abrigando uma vegetação herbácea. ( Adaptado do artigo de QUARTO, A. Brazil’s Shrimp Farm Industry: Not for the Birds. Mangrouve Action Project – MAP )
Segundo o mapeamento realizado pelo MMA em 2009, os manguezais abrangem mais de um milhão de hectares em quase todo o litoral brasileiro, desde o Oiapoque, no Amapá, até a Laguna em Santa Catarina, constituindo zonas de elevada produtividade biológica, uma vez que acolhem representantes de todos os elos da cadeia alimentar.
Estão morfologicamente associados a costas de baixa energia ou a áreas estuarinas, lagunares, baías e enseadas que fornecem a proteção necessária ao seu estabelecimento (DIEGUES, A. C. Povos e Águas – Inventário de áreas úmidas brasileiras. 2 ed. São Paulo. Nupaub/USP, 2002. p 15-18.).
As maiores extensões de manguezais da costa brasileira ocorrem entre a desembocadura do rio Oiapoque, no extremo norte, e o Golfão Maranhense, formando uma barreira entre o mar, os campos alagados e a terra firme.
Desde o Maranhão até o Espírito Santo, os mangues são reduzidos e estão associados a lagunas, baías e estuários.
Na Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, esse ecossistema apresenta grande extensão novamente, apesar do intenso processo de degradação que sofre.
A conservação dos manguezais em toda sua extensão, incluindo os apicuns, reveste-se igualmente de importância social por serem considerados berçários para os recursos pesqueiros, sustentando mais de 1 milhão de pessoas.
A ocupação desordenada ao longo da costa brasileira vem causando perda e fragmentação deste habitat, pela conversão destas áreas em carcinicultura, ocupações humanas e áreas destinadas ao turismo.
Na última década, essa ocupação desordenada vem sendo alvo de sucessivas denúncias encaminhadas ao poder público. Em regiões de manguezais, essa atividade ocasiona não só degradação ambiental, mas também grandes perdas sociais e econômicas.
Conhecido como GEF-Mangue, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) “Projeto de Conservação Efetiva e Uso Sustentável dos Manguezais no Brasil em Áreas Protegidas”.
Este projeto foi elaborado com o objetivo de desenvolver e fortalecer uma rede de áreas protegidas para o ecossistema dos mangues no Brasil, por meio de mecanismos políticos, financeiros e regulatórios, do manejo ecossistêmico da pesca e da coordenação dos instrumentos de planejamento territorial com a gestão das unidades de conservação e da disseminação dos valores e funções dos manguezais.
Com esse projeto, pretende-se construir a base para a melhoria da conservação e do uso sustentável dos manguezais do país.
O MMA coordena, junto com o ICMBio, o GEF-Mangue. Entre as ações implementadas, destaca-se a elaboração do Programa Nacional de Conservação e Uso Sustentável de Manguezais e diagnóstico do avanço de tais ameaças, inclusive em manguezais contidos em unidades de conservação.
Tanto nas APAs como nas reservas extrativistas, que foram criadas para conter a degradação e propiciar o uso sustentável desse ecossistema, principalmente pelas populações locais.
Estimativas indicam que aproximadamente 25% dos manguezais brasileiros já tenham sido destruídos, tendo a aquicultura e a especulação imobiliária como suas principais causas.
Entre os primeiros resultados desse projeto está a produção de um diagnóstico sobre os impactos da carcinicultura nos manguezais brasileiros, trabalho que visa orientar medidas para sua conservação.
O Projeto, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais CNPT – ICMBIO, conta com um espaço institucional com representação governamental e da sociedade, a Comissão Técnica sobre Manguezais, CT sobre Manguezais criada no âmbito do Comitê Nacional de Zonas Úmidas.
A CT sobre Manguezais realiza o monitoramento da execução do Projeto Manguezais do Brasil e atua como espaço para a atualização das informações relevantes do Projeto e seus resultados alcançados.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Aposentado do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
Referência:
Prates, A. P., Gonçalves, M. A., e Rosa, M., 2012 .Panorama da Conservação dos ecossistemas Costeiros e Marinhos no Brasil. 2 ed. rev. ampliada –
Ministério do Meio Ambiente. Brasília, MMA.
http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidade-aquatica/zona-costeira-e-marinha/manguezais
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 21/11/2019
Autor: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
Sítio Online da Publicação: EcoDebate
Data: 21/11/2019
Publicação Original: https://www.ecodebate.com.br/2019/11/21/manguezais-artigo-de-roberto-naime/
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