sábado, 10 de agosto de 2024

Molécula brasileira é novidade contra Alzheimer


Uma substância, desenvolvida por pesquisadores brasileiros, mostrou ser uma grande promessa em proteger o cérebro de camundongos contra a doença de Alzheimer, inclusive restaurando funções cognitivas de animais acometidos. Os resultados da pesquisa, coordenada pela neurocientista Flávia Gomes, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ICB-UFRJ), foram publicados no British Journal of Pharmacology.

A molécula, chamada de LASSBio-1911, pertence a uma classe de medicamentos antitumorais, conhecida como inibidores das enzimas histonas desacetilases (iHDAC). Esses compostos têm sido, recentemente, apontados como potenciais tratamentos para doenças neurodegenerativas. A molécula LASSBio-1911 foi planejada, sintetizada e caracterizada pelo grupo liderado pelo saudoso professor Carlos Alberto Manssour Fraga, também do ICB-UFRJ. Manssour, falecido em 8 de maio, foi um dos maiores especialistas em Química de Fármacos no Brasil.

A equipe de Flávia Gomes observou que essa molécula age num tipo específico de células cerebrais, os astrócitos. Eles dão suporte e nutrição aos neurônios e são essenciais para o funcionamento do sistema nervoso. No envelhecimento e em demências, os astrócitos perdem, gradualmente, suas funções, contribuindo para sinais de senilidade. No caso do Alzheimer, são fortemente afetados, agravando os sintomas da doença.

Resultados promissores

Em camundongos, modelos experimentais da doença de Alzheimer, a molécula conseguiu reverter a perda cognitiva, melhorando o desempenho dos animais em testes comportamentais. Os pesquisadores perceberam que isso aconteceu graças à atuação direta da molécula nos astrócitos, que recuperaram suas funções e permitiram até aumentar o número de sinapses (conexões) entre os neurônios, tanto em cultura, quanto no cérebro dos camundongos.

"Uma importante contribuição desse trabalho foi demonstrar que os astrócitos podem ser novos alvos farmacológicos para doenças neurodegenerativas", explica Flávia Gomes. "Nosso desafio agora é conseguir modular a função dos astrócitos durante o envelhecimento, impedindo os déficits cognitivos associados ao envelhecimento e doenças associadas".

Autor: Marina Verjovsky
Fonte: FAPERJ 
Sítio Online da Publicação: FAPERJ 
Data: 08/08/2024
Publicação Original: https://www.faperj.br/?id=605.7.0

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