Antes da cirurgia, Hayley fez uma "festa de despedida dos seios" — Foto: Divulgação/BBC
Aos 23 anos, Hayley Minn descobriu que tinha 85% de chance de ter câncer de mama.
O motivo é uma mutação genética que ela tem, chamada BRCA1, que afeta cerca de uma em cada 300 a 400 pessoas.
Leia o relato dela.
Minha avó paterna morreu devido a um câncer de mama quando meu pai tinha só 8 anos de idade.
Eu cresci sabendo disso, mas não tinha ideia de que poderia haver uma questão genética até quando uma prima do meu pai também foi diagnosticada com câncer de mama, em 2013.
Para ficar em paz, eu decidi fazer o teste para descobrir se eu tinha uma mutação do gene BRCA. Eu me lembro como se fosse ontem de quando eu estava sentada, nervosa, no hospital com minha mãe e meu pai, esperando os resultados.
Quando a supervisora veio para nos acompanhar pessoalmente à sala dela, eu percebi que ela daria más notícias. Eu decidi lá mesmo: queria remover meus seios - é o que os médicos chamam de dupla mastectomia preventiva.
Eu sempre tive seios grandes e sim, eles são um sinal da minha feminilidade e eu sempre os amei. Mas eles são apenas peitos e eu sabia que me livrar deles salvaria a minha vida.
Meu pensamento sempre foi que eu preferiria viver até uma idade maior e não ser capaz de amamentar do que deixar meus futuros filhos sem mãe.
Depois de muita reflexão e consultas no hospital, tive minha mastectomia dupla e reconstrução feitas em 13 de fevereiro de 2019, aos 27 anos.
Apesar de as pessoas terem me perguntado muitas vezes se eu estava nervosa sobre a minha operação, antes de ela acontecer, eu não tinha ficado nervosa até o momento em que me despedi dos meus pais, com um beijo, antes de entrar na sala de cirurgia.
Eu estava tremendo e comecei a chorar. Aí, para me acalmar, o cirurgião colocou para tocar Ariana Grande. Sinceramente, adormecer ao som de "Thank U, Next" foi ideal.
Hayley Minn decidiu fazer a chamada dupla mastectomia preventiva — Foto: Divulgação/BBC
Sobre o BRCA
Todos nós temos genes BRCA1 e BRCA2, que herdamos de nossos pais e que têm a função de reparar o DNA e as células.
Se eles têm uma falha ou mutação, a pessoa corre um risco maior de desenvolver câncer de mama e de ovário.
Isso ocorre porque os genes não podem reparar células danificadas, que podem se desenvolver e formar tumores.
Se a pessoa tem gene de câncer de alto risco, como um BRCA1 alterado, ele pode ser passado para os filhos.
Os dois primeiros dias de recuperação foram os piores: depender da minha mãe fazer absolutamente tudo por mim - inclusive puxar minhas calças para cima e para baixo - era embaraçoso.
Mas, aos poucos, eu comecei a conseguir fazer as coisas sozinha. Tomei analgésicos por apenas duas semanas. E meus peitos parecem incríveis! As cicatrizes são tão pequenas, eu só tenho dois semicírculos acima dos meus mamilos. Às vezes, até esqueço que fiz a cirurgia.
Eu sinto que a cirurgia salvou minha vida.
Algo que realmente me ajudou em toda essa experiência foi entrar em um grupo de mulheres no WhatsApp que também têm a mutação genética do BRCA1 ou BRCA2.
Todas temos idade de 27 a 40 anos e estamos em diferentes pontos da nossa jornada. Algumas fizeram mastectomias, outras farão em breve e algumas ainda não se sentem prontas.
Algumas tiveram filhos, outras, não. Algumas estão em relacionamentos e outras, não. Mas falar com elas diminuiu meus medos.
Elas estavam lá sempre que eu tinha alguma preocupação e agora sou capaz de aconselhar outras sobre o processo de mastectomia.
Autor: BBC News Brasil
Fonte: BBC News Brasil
Sítio Online da Publicação: BBC News Brasil
Data: 13/06/2019
Publicação Original: https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/06/13/aos-27-removi-os-seios-para-salvar-minha-vida.ghtml
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