quarta-feira, 28 de março de 2018

Perfil epidemiológico dos acidentes por animais peçonhentos notificados no Estado de Minas Gerais durante o período de 2010-2015

Os ofídios, aranhas e escorpiões são os principais animais peçonhentos de interesse em saúde pública, pois causam acidentes cuja gravidade varia de leve a grave (BRASIL, 2016). Os escorpiões, por sua vez, são os responsáveis por quase a metade das notificações registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Com o surgimento das chuvas, aumenta o risco de acidentes com animais peçonhentos, por exemplo, no ano de 2012, o índice pluviométrico trouxe aumento de quase 6% nas notificações de acidentes, especialmente com escorpiões. Assim, registraram-se entre novembro de 2012 e março de 2013, temporada de chuvas na maior parte do país, 71.217 acidentes e 144 óbitos. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, houve um acréscimo de quase 6% no número de acidentes com estes animais e 9% em relação a óbitos.

Neste período, foram notificados 67.197 casos e 132 óbitos. Em todo o ano de 2012, foram notificados 143.658 acidentes com 273 mortes (BRASIL, 2014). O habitat natural modificado por ações antrópicas causa quebra na cadeia alimentar, acabando também com os abrigos. Com essa escassez, esses animais migram para as residências urbanas, lotes e terrenos baldios, áreas de construção, locais propícios ao desenvolvimento de artrópodes em decorrência do acúmulo de matéria orgânica, de modo a objetivar a busca por abrigo e alimento. Sendo assim, tornam-se vulneráveis a estes ataques as crianças, donas de casa e trabalhadores de construção civil, além de outros trabalhadores braçais (COSTA, 2011).

Na realidade, esta relação pode ser dada por meio da exposição da população aos animais, uma vez que, com o aumento de chuvas os animais buscam abrigo, se aproximando mais das habitações humanas. Das 86 espécies de escorpiões catalogadas no Brasil, apenas seis, pertencentes ao gênero Tityus, são causadoras de acidentes graves entre humanos, são elas, Tityus cambridgei e T. metuendus, encontrados na região amazônica; T. bahiensis, encontrado no Sudeste e no norte da região Sul, sendo inclusive a espécie que provoca mais acidentes no Estado de São Paulo; T. costatus, encontrado do Estado Minas Gerais ao do Rio Grande do Sul pela zona costeira coberta por Mata Atlântica; T. serrulatus, encontrado nos Estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás e Distrito Federal, o escorpião responsável pelo maior número deacidentes graves e óbitos no Brasil; e T. stigmurus, encontrado no norte de Minas Gerais eem todos os Estados do Nordeste, com exceção do Maranhão (SILVA et al., 2005).

Acidentes causados por aranhas são comuns, porém a maioria não apresenta repercussão clínica e não são prevalentes quando comparados aos acidentes escorpiônicos. Os gêneros de importância em saúde pública no Brasil são: Loxosceles (aranha-marrom), Phoneutria (aranha-armadeira ou macaca) e Latrodectus (viúva-negra). Entre essas, a maior causadora de acidentes é a Loxosceles (BRASIL, 2001). Já o acidente ofídico ou ofidismo é o quadro de envenenamento decorrente da inoculação da peçonha através das picadas das serpentes. No Brasil, as serpentes peçonhentas de interesse em saúde pública são representadas por quatro gêneros da Família Viperidae; serpentes do gênero Bothrops, vulgarmente denominadas de jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca e comboia, estão agrupadas em dois gêneros – Bothrops e Botrocophias; Crotalus (cascavel); Lachesis (surucucu-pico-de-jaca); Micrurus e Leptomicrurus (coral-verdadeira) (SANTANA; SUCHARA, 2015).


Autor: Patrick Leonardo Nogueira da Silva, Amanda de Andrade Costa, Renata Fiúza Damasceno, Ana Izabel de Oliveira Neta, Isabelle Ramalho Ferreira, Adélia Dayane Guimarães Fonseca
Fonte: Revista SUSTINERE
Sítio Online da Publicação: Revista SUSTINERE
Data de Publicação: 28/09/2017
Publicação Original: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/29816/23175

Nenhum comentário:

Postar um comentário