“O tema do encontro, planejamento estratégico, trata de uma das coisas que o País precisa melhorar. Temos, por exemplo, um problema quando não absorvemos os mestres e doutores que formamos no mercado de trabalho brasileiro, e não temos um planejamento claro do que oferecer a esses jovens pós-graduandos, quando formados. Que esse encontro traga novas ideias e que convençamos as autoridades que investir em Ciência, Tecnologia e Inovação não é gasto, é investimento”, disse a diretora Científica da FAPERJ, Eliete Bouskela, que representou o presidente da Fundação, Jerson Lima Silva, na mesa de abertura do encontro, realizada na terça-feira, dia 11, no Teatro Odylo Costa.
Na ocasião, o reitor da Uerj, Ruy Garcia Marques, destacou o movimento de resistência da universidade nos últimos anos, diante da crise financeira. “Apesar das dificuldades da crise, que se agravou em 2015 e 2016 e atingiu também a FAPERJ, que sofreu contingenciamento nos seus recursos para investimentos à pesquisa, a Uerj resistiu com galhardia e continua se sobressaindo nos indicadores acadêmicos. Neste ano de 2019, a Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior], o CMPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] e a Finep [Financiadora de Estudos e Projetos] sofrem contingenciamento. Esperamos que a pós-graduação brasileira resista e supere mais essa crise”, destacou.
A deputada federal Margarida Salomão, ainda na mesa de abertura, ressaltou o papel da Frente Parlamentar Mista em Defesa das universidades federais, que coordena, para integralizar o orçamento de 2019 para os órgãos da Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I). “Está nesse momento em tramitação na Câmara a Emenda Constitucional Nº 24, que permite excluir do teto de gastos os recursos gerados pelas universidades e instituições federais de ensino. Outra preocupação que devemos ter é uma Proposta de Emenda Constitucional que começou a tramitar na semana passada, a PEC da Desvinculação dos Fundos (187/2019), que dispõe sobre a eliminação de todos os fundos temáticos, incluindo o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT)”, disse. “Temos que defender a Ciência e a Tecnologia como uma política de Estado, que requer investimentos contínuos, e que não possa trepidar com mudanças de governos”, completou.
A partir da esq.: o pró-reitor da Federal de Pelotas, Flávio Demarco; o presidente da FAPERJ, Jerson Lima Silva; e o sub-reitor Egberto Moura
O sub-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da Uerj, Egberto Gaspar de Moura, lembrou que o Enprop é uma oportunidade de discutir os diversos desafios sociais que se apresentam, que incluem mudanças além dos desafios econômicos. “Estamos em um cenário de instabilidade pela escassez de recursos, pelas mudanças políticas, sociais, culturais e ambientais, e que ocorrem não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Nesse contexto, precisamos preparar adequadamente os quadros da pós-graduação brasileira para esses grandes dilemas da humanidade”, ponderou.
Por sua vez, o presidente do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Graduação (Foprop), Márcio de Castro Silva Filho, lembrou a história do Fórum, que completa 34 anos em 2019. “Desde a época da criação do Foprop, o perfil da pós-graduação brasileira mudou muito. Há cerca de 30 anos, mais de 30% dos doutores brasileiros eram formados no exterior. Hoje, o Foprop cresceu e mais de 250 instituições participam dele, um reconhecimento do protagonismo desse fórum ao longo da sua história”, concluiu. Também participaram da mesa de abertura do 35º Enprop o presidente da Capes, Anderson Ribeiro Correia, o presidente do CNPq, João Filgueiras Azevedo, e o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira.
Reflexões sobre o papel das agências estaduais de fomento e a Comunicação Científica
Na manhã de quinta-feira, 14 de novembro, o 35º Enprop apresentou, dessa vez no Auditório 91 da Uerj, duas mesas-redondas, com os seguintes temas: “Fundações de Amparo à Pesquisa” e “Comunicação Científica”. Dando início aos trabalhos, o presidente da FAPERJ, Jerson Lima Silva, traçou um panorama do trabalho desenvolvido pela Fundação no estado do Rio de Janeiro e destacou a importância da atuação das outras Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) nos estados brasileiros, especialmente no contexto de contingenciamento do orçamento das agências federais de fomento à C,T&I.
“Meu papel hoje é discutir a importância das FAPs para o desenvolvimento estadual. Temos que lembrar que os investimentos em pesquisa pública geram um retorno certo para a sociedade, da ordem de três a dez vezes do valor investido inicialmente, e que o estado do Rio de Janeiro tem vocação para a pesquisa e concentra quatro universidades que figuram entre as 20 melhores do País: a UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro], a Uerj, a PUC [Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro] e a UFF [Universidade Federal Fluminense]”, disse Lima Silva.
