A partir da esquerda, o imunologista Jeffrey Berthony, pesquisador da Fiocruz Minas e da George Washington (GWU), a infectologista Flávia Ribeiro, pesquisadora do Centro de Pesquisas do Hospital das Clínicas, e o infectologista David Diemert, professor da GWU (Foto: Fiocruz Minas)
Chamada de “vacina de DNA contra zika”, a substância experimental já foi testada em seres humanos nos EUA, e o estudo clínico foi aprovado pelos comitês de ética e agências regulatórias nacionais e internacionais. Agora, será avaliada numa população expandida com a finalidade de estudar novos dados sobre a sua eficácia e segurança. Para essa nova fase, serão recrutados voluntários sadios, entre 15 e 35 anos, que morem em Belo Horizonte ou Região Metropolitana e que tenham disponibilidade para participar do estudo pelos próximos dois anos.
Os voluntários serão selecionados após a realização de uma avaliação clínica e de exames laboratoriais que serão oferecidos gratuitamente pela equipe do Hospital das Clínicas. Já a Fiocruz Minas ficará responsável pelo processamento do sangue e urina de todos os participantes da pesquisa, que serão testados para avaliar a eficácia, a resposta imune, e os efeitos da vacina no organismo.
“Faremos o processamento e armazenamento dos amostras dos participantes. Um dos objetivos do estudo é verificar se a vacina induz anticorpos que protejam contra o vírus zika”, explica o pesquisador e coordenador do estudo na Fiocruz Minas, Rodrigo Corrêa Oliveira.
Para se tornarem aptos a realizar o processamento das amostras, profissionais do Grupo de Imunologia Molecular e Celular da Fiocruz Minas passaram por um treinamento rigoroso e receberam um certificado internacional, habilitando-lhes a realizar esse tipo de trabalho. “É uma atividade que envolve uma série de protocolos a serem seguidos e, por isso, requer todo um preparo. No Brasil, pouquíssimas pessoas estão autorizadas a desenvolver esse tipo de processamento de amostras”, afirma o pesquisador Jeffrey Michael Bethony, da Universidade de George Washington, que há cerca de 15 anos desenvolve projetos em parceria com a Fiocruz Minas como pesquisador visitante.
O estudo é liderado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas do National Institutes of Health (NIH), organização do governo americano. Em Minas Gerais, a pesquisa está sob coordenação da infectologista Flávia Ribeiro, pesquisadora-chefe e coordenadora-técnica do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital das Clínicas da UFMG. Informações adicionais sobre o vírus zika e a pesquisa clínica poderão ser obtidas por meio do telefone 0800 035 66 35 ou pelo email vacinazikabh@gmail.com.
A doença
A zika é uma doença viral aguda, transmitida principalmente por mosquitos, tais como Aedes aegypti. Entre os sintomas podem estar erupção cutânea, acompanhada de coceira intensa, bem como febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido (olhos vermelhos e lacrimejantes), dor nas articulações, dor muscular e dor de cabeça. A doença apresenta evolução benigna, e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após três a sete dias.
Entretanto, embora a infecção pelo vírus zika possa passar sem causar grandes transtornos, os casos confirmados de microcefalia indicam que as mães foram infectadas pelo vírus nos primeiros meses de gravidez. A criança é considerada portadora de microcefalia, quando seu perímetro cefálico é menor do que 32 cm. Estudos indicam também uma ligação entre o zika e a Síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune que provoca fraqueza muscular e paralisia que, nos casos mais graves, pode colocar a vida do paciente em risco.
Ainda não há cura ou vacina para prevenir a infecção pelo zika. A principal medida de prevenção, atualmente, é o controle dos mosquitos transmissores.
Autor: Keila Maia
Fonte: Fiocruz MG
Sítio Online da Publicação: Fiocruz
Data de Publicação: 22/03/2018
Publicação Original: https://portal.fiocruz.br/noticia/vacina-contra-o-virus-zika-sera-testada-em-minas-gerais
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