O sub-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da Uerj, Egberto Gaspar de Moura, lembrou que o Enprop é uma oportunidade de discutir os diversos desafios sociais que se apresentam, que incluem mudanças além dos desafios econômicos. “Estamos em um cenário de instabilidade pela escassez de recursos, pelas mudanças políticas, sociais, culturais e ambientais, e que ocorrem não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Nesse contexto, precisamos preparar adequadamente os quadros da pós-graduação brasileira para esses grandes dilemas da humanidade”, ponderou.
Por sua vez, o presidente do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Graduação (Foprop), Márcio de Castro Silva Filho, lembrou a história do Fórum, que completa 34 anos em 2019. “Desde a época da criação do Foprop, o perfil da pós-graduação brasileira mudou muito. Há cerca de 30 anos, mais de 30% dos doutores brasileiros eram formados no exterior. Hoje, o Foprop cresceu e mais de 250 instituições participam dele, um reconhecimento do protagonismo desse fórum ao longo da sua história”, concluiu. Também participaram da mesa de abertura do 35º Enprop o presidente da Capes, Anderson Ribeiro Correia, o presidente do CNPq, João Filgueiras Azevedo, e o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira.
Reflexões sobre o papel das agências estaduais de fomento e a Comunicação Científica
Na manhã de quinta-feira, 14 de novembro, o 35º Enprop apresentou, dessa vez no Auditório 91 da Uerj, duas mesas-redondas, com os seguintes temas: “Fundações de Amparo à Pesquisa” e “Comunicação Científica”. Dando início aos trabalhos, o presidente da FAPERJ, Jerson Lima Silva, traçou um panorama do trabalho desenvolvido pela Fundação no estado do Rio de Janeiro e destacou a importância da atuação das outras Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) nos estados brasileiros, especialmente no contexto de contingenciamento do orçamento das agências federais de fomento à C,T&I.
“Meu papel hoje é discutir a importância das FAPs para o desenvolvimento estadual. Temos que lembrar que os investimentos em pesquisa pública geram um retorno certo para a sociedade, da ordem de três a dez vezes do valor investido inicialmente, e que o estado do Rio de Janeiro tem vocação para a pesquisa e concentra quatro universidades que figuram entre as 20 melhores do País: a UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro], a Uerj, a PUC [Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro] e a UFF [Universidade Federal Fluminense]”, disse Lima Silva.
A partir da esq.: o neurocientista Stevens Rehen; o jornalista Herton Escobar; e o sub-reitor da Uerj, Egberto Gaspar de Moura
Um ponto abordado durante o debate foi a desigualdade da capacidade de investimentos dentro do sistema estadual de fomento à pesquisa. “As diferenças regionais entre as FAPs, de estados com realidades diferentes e orçamentos diversos, é um gargalo que deve ser superado. Podemos pensar em ações conjuntas entre as FAPs, que somem esforços em temas de pesquisa complementares e estratégicos, e que certamente trarão impactos regionais”, afirmou.
Na segunda mesa-redonda da manhã, o neurocientista Stevens Rehen, da UFRJ e do Instituto D’Or, e o jornalista Herton Escobar, responsável pelo Jornal da USP, discutiram estratégias para divulgar a produção científica à sociedade em geral, na chamada Comunicação Científica. “Os cientistas continuam sendo herméticos e se comunicando mais com seus pares do que com a sociedade, falando para si mesmos. É preciso debater com a sociedade questões que passam pela terraplanismo e pela vacinação. Cientistas que comunicam ciência ajudam a preencher esse vazio informacional, mesmo que não assumam o papel crítico e independente do jornalismo”, disse Rehen.
Escobar destacou que a Comunicação Científica deve ser uma preocupação maior entre os pesquisadores, principalmente diante das mudanças estruturais no processo de produção de notícias. “Se por um lado há a redução dos recursos de fomento à Ciência atualmente, por outro o jornalismo cientifico especializado também está sofrendo com cortes de profissionais nas redações, cada vez mais enxutas diante da crise do jornal impresso. A cobertura jornalística de Ciência e Tecnologia é a primeira a ser prejudicada nesse cenário e cria-se um vácuo de comunicação, que dá espaço na sociedade para a desinformação e para argumentos simplórios, como o terraplanismo”, completou.
Autor: Débora Motta
Fonte: FAPERJ
Sítio Online da Publicação: FAPERJ
Data: 14/11/2019
Publicação Original: http://www.faperj.br/?id=3877.2.5
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